quarta-feira, janeiro 30, 2008

Sombras de Goya



Alguém disse que a Inquisição foi tão cruel com os judeus quanto os judeus. Os dois sistemas foram terríveis e em Sombras ded Goya (Goya Ghost's), Milos Forman, diretor dos clássicos Hair e A Insustentável Leveza do Ser, mostra o quanto os inquisidores foram um mal inexplicável. E Goya, o artista preferido da coroa espanhola entre o final do século XVIII e o início do século XIX, tentou combatê-la com sua arte.
Principalmente depois de se envolver emocionalmente com a bela Inês (Natalie Portman, em uma atuação exemplar), principalmente nos momentos de sofrimento de sua personagem. Stellan Skarsgard (de Gênio Indomável) faz um Goya irônico, sofrido, debochado e tem seu contraponto no frade Lorenzo (Javier Bardem, que consegue deixar a platéia com raiva de seu personagem, um ser sem caráter, mas que acredita ferranhamente nos movimentos em que se envolve). O seu objetivo é se dar bem e se possível deixar aqueles que são de seu desagrado sofrerem as piores consequências.
O fillme tem uma bela reconstituição de época e deixa a sensação de que podemos sentir os cheiros pútridos das ruas madrilenhas daquela época conturbada, dos calabouços podres, do hálito desagradável de seus monges, que se estasiavam nas torturas com pessoas inocentes.
Porém, em Sombras de Goya falha ao ser falado em inglês - o objetivo é ser mais universal, porém se o espanhol fosse utilizado, daria mais realismo. Além disso, Forman deixa em certa parte a sua obra escorregar no dramalhão, lembrando de certa forma a chatice monumental de O Paciente Inglês, de 1996, visto como clássico, mas que na realidade é de uma chatice monumental. Ainda bem que o escorregão do diretor tcheco se dissipa na parte final do filme, que tem um final muito coerente com aquela época conturbada na Europa.

Sexo com Amor



A primeira incursão do diretor Wolf Maia no cinema é Sexo com Amor. Porém, apesar de um elenco global considerado de primeira linha, com José Wilker, Marília Gabriela, Caroline Dieckmann, Malu Mader e Reynaldo Gianechini, não passa de uma pornochanchada com grife.
São quatro casais vivendo relacionamentos frustrados, com problemas como falta de interesse sexual, traições, enrolações e desejos reprimidos. Nas histórias paralelas, que acabarão se cruzando – numa cena completamente despropositada –, o foco gira em torno de Gianechini, o gostosão da história, traçando todas as mulheres à sua volta, enquanto que sua mulher Malu Mader aguarda o nascimento do segundo filho do casal. Ele até se sai bem num papel que conhece bem, no de sedutor, apesar de na vida real suas escolhas pessoais não serem das mais elogiáveis.
A história que convence envolve Caroline Dieckmann, belíssima. Ela é enrolada pelo sessentão José Wilker, que começa mal em cena, porém depois engrena no papel do cara que não quer se separar da mulher Marília Gabriela e nem deixar a amante.
Já a dupla formada por Eri Johnson e Maria Clara Gueiros (de Minha Nada Mole Vida) beira o ridículo, com um apelo rasteiro - e aí que pronochanchada impera, com piadinhas de mau gosto e cenas constrangedoras, típicas daqueles filmes deprimentes dos anos 1970.
Talvez o filme arranque risadas fáceis, afinal certo público não gosta de pensar muito e celebra coisas como Big Brother, Sai de Baixo e Sob Nova Direção, entre outras bobagens. Se der, pule esse filme.

Paranoid Park



Gus Van Sant segue sua trajetória de retratar o mundo adolescente, agora com o bom Paranoid Park, em que entra no mundo dos skatistas. No filme, o garoto Alex (Gabe Nevins), que participa de todas as cenas. A história gira em torno da morte de um guarda ferroviário, provocada não se sabe se acidentalmente ou intencionalmente por um skatista desconhecido.
Enquanto isso acompanhamos a vida do garoto Alex (Gabe Nevins, que participa de todas as cenas e tem uma bela atuação), com suas preocupações da idade, com a separação dos pais, a primeira transa. Ele passa o tempo escrevendo em um caderno momentos recentes de sua vida e nó na metade do filme vamos entender o que tão compulsivamente no papel. O filme poderia ser perfeito, se tivesse uns 15 minutos a menos.

