quinta-feira, dezembro 14, 2006
007 - CASSINO ROYALE
OO7 - Cassino Royale
Nunca o agente britânico James Bond - 007 foi tão violento e cruel como em Cassino Royale, o 21º filme da franquia surgida em 1962 com O Satânico Dr. No. Desta vez um novo ator está na pele do espião...Daniel Craig, que teve de enfrentar a ira dos fanáticos pela série. Afinal, ele não tem a aura de um Sean Connery, um Roger Moore ou um Pierce Brosnan. Além disso, é baixinho e o primeiro 007 loiro.
Mas Craig não é que supera as expectativas e convence, pois o que vemos em Cassino Royale é a origem do famoso espião...my name is Bond, James Bond! Aqui 007 precisa acabar com o financiador de terroristas Le Chiffre (Mads Mikkelsen), que sangra pelo olho esquerdo. O vilão, desta vez, não pretende acabar com o mundo e sim ganhar um jogo de cartaz e recuperar 100 milhões de dólares para devolver aos seus irados clientes. E Bond tem de evitar isso, com muita pancada, tiros, explosões. É o filme mais sangrento da série.
A Bond-girl, desta feita, não é daqueles mulherões que costumam deixar o bondemaníaco embasbacado, como o fizeram Ursula Andress e Halle Berry, só para citar duas deusas. Eva Green (a Vesper e revelada em Os Sonhadores, de Bernardo Bertolucci) é bonitinha, mas nada mais. E quem viu...007 - A Serviço de Sua Majestade...já adianto uma coisa: 007 não pode se apaixonar...e ver 007, qualquer um deles faz você querer ir atrás de outros filmes da série. Eu indicaria um genial, o de 1973, Viva e Deixe Morrer, com Roger Moore e trilha sonora de Paul MacCartney.
Ah, este é o segundo Cassino Royale da história. Mas o primeiro caiu nas mãos de Woody Allen e acabou virando uma escrachada e psicodélica comédia em meados dos anos 1960. O espião na ocasião foi Sir David Niven, morto em 1983.
Desenhos geniais
Cada vez me convenço mais. Os desenhos animados atuais que pululam nas telas de cinema deixam a gurizada boiando. Eles são mais para os adultos do que para outro público, apesar de seus heróis serem bichinhos fofinhos e peludos.
A criançada pode até gostar daquelas imagens coloridas em movimento, mas a história? Na maior parte do tempo ficam boiando, pois as tramas, apesar de não serem muito rebuscadas, se servem de piadas e referências a filmes clássicos do cinema mundial. Um exemplo é A Fuga das Galinhas. A galinha heroína é nitidamente inspirada em Steve McQueen em Fuga do Inferno, clássico dos anos 1960. Mas muita gente com quem falei após o filme e até hoje nunca viu Fuga do Inferno apesar de ele fazer parte da programação do Telecine Classic. Bom, falei tudo isso para chegar aos ótimos Happy Feet - O Pingüim e Por Água Abaixo.
O primeiro, há mais tempo em cartaz, é excepcionalmente perfeito. Você jura que os pingüins são mesmo de verdade, tal cuidado da produção, comandada pelo diretor australiano George Miller, o mesmo de Mad Max e Baby, o Porquinho Trapalhão. Alguém aí pode perguntar como um cara que faz o violento Mad Max pode realizar as duas obras seguintes? Bem, primeiro nada haver.
Happy Feet fala de tolerância, de respeitar o próximo. Uma bela mensagem. Mano é um pingüim real que nasce com defeito, ou seja, ao invés de cantar para atrair o seu par, ele dança...por isso é ridicularizado e expulso pelos outros de sua espécie por ser diferente. Ao lado de um bando de pingüins latinos, hilários, Mano vai em busca do segredo do por que sua espécie estar em perigo de extinção, ao mesmo tempo que aplica passos à la Fred Astaire.
Os efeitos especiais são fantásticos. Ainda mais que para a movimentação dos personagens foi utilizada a mesma técnica do Golum em Senhor dos Anéis, ou seja, um ator fez os movimentos e depois usaram a base para fazer os passos de Mano.
Não fique com medo de o filme ser dublado (um dos persogens tem a voz de Sydnei Magal...). Mesmo assim é engraçado e vale a pena.
Já em Por Água Abaixo, de David Bowers e Sam Fell, a trama é focada em um ratinho, Roddy, que vive isolado de seu mundo, numa bela gaiola de ouro na área nobre de Londres. Até que um dia ele é jogado no ralo por um rato de esgoto e acaba conhecendo um mundo subterrâneo, onde habitam ratinhos belinhos e fofos...aliás, como conseguem transformar animais tão feios e sujos em algo bonito e por quem torcemos? Bem, isso não vem ao caso.
Nos esgotos, Roddy, no original a voz de Hugh Jackman (o Wolverine) vai conhecer a bonitinha ratinha Rita (Kate Winslet, de Titanic) e se envolver num plano macabro do Sapo, que pretende acabar com as ratazanas.
Eu senti que os adultos não são atraídos muito por esse tipo de filme na sessão em que fui. Havia apenas uma pessoa na sessão: Eu. E o filme vale muito a pena. Perca o seu preconceito e vá assistir.
Volver
Finalmente Penélope Cruz virou atriz. A espanhola também se mostra mais bonita e sensual do que nunca no bom Volver, a obra mais recente de Pedro Almodóvar. E Volver (Voltar em espanhol) também pode ser classificado como o retorno da dupla Almodóvar-Carmem Maura depois de eles brigarem após Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos, de 1988.
Em Volver, Penélope é Raimunda, sofrida trabalhadora de uma Madrid periférica, que sofre para criar a filha, Paula, enquanto agüenta o marido bêbado e padrasto da garota. Ela também cuida da tia, que mora no interior. E um dia após a morte dessa, Raimunda comete um crime para defender Paula. Nos dias posteriores, o fantasma da mãe, que havia morrido há alguns anos, ressurge para a irmã, Sole (Lola Dueñas), mas tem medo de aparecer para Raimunda.
Por quê? Bem, não dá para contar senão estrago a surpresa.
Enquanto isso, Raimunda tenta levar a vida, cuidando de um bar-restaurante e tentando evitar os curiosos. A personagem de Penélope, que saiu de Hollywood para acertar como atriz, depois de fiascos na terra do Tio Sam, principalmente quando era namoradinha de Tom Cruise, é calcada em Sophia Loren e o clássico Duas Mulheres. Uma palavra para Volver, de Almodóvar: Imperdível.
Filhos da Esperança
Filhos da Esperança
Nunca o futuro do mundo esteve tão ameaçado em Filhos da Esperança (Children of Men), do mexicano Afonso Cuarón e com Clive Owens (Rei Arthur e Closer - Perto Demais). Num futuro não muito distante...2027...socorro, as mulheres não conseguem, misteriosamente, mais engravidar e por isso a espécie humana está ameaçada da extinção. Até que, inesperadamente, surge uma garota grávida numa caótica Londres, onde os imigrantes ilegais são perseguidos pelo governo e colocados em campos de concentração.
Clive Owen é um burocrata do governo, que perdeu o filho, morto, e a mulher, agora uma guerrilheira (Julianne Moore), e tem a, ingrata, missão de tentar salvar a vida da garota, que além de imigrante ilegal é negra, Claire-Hope Ashitley! Nada mais complicado numa Londres facista. Um bom filme, com um elenco de primeira, que além de Owen, conta com a já citada Moore, Chiwetel Eijofor, que trabalhou com Woody Allen em Melinda & Melinda, e o genial Michael Cane (Hannah e Suas Irmãs), aqui fazendo o papel de um jornalista doidão e que cuida da mulher com Mal de Alzheimer.
quarta-feira, novembro 15, 2006
Os Infiltrados
Martin Scorsese conseguiu. Fez mais um filme soberbo, usando um elenco de atores excepcionais em Os Infiltrados (The Departed). Como costuma realizar em suas obras, o cineasta retrata a vida de grupos étnicos, mas desta vez deixa sua Nova Iorque natal e a máfia italiana para "atracar" em Boston, com os irlandeses. E além disso Scorsese se recupera dos fiascos que foram Gangues de Nova Iorque e O Aviador, coincidentemente protagonizados pelo seu novo ator preferido, Leonardo Di Caprio, o ex-sra. Gisele Bündchen.
Em Os Infiltrados, o mafioso irlandês Frank Costello (interpretação magnífica de Jack Nicholson, que nunca havia trabalhado com Scorsese), infiltra um de seus asseclas na polícia de Boston, o cínico Collin Sullivan (Matt Damon). Assim ele saberá quando está prestes a ser preso e vira o jogo. A polícia, por sua vez, decide colocar um informante na gangue de Costello, Billy Costigan (Leonardo Di Caprio, meio careteiro e o elo fraco neste filme recheado de estrelas). A sua identidade é conhecida apenas de seus chefes, Dignam e Oliver (respectivamente Mark Walhberg e Martin Sheen).
Infiltrado na gangue, Costigan, que é conhecido de Costello desde guri e também de descendência irlandesa, começa a pirar ao conviver com homens tão violentos e psicopatas, que procura uma psicóloga, Madeleine (Vera Farmiga, com a cara das irmãs Rosana e Patricia Arquette). E a garota não é que namora o oposto de Billy, Collin?
Os diálogos são excelentes e bem colocados pelos atores, que disparam ofensas raciais, homofóbicas e misóginas como se fossem disparadas pelas mais modernas metralhadoras. Você não sabe se ri de nervoso ou de medo de encontrar figuras tão malignas na sua frente. Ninguém é bonzinho neste filme, cujas quase três horas não cansam e com um final surpreendente - não darei uma de estraga-prazeres e contar a finaleira aqui. Só posso dizer que não dá para perder.
O Ano Em que meus pais saíram de férias
Nunca um filme brasileiro foi tão encantador e mágico quanto "O Ano Em que meus pais saíram de férias", de Cao Hamburguer. A ação se passa em 1970, em plena ditadura militar e às vésperas da Copa do Mundo no México. O garoto Mauro (excepcional atuação de Michel Joelsas, de apenas 12 anos) é deixado pelos seus pais na casa do avó, Mótel (Paulo Autran), pois estão envolvidos na luta armada e precisam desaparecer por um tempo.
Porém antes de entrarem na clandestinidade, o pai de Mauro, Daniel, promete que voltará a tempo de ver a estréia do Brasil no Mundial.
A vida do pequeno vai, então, ser virada de ponta-cabeça. Horas depois de ser largado em frente a casa do avó, no bairro do Bom Retiro, em São Paulo, Mauro recebe a notícia de que este morreu naquela mesma manhã. Ele acaba sendo adotado pelo zelador da sinagoga local, o resmungão Shlomo - Salomão - (o ator amador pernambucano Germano Haiut).
