quinta-feira, dezembro 25, 2014

"Êxodo - Deuses e Reis"

Ridley Scott fez uma superprodução em "Êxodo - Deuses e Reis", ao contar a vida do profeta Moisés e de seu irmão adotivo Ramsés. Ao contrário do blockbuster "Os Dez Mandamentos, dirigido por Cecil B. DeMille em 1956 e estrelado por Charlton Heston, aqui a história já começa com os dois adultos e partindo para uma batalha, onde Moisés salva a vida de Ramsés, que esconde um ciúme profundo do irmão, que é o preferido do faraó Seti (John Turturro).

Moisés (Christian Bale), no entanto, era judeu e não sabia, tendo sido criado ao lado de Ramsés (Joel Edgerton). Mas sua origem é entregue ao principe, agora faraó, por um governador egípcio. Moisés é expulso e vagará pelo deserto, até tornar-se pastor e desposar Zipora. Anos depois, recebe um chamado de Deus, que surge para ele na forma de uma criança, onde deveria retornar ao Egito e lutar pela libertação do seu povo, que vive já há 400 anos na escravidão.

"Êxodo - Deuses e Reis" mostra os judeus se reunindo para se libertar do jugo escravocata dos egípcios como se fossem terroristas - as cenas lembram muito o que fizeram os judeus nos anos 1940 na Palestina, com sabotagens e ataques surpresas. Logo depois, sem ver a tão desejada liberdade, Deus envia as dez pragas - sensacionais efeitos especiais, desde os crocodilos no Nilo, os gafanhotos, as moscas, os sapos, o sangue na água.

As construções das cidades egípcias, as pirâmides são outro trunfo do filme, assim como a cena da travessia do Mar Vermelho, que aqui tem uma explicação mais científica - seria um enorme tsumami.
Bale (Batman - O Cavaleiro das Trevas) faz um ótimo Moisés, mas não sei se pode ser comparado ao ícone Charlton Heston. Ramsés é interpretado pelo australiano Joel Edgerton, de "A Hora Mais Escura". O filme conta ainda com as presenças de Ben Kingsley, Sigourney Weaver e Aaron Paul. O diretor Ridley Scott foi muito criticado ao escalar atores brancos nos papéis dos egípcios, mas se pensarmos que todo o filme é falado em inglês e sem sotaque, é uma bobagem imensa.

Cotação: bom
Chico Izidro

"A Família Bélier"


Quando os franceses acertam em um filme, sai de perto, ou melhor, aproxime-se. "A Família Bélier", dirigido por Eric Lartigau, mostra os problemas que podem passar os deficientes auditivos. Em 2011, os franceses acertaram com "Intocáveis", de Eric Toledano e Olivier Nakache, que retratava a vida de um milionário tetraplégico e seu ajudante africano. Agora, vemos uma família de fazendeiros, os Bélier, onde o pai Rodolphe (François Damiens), a mãe Gigi (Karin Viard) e o filho mais novo, Quentin (Luca Gelberg) são surdos. A filha mais velha, Paula (Louane Emera) nasceu sem problemas, e é ela que faz o meio de campo entre os pais e o resto do mundo. Ela traduz tudo para os compradores dos produtos da fazenda, os vizinhos. Ao mesmo tempo, Paula está no ensino médio, e lá que se interessa pelo jovem Gabriel (Ilian Bergala), que é sósia do ator americano Patrick Dempsey. Para ficar perto dele, ela entra no coral da escola.

E lá acaba descobrindo tem uma voz incomum. Por isso, abre-se a possibilidade de Paula participar de um concurso na Radio Francem, em Paris. Mas como abandonar os pais, tão necessitados da ajuda dela? Paula tem interesse em partir, mas os pais também não aceitam os objetivos da filha. Afinal, para eles, ela deveria seguir a vida de fazendeira.

"A Família Bélier" tem momentos tocantes. Um deles é quando, durante uma apresentação do coro da escola, é tirado o som do filme, para mostrar a sensação de uma pessoa surda durante um concerto. O silêncio. Noutro, Paula canta, enquanto usa a linguagem dos sinais para explicar aos pais o significado da letra.

Louane Emera é cativante, mesmo aparentando mais do que a idade sugerida no filme. Outro destaque é o ator Eric Elmosnino, que vive o professor de música de Paula - um estilo arrogante, mas que esconde um grande ser.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Operação Big Hero"

A cidade se chama San Fransokyo, uma mistura de San Francisco com Tóquio, e é onde mora o garoto Hiro, de 13 anos, um pequeno gênio, que criou um robô para participar de lutas clandestinas, semelhantes a brigas de galos. Mas ele se mete em uma confusão após uma das rinhas, e o irmão mais velho, Tadashi, o leva para a faculdade, onde talvez ele possa entrar, devido a genialidade e apesar da pouca idade. Esta é a animação "Operação Big Hero", dirigida por Don Hall.