A Lenda do Tesouro Perdido



Nicolas Cage, sobrinho de Francis Ford Coppola, participa de filmes sensacionais e de repente escorrega e entra em frias como no fraco A Lenda do Tesouro Perdido, de Jon Turteltaub. A primeira parte era uma espécie de Código da Vinci e até era engraçadinho. Nesta segunda parte, o personagem de Cage, Ben Gates, limpar a imagem de seu tataravô, acusado de participar do assassinato do presidente Abraham Lincoln. Ao mesmo tempo procura um tesouro perdido em alguma parte dos EUA e que se na época de seus antepassados tivesse caído nas mãos dos confederados, poderia ter mudado a história da Guerra Civil Americana. Até Jon Voight, pai de Angelina Jolie e astro de Perdidos na Noite, e Hellen Mirren, de A Rainha e Calígula, participam desta barca furada, talvez um dos filmes com mais furos na história do cinema.
As soluções são por demais fáceis, como por exemplo Cage entrar numa festa e sequestrar o presidente dos EUA. Ele também consegue entrar na Casa Branca e no Palácio de Buckingham, vasculhar os locais sem ser incomodado. Eu juro, quase deixei a sessão no meio do filme.

quinta-feira, janeiro 24, 2008

O GÂNGSTER



O duelo entre Denzel Washington e Russell Crowe mostra bem a dimensão do excelente Gângster (American Gangster), de Ridley Scott, diretor também dos inesquecíveis Blade Runner, Alien, o Oitavo Passageito, Hannibal e Thelma e Louise. A história mostra a ascensão e queda, real, de um mafioso negro, Frank Lucas (Washington), que ganhou uma fortuna e dominou boa parte do Harlem, bairro nova-iorquino, no final dos anos 1960 e 70 do século passado, por causa do tráfico e venda de heroína contrabandeada por soldados durante a Guerra do Vietnã. O traficante marcou por ser dono de seu próprio negócio, que na época era dominado pela máfia italiana. Isso o fez se transformar num ser quase invisível e difícil de ser detectado pela investigação policial, que nunca suspeitaria de um negro.
O contraponto de Lucas é o investigador Richie Roberts (Russell Crowe, xodó do diretor e que trabalhou com ele em O Gladiador e Um Bom Ano). Policial honesto e quase um estereótipo do looser - achou quase um milhão de dólares e devolveu, o que lhe deixou a pecha de otário entre os colegas -, e a mulher o deixou, pois ele era um ausente no lar, levando o filho junto.
Roberts recebe a missão de descobrir quem é o traficante que colocou no mercado uma droga mais poderosa e pura do que as demais. Mas nunca se desconfiou da máfia negra e pelos cuidados tomados por Lucas, que empregou no esquema quase toda a família e os amigos. O filme toca na questão racial, na corrupção policial, na política...enfim, dá uma vasculhada profunda na sociedade americana.
O Gângster prende do primeiro ao último minuto - e são 2h30min de filme, sem cansar o espectador. Onde Washington, com um bordão legal: "my man!" e Crowe brilham, mas não sozinhos. Pois os coadjuvantes estão também excelentes, como o policial corrupto Trupo (Josh Brolin), o mafioso Cattano (Armand Assante) e o irmão porra-louca de Lucas, Huey (Criwetel Ejiofor).

quinta-feira, janeiro 17, 2008

O CAÇADOR DE PIPAS



O problema de filme baseado em filme de sucesso recente e ainda fresco na memória de seus leitores e fãs é que estes podem se apegar a detalhes. É o caso de O Caçador de Pipas, de Marc Forster. Se transposto em sua totalidade para a tela, teria cerca de 10 horas, o que seria inviável. Ficamos com suas quase duas horas, deixando muita coisa pelo caminho. Porém, o filme não ficou ruim. Mas tem altos e baixos e por vezes soluções muito fáceis, praticamente cortando o suspense da obra de Khaled Housseini.
São 30 e poucos anos de remorsos e tentativa de redenção para Amir, um jovem afegão da classe mais abastada do país asiático e que deixa, por ciúmes, o garoto criado ao lado dele, só que de uma casta inferior, passar por agruras indizíveis.
Tirando o servil Hassan, ninguém é puro neste Afeganistão, uma terra sofrida e repleta de conflitos étnicos, políticos e religiosos. Muitos vão se emocionar, mas quem leu o livro dirá "é, mais uma vez a literatura ganhou do cinema".

