quinta-feira, fevereiro 17, 2011
Inverno da alma
Tão poucas vezes vimos no cinema um retrato tão cruel de uma América pobre, quase miserável quanto em Inverno da alma, surpreendente trama dirigido por Debra Granik e protagonizado pela novata Jennifer Lawrence, em belíssima atuação.
Estamos já nos anos 2000, mas poderia muito bem se passar na época da Grande Depressão (anos 1920 e 1930), onde o americano comum não tinha mais nada do que a desesperança. Nada parece dar certo. Nada.
Ree Dolly (Laerence) simplesmente tem alguns dias para encontrar o pai, um fabricante de metanfetamina que sumiu, deixando a mulher e os três filhos numa verdadeira "sinuca sem bico". Ele hipotecou a casa como fiança e se não se apresentar para a Justiça, toda a família irá para o olho da rua. Ree sai, então, pelos piores buracos do interior do interior do Missouri racista e caipira em busca do pai. E começa a descobrir, começando pelos próprios parentes, que as coisas podem ser piores do que ela imagina, chegando a arriscar sua própria vida, cada vez que vai se aproximando da verdade.
Jennifer Lawrence é carismática e consegue transpor todo o desespero e infelicidade contida numa garota de 17 anos - a cena em que tenta se alistar no exército para ganhar 40 mil dólares e sair daquele buraco é comovedora -, que tem de cuidar da mãe doente e dos irmãos pequenos.
Os coadjuvantes, atores que costumamos ver em outros filmes ou em séries em papéis secundários, também não deixam a bola quicar. E se tornam os caipiras mais assustadores dos últimos tempos.
cotação: ótimo
Chico Izidro
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