A partir daí, Mauro vai sonhar com o retorno dos pais e conhecer um outro mundo, no meio da comunidade judia, ele que vivia com os pais, ateus. Fará amizade com a pequena Hanna (Daniela Piepszyk, também estreante e que brilha em todas as cenas que aparece), os outros garotos e principalmente com o jovem estudante Ítalo (Caio Blat).
Em alguns momentos, O Ano...lembra Esqueceram de Mim, mas não pelas cenas cômicas. Mas sim pelos momentos de solidão do garoto, que fica à frente do telefone, esperando o aparelho tocar e do outro lado surgir a voz dos seus pais. Mauro joga botão, vive como um eremita, queima a mão tentando cozinhar e olha para a rua, como um náufrago, não a espera de um barco, mas sim do fusquinha azul de seus pais, que nunca chegam. Também sonha em ser goleiro e se apaixona platonicamente pela bonitona do bairro, que namora um rapaz negro, motoqueiro.
O filme também traz mistério: afinal, os pais de Mauro voltarão? Bom, vá ver o filme e descobrir se sim ou não?
Jogos Mortais 3
Um filme para sádicos e masoquistas. Só assim para definir Jogos Mortais 3 (Saw 3), do diretor Darren Lynn Bousman. Este é um dos filmes mais violentos dos últimos anos, ultrapassando inclusive os dois primeiros da cine-série iniciada em 2004.
Em JM 3, o assassino serial Jigsaw (Tobin Bell) e sua ajudante Amanda (Shawnee Smith) continuam a seqüestrar pessoas que cometeram deslizes no passado e fazendo-os pagar com muita tortura e quebra-cabeças em que dificilmente conseguem decifrar. Isso custa às vítimas mortes terríveis, sob muita dor. Não são poupadas cenas de sangue, decepamentos, explosões de corpos e outras coisas mais, digamos assim, nojentas, como um dos personagens ser sufocado em banha de porco. Mas a cena mais forte é uma operação no cérebro realizado por uma médica raptada por Jigsaw.
O filme deixa os espectadores inconfortáveis, alguns deixando a sala de cinema antes do término da fita e outros tapando os olhos. Mas Jogos Mortais 3 não é ruim. É bom, po is é um filme de terror mesmo, nada de monstrinhos ou bruxinhas. E explica o que ocorreu com alguns personagens nas outras duas partes. Só há um deslize neste último exemplar, pois Amanda, apesar de ser uma sádica, passa boa parte da ação chorando e se descabelando pelo esconderijo de seu tutor. Ah, o final é de arrepiar e deixa em aberto uma nova seqüência, apesar de os criadores garantirem que Jogos Mortais é uma trilogia, então está encerrado. Só se Jigsaw vier pegar você....
O Grande Truque
Batman contra Wolverine? Sim. E ambos vivendo no mundo da mágica. Ou como um homem consegue se transportar de um lado para o outro de um palco, atravessando duas portas e sumindo no espaço por cinco segundos? E sem que a platéia consiga descobrir como ele faz a mágica. Esse é o truque que vira uma obsessão de um ilusionista e o segredo mortal de outro em O Grande Truque (The Prestige, de Christopher Nolan).
Belíssimo filme que pode passar despercebido por quem gosta de cinema. Por pura falta de maior divulgação.
A trama parece simples e se passa na virada do século 19 para o 20, numa decadente Londres. No início do filme já sabemos que o mágico Alfred Borden (Chistian Bale) é condenado a morte pelo assassinato do rival Robert Angier (Hugh Jackman). Os dois, no início de carreira, eram amigos inseparáveis, mas depois da morte de um ente querido de ambos, acabam virando inimigos mortais. E Borden é melhor mágico do que Angier, tanto que é o homem que consegue se transportar no espaço e no tempo, o que deixa o rival quase louco para descobrir como ele consegue tal feito.
Angier chega a atravessar o Atlântico e procurar o cientista Nikola Testa (um quase irreconhecível e envelhecido David Bowie, sim, ele mesmo, o excepcional cantor), que existiu na vida real, para que este construísse uma máquina de efeitos especiais.
Bem, mais não conto. Só que é um filme para se curtir e lembrar como é bom assistir o Fantástico aos domingos e nele não encontrar o Mr. M....pena que o Cid Moreira continue por lá com sua entonação de voz para lá de ultrapassada.
Ah, esqueci de explicar: Batman contra Wolverine? Sim, Christian Bale é o novo Batman e o melhor de todos os tempos - Batman Returns -, enquanto que Jackman é o Wolverine dos X-Men e que em 2007 ganha filme próprio.
Menina Má.Com
Chapeuzinho Vermelho quer se vingar do Lobo Mau. Espere o final de Menina.Má.Com (Hardy Candy, direção de David Slade) para entender o porquê. Um dos filmes mais violentos dos últimos tempos, com doses extremadas de sadismo da garotinha Hayley (Ellen Page), 14 anos. Ela costuma entrar entrar em chats para conversar com o fotógrafo Geoff (Patrick Wilson). Acabam marcando um encontro e ela tira o cara para pedófilo, decidindo torturá-lo, após o dopar. Durante horas Hayley quer que Geoff confesse um crime praticado contra um outra adolescente, desaparecida. E a garotinha com ar doce não se convence da inocência do fotógrafo, apesar dos apelos dele, que jura ser inocente.
Uma das cenas mais chocantes e assustadoras é quando a Menina Má decide castrar Geoff. Aterrador e que faz muita gente sair da sala do cinema.
A atuação de Ellen Page é excelente. O filme poderia facilmente passar por uma peça de teatro, pois depende unicamente dos dois atores - e lembra muito o filme A Morte e a Donzela, de Roman Polanski e com Sigourney Weaver e Ben Kingsley. Neste filme de 1994, Weaver é uma ex-presa política, que encontra seu torturador e estuprador durante o golpe militar no Chile, em 1973, e decide dar o troco no militar.
Só veja Menina.Má.Com se você tiver estômago forte.
Homem-Aranha, o trailer. Estréia em maio de 2007...
Homem-Aranha, o trailer. Estréia em maio de 2007...
http://www.ifilm.com/presents/spiderman3?cmpnid=735&cm&refsite=8030
http://www.ifilm.com/presents/spiderman3?cmpnid=735&cm&refsite=8030
domingo, outubro 29, 2006
Clássico - Cortina Rasgada
Eu poderia ser previsível ao extremo em escrever sobre Alfred Hitchcock e analisar um de seus filmes mais conhecidos. O prolífico cineasta, nascido em 1899 e morto em 1980, deixou dezenas de obras, entre as quais as mais famosas do público brasileiro Os Pássaros, Ladrão de Casaca, Psicose, Janela Indiscreta, Um Corpo que Cai e Disque M para Matar. Porém para mim o melhor filme do cineasta inglês foi o político e direitista Cortina Rasgada, de 1966.
Hitchcock marcou, também, por suas pegadinhas com o público. Ele costumava aparecer de surpresa em alguma cena de seus filmes e o espectador tinha de descobrir quando ele faria a sua aparição. Às vezes surgia somente a sua gorda silueta, outras Hitchcock estava sentado em algum banco ou lendo um jornal. Era algo muito divertido e que M. Night Shyamalan tenta imitar, sem conseguir o mínimo do charme de um dos grandes gênios do cinema. Além disso, Hitchcock costumava se apaixonar, platonicamente, por suas atrizes, sempre loiras fa ntásticas, como Grace Kelly, Kim Novak e Janet Leigh.
Em Cortina Rasgada (Turn Curtain), Paul Newman é o cientista Michael Armstrong, que cooptado pelo serviço secreto britânico, tem de se infiltrar na comunista Berlim Oriental e descobrir a fórmula secreta de um projeto que pode mudar o destino da Guerra Fria. Porém para entrar na Alemanha Oriental, ele tem de se passar por desertor.
Só que não contava com a noiva Sarah Sherman, interpretada por Julie Andrews (a atriz principal de A Noviça Rebelde e sósia de uma amiga minha, a jornalista Karla Spotorno, hoje trabalhando na revista Exame, em São Paulo). A mulher é um grude e vai atrás do noivo, atrapalhando o plano do cientista, que além de tentar obter a tal fórmula, tem de cuidar da noiva, para qual Michael tem de revelar o propósito de sua "deserção."
Cortina Rasgada deixa o espectador tenso durante os seus quase 130 minutos de duração. Uma das melhores cenas é a do ônibus falso, onde o cientista e Sarah tentam fugir e que acaba escoltado pela polícia, que não suspeita de nada, até que há poucos metros surge o ônibus oficial, para desespero dos passageiros do similar. Ou a cena da ópera, em que uma dançarina reconhece Michael e Sarah entre os espectadores e os denuncia à polícia secreta - a Stasi.
O filme teve uma de suas principais cenas censuradas no Brasil durante anos. É quando dois policiais são assassinados na cozinha de uma casa na região rural de Berlim por Michael e um outro espião ocidental. A cena foi considerada muito forte para a época - em plena ditadura militar no Brasil.
CRÔNICA DE UMA FUGA
Esqueçam O Exorcista, O Iluminado, O Grito, O Chamado, O Albergue e outros filmes de terror. Terror mesmo está em Crônica de uma Fuga, do argentino Israel Adrián Caetano. Desde o seu começo, com uma trilha sonora apavorante até a prisão de um jovem goleiro do pequeno time da Grande Buenos Aires Almagro (que tem o uniforme semelhante ao do Grêmio e hoje milita na Série B argentina), Claudio Tamburrini, tudo é apavorante neste excepcional filme.
Que retrata uma das piores ditaduras recentes da América Latina - a Argentina, que durou de 1976 até 1983, mas foi muito mais cruel do que a brasileira, com mais de 20 anos de arbitrariedade por parte dos militares.
Tamburrini (Rodrigo de la Serna) era completamente inocente, mas teve o nome entregue de bandeja por um amigo, esse sim envolvido com a luta armada contra os militares. O objetivo do alcagüete foi de que os guerrilheiros tivessem tempo de fugir do país. Tamburrini, que voltava de um jogo do Almagro, acabou preso e passou seis meses sofrendo as piores torturas ao lado de outros jovens argentinos.
O excelente filme de Adrián Caetano é baseado nas memórias do próprio Tamburrini, que numa noite, ao lado de mais três parceiros de infortúnio, decide fugir da prisão. Os torturados sabiam que não teriam pior destino do que a morte se não arriscassem fugir. Hoje, Tamburrini mora na Suécia. Um filme que dói, que faz a gente pensar como os seres humanos podem ser tão cruéis com os seus semelhantes.
O albergue, por Carol Witczak
Paxton (Jay Hernandez) e Josh (Derek Richardson) são dois jovens americanos buscando fortes emoções em viagens sem-rumo pelo mundo afora. O objetivo, além de encontrar experiências totalmente extasiantes, era fazer Paxton esquecer sua ex-namorada. O que posso fazer senão criticar essa produção, que tem apresentação de nada mais nada menos do que Quentin Tarantino? O público estava esperando mais, muito mais. O filme tem um tempo enorme de "introdução", mas essa parte da filmagem não introduz enredo algum, é apenas uma enrolação: não pode-se dizer que há diálogos interessantes; a história não consegue provocar identificação nenhuma do expectador.
