Wednesday, April 17, 2013

“O Carteiro”




Reginaldo Faria erra a mão na direção do quase teatral e anacrônico “O Carteiro”. Por mais que a história se passe no Rio Grande do Sul, no Vale do Vinhedo, e por isso pesar sentimentalmente para nós, gaúchos, não dá para passar a mão na cabeça e fazer elogios forçados. O filme é fraco.

Mostra o cotidiano do carteiro Victor (Candé Faria) e seu colega Jonas (Felipe de Paula). Os dois passam o dia realizando suas entregas a bordo de suas bicicletas. Com o vai e vem incessante, sabem tudo o que acontece na pequena cidadezinha bucólica e de forte influência italiana. Só que Victor tem o péssimo hábito de violar as cartas, e apaixonado pela estudante Marli (Ana Carolina Machado), que tem um namorado que mora no Rio de Janeiro, começa a sabotar as correspondências dos pombinhos, provocando um verdadeiro caos na cidade, enquanto tenta fugir das investidas da viúva Genoveva (Fernanda Carvalho Leite), dona da pensão onde ele mora.

A história parece ser vivida nos anos 1980, quando ainda havia a incessante troca de cartas entre as pessoas – antes do advento do e-mail e do facebook. Pena que falta alma ao “O Carteiro”. Aquela coisa que nos toca, como os locais “Verdes Anos” e “Deu Pra Ti, Anos 70”, que mesmo sem muito suporte financeiro, mas com atuações sinceras, nos faziam sentir a melancolia do que não vivemos. Aqui, além da falta de naturalidade de alguns atores, principalmente Candé Faria e Marcelo Faria, os dois filhos do diretor, temos aqueles diálogos quase declamados, sem convicção. E a personagem Marli, por quem Victor se apaixona, ora parece uma jovenzinha inocente do interior, e do nada, parece ter 30 anos de idade. Sem contar as duas desnecessárias tramas paralelas, que não convencem. Uma é a do bodegueiro com a sua antiga paixão, e a outra é a da ricaça, fotógrafa, que tem um caso mal resolvido com o delegado da cidade.

Cotação: ruim
Chico Izidro

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