quinta-feira, fevereiro 23, 2017
"Moonlight - Sob a Luz do Luar" (Moonlight)
Primeiro esqueça este subtítulo horrível para o filme. E segundo, após um ano em que choveram críticas por causa da pouca aparição de atores negros no Oscar, "Moonlight - Sob a Luz do Luar" (Moonlight), que concorre em algumas estatuetas, é majoritariamente protagonizado por afro-americanos. E é um belo filme sobre a descoberta da sexualidade e da solidão.
A trama gira em torno da vida de Chiron, em três momentos. Na infância, o ator é Alex Hibbert, na adolescência surge Ashton Sanders, que se sai melhor, e no começo da vida adulta, Chiron é interpretado por Trevante Rhodes. O garoto vive no subúrbio de Miami com a mãe, viciada e que se prostitui para poder comprar drogas. No colégio é vítima constante de bulliyng - a cena que ele reage a centésima provocação que sofre é excepcional e de certa forma chocante.
Sozinho e sem amigos, ele é acolhido pelo traficante local, Juan (Mahershala Ali) e sua mulher Teresa (Janelle Monáe) - os dois podem ser vistos também no fantástico "Estrelas Além do Tempo". Sempre que está com problemas, é aos dois que Chiron recorre. Numa cena tocante, que mostrará o destino de Chiron, ele pergunta a Juan o que é bicha. E o traficante responde: "É uma forma pejorativa de se referir aos homossexuais".
E Chiron terá a iniciação sexual com o melhor amigo Kevin, fato que controlará seu destino pelos próximos anos de sua vida. Enfim, "Moonlight" mostra a vida de uma pessoa, que desde o começo sempre tentou se encontrar neste mundo, sem ser compreendido, mas sempre buscando compreensão. Um filme tocante.
Duração: 1h51min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"A Lei da Noite" (Live By Night)
Como ator, Ben Affleck sempre foi motivo de duras críticas. Porém como diretor, ele se supera sempre, como por exemplo o oscarizado "Argo". Agora ele realiza "A Lei da Noite" (Live By Night), filme de época, no caso anos 1930, tratado com grande rigor estético e ótimas atuações.
O próprio Affleck interpreta o protagonista, Joe Coughlin, filho de um capitão de policia de Boston, que decide ganhar a vida de forma fácil, ou seja, através do crime. Ele se envolve com a máfia irlandesa e italiana, mas acaba caindo em desgraça ao se apaixonar pela namorada de um dos chefões, a bela Emam Gould, vivida por Sienna Miller. Então Joe ganha a chance de recomeçar, mas na Flórida.
No sul dos Estados Unidos, ao lado do parceiro Dion Bartolo (Chris Messina), prospera, agindo com o tráfico de bebidas em plena Lei Seca. Ele também se envolve com a negra Graciella (Zoe Saldana), arrumando confusão com a Ku Klux Klan. Aliás, a Flórida era um caldeirão de raças e culturas, mostradas com muita propriedade por Affleck.
O diretor também não poupa cenas violentas, de assassinatos, explosões, perseguições de carros, espancamentos. Mostrando que aquele período conturbado não poupava nada e ninguém - atente para os ataques racistas da KKK, com sua intolerância racial. E o ataque de uma gangue de mafiosos a um hotel, com os homens correndo e atirando pelas escadas. Bela sacada.
Duração: 2h08min
Cotação: bom
Chico Izidro
A Grande Muralha (The Great Wall)
Um filme que pelo visual promete muito. Mas a história acaba sendo de uma chateação incrível.
A Grande Muralha (The Great Wall), direção de Zhang Yimou, é um desperdício total, apesar de trazer cenas de batalhas sensacionais. Como o próprio nome diz, o filme fala da Grande Muralha da China, construção feita a milhares de anos para evitar a invasão bárbara do país. Mas na história, a barreira foi construída para impedir ataques de monstros, que a cada 60 anos, ressurgem das profundezas da terra para devorar humanos.
E é na Muralha que vão parar os ocidentais William Garin (Matt Damon) e Pero Tovar (Pedro Pascal, da série Narcos). Os dois estão em bsuca de um tal pó branco capaz de causar explosões (a pólvora). Mas acabam sendo detidos no local pelos soldados chineses. E enquanto Will se encanta com a comandante Lin Mei (Jing Tian), e tenta mostrar que não é apenas um mercenário, ajudando a defender a Muralha dos estranhos mosntros carnívoros, Tovar só pensa em roubar a pólvora e dar o fora dali.