Cinéfilos de carteirinha e estudiosos de cinema fizeram essas mesmas declarações expostas acima! Ainda nesse início desestimulante da narrativa, Oli ( Eythor Godjohnsson), aparece e vira um (um tanto quanto desconexo) novo amigo que acaba juntando-se à essa aventura. À procura de mulheres bonitas e fáceis, os três acabam indo parar em um albergue da Eslováquia. Lá, os telespectadores, já quase pegando no sono, assistem ao sumiço de Paxton. Uma tomada já mostra sua cabeça em cima de uma cadeira e uma mensagem com essa parte do seu corpo e a mensagem "estou indo embora". Daí para frente são serras elétricas, furadeiras, dedos estirpados, vômitos... Pavor e nojo. Difícil de se assistir.
A crítica sentenciou como "violência gratuita", e o que poderia valer a pena na trama, que seria o mistério, não ocorre. É claro que há a temática de horrores existentes, como o tráfico de órgãos e o tráfico sexual embora, mesmo assim, falte profundidade na essência e no conteúdo dessa história. Para finalizar, algo de positivo e que chamou muito à atenção dos expectadores mais atentos foram os cenários, obscuros, antigos e variados, totalmente adequados a atmosfera bizarra das cenas de horror. Direção de Eli Roth.
segunda-feira, outubro 23, 2006
Grenal do Correio do Povo
Quem quiser olhar o massacre do Grêmio sobre aquele time de vermelho no domingo, dia 22 de outubro, no Passo D'Areia, por 8 a 2, pode clicar no endereço http://www.youtube.com/watch?v=Rbo2FvPN2yo.
Abraço
Chico Izidro
Abraço
Chico Izidro
domingo, outubro 22, 2006
Canibal Holocausto
Canibal Holocausto
Finalmente consegui realizar um dos sonhos de criança, sim, assisti Canibal Holocausto (Holocaust Cannibal), de Ruggero Deodato, um dos clássicos do cinema de terror do começo dos anos 1980. Na época de seu lançamento, fui proibido por meu pai de ver o filme. Ele o viu umas três vezes. Era um cinéfilo. Curtia tudo. Amava os faroestes com John Wayne, os policiais com Clint Eastwood, os de guerra, qualquer um, e os de terror. Mas filme de amor não era com ele. Ah, e era fanático pelos filmes de Drácula, com Christopher Lee, da produtora inglesa Hammer. E era um leitor voraz e polioglota: falava fluentemente seis línguas sem nunca ter tirado os pés do Rio Grande do Sul em cinco décadas de vida.
Mas o que tudo isso tem com Canibal Holocausto? Bem, talvez venha do gosto de meu pai a minha paixão por literatura, cinema, escrever, desenhar...E o desejo maluco de ver essa pérola do cinema trash.
Porém Canibal Holocausto não é tão trash como eu imaginei todos estes anos. Esperava um Fred Krüeger, um Jason, facões, degolamentos. Mas não. Canibal Holocausto é o pai de A Bruxa de Blair - alguém dos meus 22 leitores se tocou disso?
Um grupo de quatro amigos documentaristas vai até a Floresta Amazônica, onde sabe ter três aldeias índigenas que ainda vivem na Idade da Pedra. E são canibais.
Um ano depois do desaparecimento do grupo, um professor de antropologia vai em busca dos documentaristas e encontra os filmes e os restos mortais da trupe, além de entrar em contato com os canibais. Sai ileso, mas volta à Nova York abalado e leva os filmes a uma emissora de tevê, que pretende levar o documentário ao ar. Até verificarem o horror das fitas, com canibalismo, assassinatos de animais, estripações, amputações. E também o porque de os jovens terem sido mortos.
Assim como o homem branco chegou da Europa na América nos idos de 1500, eles ofenderam a cultura local, agindo como vândalos. Resultado: acabaram sendo mortos e devorados.
O filme tem cenas chocantes, como tripas expostas, estrupos e claro, desculpe a redundância, canibalismo. Mas nada é gratuito.
O único problema que acheri no filme foi o semi-amadorismo dos atores. Fracos, alguns quase caricaturais.
E um ponto a favor: na época de seu lançamento surgiu a informação de que os jovens documentaristas haviam sido mesmo devorados. Os atores tiveram de ir à público mostrar a cara e dizer: "é apenas um filme de ficção". Alguma semelhança com A Bruxa de Blair, que sorveu a idéia ponto à ponto e fez muito mais sucesso. Veja o original e se apavore de verdade.
Leituras
Leitura:
Três boas dicas de leitura para esta semana.
A revista Rollling Stone finalmente retoma sua edição nacional após mais de três décadas. Belas matérias e um preço legal: só R$ 8,90. Na capa a übermodel Gisele Bündchen. A outra revista é a Piauí, o nome é um achado e bancado pelo cineasta João Moreira Salles. Textos maravilhosos de Ivan Lessa, Mário Sérgio Conti, Rubem Fonseca e Danuza Leão, entre outros. Por fim, um livro engraçadíssimo e uma bela sacada: Conhece o Mário, de Santiago. O nome diz tudo: São aquelas piadas sacanas que a gauchada costuma pregar nos seus amigos. Custa só nove pilas e vale por mil.
A frase da semana
A Frase da semana:
"Como diz o fanho, quando as coisas não podem piorar, aí é que Podem mesmo."
"Como diz o fanho, quando as coisas não podem piorar, aí é que Podem mesmo."
Futebol invade o espaço do cinema
Este blog é exclusivamente sobre cinema. Mas hoje tenho de abrir espaço para outra paixão nacional: o futebol.
Futebol 1
No Grenal anual da empresa Caldas Júnior, na qual estou há 12 anos - completo 13 no dia 8 de fevereiro próximo - depois de só ocorrerem empates entre gremistas e colorados, desta vez a superioridade tricolor, comigo no gol, foi acachapante: uma goleada incontestável de 8 a 2, apesar de o árbitro ter truncado muito o jogo e ter assinalado dois pênaltis inexistentes para os vermelhos (um deles foi chutado para fora, sendo feita a Justiça). A partida foi realizada no domingo, dia 22 de outubro, no estádio Passo d'Areia, do tradicional São José, o Zequinha.
Futebol 2
Após o empate por 1 a 1 do Grêmio com o São Paulo, ontem, não há mais dúvida. O tricolor paulista será campeão brasileiro. Porém, apesar de levar duas bolas na trave, o Grêmio deixou escapar a vitória na etapa final quando foi superior. E aqui faço um apelo aos dirigentes gremistas: façam um contrato vitalício com o técnico Mano Menezes, assim como o Manchester United é comandado desde 1986 por Sir Alex Ferguson e o Auxerre, da França, foi dirigido durante 35 anos por Guy Roux.
Vencedores
Os vencedores do concurso anterior para as peças Hamlet Sincrético e Larvárias foram
Adriano de Oliveira e
Magda de Oliveira Guimarães
As respostas:
1- Bruno era persoangem de Pacto Sinistro.
2- O Chris Walken era irmão da Diane Keaton em Annie Hall.
3- Bruno Ganz é suíço.
Adriano de Oliveira e
Magda de Oliveira Guimarães
As respostas:
1- Bruno era persoangem de Pacto Sinistro.
2- O Chris Walken era irmão da Diane Keaton em Annie Hall.
3- Bruno Ganz é suíço.
domingo, outubro 15, 2006
QUIZ SALA-ESCURA
Para ganhar um ingresso para assistir a peça HAMLET SINCRÉTICO, em Cartaz até o dia 29 deste mês, responda a esta pergunta:
* Qual filme de Alfred Hitchcock um dos personagens principais se chama Bruno?
Para outro ingresso da mesma peça:
* Em que filme o ator Christopher Walken faz uma ponta como o irmão mais novo de Diane Keaton?
Para ganhar o ingresso para a peça Larvárias, em cartaz até o dia 29, responda esta questão:
* Qual a nacionalidade do ator Bruno Ganz, que interpreta Hitler em A Queda?
* Qual filme de Alfred Hitchcock um dos personagens principais se chama Bruno?
Para outro ingresso da mesma peça:
* Em que filme o ator Christopher Walken faz uma ponta como o irmão mais novo de Diane Keaton?
Para ganhar o ingresso para a peça Larvárias, em cartaz até o dia 29, responda esta questão:
* Qual a nacionalidade do ator Bruno Ganz, que interpreta Hitler em A Queda?
quinta-feira, outubro 12, 2006
AS TORRES GÊMEAS
Podem me cobrar em março. O filme que levará o Oscar de 2006 será As Torres Gêmeas (World Trade Center, de Oliver Stone). Sim, o filme recria com perfeição documental a tragédia que se abateu sobre os Estados Unidos, mais propriamente em Nova Iorque em 11 de setembro de 2001. Já escrevi na análise do filme United 93 que ninguém esquece o que estava fazendo naquele dia fatídico, que não mudou só o jeito de os norte-americanos verem o mundo, como o mundo mudou completamente. Entrou em paranóia.
Mas vamos ao filme de Stone (Salvador Martírio de Um Povo, Platoon e JFK). Ele é centrado basicamente em dois policiais que sobreviveram nos escombros do World Trade Center, quando este foi abaixo momentos depois de os aviões seqüestrados se chocarem nos prédios. Os policiais são Will Jimeno e John MacLaughlin, o primeiro interpretado pelo quase desconhecido Michael Pena, que teve o seu primeiro papel de destaque em Crash - No Limite (para quem viu, ele era o chaveiro latino) e MacLaughlin tem como intérprete Nicolas Cage, que dispensa maiores apresentações.
Os dois estão bem em seus papéis - aliás, eles passam quase boa parte do filme soterrados, ajudando um ao outro a não desistir da vida. Enquanto isso, lá fora Stone mostra o desespero das famílias dos dois policiais e o que está ocorrendo em Nova Iorque e também pelo mundo.
Em minhas lembranças, ainda vejo imagens da CNN mostrando a comemoração em vários países árabes, como se um dos países muçulmanos houvesse conquistado uma Copa do Mundo. Chocante. Em Torres Gêmeas, ele descartou essas imagens e mostrou só a apreensão em países aliados dos norte-americanos.
A reconstituição dos prédios destruídos é excepcional e Pena deverá também levar o seu Oscar. Claro que o filme tem seus deslizes sentimentais. Porém seria pedir demais um filme hollywoodiano, apesar de ser feito por um semi-esquerdista notório como Oliver Stone, não tivesse escorregões sentimentalóides. Por isso acho que leva o prêmio maior da Academia.