Para entrar na faculdade, Hiro necessita apresentar um projeto - só que ele acaba sendo roubado durante a apresentação. E algo trágico ocorre com Tadashi. Para reaver o projeto, e descobrir o que houve com seu irmão, Hiro passa a contar com a ajuda dos amigos universitários e também gêniozinhos de Tadashi, que havia criado um robô, Baymax - a melhor coisa do filme. Ele é um boneco gordinho, que anda como um bebê e cuida de Hiro como um filho. Os personagens de "Operação Big Hero" são carismáticos e a ação é empolgante, além do que os desenhos são perfeitos.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Uma Longa Viagem"

Eric Lomax (Colin Firth) é um traumatizado de guerra. Mas não consegue expor seu problema para a esposa, Patti (Nicole Kidman), que ele conheceu numa viagem de trem pelo interior da Inglaterra. Lomax é também um entusiasta por trens, o que explica o título original do filme, "The Railway Man", dirigido por Jonathan Teplitzky. A história começa em 1980 e volta no tempo, exatamente a 1942, no Oriente, onde Lomax e seus companheiros de exército britânico são feitos prisioneiros de guerra pelos japoneses.

E eles passariam o inferno nas mãos dos nipônicos, que em seu código de honra, não concebiam que soldados pudessem se render. No caso de perder uma batalha, a saída era o suicídio. Render-se era a desonra. E por isso os ingleses são transformados em escravos, tendo de trabalharem na construção de estradas de ferro no extremo oriente. Mas Lomax é brutalmente torturado, após construir um rádio e ser descoberto. As torturas que sofreu inundam seus sonhos, e compromentem seu casamento.

Até que um dia ele descobre que o soldado japonês que o torturou, Nagase (Hiroyuki Sanada) ainda está vivo. Então Lomax decide procurar o algoz em busca de vingança. Vingança que mudará sua vida.

"Uma Longa Viagem" é um filme perturbador, principalmente por suas cenas de tortura e também de suicídio de um personagens centrais da trama. Mas ao mesmo tempo, ele não consegue convencer na caracterização dos personagens. Colin Firth deveria ter mais de 60 anos, mas não aparenta. E Nicole Kidman está sem expressão, talvez pelo excesso de botox que aplicou no rosto nos últimos anos. Mas o filme comove em seu final.

Cotação: bom
Chico Izidro

"Libertem Angela Davis"


Angela Davis foi uma ativista política, que pertenceu ao Partido Comunista Americano e defendeu os Panteras Negras, grupo radical armado formado nos Estados Unidos no final da década de 1960, e que lutava pelos direitos dos negros. Em "Libertem Angela Davis", dirigido por Shola Lynch, é resgatada toda a trajetória desta mulher negra, nascida na segregacionista Birmingham, Alabama, em 1944. O lugar é onde ocorreram os mais violentos conflitos pelos direitos civis na década de 1960.

Época em que Angela Davis estava estudando na Alemanha. Vendo o que acontecia em seu país, ela decide voltar e entra de cara na luta anti-racismo. E ao se apaixonar por um presidiário negro, como mostram cartas e outros documentos, ela é acusada de organizar uma tentativa de fuga e sequestro, que levou à morte de um juiz e quatro detentos em 1970, passando a ser perseguida pelo FBI em todo o país. Quando presa, Angela vai a julgamento, correndo o risco de pegar pena de morte.

Pois este belo documentário, com incríveis imagens de época, seja em fotos, como em reportagens, resgata o período conturbado vivido nos Estados Unidos. Muitas das pessoas que viveram aquela época e hoje com seus 70, 80 anos de idade, dão os seus depoimentos e sua visão dos acontecimentos. Até mesmo Angela Davis, atualmente com 70 anos, fala de si e daqueles que a defenderam. Uma mulher de fibra.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

quinta-feira, dezembro 18, 2014

"O Abutre"

Até onde se pode ir em busca de um furo jornalístico? Em "O Abutre", dirigido por Dan Gilroy, Jake Gyllenhaal é Louis Bloom, um ladrãozinho barato, que numa noite vê uma equipe de cinegrafistas filmar um acidente. No dia seguinte, as filmagens estão no noticiário televisivo. Louis descobre que estas imagens podem render uma boa grana - pois as emissoras de tevê as adquirem para colocar em seus noticiários sensacionalistas. Então ele adquire uma câmera e sai pelas ruas de Los Angeles em busca de crimes e acidentes e começa a vender as imagens para uma emissora de tevê local. A grana começa a entrar, e ele fica mais ambicioso, ao ponto de alterar cenas de assassinatos e acidentes.

Para ele não importa a ética, e sim ganhar dinheiro, cada vez mais, e quem sabe, obter a fama. Jake Gyllenhaal está ótimo no papel do cínico e interesseiro Louis Bloom. Quem está de volta, envelhecida, mas também muito bem é Rene Russo, como Nina, a editora do telejornal que não mede esforços para colocar no ar imagens chocantes. "O Abutre" é um filme interessante, que mostra o lado podre do jornalismo.

Cotação: bom
Chico Izidro

"A Noite da Virada"

Já escrevi várias vezes isso, mas nunca é demais repetir: comédia tem de fazer rir. E é o que não acontece em "A Noite da Virada", dirigido por Fábio Mendonça. Toda a trama se passa na casa do casal Ana (Julia Rabello) e Duda (Paulo Tiefenthaler) na noite de ano novo. Eles pretendem fazer "a festa" e convidam centenas de pessoas. Mas a poucas horas do início da bagunça, Duda comunica a Ana que não quer mais o relacionamento entre eles. Deprimida, ela decide levar a festa adiante, ajudada pela irmã Sofia (Martha Nowill).

