quarta-feira, outubro 28, 2015
“Straight Outta Compton - A História do N.W.A.” (Straight Outta Compton)
N.W.A. é a sigla em inglês para Niggaz With Attitude, ou negros com atitudes foi um grupo de rappers surgidos em meados dos anos 1980 na Califórnia, todos oriundos da cidade de Compton. Eles são os criadores do gangsta rap, que levou para a música a violência das ruas e do submundo para a cultura pop. O N.W.A. ganha uma cinebiografia em “Straight Outta Compton - A História do N.W.A.” (Straight Outta Compton), direção de F. Gary Gray. Todos os personagens sofreram com aqueles elementos conhecidos pela população pobre – desemprego, desagregação familiar, preconceito social e racial.
Uma das cenas é emblemática. Os músicos estavam gravando em um estúdio localizado em um bairro branco de Los Angeles e foram para a calçada fazer uma pausa. Segundos depois, aparecem vários carros da polícia e os músicos são jogados no chão e algemados. Não haviam feito nada de suspeito, mas só o fato de serem negros já causou comoção. O N.W.A. criaria um dos mais violentos raps contra a força policial, a música Fuck the Police, que foi censurada e onde era executada, causava transtornos a eles. Falava da violência dos homens da lei e evidentemente mandando as pessoas reagirem.
Saídos do gueto, todos eles, Dr. Dre, Ice Cube e Eazy-E, acabaram ficando milionários.
E claro, surgiram as desavenças e os desgastes naturais, além de problemas com empresários, principalmente com Jerry Heller (um estupendo Paul Giamatti), o primeiro a dar espaço para a trupe. Quem arrasa, no entanto, é Jason Mitchel no papel de Eazy-E, ex-traficante que usou a grana do tráfico para abrir uma gravadora (alguém aí lembrou da série Empire?) e que acabaria sucumbindo ao vírus da AIDS em 1995. Ao se descobrir doente, ele olha para o médico e solta aquela pérola da época tão difundida: “mas eu não sou viado”, como se somente os homossexuais estivessem no risco de contrair a doença. Já a semelhança entre O’Shea Jackson Jr. que vive o próprio pai, Ice Cube, é espantosa.
No final, o grupo acabaria retomando contato e revelando ao mundo dois rappers de importância fundamental ao movimento, Snoopy Dog Dog e Tupac Shakur. Este acabaria assassinado em Los Angeles quando começava a curtir o sucesso, mas seu envolvimento com as gangs lhe custou a vida.
Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=qNJoVvN6sbg
Duração: 2h27min
Cotação: bom
Chico Izidro
“Os 33” (The 33)
Em 2010, o desabamento de uma mina em Capiapó, no deserto chileno de Atacama, deixou soterrados 33 mineiros, que permaneceram vários dias sem comunicação com o mundo exterior. Eles não sabiam se estavam sendo procurados ou dado como mortos, assim como a direção da mina não sabia se eles haviam sobrevivido ao acidente. Após 17 dias, a notícia de que todos estavam bem, pois haviam se escondido no local conhecido como refúgio, que ficara separado do exterior por uma gigantesca rocha. Os mineiros, apesar das condições adversas, como poucos alimentos e pouca água, mantinham-se esperançosos.
Em “Os 33” (The 33), direção de Patricia Riggen, é mostrado o resgate daqueles homens, liderados desde o início por Mario Sepúlveda (atuação segura de Antonio Banderas). Não fosse ele, aqueles mineiros teriam se transformado em bichos a mais de 700 metros abaixo da terra. Mario organizou as refeições, as tarefas e não deixou que ninguém enlouquecesse. O outro personagem central da história foi o Ministro das Minas do Chile, Laurance Golborne, vivido por Rodrigo Santoro, que apesar do tempo, ainda se mostra engessado ao interpretar em inglês.
Sim, para atender o mercado norte-americano, “Os 33” é inexplicavelmente todo falado na língua do Tio Sam. E isso incomoda e muito. Afinal, se está no Chile, e em uma terra de gente humilde e trabalhadora. Fica algo muito irreal. É de doer.