"A Grande Muralha" é um filme totalmente previsível, com personagens pouco desenvolvidos. Porém as batalhas são excelentes, aumentadas pelo uso do 3-D. Mas não dá para engolir é um chinês falado inglês fluente na China do Século XII - só que colocaram um personagem, interpretado por William Dafoe, para explicar o aprendizado de Lin Mein (ah, aprendi inglês com Ballard, que é nosso prisioneiro há 25 anos), explica ela para um perplexo William.
Duração: 1h44
Cotação: regular
Chico Izidro
"Monster Trucks"
Um típico filme sessão da tarde, sem muitas pretensões, e que incrivelmente acaba sendo divertido. "Monster Trucks", direção de Chris Wedge, resgata um pouco o cinema dos anos 1980, repleto de personagens clichês e monstrinhos simpáticos.
A história gira em torno do adolescente Tripp (Lucas Till), bonitão e que não se dá conta que as garotas babam por ele - que foi abandonado pelo pai, e vive com a mãe, namorada do delegado da pequena cidade em que residem. Após as aulas, Tripp dá expediente em um ferro-velho de carros. Ali perto acontece um acidente em uma empresa que perfura o solo em busca de petróleo, libertando estranhos animais. Enquanto dois são capturados, um escapa e se esconde no local de trabalho de Tripp.
Aos poucos, o jovem verifica que o animal não é perigoso, e cria vínculos com ele - e o bicho, que se alimenta de petróleo, se esconde num velho caminhão que Tripp estava consertando, fazendo com que o carro se movimente rapidamente. Mas logo homens que trabalham na empresa petrolífera aparecem para tentar capturar o animal, e Tripp, auxiliado pela garota apaixonada por ele, fogem para tentar evitar a captura da criaturinha.
O filme tem aquele clima oitentista, com fugas espetaculares. E os personagens: tem o gordinho nerd, o policial que namora a mãe do mocinho e antipatiza com ele, a garota que parece nerd e feinha, e ao soltar os cabelos, é uma gata, os homens que trabalham na empresa e que são mal-intencionados. Mas é tudo mostrado de forma divertida, que não incomoda.
Duração: 1h45min
Cotação: bom
Chico Izidro
"Um Homem Chamado Ove" (En Man Som Heter Ove)
Ove ((Rolf Lassgård) é um homem amargurado. Aos 59 anos de idade, viúvo, ele passa o tempo incomodando e vigiando os vizinhos no condômínio em que mora, perto de Estocolmo. Rígido, verifica cada detalhe, como lixo no chão, carros mal-estacionados, bicicletas fora do lugar. Age como um policial, mas sem poder para prender ninguém. Além de tudo, Ove tenta várias vezes se suicidar para voltar a estar do lado da mulher amada, que era paraplégica e morreu vítima de câncer.
"Um Homem Chamado Ove" (En Man Som Heter Ove) mostra que uma pessoa é capaz de mudar enquanto é tempo. O protagonista começa a repensar a vida, depois da décima tentativa frustrada de suicídio, e também quando passa a conviver com uma família de imgrantes iranianos que passam a morar em frente a sua casa.
O filme ainda mostra como Ove mudou ao longo do tempo, passando de uma pessoa tímida, mas amorosa, para a amargura - flashbacks mostram a vida do personagem desde os sete anos, até o começo da vida adulta, vivido por Filip Berg, e a convivência com sua esposa, a professora Sonja (Ida Engvoll).
As atuações de Lassgård e de Berg são boas e convincentes, com os dois parecendo ser duas versões da mesma pessoa. E Berg tem uma grande empatia com Engvoll, ótima no papel de Sonja. E a direção de Holm é correta, cuidadosa, colocando os flashbacks nos momentos certos, evitando quebrar o ritmo do passado e presente.
Duração: 1h58min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
quinta-feira, fevereiro 16, 2017
“Aliados” (Allied)
Há exatos 12 anos, Brad Pitt filmou com Angelina Jolie “Sr. e Sra. Smith”, onde dois espiões casados tentavam matar um ao outro. E acabaram se apaixonando durante as filmagens, com Pitt abandonando Jennifer Aniston. Pois agora fala-se que seu casamento com Angelina acabou por causa do filme “Aliados”, direção de Robert Zemeckis. Mais exatamente por causa do par romântico do ator no filme, a bela Marion Cotillard.