Os convidados vão do casal de vizinho chique e esnobe formado por Rosa (Luana Piovani) e Mario (Marcos Palmeira), o casal que só pensa em sexo - Rica (João Vicente de Castro) e Alê (Luana Martau), o traficante de drogas interpretado por Taumaturgo Ferreira, e dois maconheiros, que ficam vagando pela casa, totalmente chapados. Todas as cenas são exageradas demais, com atuações beirando o histerismo. E nada tem graça, principalmente a participação inexplicável de um malandro preso dentro de um banheiro químico, em ação que transcorre paralela aos acontecimentos que acontecem na casa. Eventos esses que envolvem traição, gravidez, bebedeiras e até uma morte. Desperdício total. Fico imaginando como conseguem levantar verba para financiar tamanha bobagem.

Cotação: ruim
Chico Izidro

"Ouija - O Jogo dos Espíritos"

Duas amigas decidem brincar com a ouija, um jogo de tabuleiro usado para entrar em contato com espíritos. No jogos, os espíritos fazem uma seta se mover sobre as letras do tabuleiro, formando frases. Pois uma delas, Debbie (Shelley Hennig) liberta um espírito malígno, que provoca a sua morte, em "Ouija - O Jogo dos Espíritos", dirigido por Stiles White. A sobrevivente, Laine (Olivia Cooke, do seriado Bates Motel) chama alguns amigos para tentar se comunicar com Debbie através do ouija, mas como o espírito que provocou a morte de Debbie está à solta, passa a perseguir os demais jovens.

O filme dá bons sustos, mas mostra personagens estúpidos, burros mesmo. Afinal, se sabem que o local onde se reúnem para invocar os espíritos está assombraso, por que vão lá, e por que à noite? Além do que, as facilidades com que eles desvendam mistérios de décadas atrás em poucos segundos é absurda. E a conclusão do filme é de um atropelo impar.

Cotação: regular
Chico Izidro

quinta-feira, dezembro 11, 2014

"Hobbit - A Batalha dos Cinco Exércitos"

"Hobbit - A Batalha dos Cinco Exércitos", direção de Peter Jackson, encerra a trilogia iniciada em 2012 com "O Hobbit - Uma Jornada Inesperada", e "O Hobbit - A Desolação de Smaug". E é um final digno da obra de J. R. R. Tolkien, apesar de tomar algumas liberdades, como a aparição de uma elfa que não existe no livro (Tauriel, interpretada por Evangeline Lilly); A história foca em obsessão, amizade e amor. Além de ter longas cebnas de batalhas muito bem filmadas, e que sem querer dar spoilers, traz um destino trágico para muito dos personagens.

O filme começa com o dragão Smaug destruindo a cidade próxima a seu castelo, para logo ser derotado por Bard (Luke Evans). Então o castelo de Smaug fica desguanercido, com todo o ouro a disposição de quem quiser pegá-lo. Os anões liderados por Thorin (Richard Armitage) é que chegam primeiro ao local, e Thorin acaba possuido pela ganância, e de jeito nenhum quer abandonar toda aquela riqueza - que está na mira dos elfos, orcs, homens comuns e outros anões, que acabam entrando numa batalha pelo controle do local. Nisso tudo, o hobbit Bilbo Bolseiro (Martin Freeman) tenta com que os contendores dialoguem e não se matem.

"Hobbit - A Batalha dos Cinco Exércitos" é um bom filme, apesar de como os outros, ser um pouco longo demais, com momentos desnecessários. O destaque fica por conta de Richard Armitage e seu Thorin, um rei obcecado por riqueza e que acaba deixando a amizade e a lealdade para trás. Ah, também é interessante ver o nonagenário ator Christopher Lee (ele está com 92 anos), que ficou famoso como o Conde Drácula nos filmes da Hammer nos anos 1960, no papel do feiticeiro Saruman, em cenas de ação.

Cotação: bom
Chico Izidro

"Homens, Mulheres e Filhos"

As relações humanas se modificaram com o advento da internet. Se por um lado a comunicação ficou mais ágil, por outro lado, as conversas desapareceram do radar. Cada um vive no seu mundo particular. Em "Homens, Mulheres e Filhos", direção de Jason Reitner, vemos todo o tipo de problemas que podem ocorrer por causa do mundo virtual.

Temos uma mãe que cuida cada passo da filha, obrigando a menina a lhe entregar as senhas do facebook, do twitter, do celular. A mãe, interpretada por Jennifer Garner, é tão neurótica que decide quem pode ou não ser amigo da garota nas redes sociais. Há ainda a mãe em outro extremo, que pretende fazer da filha uma celebridade, e por isso cria um site que beira a pornografia. Pornografia que é consumida por um jovem de 15 anos, que ao ter a chance de transar, não consegue, já que uma ereção para ele só é possível com o estímulo visual. E seus pais são tão afastados, que arranjam parceiros através de sites de relacionamentos. A mulher entra num site de encontros, e o homem (Adam Sandler) procura garotas de programas.