O filme ainda não consegue transmitir a sensação de claustrofobia vivida por aqueles homens durante 69 dias. Apesar de conhecermos o destino deles, não existe tensão em nenhum momento. “Os 33” ainda tropeça no sentimentalismo barato, ajudado por uma lamuriosa Juliette Binoche, que vive a irmã de um dos mineiros. O término do filme ainda, desculpe o trocadilho, é um poço de apelação.
Veja o trailer: http://www.foxfilm.com.br/os-33
Duração: 2h05min
Cotação: ruim
Chico Izidro
“Grace de Mônaco” (Grace of Monaco)
Grace Kelly foi uma das atrizes mais lindas da história do cinema. Musa de Alfred Hitchcock, ao filmar “Ladrão de Casaca” no Principado de Mônaco, em 1955, conheceu o príncipe Rainier. Acabou casando com ele e largando a carreira cinematográfica e virando princesa, num casamento dos sonhos, em 1956. Pois no começo da década de 1960, ela foi procurada pelo diretor inglês, que a desejava como atriz principal em “Marnie – Confissões de Uma Ladra”, que como sabemos acabou com Tippi Hedren. Só que naquele momento, o mundo de Grace era outro, mas a vida real era vista como enfadonha por ela, que ficou balançada pelo convite de Hitchcock.
Em “Grace de Mônaco” (Grace of Monaco), direção de Olivier Dahan, de “Piaf – Um Hino Ao Amor”, não temos aquelas tradicionais cinebiografias mostrando a vida de uma personalidade desde a sua infância até a morte. Aqui foi seguido aquilo que vem ocorrendo com frequência, ou seja, pega-se um determinado período na vida de alguém, que fosse relevante, e romantizar um pouco. E Grace viu aquela época ser perturbadora. Ela pensou seriamente em aceitar voltar a filmar, mas seu marido, o distante Rainier era contrário ao desejo dela. Afinal, ela tinha coisas mais importantes para cuidar, como os filhos e os bailes, que considerava tediosos. E não bastasse isso, o Principado sofria uma grande pressão do governo francês de Charles de Gaulle. O presidente gaulês estava descontente com Mônaco, que não pagava impostos e ainda aceitava empresas francesas em seu minúsculo território, que ficavam isentas de taxas. De Gaulle ameaçou: ou Mônaco parava com isso ou seria anexado à França.
E Grace não ajudava em nada, sendo ainda vista com reservas pelos monegascos. Afinal, ela era filha de um comerciante americano e não possuía sangue azul. A pergunta que se fazia era quanto tempo ela aguentaria a vida que levava.
O diretor faz um filme bonito visualmente, utilizando atores muito semelhantes aos personagens reais que interpretam. E o esmero plástico e muito cuidadoso. Nicole Kidman por vezes lembra realmente Grace Kelly. O príncipe Rainier é interpretado por Tim Roth. O problema é que em “Grace de Mônaco” existe uma grande dose de novela, partindo de sua trilha sonora melosa, closes diversos no rosto de Nicole, brigas do casal real e tramas palacianas maquiavélicas, tudo isso já visto dezenas de vezes em outras produções.
Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=klxza69ZqHg&spfreload=10
Duração: 1h43min
Cotação: regular
Chico Izidro
“O Último Caçador de Bruxas” (The Last Witch Hunter)
Vin Diesel é até carismático, só que é um péssimo ator. Seu estilo durão e tosco até funciona em “Velozes e Furiosos”, mas qualquer outra tentativa é frustrante. Ele passa a impressão de decorar e depois declamar seus textos, nunca mudando as feições do rosto. Então viver um personagem de mais de 800 anos torna-se um tormento para ele, numa história que pretende-se um pouco mais elaborada. É o que acontece em “O Último Caçador de Bruxas” (The Last Witch Hunter), direção de Breck Eisner.
A trama até começa promissora, no século XII, quando um grupo de caçadores invade o território da Bruxa Rainha, a fim de exterminá-la, pois ela é a causadora da praga que exterminou boa parte da população – esqueça a ciência neste caso, já que sabemos que a Peste Negra tinha outra causa e nada de sobrenatural. Um deles, Kaulder (Vin Diesel) consegue matar a vilã, não sem antes ser amaldiçoado com a imortalidade?! Cá pra nós, quem de nós não gostaria de viver para sempre? Bem que no caso do mocinho, ele teria de vagar pela eternidade longe de seus entes queridos.