EU SOU A LENDA



O mundo dizimado por um vírus letal e aparentemente apenas um sobrevivente, Will Smith, em Eu Sou a Lenda, de Francis Lawrence. O cientista e militar Robert Neville está sozinho em Nova Iorque (as cenas filmadas pela cidade são de deixar o queixo caído, já que a população e as autoridades ajudaram nas gravações, evacuando as ruas nos finais de semana) e tenta descobrir a cura para a epidemia, que transformou os humanos em misto de zumbis e vampiros. Esses só saem para a ruas às noites.
Smith consegue transmitir, apenas com o olhar, toda a tristeza de alguém só no mundo, apenas acompanhado de um pastor alemão. A história de como tudo começou é explicada em rápidos flash-backs durante as noite mal-dormidas do personagem.
Mas a produção escorrega em sua segunda parte, quando entram em cena os monstros, digitalizados. O problema é que são mal-feitos, quase toscos, recordando o lamentável Hulk, de Ang Lee. Aí o filme perde muito de sua força. E os buracos no roteiro acabam ficando um pouco gritantes.

OS SEIS SIGNOS DA LUZ



A história de Sob o Signo da Luz, dirigido por David Cunningham, pode ser vista como a chegada da puberdade de um garoto, que próximo as festas de Natal está completando 14 anos. Afinal, ele está perdendo a inocência e começando a ver o mundo com outros olhos que não os infantis. Por outro lado, numa visão mais simplista, o jovem Will (Alexander Ludwig) tem a missão de salvar o mundo das trevas e para isso deve reunir os seis signos da luz do título.
Mas até aí pode-se ter uma forma diferenciada: o que seria salvar o mundo das trevas? Ora, encarar o mundo adolescente, com as agruras do colégio, a maldade dos irmãos mais velhos, a rigidez dos adultos, a desilução do amor. O filme tem um clima sombrio e alguns pequenos sustos para o público a que se destina, o adolescente.
Os atores - bem, nenhum deles se salva. Parecem estar trabalhando pela graninha - nem Frances Conroy, a mãe de A Sete Palmos parece a vontade. E o vilão, por demais caricato, é um dos piores personagens de todos os tempos.

A VIDA DOS OUTROS



A Alemanha Oriental foi talvez o país comunista mais neurótico do bloco comunista durante a Guerra Fria. Todos os seus cidadãos eram vigiados constantemente pela infame Stasi (polícia do estado), semelhante ao nosso DOI-CODI e tão mortais quanto a Gestapo nazista e a KGB de Stalin, Em A Vida dos Outros, de Florian Henckel von Donnersmarck, toda a loucura da extinta nação nos é mostrada na visão do agente Gerd Wiesler (o ator Ulrich Mühe, morto pelo câncer aos 54 anos em 2006). Ele tem a incubência de vigiar o dramaturgo Georg Dreyman (Sebastian Koch) e a namorada Christa (Martina Gedeck). Com a vigília, Wiesler vai verificando ser sua vida um tremendo vazio existencial - uma cena emblemática é quando a câmera percorre sua casa, com paredes vazias e mais nada, enquanto que no apartamento do escritor, as estantes estão repletas de livros, discos e outros objetos. Com o passar do tempo, o espião verifica que a perseguição política pode ser apenas um caso de ciúmes de um ministro em relação ao dramaturgo. É quando ele descobre que o regime que defende é uma farsa total.

O SUSPEITO



O governo americano não tortura, diz cinicamente um personagem no bom O Suspeito (Rendition), dirigido por Gavin Hood. A história gira em torno da paranóia que é o terrorismo islâmico nos anos 2000 nos Estados Unidos e que tem sido tema central de diversos filmes lançados nos últimos tempos.
Aqui, um cidadão egípcio, Anwar El-Ibrahimi (Omar Metwally), casado com a americana Isabella (Reese Whiterspoon, de Legalmente Loira) é acusado de ajudar um grupo terrorista a cometer um atentado no Cairo, Egito, onde é morto um cidadão americano e integrante da CIA.
Claro que isso provoca a intervenção do governo americano, que tem como representante a durona Corrine Whitman (a sempre genial Meryl Streep), uma espécie de Condoleeza Rice. Ela nega atitudes arbitrárias de seu governo, enquanto que o agente novato Douglas Freeman (Jake Gyllhenhaal, de Zodiaco e Brokeback Mountain) tem sua consciência afetada quando assiste sessões de tortura.
O filme é tenso, com cenas fortes de tortura, que podem deixar gente mais sensível com vontade de sair do cinema. E as dúvidas surgem, será inocente Anwar El-Ibrahimi ou culpado?
Bom filme. Depois de ver este, vá atrás de O Expresso da Meia-Noite, de Alan Parker. Vai encontrar paralelos entre eles, mesmo que um trate de drogas e o outro de terrorismo. Mas neles não existe o respeito aos direitos humanos.