Muito Gelo e Dois Dedos d'Água
Sabe aqueles filmes em que você fica constrangido, não por ter ido assistir, mas pelos atores? Pois é, Muito Gelo e Dois Dedos d'Água é um belo exemplo. Daniel Filho, o diretor, mais uma vez escorrega, assim como já havia feito com o lamentável Se eu fosse você no começo deste ano. Ele até tenta ser moderninho, inserindo desenhos - numa clara imitação de Tarantino em Kill Bill - para contar o trauma das irmãs interpretadas por Mariana Ximenes (Roberta) e Paloma Duarte (Suzana).
As duas tiram um final de semana para se vingar da avó, que as atormentou quando elas eram crianças nas temporadas passadas na praia. Laura Cardoso, a avó, passa quase o tempo todo "dopada" e mesmo assim tem mais vida do que todo o elenco junto. Ela é a única graça nesta pretensa comédia.
Chega a ser triste ver Tiago Lacerda com visual a lá Clark Kent - com direito a musiquinha do Superman - correndo pela praia, fugindo de um cachorro. E o sempre ótimo Aílton Graça está cada vez mais a cara do falecido Mussum. Ele até dá uma certa, pô, eu iria escrever "graça" ao filme - que trocadilho infame...uma certa melhora no filme.
Mariana Ximenes, que afirmou ser uma camaleoa como atriz, não mostra a mesma beleza de outros filmes, mesmo assim continua uma gracinha. E Paloma Duarte está linda, mas deu uma leve engordadinha. O coadjuvante Ângelo Paes Leme, assim como Lacerda, chega a doer de tão ruim como o advogado careta. Tem certos filmes que não precisavam ser feitos, apesar de ter sido escrito pela boa dupla Alexandre Machado e Fernanda Young, a mesma de Os Normais.
terça-feira, outubro 10, 2006
Elsa e Fred
O Amor, assim mesmo, com A maiúsculo, não tem idade para acontecer. Pode surgir aos 10 anos, como em Melody (Quando Brota o Amor, de 1970), aos 20 anos em Love Story, do mesmo ano, aos 30 e poucos em Feitos Um Para o Outro (When Harry meet Sally). E aos 80, com Elsa e Fred, um Amor de Paixão (que sub-título horrível, o responsável deveria ser fuzilado!), de Marcos Carnevale. Um dos melhores filmes dos últimos tempos, Elsa e Fred mostra o namoro de um casal no ocaso da vida.
Ela, argentina, cheia de vida, bem-humorada, travessa, parece uma menina de 12 anos; ele, Alfredo, um espanhol recém viúvo, contido, quase um militar, que só está esperando a morte chegar. Até que descobrem que podem amar e têm muito amor ainda em seus corações. Os dois não se importam com o que pensam sobre eles, a intromissão dos filhos, dos amigos. Querem mais é se curtir, depois de um começo meio conflituoso.
E o filme tem excepcionais piadas pelo lado de Elsa, que sonha em repetir o banho de Anita Ekberg na Fontana di Trevi, em Roma (citação mais do que bem sacada de La Dolce Vita - A Doce Vida -, do mestre Federico Fellini). Este é um daqueles dramas que não dá para perder se você gosta mesmo de cinema.
DÁLIA NEGRA
Dália Negra (The Black Dahlia), a transposição para a telona de mais uma obra-prima da literatura policial do escritor James Ellroy (Meus Lugares Escuros e L.A. Cidade Proibida) não é o melhor de Brian de Palma (Os Intocáveis). Porém não é tão ruim como andam dizendo por aí.
Dois policiais e ex-boxeadores, Josh Hartnett (Xeque-Mate e Pearl Harbour) e Aaron Eckhart (Obrigado por Fumar), quase vão à loucura ao tentar descobrir o assassino de uma garota de 15 anos que sonhava em ser atriz na Hollywood dos anos 1940. Brian de Palma peca por não conseguir reproduzir as cores da época - talvez se tivesse filmado em P&B o efeito fosse melhor, mas muita gente não iria ao cinema...o que conheço de gente que foge de filmes monocromáticos -, mas pode agradar aos fãs dos policiais noir, apesar de tudo.
A forma como é contada a história é boa, lenta e confusa como deve ser um filme do gênero, o que obriga o espectador a ficar atento a cada cena, a cada detalhe (alguém aí assistiu O Falcão Maltês, de John Huston, com Humprey Bogart? Uma das histórias mais confusas de todos os tempos e um clássico insuperável, mas totalmente incompriensível à primeira vista).
A bicampeã do Oscar Hillary Swank (Menina de Ouro e Meninos não Choram) é uma atrizona - e pensar que um dia ela foi garçonete e mãe solteira em Barrados no Baile...). E Dália Negra tem ainda Scarlett Johansson, cada vez mais linda e sensual. E aqueles lábios....
The Office
Geralmente as versões americanas de seriados inglerses acabam em desastre. Recentemente aconteceu com um excelente seriado: The Coupling. Não durou uma temporada. A transposição das piadas inglesas não atingiram o alvo nos Estados Unidos, que têm um humor diferentíssimo de seus ex-colonizadores.
Porém agora o original The Office (O Escritório), criado por Ricky Gervais, ganhou uma versão USA. E a criatura ficou melhor do que o criador. O seriado inglês era excelente e o norte-americano é muito, muito melhor. Com o hilário ator Steve Carell, de O Virgem de 40 Anos encabeçando o elenco, os episódios são excepcionais.
Oito horas muito difíceis diz a chamada do Canal FX. São 15 pessoas convivendo num escritório de vendas de papel. Tem todo o tipo que conhecemos na vida real. O puxa-saco e mala Dwight, o brincalhão Jim, que nutre uma paixão platônica pela bela Pam, a recepcionista e noiva de um carregador; Angela, a séria. Enfim, uma gama de tipos hilários. Não tem como a gente não ver e não se identificar num daqueles personagens. Vale a pena dar uma conferida. Domingos às 21h30min e segundas às 22h30min.
O Tempo Que Resta (Le Temps qui Rest)
Quando começa O Tempo que Resta (Le Temps qui Rest), de François Ozon, já sabemos uma coisa. Romain (Melvil Poupad) vai morrer, pois tem um câncer terminal. Aos 32 anos, homossexual e fotógrafo de moda, ele é um poço de rancor. Não se dá com a irmã, que com dois filhos, foi abandonada pelo marido, e quer dar um pontapé no namorado, que vive às custas dele. A sua língua é ferina.
Quando revela para a única pessoa que confia de que irá morrer, a sua avó, interpretada pela inesquecível Jeanne Moreau (Jules & Jim, de François Truffaut) ele diz: estou contando a você porque você também irá morrer logo. Assim, seco, cruel. Quando conhece um casal que pretende ter filhos, mas cujo marido é estéril, ele dispara: odeio crianças.
Romain é tão amargurado, que nem quimioterapia quer fazer. Para quê? A vida é uma bosta mesmo e o tratamento só vai adiar a morte. A interpretação de Poupad mereceria um Oscar. Não por fazer um doente (a Academia hollywoodiana adora dar o prêmio para atores que interpretam doentes), mas por sua transformação, sua frieza. A gente sente raiva dele, não consegue sentir pena de uma pessoa tão crua. E é o típico filme, e isso é um elogio, que você pensa ao sair da sessão: o que faria se tivesse apenas um mês de vida? Se deixaria esvair ou iria curtir os últimos momentos. Ah, o filme pode chocar alguns espectadores mais conservadores, pois mostra cenas quase explicitas de homossexualismo. Na sessão em que fui, um senhor simplesmente se retirou da sala. Lamentável a cabeça fechada de algumas criaturas.
domingo, outubro 01, 2006
O Diabo Veste Prada (The Devil wears Prada)
Existem certos filmes em que a gente fica pensando: por que saí de casa? Porque esse filme deveria ser visto, pois está todo mundo comentando, está todo mundo gostando. E tem Meryl Streep, sempre tão bem, ótima, desde que vi o primeiro filme com esta atriz, Kramer vs. Kramer e o inesquecível e genial A Escolha de Sofia. Claro que ela teve escorregões, como O Rio Selvagem ou Ela é o Diabo, mas ninguém é perfeito. Mas sua carreira é quase 100%. E é ela e a quase novata Anne Hathaway (O Segredo de Brokeback Mountain e que participava do finado e bom seriado Caia na Real, da Fox, entre 1999 e 2000) que salvam O Diabo Veste Prada do fracasso total. Nem o veterano Stanley Tucci convence com seu personagem afetado. Tá, podem malhar. Mas este filme, tirado do romance autobiográfico de mesmo nome de Lauren Weisberger (que foi assistente da diretora da Vogue norte-americana Anna Wintour), é um saco. Entupido de clichês, mostra a trajetória da recém formada em jornalismo Andrea Sachs como assistente da megera Miranda Pr iestley (Streep) na revista Runway - que numa tradução literal significa Passarela ou até mesmo Fugitiva.
O sonho de Andrea é trabalhar num jornal ou revista séria, mas enquanto não encontra esta vaguinha, ela encara o emprego de quase escrava de Miranda, que insiste em chamá-la de Emily, assim como o faz com todas as suas assistentes. Andrea se veste mal, e isso no mundo do jornalismo o que importa? O brabo é aguentar a piadinha fraca quando o telefone toca e do outro lado da linha a voz diz: aqui é da Dolce Gabana...e a jornalista não saber de quem se trata. Alô, só se ela vivesse no mundo da lua. Poderia não se interessar por moda, mas nunca ter ouvido falar??? Tenham dó.
E segue a onda de "isso já foi explorado" por trocentos filmes. A personagem principal começa a se envolver mais com o trabalho, tem a vida pessoal detonada, perde o namorado, os amigos não a reconhecem mais...blá, blá, blá...
A única sacada legal no filme talvez seja na cena em que Streep mo stra o lado fraco de seu personagem. Sem maquiagem, abatida, Miranda sofre ao saber que o marido pediu o divórcio. Que sua vulnerabilidade fora derrubada. Só que isso é muito pouco para um filme de quase duas horas...
Ah, Giselle Bündchen faz uma pontinha como uma das assistentes de Priestley. E daí????
A Casa do Lago (The Lake House)
Podem dizer que ando ficando com o coração mole, mas gostei desta comediazinha romântica A Casa do Lago (The Lake House, de Alejandro Agresti), com os quarentões Keanu Reeves e Sandra Bullock, que não estão conseguindo mais esconder a idade na tela grande.
Eles são dois solitários que começam a se corresponder depois que a médica Kate Foster (Bullock) se muda da tal Casa do Lago e a deixa para o arquiteto Alex Wyler (Reeves). Eles acabam se apaixonando através das cartas, até descobrirem que estão vivendo em anos diferentes. Wyler está em 2004 e Kate em 2006. Ou seja, a história é sobre aqueles casais que se formam, mas ainda não era para ser. Enquanto um estava conectado, o outro estava desligadão.
O filme tem um "ar" do horrível Ghost, alguém ainda se lembra desta porcaria (é isso mesmo), que encheu a paciência de muita gente no começo dos anos 1990. Porém não pode ser analisado a seco, pois caso contrário começam a aparecer os furos de roteiro. E não são poucos. Apenas relaxe e curta o filme, que dá belas dicas de leitura, principalmente Persuação, de Jane Austen (Orgulho e Preconceito), mas também Dostoiévski, com Crime e Castigo. Se não leram ainda nenhum dos dois, vão atrás.