Então o filme dá um salto no tempo e vai parar nos anos 2000, onde Kaulder vive em Nova Iorque, onde continua sua missão de matar as bruxas, ajudado por uma ordem de padres. Um deles, vivido por Michael Kane, que devia estar precisando de grana para pagar o aluguel, é morto, e Kaulder e outro padre, o novato Dolan (Elijah Wood), descobrem que a morte não foi natural e sim assassinato. Até que investigando, acabam sabendo que um bruxo pretende trazer a Bruxa Rainha de volta a vida. O jeito é aceitar a ajuda de uma bruxinha do bem, Chloe (Rose Leslie) para tentar evitar a volta do mal à terra.
As cenas de ação até são bem construídas, mas a trama se mostra um pouco sem pé nem cabeça, com reviravoltas sem sentido. E sem contar os furos de roteiro, que transformam “O Último Caçador de Bruxas” em péssima diversão.
Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=3w4s8HQrnsE
Duração: 1h47min
Cotação: ruim
Chico Izidro
quarta-feira, outubro 21, 2015
“Ponte dos Espiões” (Bridge of Spies)
A parceria entre Steven Spielberg e Tom Hanks, que já havia gerado o clássico moderno “O Resgate do Soldado Ryan”, agora ganha uma nova obra-prima, que é “Ponte dos Espiões” (Bridge of Spies), passado no período da Guerra Fria, mais exatamente tão logo surgiu o Muro de Berlim, no começo dos anos 1960. No início da trama é mostrada a paranoia da época, quando o filho do personagem principal se preocupa com um possível ataque por bomba atômica em terras americanas.
E o filme já começa com fôlego, com a espetacular prisão do espião soviético Rudolf Abel (primorosa atuação de Mark Rylance) pelo serviço secreto americano. Logo o advogado especializado em seguros James Donovan (Tom Hanks) é chamado para defender o sujeito, que pode ser condenado à morte. Visto com desprezo por outros americanos por tentar salvar Abel da cadeira elétrica, logo o advogado se verá envolvido em uma empolgante trama internacional. Pois no mesmo período, os soviéticos haviam feito prisioneiro um piloto americano, Francis Gary Powell (Austin Stowell), que sobrevoava território russo em um avião espião, até ser derrubado e condenado à cadeia em terras comunistas.
Donovan, por seu estilo conciliador e calmo, é convocado pelo governo americano. Sua missão: ir até Berlim e tentar fazer a troca dos dois presos. Mas no meio do caminho surge outro problema, pois um estudante americano acaba preso em Berlim Oriental, acusado de espionagem. Então o advogado quer uma troca 2 por 1.
Spielberg dirige com firmeza a história, fazendo uma reconstituição de época perfeita. Claro que seu estilo não deixa de lado alguns momentos familiares piegas, mas isso é o de menos. Os personagens são bens construídos, principalmente o espião Rudolf Abel, misterioso até o último fio de cabelo. E Tom Hanks conduz com perfeição seu James Donovan, que não pretende se envolver com problemas políticos, mas se vê envolto numa intrincada trama, não desistindo dela, mesmo depois de ter sido escorraçado pelos seus conterrâneos por ousar defender um comunista.
Duração: 2h12min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
“Sicario: Terra de Ninguém” (Sicario)
O cartel do narcotráfico mexicano é deveras violento. E é ele que a CIA vai combater em “Sicario: Terra de Ninguém” (Sicario), direção de Denis Villeneuve. Filme tenso, com uma trilha sonora poderosa, a cargo do compositor Jóhann Jóhannsson, que coloca mais força dramática a cada nota, principalmente em uma cena dentro de um túnel entre os Estados Unidos e o México. As atuações de Emily Blunt, Josh Brolin e Benicio Del Toro também são fortes.