Certas cenas acabam sendo meio forçadas, mas se pensarmos na paranoia dos dias atuais, a leitura feita pelo filme é correta. O que é meio sem sentido em "Homens, Mulheres e Filhos" é a narração em off feita por Emma Thompson, explicando o que já estamos vendo na tela. Participação desnecessária.

Cotação: regular
Chico Izidro

quinta-feira, dezembro 04, 2014

"Meninos de Kichute"

Memória afetiva. É assim que pode ser visto "Meninos de Kichute", dirigido por Luca Amberg. Quem jogou bola na rua, no campinho de terra batida, criou um timinho de futebol com os amigos da rua, bateu figurinha, estudou em escola pública e teve aula de Moral e Cívica, a antiga OSPB? Sim, quem viveu esse tempo vai viajar aos anos 1970, acompanhando o garoto Beto (Lucas Alexandre), que descobre a vocação para jogar no gol, e decide ser profissional da bola. O problema é que seu pai, o fanático religioso Lázaro (Werner Schuneman) considera jogo de bola coisa do demônio e quer cortar todos os objetivos do filho.

A história transcorre em 1974, num bairro pobre de São Paulo, e mostra o cotidiano de Beto e seus amigos, em confrontos com os meninos da rua de baixo, mais pobres do que eles - Beto e seus amigos usam kichute, o tênis preferido dos meninos nos anos 1970 e que eram usados como se fossem chuteiras, - enquanto os rivais andam de chinelou ou pés descalços. Mas apesar dessas diferenças, todos se vem como iguais nos sonhos de morar numa casa melhor, de ter uma televisão. Beto mora com o pai, a mãe Maria (Viviane Pasmanter), a irmã mais velha e o irmão menor numa casinha de madeira humilde, de duas peças, nos fundos do quintal da casa de dona Leonor (Arlete Salles).

"Meninos de Kichute" é uma verdadeira viagem no tempo. Tanto no visual (roupas, cortes de cabelos), carros, como DKW, fusca, Brasília, a linguagem - em certo momento, Beto solta um "tudo trique", e a trilha sonora, que inclui entre outros Os Incríveis, Secos e Molhados, Jorge Ben, Sérgio Sampaio e Casa de Rock.

O gaúcho Werner Schuneman tem uma atuação excelente como o pai rígido e moralista de Beto. Mas destaque mesmo são os garotos, principalmente Lucas Alexandre. E todos os outros certamente se divertiram muito ao reviver uma época completamente diferente da deles, uma época sem internet, sem acesso fácil aos bens materiais, onde tudo era difícil. Detalhe: apesar de o filme se passar nos anos 1970, a Ditadura Militar passava longe da mente e do conhecimento daquela gente humilde, que fazia das tripas coração para sobreviver.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Quero Matar Meu Chefe 2"

Após superar o inferno com seus chefes no primeiro filme, os amigos Nick (Jason Bateman), Kurt (Jason Sudeikis) e Dale (Charles Day) decidiram ser seus próprios chefes e abrir um negócio próprio em "Quero Matar Meu Chefe 2", dirigido por Sean Anders. O título se mostra equivocado, pois agora não há nenhum chefe e nenhum desejo de matar.

Os três constróem uma engenhoca para facilitar o banho, e precisam de um investidor. E ele surge na figura do empresário Bert Henson (Christoph Waltz), que aceita investir no grupo. Quando tudo parecia certo, Bert mostra sua verdadeira faceta, mostrando-se um verdadeiro gavião capitalista, ameaçando levar os amigos à falência e ficar com os royalties da invenção. No desespero, Nick, Kurt e Dale decidem seqauestrar o filho de Bert, Rex (Chris Pine), para com a grana do resgate, recuperar a empresa. Como os três não são gênios do crime, cometem erros atrás de erros.

A comédia é repleta de altos e baixos. Algumas piadas hilariantes são seguidas de outras constrangedoras e sem a mínima graça. E os personagenms de Sudeikis e Day irritam com tanta imbecilidade. Mas as participações de Jamie Foxx, como o malandro Motherfucker, Chris Pine e Christoph Waltz salvam nos momentos em que estão presentes em cena.

Cotação: regular
Chico Izidro

"Jogos Vorazes - A Esperança Parte 1"

A queridinha de Hollywood, Jennifer Lawrence volta ao papel da heroína Katniss Everdeen em "Jogos Vorazes - A Esperança Parte 1", dirigido por Francis Lawrence. Nos episódios anteriores da cinesérie, a garota tinha de sobreviver a uma espécie de maratona mortal com outros jovens organizada pelo governo do ditador Snow (Donald Sutherland).

Agora, os distritos a que pertencem estes jovens se rebelaram contra a capital e foram dizimados. Os sobreviventes vivem em um subterrâneo, sob o comando da presidente Alma Coin (Julianne Moore). E ela e seu assistente Plutarch Heavensbee (o falecido Phillip Seymopur Hoffman) quetem que Katniss seja o símbolo da resistência, adotando o símbolo do toldo - para mobilizar a população a lutar contra o governo central. A joevm se mostra receosa, mas quando vê que seu amor Peeta (Josh Hutchenson) sendo utilizado como arma de propaganda do ditador Snow, decide agir.