O filme tem uma trama muito semelhante ao filme citado no alto. A história transcorre durante a II Guerra Mundial, quando o espião inglês Max Vatan (Pitt) recebe uma missão em Casablanca, no Marrocos – matar um diplomata nazista –junto da espiã francesa Marianne Beausejour (Cotillard). Os dois acabam se apaixonando e ao voltar para Londres, Max decide levar Marianne junto e casar com ela.
Só que no meio de tanto amor entre os dois, começam a surgir as dúvidas. Os chefes de Max recebem informações de que a francesa seria, na realidade, uma espiã alemã infiltrada. E põem Max na parede –
ele tem de investigar a esposa e se, por acaso, se confirmarem as suspeitas do comando inglês, Marianne deve ser morta.
No meio disso tudo, uma espetacular reconstituição de época, muito suspense e grande química de Pitt com Cotillard, que dá de dez em Angelina Jolie, tanto como atriz quando em beleza. E o final é algo que surpreendente, diferente do que costuma ocorrer no cinema hollywoodiano.
Duração: 2h05min
Cotação: bom
Chico Izidro
“John Wick – Um Novo Dia Para Matar” (John Wick: Chapter Two)
O primeiro filme era interessante e muito divertido. Afinal, o protagonista saia por aí praticando uma verdadeira chacina só porque mataram seu cachorro e roubaram seu carro. Agora,“John Wick – Um Novo Dia Para Matar”, direção de Chad Stahelski, perde muito de sua força, quase caindo no pastelão clichê de filmes de ação e vingança.
John Wick, vivido por Keanu Reeves, quer desistir da vida de assassino de aluguel, mas é impedido por um mafioso, que deseja se tornar o chefão número 1. Após ver sua casa ser destruída pelo vilão, Wick só encontra uma saída para obter a aposentadoria: cometer um assassinato. Ou seja, matar para Santino D’Antonio a chefe da clã, que vem a ser a irmã do próprio Santino.
Só que claro, Wick será traído e verá um exército de assassinos sair à sua caça. E ele é quase indestrutível, matando todos aqueles que atentam contra a sua vida.
Só que agora as suas ações perderam a graça e o viço da novidade. Tudo soa falso e forçado – e os pistoleiros que tentam matar Wick são muito ruins atiradores – se Wick mata todos com tiros na cabeça, porque eles não tentam o mesmo? Depois da vigésima morte, a trama já cansou.
Duração: 2h04min
Cotação: regular
Chico Izidro
“Redemoinho”
Por mais que se tente esquecer o passado, às vezes ele volta mais forte e incomodativo, não dando trégua. E é aí que segue a lógica de “Redemoinho”, direção de José Villamarin. A obra incomoda e faz refletir.
Na trama, dois amigos de infância voltam a se encontrar na véspera de Natal. Gildo (Julio Andrade) deixou a pequena Cataguases, no interior de Minas Gerais há muitos anos, enquanto seu amigo Luzimar (Irandhir Santos) permaneceu na cidade, trabalhando numa tecelagem. Então Gildo retorna para visitar a mãe, interpretada por Cássia Kiss. E encontrar Luzimar. Os dois começam bebendo algumas cervejas, e vão contando um ao outro o que fizeram nestes anos em que não se viram, com cada um seguindo caminhos diferentes.
Mas ao longo do encontro e movido pelo álcool, Gildo vai ficando mais solto e cruel – ele não consegue entender porque Luzimar ficou em Cataguases, quase que estagnando. E de repente surgem lembranças de um incidente que os marcou na infância e que agora surge para mostrar que a amizade deles não era tão sólida.
Julio Andrade está ótimo no papel do ferino Gildo. Já Irandhir Santos é quase uma instituição do cinema nacional, estando presente em diversos filmes lançados nos últimos anos. E sempre muito bem em seus papéis. Cássia Kiss também se destaca como a mãe de Gildo, e Dira Paes num papel coadjuvante, rouba a cena sempre que aparece.
Duração: 1h40min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
“Toni Erdmann”
“Toni Erdmann”, direção de Maren Ade, tem um humor meio estranho, e por isso fascinante. Filme alemão, foge da armadilha de ser histriônico, e de forma analítica, mostra os tempos atuais, onde a instantaneidade e individualidade tomam conta das pessoas.