Com participação do veteranissimo Christopher Plumer (A Noviça Rebelde).
Breakfast on Pluto (Café da Manhã em Plutão)
Imagine ser homossexual e católico numa conturbada Irlanda na virada dos anos 1960 para os 70? É o que acontece com Patrick "Kitten" Bred (o excelente Cillian Murphy, o vilão de Batman Returns), que adora andar travestido na pequena e provinciana Cavan. Órfão, ele provoca a irritação da mãe adotiva e dos professores da escola em que estuda devido ao seu temperamento e sexualidade diferenciada. Seu sonho é encontrar a mãe, que o abandonou ainda benê na casa do padre interpretado por Liam Neeson.
Já amadurecido, Kitten decide ir para Londres em busca da mãe. Lá, vai parar no submundo, se prostituindo, se apaixonando e sendo assediado por homens que, por fora são heterossexuais, mas que no escuro das ruas londrinas, se soltam sem temor.
Mesmo numa Londres que vivia uma forte revolução cultural no começo da década de 1970, ele consegue provocar desconforto quando descobrem ser ele um homem e não uma mulher.
Além de tratar do tema do homossexualismo, Breakfast não esquece de outro problemão britânico: a eterna briga entre cristãos (com os militantes do IRA - Exército Repúblicano Irlandês) e protestantes, apoiados pelo governo de Londres.
O filme é genial e tem uma trilha sonora que vale a pena ser curtida e ouvida milhares de vezes. Neil Jordan, o diretor, que já tratara do tema do homossexualismo e do IRA em Traídos pelo Desejo, de 1992, acerta o pé num belo filme.
Xeque-Mate (Lucky Number Slevin)
Alguns filmes pegam a gente de surpresa. Um crítico da Folha de S. Paulo afirmou que o filme era previsível demais. Eu já não achei o mesmo. Falo de Xeque-Mate, que apesar de Bruce Willis e sua mesma interpretação de sempre - ele não consegue fazer outra cara a não ser aquela de segurando o sorriso?
Slevin Kelevra (Josh Hartnett, de Pearl Harbour e o ainda inédito Dália Negra) é um cara que, traído pela namorada, decide mudar de ares e vai visitar um amigo em Nova Iorque. Só que o amigo sumiu e duas gangues procuram o cara e Hartnett é confundido com a figura - no filme até é lembrado o clássico Intriga Internacional, de Alfred Hitchcock, com Cary Grant e a clássica troca de identidades.
Slevin passa a correr risco de morte se não pagar uma dívida deixada pelo amigo desaparecido ou se não matar o filho de um dos gângster - um deles é Morgan Freeman e o outro Sir Ben Kingsley (os personagens dos dois eram amigos, mas por razões que o orgulho explica, acabam se tornando inimigos de morte). Só que o personagem de Hartnett tem uma doença que o faz não ter preocupações. Ele apanha de todas as formas dos asseclas dos mafiosos e tudo dá errado em sua vida, a não ser se envolver com a bela Lucy Liu, a vizinha curiosa.
Lá pela metade da trama, ocorre uma virada que pegará muita gente de calça curta. Não vou contar aqui para não estragar a surpresa, mas é surpreendente. Só um detalhe: não tire os olhos da tela por nenhum momento, para não se perder no filme
inteligente e divertido. O problema, repito, é Bruce Willis. Mas Xeque-Mate passa por cima.
Serpentes a Bordo (Snakes on a Plane)
Seria um dos piores filmes de todos os tempos se não fosse tão hilário. Sim, estou falando de Serpentes a bordo (Snakes on a Plane), de David Ellis (Premonição 2). É um dos filmes mais ridículos dos últimos tempos e a platéia brasileira, acho, não caiu no truque, pois na sessão em que estive apenas 5 pessoas estavam presentes e olha que era um domingo à noite.
A trama é simples: um policial, Samuel L. Jackson, que gosta de entrar em algumas roubadas de vez em quando, tem de levar a testemunha de um crime do Havaí para Los Angeles. Só que o criminoso, depois de soltar a ridícula frase: "Já tentei de tudo para matar a testemunha"...decide colocar no avião centenas de cobras venenosas, que no meio da viagem vão passar a atacar os passageiros. E passa a acontecer um massacre hilário. Num deles, a vítima tem o pênis mordido enquanto está urinando.
Além de Samuel L. Jackson, quem também decidiu entrar na fria foi Juliane Margullies, de E.R. E ela faz o par romântico do herói, mas detalhe: com o é um casal inter-racial, não ocorre nenhum beijinho entre os dois. Ah, Hollywood e seus velhos preconceitos. O filme é uma piada, mas talvez faça muito sucesso em DVD. Ah, se você tem pavor de cobras, passe longe, pois depois ficará com medo até de olhar embaixo do sofá. Simplesmente ridículo.
Terra Prometida
Vamos combinar...quanto dinheiro desperdiçado neste curta que fez tanto alarde em Gramado: Terra Prometida, de Guilherme Castro...Lamentável mesmo. Um pequeno agricultor morre e durante o seu velório, a família recebe a visita de um grande agricultor e sua esposa. Ele deseja adquirir as terras do morto e conversa com o irmão, que estava ocupado construindo o caixão. E de repente...bem, de tão curta, o filme acaba...sem sentido! Talvez o humor negro da situação pudesse ter sido melhor explorado...mas até isso o diretor deixou escapar. Fica pra próxima, mesmo com seus seis prêmios em Gramado. Com participação de Araci Esteves (Anahy De Las Misiones).
Em Segredo (Grbravica)
Um filme de guerra sem guerra. Este é o mote do excelente Em Segredo (no original Grbavica - pronuncia-se Gribavitiza -, o bairro em Sarajevo onde houve muitos conflitos e mortes entre bósnios e sérvios em meados dos anos 1990). É um filme de desolação, de solidão, é um filme feminino, pois se os homens vão para a guerra, as mulheres ficam em casa cuidando dos filhos e expostas aos inimigos, correndo o risco de estupros e todo o tipo de tirania vindo do lado contrário.
Esma (Mirjana Karanovic) é uma dessas mulheres, que tem de cuidar da rebelde filha Sara (Luna Mijovic), que está entrando na adolescência, descobrindo a sexualidade e querendo saber o que houve com o seu pai, uma possível vítima e herói da guerra racial na ex-Iugoslávia.
Esma tem de se virar em vários empregos, procurar um novo amor para não se sentir tão só e ainda por cima arranjar 200 euros para que a filha possa viajar com os coleguinhas numa viagem de final de semana. Além disso, se recusa a falar para a filha o segredo: o que houve com o pai de Sara?
Em Segredo mostra uma Sarajevo ainda tentando se reestruturar depois da guerra genocida. Prédios destruídos, pessoas trabalhando em funções para que não se prepararam, como professores universitários se virando como leões-de-chácara. E o filme mostra ainda um frio incessante, muita neve, pois tudo em Sarajevo é gelado, diistante, triste. Alguns tentam se ajudar...mas a maioria pensa: cada um por si. Enfim, um filme de guerra sem a guerra.
Carol Witczak mete o pau em Miami Vice
Bom, já que este blog não é só para acordos, desta vez haverá aqui duas críticas para o mesmo filme. Talvez isso também represente uma divisão de opiniões entre o público que vai assistir ou já assistiu o filme, não é mesmo? Miami Vice é um blockbuster diferente.Além de partir de um seriado oitentista ovacionado por muitos, teve os rumos que o próprio diretor da série original, Michael Mann, desejou dar. Mas não é diferente por isso, e sim porque tem áurea própria e autenticidade.
A reclamação de muitos críticos é de que ele não foi fiel a pontos marcantes, como o ar ensolarado de Miami que dominava as filmagens na versão seriada, dentre figurinos e até mesmo os atores principais (Don Johnson e Philip Michael Thomas), que são acusados de serem muito mais sérios e violentos.
Bem, mesmo assim acho que a trama se enrola demais e esfria em alguns momentos para dar lugar a enrolações desnecessárias, embora fique nítido que haverá uma solução conveniente. Para uma expectadora que, como eu, não assistiu ao seriado original, posso dizer que considerei o filme um tanto quanto "sem sal", mesmo com o mundo caindo, as cargas de contrabando sendo transportadas, uma certa calma, algumas vezes, fica no ar...Falta uma inquietude total, um stress a flor da pele.
James "Sonny" Crockett (Colin Farrell) não demonstrou o menor desespero por sua mulher estar quase morrendo por sua "culpa" (de sua profissão). Bem, já meu "editor", ao contrário, adorou os novos traços da história no filme. Uma fotografia mais obscura, com tomadas feitas à noite, o figurino também muito mais "street" e em cores escuras... Bom, de alguma forma, Miami Vice teve considerável fracasso nas bilheterias norte-americanas (mercado que realmente importa em Hollywood): tendo custado 135 milhões de dólares, o filme rendeu somente 25 milhões de dólares no primeiro fim de semana em cartaz nos EUA. Abaixo do esperado.
quarta-feira, agosto 30, 2006
Miami Vice
Nos anos 1980, recordo que um dos poucos seriados que eu me dignava a parar na frente da tevê para assistir era Miami Vice, que passava às quartas-feiras no SBT, lá pelas 23h. Era fã de Don Johnson (James Sonny Crockett) e Philip Michael Thomas (Ricardo Tubbs), detetives disfarçados que lutavam contra o tráfico de drogas numa paradisíaca Miami. As músicas e as roupas marcaram época neste seriado, que foi ao ar entre 1984 e 1989. Ombreiras, cabelos "mullets"...Crockett morava numa lancha e tinha como bichinho de estimação um crocodilo. O chefão dos dois era o mau-encarado Edward James Olmos (de Blade Runner), com o rosto todo marcado pela varíola.
Agora, o "adorado" seriado vai parar no cinema. E ao contrário de outras incursões de enlatados para as telas, que lamentavelmente destruíram com os seus antepassados, como Perdidos no Espaço, Starsky e Hutch - Justiça em Dobro, A Feiticeira e As Panteras I e II (bem, este pelo menos até era um pouco divertido e tinha as belas Lucy Liu e Cameron Diaz e a engraçadinha Drew Barrymore), apesar de não ter o mesmo charme cool de seu irmão televisivo oitentista, é um "baita" filme. A dupla de policiais que se infiltram em duas quadrilhas de traficantes, uma latina e a outra de neonazistas para tentar capturar um chefão do tráfico, é formada por Colin Farrell (O Novato, Por Um Fio e O Demolidor) como Sonny Crockett e o oscarizado Jamie Foxx (Ray e Colateral), que interpreta Tubbs.