E "Jogos Vorazes - A Esperança Parte 1" torna-se um bom filme, com cenas bem feitas de ataques aéreos, suspense, e visual que remete ao clássico 1984.

Cotação: bom
Chico Izidro

"Caçada Mortal"

Liam Neeson volta aos filmes de ação neste thriller policial com título tolo: "Caçada Mortal", dirigido por Scott Franck. Aqui ele é Matt Scudder, um ex-policial que trabalha como detetive particular. A história se passa em 1999, às vésperas do final do ano e do pavor do bug do milênio - que sabe-se, nunca acabou ocorrendo. Scudder é procurado por um milionário, que teve a mulher sequestrada e morta. No começo, o detetive se mostra contrário a ajudar o rapaz a procurar os sequestradores da mulher, até descobrir quew o milionário é, na verdade, um traficante de drogas. E que outras mulheres já foram mortas do mesmo modo.

Scudder acaba chegando a conclusão de que as mortes estão relacionadas com o mundo das drogas - só que as coisas são mais sinistras do que se imaginava. Por trás dos crimes estão dois seriais killers, vividos com perfeição por David Harbour e Adam David Thompson. O próprio Liam Neeson, que protagonizou a obra-prima "A Lista de Schindler", já há alguns anos descobriu no filão de filmes de ação seu destino no mundo do cinema. Ele parece ter sido talhado para viver homens durões e perseguidores implacáveis de vilões, acertando bastante, como nos divertidos "Busca Implacável", ao contrário de outro ator de ação, Nicolas Cage, que tem feito apenas escolas equivocadas.

Cotação: bom
Chico Izidro

quinta-feira, novembro 27, 2014

"Boyhood - Da Infância à Juventude"

O diretor Richard Linklater já havia feito o laboratório na trilogia "Antes do Amanhecer", "Antes do Pôr-do-Sol" e "Antes da Meia-Noite", onde acompanhou o casal Jessie e Celine (Ethan Hawke e Julie Delpy) ao longo de 20 anos. Pois em "Boyhood - Da Infância à Juventude", ele alcançou a excelência ao observar durante 12 anos a vida de um garoto, Mason (Ellar Coltrane). Quando as filmagens começaram em 2002, o protagonista tinha apenas cinco anos de idade. Durante esse período, a equipe se reunia todos os anos, por alguns dias para tocar um pouco mais a história. No final, Mason estava com 18 anos.

Na trama, Mason mora com a mãe Olivia (Patricia Arquette) e a irmã Samantha (Lorelei Linklater, filha do diretor). O pai é vivido por Ethan Hawke e aparece de vez em quando, para levar as crianças para passear. O roteiro não inventa muito, mostrando o crescimento de Mason, o desajuste da família - a mãe se envolve romanticamente com homens errados, e é comum o abandono de lares apenas com a roupa do corpo. A passagem do tempo surge de forma sutil, sem indicações na tela. Notamos pelas mudanças físicas dos personagens e pela trilha sonora. Logo no começo, Samantha canta "Oops, I did again", de Britney Spears, clássico pop lá do começo dos anos 2000.

A transformação de Patricia Arquette é a mais gritante. No começo, ela está linda, corpo violão e vai, no passar dos anos, perdendo o vigor físico. Mason vai adotando cortes diferentes de cabelos ao longo dos anos. O projeto de "Boyhood - Da Infância à Juventude" foi arriscado, porque o garoto, Ellar Coltrane, poderia simplesmente ter desistido da empreitada, se perdido no meio do caminho. Mas não, ele se manteve fiel, neste belo retrato da juventude americana neste início de século XXI.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Boa Sorte"

"Boa Sorte", dirigido por Carolina Jabor, passa-se numa clínica de recuperação de drogados, mas trata-se de amor. Afinal, o que é a vida sem amor? A história gira em torno do jovem de 17 anos João (João Pedro Zappa), internado pelos pais devido ao seu jeito largado, irresponsável e uso de drogas tarja preta. Na clínica, ele conhece uma garota de seus 30 anos, Judite. Ela é esperta, bonita e parece cheia de vida, mas é portadora do vírus HIV. Judite é interpretada por Deborah Secco, que emagreceu mais de 15 quilos para o papel.

João e Judite logo tornam-se amigos, e a amizade transforma-se em amor, algo que talvez a garota não quisesse, pois sabe que seu tempo na terra é curto - de tanto se drogar, os coquetéis anti-vírus já não fazem efeito em seu organismo. João não está nem aí, e de tão apaixonado, até sonha em casar e ter filhos com Judite. Numa cena forte, ele tenta transar com Judite sem camisinha. "Você está louco, garoto? Quer morrer?", berra ela, afastando-o. "Eu não me importo", responde ele, carente, e que acha ter o poder da invisibilidade. Afinal, em casa, seus pais pareciam não notar sua presença. A cena em que os dois acham estar invisíveis e fogem da clínica é divertidíssima.