ALIENS X PREDADOR 2



Eu não dava um centavo para esta continução da franquia. O primeiro filme era ruim. Porém confesso que Aliens x Predador 2, de Greg e Colin Strause, me surpreendeu. Talvez pela tensão gerada entre a caçada pelas ruas de uma pequena cidade do interior americano. Nenhum dos moradores está livre da perseguição dos aliens, que não poupam nem mesmo as crianças, e da caçada provocada por um predador, que vem à Terra vingar um companheiro morto pelos monstrinhos invasores de corpos.
Aliens x Predador 2 tem um leve toque de A Noite dos Mortos-Vivos (não revelarei aqui o modo como o governo encontra a solução para acabar com a invasão e se ela acaba mesmo). Ocorre, no entanto, mais um gancho para a terceira parte da história. Mesmo que sem sentido. Talvez se tivessem homenageado Schwarzennegger ou Danny Glover protagonistas dos clássicos Predador da década de 80 do século passado ou Sigourney Weaver em Aliens.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

O REINO



Sem entrar no mérito ideológico, pois pode ser classificado de direita, O Reino é um filmaço dirigido por Peter Berg. O terrorismo islâmico está no centro das atenções depois de um atentado que vitima mais de 100 pessoas num condômínio americano em Riad, na Arábia Saudita (o filme, na realidade foi filmado em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos). E entre os mortos está um agente do FBI. Então um comando liderado por Jamie Foxx (Ray e Colateral) parte em busca da captura dos extremistas. O Reino possui elementos para prender a respiração por suas quase duas horas. Interessante, mas não novidade, é o choque de culturas, aqui entre policiais americanos e árabes. O exemplo mais famoso deste entrelaçamento ocorreu em Chuva Negra, com Michael Douglas, no começo da década de 1990.
Em O Reino encontramos, e aí o trocadilho é obrigatório, vestígios do seriado C.S.I, pois os agentes americanos são especialistas em diferentes áreas forenses (a linda Jennifer Garner, de Elektra, por exemplo, é a médica-legista, Chris Cooper, de A Supremacia Bourne, é o perito em bombas).
Mas um detalhe não pode passar despercebido. Em um violento tiroteio, potentes armas destróem paredes como se fossem elas de papelão, mas não conseguem furar latarias de carros. Mas o que importa?

Meu Nome Não é Johnny



Meu Nome Não é Johnny, de Mauro Lima, não tem nada de inovador. Didático, relata a ascenção e queda verídica de um traficante/viciado da classe média carioca entre os anos 1980 e 1990, João Guilherme Estrella. Mas o que temos aqui é mais uma interpretação primorosa de Selton Mello (O Cheiro do Ralo), como o personagem central da trama. E fujo do clichê de usar o batido termo "o melhor ator de sua geração". Ainda mais que também temos Lázaro Ramos e Wagner Moura. Os três estão empatados em belas atuações contemporâneas de nosso cinema. O filme tem traços de Cazuza, Carandiru e o Bicho de Sete Cabeças, pois segue a tríade vida louca, drogas e cadeia. Mas não dá para esquecer a presença de Cleo Pires, deslumbrante como a namorada de João.

Desejo e Reparação



A garotinha Briony (Saiorse Ronan), com sua imaginação fértil e inocência dos 13 anos, pois estamos em 1935, no interior da Inglaterra, vai alterar a vida de entes queridos em Desejo e Reparação (Atonement, de Joe Wright), baseado em romance de Ian McEwan. A menina acusa o jovem Robbie (James McAvoy), namorado de sua irmã, Cecilia (Keira Knightley) de estuprar a prima delas. O incidente provocará mudanças terríveis nos próximos cinco anos na vida do casal e em toda a existência de Briony, que sempre tentará corrigir o erro.
O filme começa tedioso, mas intencionalmente, como era a época, numa Inglaterra de senhores e serviçais. A tensão no ar, o tempo que não passa, as grandes e verdes extensões de terra para poucas pessoas.
Em sua segunda parte, já estamos no começo da Segunda Guerra Mundial, com seus personagens amadurecidos e rancorosos. O tom é quase cinza, para retratar a tristeza daqueles dias. Numa cena angustiante e sufocante em Dunquerque, durante a retirada do derrotado exército britânico devido a iminente chegada dos alemães e seus panzers, mal conseguimos distinguir os rostos dos personagens. No final, temos uma arrebatadora atuação da já septuagenária Vanessa Redgrave como Briony na terceira idade. Emocionante.