Se na série que originou o filme não havia tanta carnificina, agora ocorrem diversas cenas violentas. São tiros à queima-roupa, fuzilamentos, explosões. E tudo num ritmo muito rápido, mas o espectador tem tempo para respirar e se fixar na trama, por vezes complexa.
Mas sabemos que a dupla de heróis, por mais que se meta com os piores tipos de criminosos, vai sempre se dar bem - bem até demais, como o personagem de Farrell, que tem como par romântico (e para quem admira mulheres orientais como eu) um prato cheio chamado Gong Li (Lanternas Vermelhas e Adeus, Minha Concubina), esbanjando beleza.
Só que desta vez Sonny Crockett não mora numa lancha e aparece com um bigode e um cabelo comprido que lhe dá um ar de pistoleiro mexicano - ao contrário de Don Johnson, que estava sempre com a barba feita, de terninho e sapatos brancos e sem meias.
Faltaram a abertura e a musiquinha instrumental que marcaram a série. Quem viu, não esquece...cenas do cotidiano e da flora e da fauna da cidade do sul dos Estados Unidos, mais exatamente da Flórida.
Ah, Miami Vice tem a direção de Michael Mann, o homem por trás do seriado original. E ele teve a feliz idéia de não fazer homenagens idiotas, pois não deu nenhuma pontinha para os antigos atores da série. Ufa...Enfim, Miami Vice é um filme para ser visto e revisto, apesar de suas duas horas e meia de duração.
terça-feira, agosto 29, 2006
Vôo 93 (United 93)
Quem não se recorda do que estava fazendo na manhã de 11 de setembro de 2001? Só se você era muito pequeno ou estava em coma. Pois o 11 de setembro daquele ano marcou o início do século XXI com os ataques terroristas da Al Qaeda ao World Trade Center, em Nova Iorque, e o Pentágono, em Washington D.C. Foram quatro aviões seqüestrados por fanáticos muçulmanos. Três chegaram ao seu intento. O quarto não. É a viagem deste avião que é retratado em Vôo 93 (United 93, de Paul Greengrass, que dirigiu um clássico político recente do cinema, Domingo Sangrento).
Eu me recordo como se fosse hoje daquele dia. Estava em casa, dormindo tranqüilamente, quando a minha namorada de então, aliás, descendente de árabes, me liga e me acorda. "Amor, estão atacando os Estados Unidos". Na hora não entendi nada, pensei que havia começado a Terceira Guerra Mundial. E a minha namorada: "Liga a tevê!".
Liguei e eu e ela ficamos o dia todo, eu em casa e ela em seu serviço, trocando impressões sobre os depois confirmados atentados e suas imagens assustadoras.
Muita gente vibrou por serem as vítimas, a maioria, norte-americanos, vistos como arrogantes pelo resto do mundo. Mas morreram pessoas de várias nações. E quem morreu, aliás, foram assassinados, eram seres humanos. E não tem como não se chocar com isso.
E Vôo 93 mostra, sem nenhuma gota de pieguice, o que ocorreu naquele avião que partiu do aeroporto de Newark, no estado de Nova Iorque em direção a cidade de San Francisco, na Califórnia, com 33 passageiros e sete tripulantes. Porém quatro dos passageiros eram terroristas prontos a morrer por uma causa infundada. Depois de matarem o piloto e o co-piloto, tomaram o controle do avião e pretendiam jogá-lo contra a Casa Branca ou o Capitólio, em Washington D.C.
Os passageiros do vôo, no entando, se insurgiram, depois de saber o que estava ocorrendo em outros lugares. Pois a viagem atrasou em meia-hora e eles estavam sendo avisados através de seus celulares sobre os outros ataques. E eles sabiam que morreriam.
As pessoas, ameaçadas pelos terroristas, um deles com uma bomba (falsa), começaram a ligar para seus entes queridos, se despedindo. Não há surpresa. Você sabe que o avião vai se espatifar numa área rural da Pensilvânia cerca de uma hora e meia depois de decolar. Ninguém sobreviveu. Só as suas vozes e suas memórias. Está tudo gravado.
Então o que fizeram? Decidiram atacar os terroristas, para evitar que eles conseguissem o seu intento. Conseguiram.
O filme é de um realismo tocante e uma boa sacada da produção: não utilizar atores conhecidos do grande público. São estranhos, assim como eram estranhas aquelas pessoas naquele vôo fatídico. E além disso, muitas pessoas que estavam trabalhando naquele dia nos aeroportos viveram seus próprios papéis. Muita gente vai chorar. E aviso. Se você tem o coração fraco, passe longe.
quarta-feira, agosto 23, 2006
Marcha dos Pingüins (por Carol Witczak)
"Na Antártida, sempre nos meses de março, centenas de pingüins fazem uma jornada de milhares de milhas de distância pelo continente a pé, enfrentando animais ferozes, temperaturas frias, ventos congelantes, através das águas profundas e traiçoeiras. Tudo para encontrar o amor verdadeiro." Essa é a matéria prima de um verdadeiro drama contado pelo diretor Luc Jacquet no documentário A Marcha dos Pingüins (La Marche de L'Empereur). O francês não havia nem imaginado que sua produção correria o mundo, mas a combinação dos fatores (um formato diferenciado, uma história ainda não contada, um cenário tão pouco visto, uma trilha sonora marcante), trouxe aos cinéfilos de todo o planeta sensações de desespero, esperança, de aprendizado e de comoção ao mesmo tempo.
Falta fôlego para explicar. Luc Jacquet é, na verdade, um biólogo e, possivelmente, seu maior interesse quando pensou em realizar esse trabalho estava no seu próprio desejo de observar os pingüins imperadores, animais que conseguem se reproduzir onde nenhum outro animal consegue sobreviver. Luc Jacquet, em seu primeiro documentário de longa-metragem, arrasa e encanta. Quem viu, se apaixonou. A obra é perfeita desde o início, a cada piscar de olhos uma nova foto magnífica se mostra e a trilha sonora, planejada pela ótima Émilie Simon, é também vibrante e intensa e traz artistas como Björk e Brian Eno. O cenário é a própria natureza, infinito de gelo e água, espaço sem nenhuma intervenção humana, apenas a dos atores do filme, os pingüins.
Na versão adaptada para o português, as vozes de Patrícia Pillar e Antônio Fagundes fazem uma bela adaptação. Mas em francês, com a narração de Charles Berling e e Romane Bohringer, a obra vale mais a pena, porque a mistura dos fatores já acima citados com essa língua, não tão comum aos nossos ouvidos como o português ou até o inglês, acabam por causar o arrepio na espinha de um drama de amor, de vida e de morte. Vale a pena alugar, ver, rever, comprar o DVD, o CD, o livro e o álbum!!
quinta-feira, agosto 17, 2006
A Criança (L'Enfant)
Um jovem casal, recém saído da adolescência, tem um filho não planejado. Sem dinheiro, sem rumo, sem ter onde ficar, vivem quase na miséria. A Criança é um filme de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne e mostra que não é só no Brasil que ocorrem problemas com jovens mal-preparados.
O rapaz, Bruno (Jérémie Renier) vive de pequenos golpes e acha qeu trabalhar é coisa de otários e não encara muito bem o nascimento do seu filho. Bruno vive um dia após o outro, sem se preocupar com o amanhã. Quando precisa de grana, dá um jeito de roubar e até mesmo mendigar. A jovem mãe, Sonia, quer voltar ao seu pequeno apartamento e cuidar do pequenino e ter Bruno, por quem tem um amor incondicional ao seu lado. Porém as coisas fogem de controle quando ele vende o garoto.
Bruno acaba perdendo o controle sobre sua vida, sobre os seus pequenos comparsas, garotos de 14 anos. Na realidade, a criança não é o filho de Bruno e Sonia, mas sim o próprio Bruno, que depois de ter a vida revirada, vai ter de crescer.
Terror em Silent Hill
Uma garotinha que sofre de sonambulismo costuma assustar os seus pais e sempre repete Silent Hill, Silent Hill... O que será Silent Hill, questiona a mãe da menina, Rose (Radha Mitchel, de Chamas da Vingança).
Então, apesar da contrariedade do marido, Chris (Sean Bean, de 007 contra Goldeneye), Rose parte com Sharon para Silent Hill, descobrindo que é uma cidade fantasma, destruída por um grande incêndio em 1974.
Terror em Silent Hill, direção de Christophe Gans, tem uma primeira parte interessante. Não considero terror e sim suspense. A garotinha some entre os prédios abandonados, numa cidade que está sempre coberta por cinzas e isolada completamente do mundo.
Porém na segunda parte, o filme dá uma guinada para a escatalogia pura e simples. Muito sangue, tripas, insetos pegajosos e correria, além do surgimento de um bando de fanáticos religiosos.
Não assusta ninguém. O diretor perdeu grande chance de fazer um belo filme de terror. Não fez nenhuma coisa nem outra. Assim como Rose, ele se perdeu no meio do caminho e não se achou mais.
domingo, agosto 13, 2006
Arquitetura da Destruição - DVD
Hitler era um megalomâniaco. Ponto. Alguém pode dizer: bah, o crítico descobriu a América ou a fórmula da pólvora. O líder nazista, todos sabem, foi pior do que Nero, ou todos os Césares juntos, Napoleão, Pol Pot, mas rivalizou muito com Stálin para ver quem era o mais satânico, e até mesmo com o ainda vivo Kim Jong-Il, ditador da Coréia do Norte. A guerra genocida de Hitler exterminou 50 milhões de vidas entre 1933 (ano em que subiu ao poder) e 1945. Foram 12 anos em que o mundo foi um inferno total.
Só que em Arquitetura da Destruição, lançado há pouco em DVD, com direção de Peter Cohen, e narração do ator austríaco Bruno Ganz (suíço que por ironia interpretou o fascista no fantástico A Queda), não nos é mostrado apenas que o ditador queria exterminar judeus, ciganos e eslavos.
Hitler tinha planos de construir cidades gigantescas, que durariam o período que ele sonhava para o seu reinado de mil anos. Linz, na Áustria, aonde ele foi criado, seria uma das privilegiadas com obras faraônicas e muito dos roubos das obras de arte que os nazistas vinham fazendo pela Europa - todo o botim que conseguissem colocar a mão, até garrafas de vinho, quadros e tapetes iriam decorar a cidade. Outra localidade que seria privilegiada seria Berlim, a capital do Terceiro Reich - que se transformaria na maior cidade do planeta.
Além disso, Hitler e seus asseclas sonhavam com um mundo onde só os fortes, leia-se arianos, sobreviviriam. Os fracos pereceriam - leia-se exterminados, seja pelo trabalho escravo, por fuzilamento e nos campos de extermínio. As cenas de matança de doentes mentais e judeus, estes comparados a ratos, mostradas no filme ainda conseguem chocar, apesar de muita gente dizer que o tema se esgotou. Por mim, tem de se mostrar para todas as gerações, "ad eternum" para que tais bárbaries não se repitam - infelizmente isso é utópico, pois é só olhar o noticiário da tevê por breves instantes.