Deborah Secco tem grande interpretação, até mesmo superior ao de Bruna Surfistinha. Outro destaque é Fernanda Montenegro, como a avó de Judite, e usuária de maconha. O jovem João Pedro Zappa vai bem, até uma das cenas finais, quando mostra-se incapaz de demonstrar emoção, estragando a sequência.

Cotação: bom
Chico Izidro

"Elsa e Fred"

Hollywood não costuma ser muito gentil com refilmagens de filmes feitos em outros países. Invariavelmente, a indústria norte-americana consegue estragar o que havia ficado bom em sua origem. Não é o caso de "Elsa e Fred", remake de uma película argentina de 2005. A nova versão é dirigida por Michael Radford e traz nos papéis principais Shirley MacLane, de "Se Meu Apartamento Falasse", e Christopher Plummer, de "A Noviça Rebelde".
O filme é delicado e vai agradar as pessoas de todas as idades. E mostra que não existe época para amar. É só abrir o coração. Elsa (MacLane) é uma septuagenária independente, vivaz e sonhadora. Seu grande sonho é conhecer a Fontana Di Trevi, imortalizada no clássico "A Doce Vida", de Fellini. Ela delira ao ver e rever a cena em que Anita Ekberg seduz Marcelo Mastroiani na fonte. E Elsa acha que encontrou o Marcelo de sua vida em Fred, recém-viúvo que mudou-se para o apartamento ao lado. Só que ele é ranzinza, enclausurado em seu canto, e nem um pouco disposto a cair nas graças de Elsa, adepta de pequenas mentiras para adoçar um pouco a vida.

Shirley MacLane e Christopher Plummer, que viveram papéis românticos e alguns clássicos do cinema nos anos 1950 e 1960, estão bem à vontade em seus papéis nesta divertida comédia romântica inspiradora.

Cotação: bom
Chico Izidro

"Irmã Dulce"

A cinebiografia da freira chamada Anjo Bom da Bahia, "Irmã Dulce", dirigido por Vicente Amorim, passou do ponto. Apesar da boa reconstituição de época, da caracterização das favelas de Salvador, o filme é um dramalhão. A história começa nos anos 1920, quando ainda garotinha, batizada Maria Rita, foi levada para a mãe a uma favela, para alimentar os pobres. Ali a menina teve o primeiro choque de realidade ao ver as pessoas se atirarem, famintas, para pegar um naco de pão.

O filme dá um pulo no tempo, passando a mostrar sua entrada no convento, ganhando o nome de Dulce. Que era impulsiva e não respeitava as normas do convento, pois achava mais importante ajudar os necessitados, que ia encontrando aos montes pela rua de Salvador. Com a saúde frágil e um sério problema pulmonar, os médicos lhe deram pouco tempo de vida. Mas contra todos os prognósticos, Irmã Dulce viveu muito e brigou contra o sistema vigente. No filme, é utilizado o personagem fictício de João (Amaurih Oliveira) para mostrar sua batalha contra as injustiças sociais.

Irmã Dulce foi interpretada na primeira fase por Bianca Comparato, e já na fase madura por Regina Braga, que ficou a cara da cinebiografada. Mas os ajudantes não ajudam no desenvolvimento da história, mostrando-se caricatos, como por exemplo a madre superiora do convento, Madre Fausta (Malu Valle), e Dulcinha (Zezé Polessa). Açucar demais. Nem mesmo as imagens reais mostradas no final do filme ajudam.

Cotação: ruim
Chico Izidro

"Saint-Laurent"

Dois filmes no mesmo ano sobre o mesmo personagem, no caso o estilista franco-argelino Yves Saint-Laurent (1936-2008). O primeiro foi para as telas no começo do ano e se chamou "Yves Saint-Laurent", e tinha o aval do fiel escudeiro do artista, seu ex-marido e parceiro comercial Pierre Bergér. E mostrava a vida de YSL desde a infância até a morte. Já "Saint-Laurent", dirigido por Bertrand Bonello, fixa-se apenas em uma década da vida do estilista, exatamente entre os anos de 1967 e 1976, o auge de sua criatividade.

E por ser mais específico, mais centrado, torna-se melhor. Esta década foi, além de criativa, de desbunde para YSL, que trabalhava arduamente em seu ateliê, era casado com Pierre Bergér (Jérémie Renier), mas não abria mão dos casos extra-conjugais, ao mesmo tempo que consumia doses industriais de drogas. O filme traz ótima reconstituição de época e quase em seu término recria um dos maiores desfiles feitos pelo estilista em Paris nos anos 1970. Nenhuma cena é gratuita, nem mesmo as homoeróticas, com closes de frontais masculinos.

YSL vagava por Paris a noite, em busca de aventuras sexuais, mas também frequentava boates. E numa dela conseguiu contratar uma modelo, que tornaria-se grande amiga, Renée (Valérie Donzelli). O estilista é interpretado perfeitamente por gaspar Ulliel, de "Hannibal, A Origem do Mal". Ele não se mostra caricato, e pegou bem a essência de seu personagem.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

quinta-feira, novembro 20, 2014

"Castanha"

"Castanha", dirigido por Davi Pretto, é um filme semidocumental, pois mistura ficção e realidade para falar da vida do ator e performer gaúcho João Carlos Castanha, 52 anos de idade, e de sua mãe Celina. No longa, são reencenadas acontecimentos da vida de Castanha, onde alguns atores interpretam pessoas presentes na vida dele.