Across The Universe



Pena que as pessoas ainda mantenham um ranço em relação aos musicais. Como qualquer gênero cinematográfico, tem coisas boas e ruins. Com Across The Universe, de Julie Taymor (Frida), e obrigado por manterem o nome no original, o saldo permanece positivo. Toda a história é contada através de canções dos Beatles e se passa nos anos 60 do século passado, em plena Guerra do Vietnã e as lutas pacifistas – mas quem quiser pode entender como uma crítica a interminável invasão norte-americana ao Iraque –, com ares de Hair. Tem até o garoto convocado para lutar em terra estranha. A guerra é, porém, o pano de fundo para o inglês Jude (Jim Sturgees), que sai de Liverpool em busca do pai americano que não conhece. Nos States, conhece e se apaixona pela sonhadora e idealista Lucy (Evan Rachel Wood, de Aos Treze e lembrando muito Chlöe Sevigny). Aliás, Lucy e Jude são nomes de canções dos Beatles. Os próprios atores interpretam as canções, que emocionam até mesmo aqueles que não curtem os 4 fabulosos. E prepare-se para viagens psicodélicas.
Muitos personagens remetem a outros históricos como Sadie (Dana Fuchs , uma espécie de Janis Joplin) e Jo-Jo (Martin Luther, sem dúvida calcado em Jimmy Hendrix). E Max (Joe Anderson é a cara de Kurt Cobain). Para ver e rever.

A Bússola de Ouro



Em A Bússola de Ouro, apesar de Nicole Kidman e Daniel Craig e dos efeitos especiais de primeira, a história da garotinha que tem em sua posse a tal relíquia com o poder de ler o futuro e o passado não empolga. Ela ainda é a escolhida para salvar crianças que estão tendo suas almas em forma de animais, chamadas de daemons, roubadas. Se você não for adolescente, fuja. Ah, vem a segunda parte por aí.

quinta-feira, janeiro 03, 2008

Coisas que Perdemos pelo Caminho



Em Coisas que Perdemos pelo Caminho (Things We Lost in The Fire), de Susanne Bier, a história poderia facilmente se perder, com o perdão do trocadilho, pelo trajeto. Porém na tentativa de os personagens de Halle Berry e Benicio del Toro recomeçarem suas vidas, após tragédias pessoais, não existe espaço para a apelação, para o dramalhão. Audrey (Berry) é a mulher que fica viúva e com dois filhos para criar, depois que o marido, interpretado por David Duchovny (ele mesmo, o Fox Mulder, de Arquivo X e agora em Californication) é assassinado. Ela acaba aceitando na sua casa o melhor amigo do marido. O problema é que Jerry (del Toro) é um junkie, ou seja, viciado em drogas quase incorrigível.
A dupla dá um show de atuação. Berry, com sua beleza, nos faz sentir mais propensos a cuidar dela e de seus fofíssimos filhos. Enquanto del Toro, de Traffic, rouba o filme, fumando sem parar, com uma expressão torturada, a pele enrugada. As cenas em que seu personagem passa pela crise de abstinência devem deixar qualquer candidato a se drogar com a certeza de que o vício uma grande roubada.
O filme, ainda por cima, é politicamente correto, mas sem ser pedante. Ele prega a tolerância numa América racista. Brancos e negros convivem harmoniosamente e drogados recebem a solidariedade, ao invés da rejeição.

P.S.: Eu Te Amo




P.S.: Eu Te Amo, de Richard LaGravenese, é um Ghost sem o toque espiritual. Hilary Swank (de Garota de Ouro e Meninos Não Choram e fazendo o seu papel mais feminino desde a garçonete namorada de Stevie em Barrados no Baile, na temporada de 1997) é Holly, que fica viúva de Gerry (o ator escocês Gerard Butler, ele mesmo, o Leonidas, de 300). Ela passa a receber há cada estação do ano uma carta do marido morto, com orientações do que deve fazer. Assim, Holly não consegue se desligar do passado e nem projetar o futuro. Seus dias são depressivos, de choro, de lembranças... rejeitando até o amigo apaixonado.
Butler, aparecendo em flash-backs, rouba o filme como o irlandês bem-humorado e encantador - que certamente vai arrebatar muitos corações femininos, muito mais do que Patrick Swayze em 1990. Mas a choradeira está lá. Os casais se derretem durante as duas horas do filme (dê uma olhada quando se acenderem as luzes e vejam por si mesmos), deixando passar erros crassos no filme. As atrizes, entre elas Lisa Kudrow, a Phoebe de Friends, e Gina Gershon, de A Outra Face e O Informante, estão mais para quarentonas, com suas bocas de botox, mas interpretam garotinhas de vinte e poucos anos. Elas também "vivem de ar", afinal não trabalham e passam o tempo fazendo programas caríssimos. Mas isso são apenas detalhes num filme para arrebatar corações apaixonados. Talvez eu tenha perdido o meu pelo caminho.

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...