Emily Blunt é Kate Macy, uma agente da CIA destacada para acompanhar missão da agência norte-americana que pretende capturar um poderoso senhor das drogas mexicano. Mas ela é colocada no meio do tiroteio às cegas, pois quase nada lhe é explicado. Os outros agentes são homens brutalizados e cínicos, que não costumam falar muito, daquele tipo atiram primeiro e depois perguntam. O mais misterioso é Alejandro (Del Toro), que terá uma das cenas mais chocantes do filme, quando se depara com o chefe do tráfico e sua família.
Aliás, “Sicario: Terra de Ninguém” (Sicario) já começa dizendo ao que veio, mostrando a invasão de uma casa em Phoenix, onde são encontrados dezenas de corpos enterrados dentro das paredes do local. Outro grande momento é quando os agentes da CIA atravessam a fronteira entre EUA e México e entram na violenta Ciudad Juárez, onde vão buscar um traficante. No percurso são mostrados corpos decapitados e pendurados em pontes – tal qual é registrado no noticiário real. A câmera acompanha a viagem dos carros pelas ruas da cidade mexicana, e também na volta, numa aérea espetacular, mostrando um forte engarrafamento. Realista e cru, mesmo que às vezes acabe por estereotipar os bandidos mexicanos.
Duração: 2h02min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
“Goosebumps: Monstros e Arrepios” (Goosebumps)
Em muito tempo, finalmente Jack Black não interpreta o irritante Jack Black. Em “Goosebumps: Monstros e Arrepios”, direção de Rob Letterman, ele vive o escritor R. L. Stine, que vive com a filha numa cidadezinha do meio-oeste americano. Autor de vários livros de terror, evita ao máximo o convívio de outros seres humanos. Até que surge na vizinhança um garoto vindo de Nova Iorque, Zach (Dylan Minette), que Stine faz questão de manter longe de sua casa e de sua filha adolescente Hannah (Odeya Rush).
Porém Zach acha que Hannah sofre violência doméstica e passa a cuidar os passos dos vizinhos, até que acaba sem querer descobrindo os livros de Stine, que são chaveados, pois escondem um segredo. Os vários monstros que Stine criou durante a vida estão presos neles, mas se abertos, criam vida. E é o que acaba acontecendo. E os seres não são nada carinhosos. Pelo contrário. Liderados por um marionete psicopata, os monstros vão apavorar a cidade e tentar eliminar Stine, Zach, Hannah e quem mais cruzar pelo caminho deles.
Mas apesar de trazer monstros como o lobisomem, zumbis, pé grande, dezenas de gnomos assassinos, insetos gigantes, o filme não mete medo. As cenas são divertidas, quase hilárias, principalmente quando aparece o coadjuvante Champ (Ryan Lee), que arrasa a cada cena que aparece, por suas trapalhadas ou tiradas espirituosas. Numa delas, o personagem de Jackk Black fica preso num portão e diz para todos fugirem, que ele se sacrificará pelo grupo, esperando receber em troca ajuda. Champ olha para ele, e diz: “Tá bom, sorte aí”, enquanto some em desabalada carreira.
Duração: 1h43min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
“Atividade Paranormal: Dimensão Fantasma” (Paranormal Activity: The Ghost Dimension)
A fórmula já está desgastada depois de vários filmes, na qual um dos personagens segura a câmera, mostrando o que acontece ao seu redor, a tal câmera-subjetiva. Neste “Atividade Paranormal: Dimensão Fantasma” (Paranormal Activity: The Ghost Dimension), direção de Gregory Plotkin, mais uma vez seres de outro mundo resolvem assustar uma pacata família norte-americana, com o objetivo de levar para o além a filha pequena do casal. Que claro, mora numa verdadeira mansão e não parece ter outras atividades, que façam sentido levarem o alto estilo de vida.
A história começa quando Ryan (Chris J. Murray) encontra dezenas de fitas v.h.s. e uma câmera na casa. O material é de algumas décadas atrás, e logo ele percebe que as fitas, gravadas nos anos 1980, se comunicam com ele e a filha pequena nos dias de hoje. E aos poucos, um vulto começa a circular pela casa, principalmente à noite. E está atrás da pequena Leila (Ivi George), que nasceu no mesmo dia e ano de um garoto desaparecido. E a pequena é a chave para trazer ao mundo dos vivos uma espécie de demônio, Toby, que nos outros capítulos da franquia era apenas sugerido e agora mostra caras e bocas.
