quinta-feira, outubro 23, 2008
AS DUAS FACES DA LEI
Um dia Roberto de Niro e Al Pacino foram considerados os melhores atores americanos. Com o tempo, transformaram-se nos senhores careteiros, principalmente De Niro, e isso fica evidente no novo As Duas Faces da Lei, direção de Jon Avnet. A história é complicada, mal-contada e com um final que deixa muito a desejar. Um serial-killer está matando vários bandidos e a suspeita recai sobre o policial Thomar Cowan (De Niro), que não tem álibis a não ser o tempo passado com a amante, a legista Karen (Carla Gugino) e os 30 anos de serviços prestados à polícia nova-iorquina. Depois de quase duas horas, fica a pergunta: o que pensavam os roteiristas?
mulheres - o sexo forte
Um filme onde não aparece um homem em cena. Mulheres, o Sexo Forte (The Women, de Diane English) fala de quatro amigas nova-iorquinhas – alguém aí lembrou de Sex and the City? –, que vivem problemas como separações, a preocupação com a manutenção do emprego, gavidez, as roupas da moda...E tudo girando em torno Mary (Meg Ryan, linda), que se descobre traída pelo marido. E como escrevi no começo, os personagens masculinos são citados, mas nunca aparecem em cena. Mulheres é engraçadinho, mas nada original.
MANDELA - A LUTA PELA LIBERDADE
Nelson Mandela passou 27 anos preso pelo regime racista do apartheid na África do Sul, entre 1963 e 1990. Mas nunca desistiu de seus ideais. Sua força de vontade, a separação da família, os insultos sofridos por policiais preconceituosos. Nada disso o dobrou. Aliás, ganhou uma enormidade de seguidores pelo mundo, inclusive o carcereiro branco, completamente racista, interpretado por Joseph Fiennes (irmão de Ralph Fiennes).
Ele foi colocado para cuidar de Mandela (Dennis Haysbert) pois conhecia a língua xhosa (pronuncia-se Côsa). Com o tempo, o convívio com o líder negro o faz mudar seus conceitos e até passa a sofrer perseguição por aqueles que um dia defendeu. Os dois homens acabam se tornando, se não amigos, pelo menos admiradores no ótimo Mandela - A Luta pela Liberdade, de Bille August. O filme é baseado na biografia do próprio carcereiro, James Gregory, que morreu de câncer em 2004. E em nenhum momento cai nas facilidades de um dramalhão, mesmo na cena em que a filha do guarda vê um grupo de negros ser espancado por policiais brancos. Pelo contrário, o filme faz pensar em como as coisas podem ser injustas. Um erro do filme, talvez seja o de os personagens, com excessão de Mandela ganhar cabelos brancos, é o de nunca envelhecerem. A bela alemã Diane Kruger, que interpreta a esposa do carcereiro, permanece com as mesmas feições e sem rugas ao longo de mais de 20 anos...
ÚLTIMA PARADA 174
Última Parada 174 não pretende ser fiel a história do menino de rua Sandro Nascimento, que em 12 de junho de 2000 raptou um ônibus e parou o Rio de Janeiro. Porém Bruno Barreto mostra bem o destino de crianças sem esperança e que vivem perdidas pelas ruas das grandes cidades, tentando sobreviver no dia a dia.
A história é baseada em fatos reais, cruzando a vida do verdadeiro Sandro, um dos sobreviventes da chacina da Candelária, no centro do Rio, em 1993, com um possível quase homônimo, orfão de pai e filho de Marisa, uma ex-drogada e que virou evângélica (Cris Viana).
Sandro (atuação destacada do garoto Michel Gomes) assume a identidade de Alessandro (Marcelo Mello Jr., que também dá uma aula de como ser um excepcional vilão no cinema), e poderia ter uma vida diferente, caso não tivesse fugido da casa dos tios com o sonho de conhecer Copacabana. Sem ter como voltar para casa, ele se junta a um grupo de meninos de rua. Ali ele selaria o seu destino. Sobrevivente da chacina, e sonhando em ser um cantor de rap, Sandro não consegue se adaptar ao mundo, pois é um rebelde, viciado em crogas e iletra do. Nem mesmo encontrando o carinho da mãe, que ele sabe não ser sua, e da representante de uma ONG, Walquíria (Anna Cotrim), ele se ajeita.
O espectador já sabe que tudo culminará na tragédia do ônibus 174, quando sequestra o veículo, causando a morte de uma das reféns e sendo morto pela polícia. Ultima Parada 174 deixa claro que não existe solução para o problema dos menores de ruas. As coisas só tendem a piorar.
NOITES DE TORMENTA
O cinquentão Richard Gere e a bela quarentona Diane Lane já tinham funcionado bem em Infidelidade. Agora refazem a parceria no romântico Noites de Tormenta, de George C. Wolfe. O filme pode levar as lágrimas, mas não tão facilmente.