A cineasta Leni Riefensthal também foi figura importante no regime, fazendo filmes em que glorificava o regime nazista - dois de seus filmes são clássicos, apesar do que pregavam - Olimpia e Triunfo da Vontade, que são citados em Arquitetura da Destruição. Aliás, você pode comprar Triunfo da Vontade em qualquer banca de revista. Eu comprei, vi e confesso, vomitei até não poder mais.
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Velozes e Furiosos - Desafio em Tóquio
Você é fã de automobilismo, pegas na Avenida Princesa Isabel ou na Ipiranga? Então vá correndo assistir Velozes e Furiosos - Desafio em Tóquio. Este o terceiro filme da série, que iniciou sendo protagonizada por Vin Diesel. Se os dois primeiros volumes já eram de doer, este terceiro tem um dos piores roteiros dos últimos tempos. O que vale mesmo no filme dirigido por Justin Lin são as corridas - que admito são excepcionais - e o festival de mulheres bonitas que surgem na tela há cada dois minutos, com direito até a uma modelo brasileira, Caroline Corrêa, que lá pelo meio da história solta uma frase em português.
Um jovem norte-americano problemático, Sean (Lucas Black), depois de provocar um problemão para a sua mãe, é mandado para morar com o pai, militar, em Tóquio, no Japão. Já de cara ele se envolve com a yakuza, a máfia japonesa, e conquista a namorada do líder da gangue, a belíssima Neela (Nathalie Kellie), o que, evidente, só vai lhe trazer mais incomodações. O pior é ver marmanjões de 30 anos interpretando jovens adolescentes - completamente inverossímil.
sexta-feira, agosto 11, 2006
Anjos do Sol
O ano não acabou. Aliás, ainda faltam cinco meses para o término de 2006, mas já escolhi um dos melhores, se não o melhor filme do ano. Anjos do Sol, de Rudi Lagemann. O tema não é novo, aliás no começo da década passada foi série de reportagens do jornalista Gilberto Dimenstein, na Folha de São Paulo. A prostituição infantil e adolescente. É triste se saber que existe e o governo pouco ou nada faz para deter tais acontecimentos. E pior, as meninas que vivem tal situação são mais do que jovens prostitutas. São escravas que não tem nenhuma outra opção. Ou é aceitar ou morrer.
Anjos do Sol lembra muito Memórias de Uma Gueixa. Porém o cenário é o norte brasileiro, onde meninas, muitas que nem menstruaram ainda, são vendidas por seus pais para gigôlos - na sua ignorância, acham que as meninas irão para a cidade grande trabalhar como empregadas e o pouco do dinheiro que recebem servirá para alimentar o restante da família por um breve período.
O filme é dolorido e a interpretação da jovem estreante Fernanda Carvalho, como Maria, é surpreendente. Ela consegue em cada olhar, em cada gesto, passar para o espectador todo o pavor de sua situação. E sua personagem quer fugir daquele destino que lhe foi reservado. As outras meninas que com ela são exploradas, na sua maioria, aceitam resignadas suas vidas. Pensam que fora do prostíbulo aonde estão suas vidas seriam piores.
Antônio Calloni faz o papel do gigôlo, dono de uma "boate", em que os garimpeiros vão se "aliviar" sexualmente. Seu personagem é um dos mais sádicos e horripilantes dos últimos tempos no cinema. Assim como o fazendeiro interpretado por Otávio Augusto (de Boleiros).
É fácil de se chorar num filme assim, mas do que adiantam lágrimas? Deve-se é denunciar e forçar o governo a evitar bárbaries como essas. Mas Brasília não está nem aí para o destino de miseráveis analfabetas e de nenhuma importância e que vivem nos confins do mundo.
Ah, note a aparição de Darlene Glória, que saiu de seu refúgio no interior no Rio de Janeiro, para viver o papel de uma cafetina. Darlene ficou famosa no papel da prostituta Geni no clássico brasileiro Toda a Nudez será Castigada, de Arnaldo Jabor, de 1973.
Click
Eu particularmente nunca gostei de Adam Sandler. Sempre o considerei um ator sem graça, chato - ele só funcionou em filmes com Drew "ET" Barrymore, como Afinado no Amor e Como Se Fosse a Primeira Vez. Porém em Click ele conseguiu me surpreender. Confesso que fui para a sala de cinema porque não tinha nada melhor para fazer. E o filme de Frank Coraci me pegou de jeito. Ainda mais que tem em seu elenco Kate Beckinsale, para mim uma das mulheres mais lindas do mundo e que trabalhou em Underworld, Pearl Harbour e Van Helsing - é, suas escolhas não são das melhores. Mas ela vale o ingresso...
Mas vamos ao filme. Adam Sandler é um arquiteto que sonha em dar uma vida melhor para a sua família e passa o tempo todo trabalhando, quase escravizado por seu chefe, o canastrão David Hasselhof (de Baywatch ou S.O.S. Malibu), que como na série praiana dos anos 1990, vive cercado de belas e formosas garotas.
Só que um dia Sandler ganha um controle remoto universal do professor amalucado Morty (Christopher Walken, lembrando muito o seu xará Christopher Lloyd da trilogia De Volta Para o Futuro), inclusive a cabeleira tipo black power.
O controle remoto, no começo, serve a todos os propósitos de Sandler. Ele pode voltar no tempo, adiantar o mesmo, fazer a mulher se calar, apenas apertando um botão. Só que haverá efeitos colaterais quando Sandler perde o "controle" sobre o equipamento. Então vê sua vida ir para o brejo. Bom, não contarei mais. Só que Click tem sacadas geniais, sem apelar para o besteirol, como é comum nos filmes do ator. Ah, e além de Kate Beckinsale, o filme tem uma trilha sonora fantástica, remetendo muito aos anos 1980, começando com The Cars e passando aos 90, com The Cramberries e a maravilhosa Linger. Esta comédia vale o ingresso.
A Frase de Bill Cosby - humorista americano
"Não sei a chave para o sucesso. Mas a do fracasso é tentar agradar a todo mundo."
Separados pelo Casamento
Como diziam antigamente, "pega na pleura". Antes de assistir Separados pelo Casamento (Break-Up, direção de Peyton Reed) eu só havia ouvido falar mal do filme com Jennifer Aniston, a ex-sra. Brad Pitt, e Vince Vaughn, de Psicose de Gus Van Sant. Tanto que demorei a me deslocar até a um cinema para assistir o filme. E ele começa mal, com aqueles infames jogos de beisebol e os seus espectadores se entupindo de cachorro-quente. Pensei: pronto, me enfiei numa roubada por duas horas. Mas então o filme começou a engrenar, com Aniston (Brooke) esbanjando beleza a cada cena - como fez bem para ela a separação do agora sr. Jolie - e Vaughn (Gary) ótimo no papel do cara desligadão. Enquanto ela tenta manter o relacionamento, claro, com um pouquinho de cobranças que quase nenhum homem atura, ele é uma criança que ainda não entendeu ter crescido e que a vida não é só festa e jogar videogame. Alguém já viu este filme aí?
Os dois casam e começam, depois de passado o tesão, os desentendimentos - alguém vai dizer, sim e daí...puro clichê. O problema é que eles adquiriram um imóvel e nenhum deles pretende abrir mão de sua parte. E apesar de por fora mostrarem um ódio violento um pelo outro, continuam se amando, mas não demonstram isso. E as coisas vão piorando. Quem nunca viveu isso, talvez nada sinta. Mas quem já passou pela dor da separação, vai se tocar.
Os coadjuvantes quase não importam no filme - mesmo a aparição de Ann-Margret, musa dos anos 1960 como a mãe de Brooke, ou Vincente d'Onofrio (Nascido para Matar) como o irmão responsável de Gary. Aliás, a cada cena em que ele aparece, dá a impressão de que deu uma escapulida do set de filmagens da série Law and Order (do canal Sony), foi lá, filmou sua cena em Separados pelo Casamento e retornou para o seriado. Até o terno e os trejeitos são os mesmos do detetive que interpreta na série.
Apesar destes detalhes, o filme cativa e tem um final totalmente fora do convencional. Ufa. Ainda bem. Aliás, se você se separou há pouco passe longe. Só se você conseguir ser totalmente insensível.
Eu, Você e Todos Nós
Quanta gente esquisita...não agüento mais birita...o filme Eu, Você e Todos Nós (Me, You and Everyone we Know) poderia usar este refrão da música Eduardo e Mônica, do Legião Urbana como trilha sonora. Com direção da atriz Miranda July, é uma verdadeia maluquice. Tudo começa com a separação de um vendedor de sapatos de sua mulher. Ele branco, ela negra. Os dois têm dois filhos mulatos, que passam mais tempo sozinhos, na internet, enquanto o pai tenta solucionar a vida de todos, ao mesmo tempo que é perseguido pela artísta performática e taxista de idosos interpretada pela própria Joly.
Ao redor desta dupla e dos garotos, vários personagens estranhos, como duas garotas adolescentes que só pensam em sexo, um vizinho tarado e um velhinho que só encontrou o amor de sua vida quando esta está nos seus últimos dias de vida. Tem de se ter muita paciência para se assistir a este filme, que é devagar, quase parando. Quando você pensa que ele terminou, ele continua, como uma sessão de tortura. Tedioso.
Errata
Errata de A Prova
A poeta Sylvia Plath, apesar de passar boa parte de sua breve vida na Inglaterra, era norte-americana.
A poeta Sylvia Plath, apesar de passar boa parte de sua breve vida na Inglaterra, era norte-americana.
sábado, agosto 05, 2006
Elvis Presley e a frase!
"APRENDI UMA COISA IMPORTANTE SOBRE A NATUREZA HUMANA: É MAIS IMPORTANTE TENTAR SE CERCAR DE PESSOAS QUE PODEM LHE DAR UM POUCO DE FELICIDADE, PORQUE VOCÊ SÓ PASSA POR ESTA VIDA UMA VEZ. NÃO VAI TER BIS."
Pais, Filhos e Etc.
Pais, Filhos e Etc. (Père & Fils), de Michel Boujenah, é uma divertida comédia francesa que faz a gente pensar muito em estar sempre perto das pessoas que amamos. Sentindo o distanciamento dos seus três filhos, Léo (Phillipe Noiret, de Cinema Paradiso), inventa estar com uma doença muito grave para reunir os familiares e com eles partir para uma viagem de Paris para Quebec, no Canadá. O objetivo: ver baleias antes de uma cirurgia aonde poderá não sair vivo. É tudo uma farsa de Léo neste road-movie francês, porém aos poucos, apesar de muitas brigas e discussões e de ele tentar esconder a verdade, as coisas vão se ajeitando.