Tudo começa quando o aposentado Winfred (Peter Simonischek), que adora fazer piadas e usar disfarces, encontra a filha Ines (Sandra Hüller) na casa de parentes. Ela é uma advogada que trabalha em uma empresa corporativa em Bucareste, na Romênia. Ele então decide fazer uma visita surpresa à Ines, mas não sabe o mal-estar que vai gerar. Sentindo-se rejeitado e vendo como Ines rege a sua vida, ele ressurge como Toni Erdmann, uma espécie de guru de auto-ajuda e também como diplomata alemão. Para completar o disfarce, uma peruca de vasta cabeleira e uma dentadura postiça, que deixam os dentes bem salientes.
Toni passa a se infiltrar nos trabalhos de Ines, que começa a se sentir desconfortável com as atitudes do pai. Afinal, ele é completamente sem noção, invasivo, mestre em piadas que só ele entende e acha graça. E Ines é uma executiva que se pretende séria, sem tempo a perder com besteiras. E é isso do que trata o filme: um pai que pretende fazer com que a filha amada volte a viver, ter uma vida, e não apenas vegetar num trabalho sem coração e cruel.
Duração: 2h40min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
quinta-feira, fevereiro 09, 2017
"Lego Batman - O Filme" (The Lego Batman Movie)
Os mesmos responsáveis por "Uma Aventura Lego", Phil Lord e Christopher Miller, vão mais longe agora e disparam o divertídissimo ""Lego Batman - O Filme" ( The Lego Batman Movie), direção de Chris McKay. Todo o filme é feito com aquelas peças de plástico que se unem uma a outra. E o resultado é espantoso.
E a história é uma grande tiração de sarro com Batman e seus inimigos, principalmente o Coringa. O palhaço de cabelos verdes deseja dominar Gotham City, mas Batman o impede. Isso é o começo da trama. Depois de se livrar do vilão, o homem-morcego é festejado por todos, e um repórter diz: "A vida do Batman deve ser fantástica. Depois de salvar a cidade, ele deve ir para a casa fazer festas com dançarinas russas e os amigos".
Mas na realidade, o milionário Bruce Wayne é um solitário, que depois de salvar Gotham, vai para a casa ver "Jerry Maguire" e comer pipoca. Até que o Coringa, ressentido por Batman não o considerar o seu principal inimigo volta a atacar, mas desta vez reunindo todos os outros vilões que já passaram pela vida do super-herói. Então ele é obrigado a se unir ao órfão Robin, o mordomo Alfred e a nova comissária de polícia de Gotham, Barbara Gordon, filha de Jim Gordon. Pois Batman/Wayne tem de aprender a trabalhar em grupo, apesar de não gostar da ideia.
E o filme vai destrinchando piadas em cima de piadas e também referências a outros filmes, estes de carne e osso, do Batman. São citados todos os filmes desde 1989, com Michael Keaton, até o mais recente, com Ben Affleck, e o seriado iconoclasta dos anos 1960 com Adam West. Divertido é pouco.
Duração: 1h45min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Cinquenta Tons Mais Escuros" (Fifty Shades Of Grey 2: Fifty Shades Darker)
Primeiro quero dizer que não li a trilogia escrita pela escritora E.L. James. Então entro na sala de cinema para ver a versão cinematográfica sem saber de nada. O primeiro filme já foi bem ruim. E o segundo não melhorou muito as coisas, não. Falo de "Cinquenta Tons Mais Escuros" (Fifty Shades Of Grey 2: Fifty Shades Darker), direção de James Foley, onde acompanhamos o desenrolar do romance de Anastasia Steele (Dakota Johnson) com o milionário Chris Grey (Jamie Dornan).
No primeiro filme, no final, Anastasia deixa Grey. Agora ele tenta voltar para a garota, prometendo mundos e fundos - não vai exigir que ela siga as regras impostas por ele. Afinal, o riquinho está apaixonado. E mostrando suas fraquezas, trazidas da infância, onde teve um pai abusivo e uma mãe viciada em crack. E agora Grey quer conquistar Anastasia pelo coração, não pela força.
Porém seguem os problemas. Os personagens são tediosos, e por mais que se force, não existe química entre Dakota e Dornan. Além do que, que atriz mais sem graça, sem sal que é a filha de Melanie Grifith e Don Johnson. Os diálogos também não ajudam - num deles, Grey confronta a muklher que lhe iniciou na vida sexual, vivida por Kim Basinger, e diz à ela: "Você me ensinou a trepar, mas Anastasia me ensinou o que é o amor...."...bleargh.