Castanha vive com a mãe, Celina, 72 anos, que interprela ela mesma. Os dois moram num condomínio na zona sul de Porto Alegre. E ele faz pontas em peças teatrais e apresenta-se, de drasg queen, em boates gays da cidade. Castanha leva uma vida simples, fuma barbaridades, e é sugerido no filme ser ele HIV positivo. O filme mostra os problemas da família - o pai internado num asilo, e o sobrinho viciado em crack (o jovem é interpretado por Gabriel Nunes), e as brigas de dona Celina com a síndica do condomínio, por causa dos cachoros, que fazem muito barulho e incomodam a vizinhança.

"Castanha" é um filme triste, mostrando alguém que foi e é fiel a seus ideais, e por isso paga um preço caro. O ator vive, praticamente, de bicos. Não tem planos de saúde. Sua vida é tão simples, que ele é mostrado na madrugada, saindo da boate e caminhando sob a chuva para poupar o dinheiro da passagem. Triste, mas real.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Debi e Loide 2"

O primeiro filme, de 1994, que trazia dois idiotas completos se envolvendo em confusões na gélida Aspen até tinha certa graça, com piadas frescas. Pois agora, exatos vinte anos depois, os irmãos Bobby e Peter Farrelly reúnem novamente Jim Carrey e Jeff Daniels em "Debi e Loide 2", mas apenas requentam a fórmula, que foi engraçada há duas décadas.

Desta vez, a dupla de imbecis cai na estrada em busca de uma suposta filha de Debi - ele precisa de um transplante de rim, e descobre a existência de uma filha, que teria tido com uma antiga namorada, e que foi entregue para adoção. O jeito é encontrá-la e ver se a garota lhe cederá o órgão. Então nas próximas quase duas horas, dê-lhe piadas batidas de peidos, arrotos, sustos, empurrões, e outras bobagens. Nem as caretas de Jim Carrey são exitosas desta vez. Uma ou outra sacada se salva nesta verdadeira bobagem.

Cotação: ruim
Chico Izidro

quinta-feira, novembro 13, 2014

"Trinta"

Joãosinho Trinta foi um dos maiores carnavalescos do Brasil. Mas até obter a fama, penou muito. "Trinta", dirigido por Paulo Machline, resume a vida do maranhense, que se mudou para o Rio de Janeiro com o objetivo de ser bailarino, para desgosto de sua família. Homossexual, era alvo de chacota dos colegas da repartição pública onde trabalhava antes de conseguir vaga no Balé Municipal no final dos anos 1950. Joãosinho é interpretado com convicção por Matheus Nachtergaele, que não se parece muito com o retratado - até mesmo sua pele foi maquida para mostrar a morenice do caranavalesco. Mas os tiques, os ataques de fúria estão lá.

É no Balé Municipal que conhece o carnavalesco Fernando Pamplona (Paulo Tiefenthaler), marido de uma das colegas de Joãosinho, e que o leva para a esacola de samba Salgueiros, onde se transforma em responsável pelos adereços. Anos depois, Pamplona se desentende com o presidente da escola, e Joãosinho é escolhido como seu sucessor. Ele teria, então, 180 dias para definir o tema e preparar o desfile da escola em 1974. Joãosinho sofreu com boicotes, sabotagens, com descontentamentos e desprezo, principalmente do chefe de barracão interpretado por Milhem Cortez. O filme se fixa neste período da vida de Joãosinho Trinta, tentando fazer suspense com a contagem regressiva dos dias. Será que ele conseguiria colocar a escola na avenida?

Sabe-se que Trinta conseguiu levar a escola a ser campeã naquele ano. Mas o diretor Paulo Machline, de "Natimorto", conseguiu fazer uma boa trama, escudado principalmente nas boas atuações de Nachtergaele, Paulo Tiefenthaler e Fabrício Boliveira como o ajudante de Trinta. Milhem Cortez, às vezes, fica um pouco fora do tom, ao exagerar na caracterização do vilão, que não quer ver o sucesso alheio. No final, o diretor usou imagens reais de arquivo, contando o que ocorreu na sequência da vida de Joãosinho Trinta, que seria campeão mais sete vezes, por outras escolas, e morreria em sua São Luiz natal, em 2011, aos 78 anos.

Cotação: bom
Chico Izidro


"Mil Vezes Boa Noite"

A fotógrafa jornalística Rebecca (Juliette Binoche) é viciada em adrenalina. Gosta de ação e está sempre presente em zonas de conflito. Após quase morrer ao tentar registrar a ação de uma mulher-bomba no Afeganistão, ela volta para casa, na Irlanda, e enfrenta o desespero de sua família, em "Mil Vezes Boa Noite", direção de Erik Poppe.