Gere, com seus tiques característicos, é o médico Paul Flamer, atormentado por ter causado a morte de uma paciente e pela distância emocional do filho Mark (James Franco, de Homem-Aranha). Adrienne (Lane), por sua vez, foi abandonada pelo marido e não tem a compreensão dos filhos adolescentes. Os dois se encontram em um hotel à beira de uma praia na Carolina do Norte. E lá, entre confissões, a tormenta que se aproxima, eles vão se descobrir almas gêmeas. E descobrir que não existe idade para se viver um grande amor. Tocante.
mamma mia
Confesso que temia um musical onde uma garota que vai casar sonha em descobrir no dia do enlace a identidade de seu pai. Ainda mais com a trilha sonora do Abba. E não é que o musical, dirigido por Phyllida Lloyd, funciona, ainda mais gravado nas paradisíacas Ilhas Gregas e com elenco liderado pela veterana Meryl Streep, que se sai bem cantando. Ela chegou a brincar que "seus filhos iriam morrer de vergonha ao ver a mãe cantando".
O musical é baseado em espetáculo da Broadway e diverte em suas quase duas horas, onde as músicas da banda sueca de grande sucesso nos anos 1970 e por muito tempo considerada o supra-sumo do brega são bem encaixadas na história. Diversão certa.
TROVÃO TROPICAL
Trovão Tropical, de Ben Stiller, lembra e muito em sua essência Os Três Amigos, comédia do final dos anos 1980. Atores pensam estar trabalhando num filme quando na realidade estão perdidos numa situação real e perigosa. Aqui, cinco atores dos mais mimados, entre eles o cocainômano interpretado por Jack Black, o ator que não consegue chorar (Stiller) e aquele que entra na pele do personagem (Robert Downey Jr.), tanto que até faz uma cirurgia para mudar a cor da pele para viver um soldado negro, imaginam estar filmando um drama passado no Vietnã. Mas na realidade estão perdidos em alguma floresta asiática, cercados por contrabandistas de drogas. E nesse caso, a referência a clássicos como Platoon, Apocalipse Now, O Franco-Atirador funciona, ainda mais ajudados pela trilha sonora do período.
Trovão Tropical ainda tem a participação especial de Tom Cruise como um empresário gordo, careca e inescrupuloso. Uma comédia diferente, que só deixa cair o pique nos 20 minutos finais.
linha de passe
O futebol move o povo brasileiro. Goste ou não se goste do esporte. Em Linha de Passe, de Walter Salles e Daniela Thomas, a sofrida mãe de quatro rapazes (Sandra Corveloni) e grávida do quinto filho, dá um duro danado como empregada doméstica, ao mesmo tempo que vê seu Corinthians penar para se manter na primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Dos filhos, um é motoboy e pai quase ausente, pois a grana que entra ele usa para pagar as prestações da moto; o outro é um frentista e crente evangélico; o terceiro passa o tempo em peneiras sonhando em ser um jogador de futebol. Já o quarto é o pequeno Reginaldo (o simpático e carismático Kaique de Jesus dos Santos), que ao contrário dos irmãos nasceu negro e acredita que o pai é um motorista de ônibus e passa os dias entre os coletivos, em busca do progenitor.
Linha de Passe tenta ser otimista, mas sabemos que a realidade na periferia das grandes cidades não é fácil. Quando se pensa que as coisas vão começar a engrenar, algo dá errado, algo dá espaço para a desesperança. A luz no final do túnel não é certa.
CONTROLE ABSOLUTO
Shia Lebouef é o novo queridinho de Hollywood. Depois de Transformers, ele foi o filho de Indiana Jones. Agora é perseguido pelo governo americano depois de receber ordens estranhas de uma voz feminina pelo celular em Controle Absoluto, de D.J. Caruso.
O filme sugere que no futuro todos serão controlados por máquinas - tá aí vestígios de Big Brother ou O Exterminador do Futuro. Controle Absoluto não foge aos clichês e Shia acaba tendo como parceira de fuga para provar sua inocência Michelle Monaghan, de O Melhor Amigo da Noiva. Escapadas improváveis, explosões, invasões a lugares completamente invioláveis. O filme prende na poltrona, mas não é feito para pensar.
Busca Implacável
Em Busca Implacável, de Pierre Morel, Liam Neeson deixa de lado os seus personagens mais humanitários. Aqui ele se torna um assassino cruel, em busca da filha raptada por um grupo de piratas de escravas brancas. O filme tem um quê de xenofobia, mostrando o temor que os americanos têm do resto do mundo, seja na idílica Paris, quanto dos imigrantes do leste europeu. Mas não deixa de ser um mau filme, apesar de sua ideologia, que lembra em muito Charles Bronson e sua série Desejo de Matar: os criminosos têm de pagar com a vida, não importa como.
SUPER-HERÓIS - A LIGA DA INJUSTIÇA
A onda de filmes em que se satirizam as grandes produções cinematográficas já se esgotaram. E não é a primeira vez que escrevo isso. Ao ver Super-Heróis, a Liga da Injustiça, a certeza fica mais do que concreta. Com direção de J. Friedberg e A. Seltzer, a paródia a filmes como Hulk, Homem de Ferro, Batman, Cloverfield, Juno, High School Musical e Indiana Jones, entre outros, é totalmente insatisfatória. A comédia não consegue tirar um sorriso amarelo de seus espectadores e chega a ser constrangedora. E nos dá saudades dos tempos de Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu; Top Secret e Corra que A polícia Vem Aí. Fuja.
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“QUEER”
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