Duração: 1h58min
Cotação: ruim
Chico Izidro
"A Espera" (L'Attesa)
Baseado na peça A Vida que Te Dei do dramaturgo italiano Luigi Pirandello, "A Espera" (L'Attesa), direção de Piero Messina, não é um filme fácil, com longos momentos de silêncio e reflexão, onde os personagens apenas trocam olhares, sem proferir uma única palavra. Este é o primeiro trabalho de Messina, diretor-assistente de Paolo Sorrentino, de "A Grande Beleza", e na história, ele conta a chegada da bela Jeanne (Lou de Laâge) à mansão siciliana de Anna (Binoche), cujo filho Giuseppe (Giovanni Anzaldo) acabara de morrer.
Jeanne havia namorado Giuseppe e vai ao local com a esperança de reatar o relacionamento, mas Anna esconde da garota o que aconteceu. Pois acaba gostando de Jeanne e quer que ela fique para as festividades da Páscoa (o evento praticamente fecha o longa, e pode até assustar quem não conhece a tradição, pois os participantes usam túnicas e capuz branco, semelhantes ao utilizado pela famigerada Ku Klux-Klan).
"A Espera" poderia ser melhor. Porém depende da atuação de Juliete Binoche, que pela centésima vez interpreta sem nenhuma vontade, como se fosse sempre a eterna sofredora. Seu rosto não muda nunca, seja estando triste, estando feliz. Uma atriz superestimada, que para mim é na realidade, uma chata.
Duração: 1h40min
Cotação: regular
Chico Izidro
"A Cidade Onde Envelheço"
"A Cidade Onde Envelheço", dirigido por Marília Rocha, é uma obra que se pretende poética, contemplativa, ao melhor estilo europeu. Mas na realidade é um filme cansativo, que não dizx a que veio, mostrando a rotina chata e entediante de duas portuguesas que moram em Belo Horizonte.
Teresa (Elizabete Francisca Santos) é uma garota, que decide deixar Portuagl para morar no Brasil, mais exatamente na mineira Belo Horizonte. Ela vai morar na casa de de Francisca (Francisca Manuel), outra portuguesa que mora no país há mais de um ano. E Francisca, apesar de hospedar Teresa, não curte muito a ideia, pois é uma pessoa que prefere a solidão e a independência. Aos poucos, porém, as duas vão se entendendo, por causa do temperamento alegre e expansivo de Teresa.
Só que isso é muito pouco para se construir uma história. As cenas se sucedem, sem muita imaginação, criativade. O tédio impera nas conversas - que aliás, sofrem com o sotaque muito carregado das duas atrizes, que ainda por cima falam de costas para a câmera. Fica quase inaudível - aqui se faria necessário o uso de legendas. Os demais personagens são ainda muito superficiais - eles aparecem e somem na mesma rapidez. Ao final, pensamos: por que perdemos tempo assistindo a este filme?
Duração: 1h39min
Cotação: ruim
Chico Izidro
quinta-feira, fevereiro 02, 2017
"Estrelas Além do Tempo" (Hidden Figures)
"Estrelas Além do Tempo" (Hidden Figures), direção de Theodore Melfi, é um filme forte, e mais um a tratar sobre o racismo nos Estados Unidos em meados do século passado. Baseado no livro Hidden Figures, de Margot Lee Shetterly, trata de uma história real, envolvendo não só racismo, mas também misoginia.
A trama mostra a batalha de três mulheres para serem reconhecidas na então segregacionista Nasa, no começo dos anos 1960. Katherine G. Johnson (Taraji P. Henson, de O Estranho Caso de Benjamin Buton e do seriado Empire) é uma matemática brilhante, viúva e mãe de três filhas, a engenheira e dona de duas graduações na área das exatas Mary Jackson (a linda cantora Janelle Monáe) e a supervisora Dorothy Vaughan (Octavia Spencer). Elas são contratadas para ajudar no começo da corrida espacial - os americanos estavam atrás dos inimigos russos, que já haviam mandado Yuri Gagarin para o espaço.