“Atividade Paranormal: Dimensão Fantasma” (Paranormal Activity: The Ghost Dimension) não tem nada de original, além do que bebe em outras fontes, descaradamente em “Poltergeist”. Ele até que dá alguns sustos, mas não provoca medo. Pelo contrário, tal é o amadorismo dos atores, que o público acaba caindo na gargalhada.
Duração: 1h28min
Cotação: ruim
Chico Izidro
quinta-feira, outubro 15, 2015
"Operações Especiais"
"Operações Especiais", dirigido por Tomás Portella, mostra o qual difícil pode ser a vida de uma mulher policial. No caso Francis (Cleo Pires), que decide ingressar na polícia após o hotel em que trabalha como recepcionista sofrer um assalto. Aprovada, ingressa nas forças, mas fazendo serviço de escritório, até que pouco tempo depois, é requisitada para integrar uma operação contra o tráfico numa cidadezinha do interior do Rio de Janeiro.
E é lá que Francis, despreparada e assustada, vai virar aposta dos colegas - todos homens. A dúvida é saber quanto tempo ela levará para pedir exoneração do cargo. Então terá de provar no dia a dia que tem capacidade para trabalhar na polícia. E dê-lhe sofrer bullying, piadinhas sobre a capacidade de uma mulher poder ou não ser policial.
"Operações Especiais" ainda faz um retrato do Brasil atual, com corrupção nos altos poderes e empresariais. Afinal, na cidadezinha para onde os policiais são deslocados, além do império dos traficantes, existe ainda uma máfia de políticos, corruptos até a medula. Muita coisa lembra o já clássico "Tropa de Elite".
E Cleo Pires, além de linda, vai bem, principalmente nas cenas em que deve demonstrar medo - por exemplo, em meio a violento tiroteio. Destacam-se também Fabrício Boliveira, de "Faroeste Caboclo" como Décio, o melhor amigo de Francis na polícia, e Marcos Caruso como o incorruptível delegado Paulo Froes, que tem as melhores tiradas do filme.
Cotação: bom
Chico Izidro
"A Colina Escarlate" (Crimson Peak)
"A Colina Escarlate", dirigido por Guillermo del Toro, é uma história sombria, com ares fúnebres, mas não é um filme de terror, apesar de contar com aparições fantasmagóricas. A história se passa no final do século XIX, onde a jovem Edith (Mia Wasikowska) sonha em ser escritora, escrevendo histórias de fantasmas. E recebe a visita do fantasma de sua mãe, que morreu quando ela era pequena. E um aviso: "Cuidado com a Colina Escarlate".
A garota acaba se apaixonando por Sir Thomas Sharpe (Tom Hiddleston), que também é inventor e vagueia pelo mundo, ao lado da irmã Lucille (Jessica Chastain), em busca de quem invista em seu projeto. Após uma nova tragédia familiar, Edith decide casas com Thomas e se muda com ele para a Inglaterra, onde vão morar numa mansão decadente, chamada exatamente de Colina Escarlate. Do chão do local sai muita argila, que está provocando o afundamento da mansão. E lá Edith convive com a irmã de Thomas, e recebe a visira de fantasmas, que sempre lhe pedem para ter cuidado. Aos poucos, a garota vai tomando conhecimento dos horrores que o local abriga. E como fazer para sair dali?
O problema de "A Colina Escarlate" é ele não provocar medo. Seus fantasmas, por mais que tenham aparências horríveis, são do "bem" e não dão medo. E afinal, qual a função deles? Por outro lado, a belezinha Mia Wasikowska vai bem na pele da inocente e sonhadora Edith, mas quem ganha ofilme é Jessica Chastain na pele de Lucille, uma mulher fria e repressora. Sempre séria e misteriosa, sua personagem imprime pavor a cada aparição.