O marido, Marcus (Nikolaj Coster-Waldau, de Mama e do seriado Games of Thrones) lhe dá um ultimato: ou larga a carreira e se dedica à família (eles têm duas filhas), ou vai se separar. Ele não suporta mais a angústia de ficar esperando aquele telefonema no meio da madrugada que pode ser o da notícia da morte dela. Rebecca até tenta ficar em casa, cuidando das meninas e cozinhando. Mas sabe que a atividade em campo é mais empolgante. Ao receber nova proposta para viajar ao Quênia para um trabalho humanitário, em princípio Rebecca rejeita, mas a própria família insiste que ela vá, já que parece não haver perigo ali. Rebecca viaja e leva a filha mais velha, Steph (Lauryn Canny). E aí que as coisas encrespam de vez.

"Mil Vezes Boa Noite" evoca o oscarizado "Guerra ao Terror", onde o personagem de Jeremy Renner, especialista no desarme de bombas, não consegue se adaptar a vida normal após voltar do campo de batalha do Iraque. É mais ou menos o que acontece com Rebecca. O problema em seu personagem é a interpréte, Juliette Binoche, que não consegue abandonar aquela cara de eterna sofredora, e isso é muito irritante. A atriz tem talento, isso é inconteste, mas se perde nesta dificuldade de mostrar reações, O destaque acaba sendo a jovem Lauryn Canny, que vive a jovem angustiada Steph.

Cotação: bom
Chico Izidro

"Uma Viagem Extraordinária"

O garoto T.S. Spivet (Kyle Catlett, o filho do serial killer do seriado The Following) é o grande destaque do divertido "Uma Viagem Extraordinária", dirigido pelo francês Jean-Pierre Jeunet, de "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain" e "Delicatessen". T.S. vive numa fazenda em Montana com uma família disfuncional - o pai acha que é um cowboy do Velho Oeste, a mãe passa o tempo pesquisando sobre insetos e a irmã mais velha só se preocupa com concursos de beleza. Havia ainda o irmão gêmeo, Layton, que morreu num acidente com uma espingarda.

Pois T.S., apesar de ter somente dez anos, acaba criando uma geringonça e é premiado pelo Instituto Smithsonian, em Washington D.C. Só que no instituto não sabem que ele tem só dez anos. A história, então, restrita à fazenda, acaba tornando-se um road-movie, com o garoto fugindo de casa para buscar o prêmio. E nesta viagem que o filme ganha graça, com T.S. embarcando num trem e depois pegando carona com um caminhoneiro, sempre se escondendo das autoridades, afinal, ele é considerado fugitivo.

O garoto, além de superdotado, tem uma imaginação fértil e daí o diretor tem boas sacadas, mostrando os pensamentos viajandões de T.S., que tem na atuação de Kyle Catlett seu trunfo. O visual do filme, com seu forte colorido, e seu tema de fuga lembra muito o também ótimo "Moonrise Kingdom".

Cotação: ótimo
Chico Izidro

quinta-feira, novembro 06, 2014

"Interestelar"

"Interestelar", dirigido por Christopher Nolan, de "O Cavaleiro das Trevas" e "A Origem", trata de apocalipse, de esperança, de desespero. Ficção científica de quase três horas, traz visual arrebatador e trilha sonora poderosa e, às vezes, angustiante. Num futuro não tão distante assim, a subsistência do ser humano se resume a milho, nada mais. E mesmo este vem sendo devastado por violentas tempestades de areia. A população mundial está sendo dizimada. O jeito encontrado é buscar um outro planeta que possa receber os humanos. E é aí que entra Cooper (Mathew McConaghey), ex-piloto, que agora viúvo, vive numa fazenda com o sogro (John Litgow) e os dois filhos, Tom, de 15 anos (Timothée Chalamet), e Murph, de dez anos (Mackenzie Foy). Os dois não têm muitas expectativas. O garoto pode, segundo análises da escola, apenas seguir a profissão de fazendeiro. Já a esperta Murph é considerada encrenca na escola por tentar mostrar aos colegas que o homem já pisou na lua, o que a professora considera um absurdo.

Cooper aceita a missão da Nasa de partir para o espaço, mesmo que isso possa custar nunca mais ver os seus filhos. Ele aceita e viaja junto com Brand (Anne Hathaway) e outros dois astronautas, vasculhando planetas que possam ser habitáveis. Nessa jornada, a linha espaço-tempo é acentuada - a idade de Cooper é ampliada e de repente, ele passa a ter a mesma idade de sua filha, para mais adiante, ela ficar mais velha do que ele. Murph, que na adolescência é vivida pro Mackenzie Foy, passa a ser interpretada por Jessica Chastain na idade adulta. E ela, devido a sua inteligência superior, busca achar na Terra uma forma de salavar o destino da humanidade.

O elenco de "Interestelar" mostra-se afiado, com atuações que beiram a perfeição. O filme abraça teorias científicas reais, mas não testadas. No final, Nolan quase deixa a maionese desandar, ao criar uma solução fantasiosa demais. Mas do jeito que o mundo está sendo tratado, é de se temer o que "Interestelar" prega. É legal ainda ver a presença de veteranos como Michael Caine, como o projetista da viagem de Cooper, e
Ellen Burstyn vivendo Murph idosa.

Cotação: bom
Chico Izidro

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...