Katherine é um verdadeiro computador humano em ao ser colocada no setor de cálculos liderado pelo engenheiro Al Harrison (Kevin Costner, em ótima atuação) sobre o diabo com o chefe direto Paul Stafford, vivido por Jim Parsons, o Sheldon de Big Bang Theory, que encarna muito bem um segregacionista, que não consegue aceitar a presença de uma negra no local. Já Mary Jackson sofria no trabalho e em casa, através de um marido que não aceitava a luta da mulher em ser engenheira, e Dorothy, que almejava chegar à supervisora chefe - mas imagine uma negra comandando um setor na Nasa?
As três protagonistas estão excelentes em seus papéis, em um filme que retrata muito bem uma época que não deve ser esquecida, mesmo que tenha sido cruel para as pessoas negras, que por mais competentes que fossem, não eram aceitas e sofriam com perseguição e desprezo, apenas por causa da cor de sua pele.
Duração: 2h07min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"A Qualquer Custo" (Hell Or High Water)
Um faroeste moderno. É assim que pode ser visto "A Qualquer Custo" (Hell Or High Water), direção de David Mackenzie, com Chris Pine, Ben Foster e Jeff Bridges. A história é centrada em dois irmãos, Tanner (Ben Foster, de “Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos”) e Toby (Chris Pine, de “Star Trek: Sem Fronteiras”), que saem numa turnê de assaltos por bancos em diversas cidades do interior do Texas. Os dois têm dívidas tremendas e não conseguem encontrar solução para pagá-las de forma honesta. Por isso os assaltos.
Então a dupla começa a ser perseguida pelo delegado Marcus Hamilton (Jeff Bridges), que está à beira da aposentadoria, mas decide fazer e seu último trabalho a prisão dos irmãos. Ao seu lado o policial indígena Alberto (Gil Birmingham), sempre solicito com o chefe. Os dois vivem se bicando, ainda mais por causa das provocações racistas de Hamilton.
Os dois irmãos são unidos, mas antagônicos. Tanner é um homem decidido, mas violento e agressivo, enquando que Toby é mais pacífico, sempre preocupado com os filhos, que moram com a mãe. Ben Foster e Chris Pine encarnam bem os personagens tão distintos.
O diretor David Mackenzie (“Sentidos do Amor”) consegue criar um clima de bangue-bangue passado nos anos 2010, com muito realismo, ambientes desérticos e estéreis. E muita violência em seu climax, com um tiroteio que há muito não via. O embate final também é outro achado, com Hamilton dialogando com Toby, numa cena que se fosse um blockbuster, poderiamos esperar uma continuação. Filmaço.
Duração: 1h42min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Jackie"
Natalie Portman encarna magistralmente bem uma das mulheres-símbolo do Século XX, Jacqueline 'Onassis' Kennedy, em "Jackie", dirigido por Pablo Larraín. O longa retrata os dias seguintes ao assassinato de JF Kennedy, em novembro de 1963, em Dallas, quando ela ainda tentava entender o que havia acontecido.
O filme apresenta uma narrativa interessante, mostrando vários momentos da vida da primeira-dama americana, que influenciou toda uma geração, desde o pensamento, a atitude, chegando a moda. Jackie aparece dando uma entrevista dias após a morte do marido, as conversas com o padre e amigo Joseph Leonard (vivido pelo recém falecido John Hurt), a tour que ela fez na Casa Branca, após a reforma quando da mudança do casal para Washington - este momento passado em preto e branco, como se fosse da época, numa sacada sensacional.
A fotografia de "Jackie" é excelente, além do figurino e da maquiagem. Natalie Portman interpreta Jackie muito bem, mesmo que não tenha semelhanças físicas com a ex-primeira-dama, morta em 1994. Em vários closes, a atriz arrasa no tom de voz, no rosto perdido por causa da tragédia - detalhe foi o uso do vestido rosa, ensanguentado que Jackie usava nas horas logo após o assassinato do marido.
O longa, porém, deixa de fora as escapadas de JFK, que diz a lenda em Washington que ele tinha dificuldade de deixar a braguilha da calça fechada, tendo inclusive caso com Marilyn Monroe. Mas o filme é para centrar mais em Jackie e sua perda. Então está ok.
Duração: 1h40min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Armas na Mesa" (Miss Sloane)
"Armas na Mesa" (Miss Sloane) é um ótimo drama político, dirigido por John Madden. Nele, vemos a atuação da lobista Elizabeth Sloane (Jessica Chastain), que trabalha numa campanha pela liberação de armas nos Estados Unidos. Mas como sua meta é ganhar dinheiro e demonstrar poder, ela não pensa duas vezes quando é chamada por uma outra empresa para liderar uma campanha pelo controle de armamentos.