E apesar de ser uma comédia, fica a pergunta: por que às vezes nos afastamos de quem gostamos por puro capricho? A vida é uma só e devemos manter próximos aqueles queridos a nós. Vejo assim a mensagem que Pais, Filhos e Etc. em sua simplicidade e belas imagens de um Canadá outonal, tenta nos passar e sem nunca perder o bom humor.
sexta-feira, agosto 04, 2006
Zuzu Angel
Zuzu Angel
Sempre reclamaram que o cinema brasileiro não aproveitava a sua história para fazer bom cinema. Se desperdiçou uma época - a de 1970 com pornochanchadas e alguma coisa para ser lembrada, mas sem muito entusiasmo. Porém aos poucos, apesar de deslizes que ainda ocorrem, temos duas décadas que valem mais a pena do que qualquer filme sobre um herói do beisebol americano (sabem do que falo, afinal Hollywood transforma qualquer coisa em épico, vide aquele filme do cavalo Seabiscut, uma verdadeira bomba). Bem, deixemos de delongas e vamos a Zuzu Angel, de Sérgio Rezende.
Se escrevi há dias que Gwyneth Paltrow arrasa em A Prova, Patrícia Pillar faz muito mais em Zuzu Angel. Famosa estilista nascida em Minas Gerais, mas que fez sucesso no Rio de Janeiro dos anos 1970, ela bateu de cara com a ditadura militar, depois de ter seu filho morto pela repressão. O jovem, Stuart, fruto de seu casamento com um norte-americano, é interpretado por Daniel Oliveira (Cazuza). Ele se envolve com a guerrilha urbana e é pego pelos milicos. Após ser severamente torturado, o seu corpo foi jogado no mar e nunca encontrado.
Zuzu, no início, assim como a maior parte da população brasileira, não acreditava que estava ocorrendo uma revolução no país e nem mesmo uma brutal ditadura, até perder o filho e a nora Sônia (a bela Leandra Leal). Zuzu passa anos protestanto e tentando esclarecer o que ocorreu com o seu filho. Isso lhe provoca a perseguição da ditadura, que passa a considerar a estilista uma figura perigosa para o sistema.
O filme tem uma boa reconstituição de época e faz bem as idas e vindas no tempo, sem deixar o espectador confuso.
Zuzu incomodou tanto, que acabou sendo eliminada pelos militares - e não há nada de maniqueísmo no filme, apesar de algumas pessoas que forem assistir ao filme considerarem os militares por demais maus, cínicos, mentirosos. E não o eram?
Ah, detalhe para Luana Piovani interpretando Elke Maravilha, uma figura conhecida pelos programas dominicais de Silvio Santos como jurada e por sua excentricidade. Porém Elke é uma figura singular. Nascida na antiga União Soviética, seus pais fugiram do regime comunista e vieram parar no Brasil. Com um Q.I. altíssimo, ela fala seis línguas e até faz uma ponta no filme como uma cantora alemã num bar.
Zuzu, há pouco, ganhou uma homenagem ao ter o túnel onde foi assassinada passar a levar o seu nome. Uma de suas filhas, Hildegard Angel, é hoje colunista do jornal O Globo. Um filme nota 10.
quinta-feira, agosto 03, 2006
Memória - Cinema Político
Cinema Político, com Costa-Gravas
O cineasta grego nacionalizado francês Kostantinos Costa-Gravas fez verdadeiras obras-primas, que hoje andam meio esquecidas pelo público. Mas neste ano de eleições, sempre é bom tentar rever clássicos como Z, Estado de Sítio e Desaparecidos. Claramente filmes de esquerda - hoje perdendo sua força - estes três filmes retratam uma época não tão distante assim, em que as ditaduras imperavam sem dó nem piedade, principalmente na América Latina.
Mas comecemos por Z, baseado no romance de Nikos Kazantzakis, o mesmo autor de Zorba, o Grego. Protagonizado pelo italiano Yves Montand, mas que muita gente acha ser francês - afinal, ele virou um símbolo francófono depois de ainda pequeno se mudar para a França.
Em Z, Gavras retrata a cruel ditadura grega nos anos 1960 (hoje ao se ler sobre o belo país helênico, fica-se difícil de acreditar que os gregos tenham passado por uma ditadura) e a luta de um grupo liberal em tentar descobrir quem matou um deputado (Montand) da oposição.
Já Desaparecidos está mais próximo dos brasileiros. De 1982, mostra um pai, Jack Lemmon, tentando encontrar o seu filho, preso dias após o golpe de Pinochet, que derrubou o governo socialista de Salvador Allende. Nem mesmo a cidadania norte-americana do "desaparecido", John Shea, o salva da morte no estádio Nacional de Santiago, à beira dos Andes. E o pior, a descoberta que o governo norte-americano - leia-se CIA apoiou o golpe. Se você for assistir Zuzu Angel, verá muitas semelhanças em ambos os filmes.
Com atuações magistrais de Sissy Spacek e Jack Lemmon, Desaparecidos é mais um filme retratando os anos de chumbo neste belo país sul-americano (sobre a ditadura de Pinochet recomendo ainda Chove Sobre Santiago e Machuca).
Por fim, deixei para falar de Estado de Sítio. Pouco conhecido nos dias de hoje, o filme mostra os piores momentos da ditadura no Uruguai, tão próximos de nós, gaúchos, nos anos 1970. Desde a guerrilha dos montoneros até a repressão militar. Muita semelhança ao que se passou no Brasil na virada das décadas de 1960 para a seguinte. A ditadura uruguaia tem tanto reflexo no Brasil e principalmente em Porto Alegre, em que o DOPS operava junto com a repressão uruguaia - chegando ao extremo no seqüestro dos exilados Lilian Celiberti e Universindo Diaz na capital gaúcha em 1978. Três filmes imperdíveis e cruéis.
A Prova (Proof)
Gwyneth Paltrow mais uma vez rouba a cena, como já o fizera em Sylvia - Paixão Além das Palavras (sobre a poeta inglesa Sylvia Platt), em A Prova (Proof), de John Madden, que já a dirigira em Shakespeare Apaixonado. Filha de um matemático que um dia foi brilhante, mas que com o tempo ficou esquizôfrenico, sua personagem desenvolve um trabalho revolucionário na área das exatas. Só que um dos ex-alunos de seu pai, Hal (Jake Gyllenhaal, de O Dia Depois de Amanhã), não acredita que ela tenha obtido tal resultado, assim como a irmã, Claire (Hope Davies), uma verdadeira bruxa. Além de tudo, Catherine, aos 27 anos, já demonstra alguns sintomas de esquizôfrenia como seu pai, Robert ( Anthony Hopkins), morto há pouco. Porém ela continua a vê-lo em seus delírios. Paltrow, bela como sempre, mesmo interpretando uma depressiva, é o nome do filme, mesmo que este tenha um ator sagrado como Hopkins, que cá entre nós, não faz força nenhuma. O básico. Simples, assim. Pena que o final do filme deixe um pouco a desejar.
Sentinela
Um 24 Horas (a série do canal a cabo da Fox) vitaminado. Bem, não sou fã da série que virou febre mundial. Porém em Sentinela, de Clark Johnson (quem?), Kiefer Sutherland e Michael Douglas fazem uma bela dobradinha num thriller policial e por quê não político? Um espião infiltrado na Casa Branca pretende ajudar ex-agentes da extinta polícia política secreta soviética KGB a matar o presidente dos Estados Unidos, interpretado por David Rasche. O suspeito número um passa a ser o agente Garrison, que tem um caso com a primeira-dama, Sarah Ballantine (Kim Basinger, ainda irradiando beleza, ela que foi uma das musas das telas nos anos 1980. Principalmente no clássico 9 e Meia Semanas de Amor). Mas será que Garrison é mesmo o agente-duplo ou o vilão será o personagem de Kiefer Sutherland, o agente David Breckinridge? Muito mistério e correria, em um filme que não vemos o tempo passar. Ocorrerm alguns furinhos de roteiro - como o helicóptero do presidente dos Estados Unidos voar sem segurança. Sempre há jatos da aeronáutica em volta para impedir qualquer atentado. Mas isso não tira a graça do filme - um pouquinho americano demais para o meu gosto, mas que dá para engolir. E aliás, surge mais uma deusa em Sentinela, a morenaça Eva Longoria, que interpreta a parceira de Sutherland, Jill. Só por ela já vale a pena assistir ao filme.
As Loucuras de Dick e Jane - DVD
As Loucuras de Dick e Jane - por Carol Witczak.
Jim Carey algumas vezes acerta na mão mas, desta vez, sua graça foi pros ares. Com direção de Dean Parisot, posso dizer que o filme é fraco. Quis montar algumas cenas mais padrão de comédias românticas americanas e fez com que Carrey, apesar de açlgumas cenas desvairadas, não tivesse graça suficiente. Jim Carey, felizmente ou infelizmente para sua carreira, é um ator de comédia, não serve para draminhas e o filme, com Téa Leoni se encaminha para isso. Bom, vamos à história. Dick é um executivo relativamente bem sucedido, quando, sem mais nem menos, recebe uma promoção. Contente, diz à sua mulher para largar o emprego. Na verdade, a companhia havia sonegado impostos e da noite para o dia deixa Dick sem nada. A empresa havia falido e com ele os sonhos de Dick e Jane. Os dois ficam na merda. Na brincadeira, o casal começa a roubar, primeiro vendinhas, depois supermercados até partir para...bancos. Bem, no final, a diretoria corrupta da empresa se ferra e o 'grand finale' é a volta da televisão 20 polegadas para o lar de Dick e Jane. Pode um filme desses? Bom, mas se é para pensar em algo de positivo, na hora do filme pensei... Com alguém que valha a pena... Até bancos eu roubaria...
Obrigado por Fumar
Obrigada por Fumar
O cigarro faz mal. Mata mais do que armas e álcool, porém Nick Naylor (Aaron Eckhardt, sósia do novo técnico da Seleção Brasileira, Dunga) é pago pela indústria do tabaco para provar o contrário. A convencer as pessoas de que a nicotina não faz mal. Desse modo, ele é perseguido pelo senador Ortolan Finisterre (William H. Mace - aliás, você sabia que no começo do livro No Coração do Mar, a história real que inspirou Moby Dick, de Nathaniel Philbrick, é citado um pescador com o mesmo nome do ator e que viveu no início do século XIX?). Mace, aliás, é conhecido por sua participação em filmes como Fargo e Jurassic Parc.
Bem, voltemos ao filme. Naylor vive um conflito moral, pois tem um filho entrando na adolescência. E se o garoto quiser fumar, o que ele fará? Deixar o garoto propenso a pegar um câncer ou dizer: não faça isso, que é prejudicial à saúde.
Naylor, porém, tenta não se deixar influenciar por isso e segue em viagens pelos Estados Unidos vendendo uma boa imagem dos cigarros, mesmo quando é seqüestrado e passa a correr o risco de morte caso coloque outro cigarro na boca, devido a uma sabotagem de seus raptores em seu corpo.
Ao mesmo tempo que é hilário, o filme faz pensar e imaginar: se o cigarro mata, por que tanta gente ainda insiste em colocar fumaça para dentro do corpo? Bom, as empresas de tabaco só têm a dizer: Obrigado por fumar!
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