Sloane é conhecida por usar várias estratégias, muitas vezes desleais, para obter o que deseja. E ela é uma mulher dura, que não pensa duas vezes em usar os funcionários em seus esquemas. Aliás, o tema que o filme decidiu mostrar é um dos mais polêmicos da Terra do Tio Sam: o controle de armas. Após chacinas frequentes no país, muito se pensa em não deixar qualquer um ter uma arma. Mas a cultura norte-americana em relação ao uso de armamentos é forte e antigo.
Jessica Chastain é bonita, e acreditamos piamente em seu jeito frio e calculista. E ela está bem acompanhada, com outros ótimos atores em cena, como Mark Strong (O Jogo da Imitação), Michael Stuhlbarg (A Chegada), Alison Pill (Meia-Noite em Paris) e o veterano John Lithgow no papel do senador Ron Sperling, que decide levar Sloane ao banco dos réus, mas esconde ele mesmo um grande segredo.
"Armas na Mesa" é daquelas obras que não dá para tirar o olho da tela, sob pena de ficar boiando por causa de seu enredo bom, mas por vezes complicado.
Duração: 2h09min
Cotação: bom
Chico Izidro
"O Chamado 3" (Rings)
A pergunta que se faz é por que fazer este filme? Qual a necessidade? A resposta é nenhuma. Puro desperdício de tempo e dinheiro. "O Chamado 3" (The Ring 3), do diretor espanhol F. Javier Gutiérrez. O filme começa dentro de um avião, onde a sinistra Samara consegue atacar dois passageiros, que haviam assistido ao famoso vídeo sete dias antes.
Então um pulo de dois anos, e passamos a assistir a história de um insosso casal, formado por Julia (Matilda Lutz) e Holt (Alex Roe). O rapaz está indo para a faculdade, e após juras de amor e de não se separarem, ele some. E Julia vai atrás, para descobrir que o namorado está envolvido num grupo de estudantes que assistiu ao video de Samara e recebeu a tal ligação: "Sete dias".
A garota vai então tentar descobrir uma forma de Holt e depois ela mesma escapar da maldição de morrer por ter assistido a filmagem estranha e que, convenhamos, nem é tão perturbadora como os produtores da cinessérie tentam passar para os espectadores. "O Chamado 3" é tão sem inspiração, tão sem inventividade, que tudo se encerra dentro de uma casa, com um padre cego e meio psicopata, interpretado com muita má vontade por Vicente D'Onofrio (em sua milésima interpretação de vilão no cinema) tentando matar Julia.
Duração: 1h42min
Cotação: ruim
Chico Izidro
"Eu, Daniel Blake" (I, Daniel Blake)
O diretor octagenário e esquerdista Ken Loach mais uma vez não poupa críticas ao governo da Inglaterra. Desta vez, ele mostra a barbaridade ao sistema de saúde do país, que não perdoa os trabalhadores, obrigados a conviver com uma verdadeira armadilha em "Eu, Daniel Blake" (I, Daniel Blake).
O filme começa com apenas a tela preta e a voz do protagonista, interpretado por Dave Johns, conversando com a assistente do serviço social, que lhe nega o seguro. Daniel, de 59 anos, após passar anos cuidando da mulher que sofria de câncer e que acabou morrendo, sofreu um infarto. E a médica lhe impede de trabalhar, mas não consegue receber o seguro-desemprego por causa da extrema burocracia do governo.
Numa de suas idas ao departamento social, conhece Katie (Hayley Squires), uma mãe solteira de duas crianças, que por causa do desemprego e da falta de habitação em Londres, foi realocada em Newcastle. Os dois estão na mesma situação crítica e criam uma amizade improvável. Daniel se apega a ela e às crianças - numa cena incrivelmente forte, eles vão receber o bolsa-família, e Katie, que não come há vários dias, começa a devorar ali mesmo uma sopa de tomate no meio de uma crise de fome...chocante.
E o filme não se passa num país qualquer de Terceiro Mundo, mas na Inglaterra. Que não é poupada por Ken Loach e sua crítica violenta contra um sistema que não protege os pobres e necessitados. Filmaço.
Duração: 1h41min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
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