Cotação: regular
Chico Izidro
"Bata Antes de Entrar" (Knock, Knock)
Nos anos 1980, Michael Douglas foi atormentado por Glenn Close em "Atração Fatal", visto como uma alegoria da AIDS, que assombrava o mundo naquele período. O personagem dele havia pulado a cerca com a loira e devia pagar por seus pecados. Passados quase 30 anos, é a vez da consciência pesar sobre Keanu Reeves em "Bata Antes de Entrar" (Knock, Knock), direção de Eli Roth.
Reeves é Evan Webber, um arquiteto que está sozinho na bela casa, pois a mulher e os dois filhos foram viajar. Então lá está ele, em seu projeto, ouvindo música e fumando um baseado, quando duas gatas batem à porta. Lá fora estão Genesis (Lorenza Izzo) e Bel (Ana de Armas), molhadas, porque chove muito e elas estão perdidas. E pedem para entrar e usarem o telefone. Evan, de início, vacila, mas acaba cedendo. E isto lhe custará caro, pois as duas passam a tentar seduzí-lo.
Evan acaba cedendo as tentações, provocando a ira das duas garotas, que dali em diante irão torturar o arquiteto, prometendo destruir seu casamento. Afinal, ele foi infiel. Keanu Reeves passa o tempo todo fazendo cara de idiota, aparvalhado. Está mal em cena, ao contrário de Lorenza Izzo, que é esposa do diretor, e Ana de Armas, que usam e abusam da sensualidade para viverem mulheres más. O filme, porém, não explica muito a motivação das duas garotas em torturar Evan. Simplesmente ele está lá, cai na sedução delas, e era isso.
Cotação: ruim
Chico Izidro
"Filme Sobre Um Bom Fim"
O documentário "Filme Sobre Um Bom Fim", dirigido por Boca Migotto, é para saudosistas. Através de imagens de época e depoimentos daqueles personagens que viveram os anos 1970 e 1980, períodos mais efevercentes do bairro de grande marca cultural de Porto Alegre. Ali se formaram grupos políticos que discutiam como combater a ditadura militar na década de 1970, enquanto frequentavam bares da esquina maldita, ou seja Osvaldo Aranha com Sarmento Leite, como o Alaska, o Mariu's e o Copa 70.
Já nos anos 1980, o bairro viu aflorescer um intenso movimento musical, cinematográfico e teatral. Época que se inicia em 1981 com o filme "Deu Pra Ti Anos 70", de Nelson Nadotti e Giba Assis Brasil, e que dão seus depoimentos, lembrando aquele período e de como foi retratada a Avenida Osvaldo Aranha, principal via do Bom Fim. O bairro era endereço de bares como Lola, Lancheria do Parque, e do Ocidente, este ainda na ativa.
O bairro ganhou seu nome no final do século XIX, quando ainda era grande a população de ngros. Depois, o Bom Fim viria a se transformar em um bairro de predominância judaica. Mas em seu período retratado no documentário era local de reunião de punks, headbangers, mods, atores, cineastas, teatrólogos, bêbados, traficantes. Gente que sofreu muita repressão policial, principalmente no final dos anos 1980, e relembrada no filme.
"Filme Sobre Um Bom Fim" faz um retrato intenso daquela época, onde afloraram os barzinhos, para onde se dirigiam os jovens, muitas vezes sem dinheiro. E havia também os cinemas Baltimore e Bristol, este marcante por realizar mostras de cineastas cults. Tempo que foi e não volta mais.
Cotação: bom
Chico Izidro
quarta-feira, outubro 07, 2015
“A Travessia” (The Walk)
Em 1974, o francês Phillipe Petit protagonizou, talvez, a maior peripécia já feita por um ser humano em toda a história. Nada de subir ao cume do Monte Everest ou pular nas Cataratas do Niágara. Ele cruzou os mais de 60 metros que separavam os dois prédios do World Trade Center, em Nova Iorque, sob um fio de aço, a mais de 400 metros do solo.
Este feito, que já havia gerado o documentário oscarizado “O Equilibrista” (The Man on Wire), dirigido por James Marsh em 2008, agora vira filme no estonteante “A Travessia” (The Walk), dirigido soberbamente por Robert Zemeckis, de “De Volta Para o Futuro” e “O Náufrago”. E o longa segue passo a passo a trajetória de Petit, vivido por Joseph Gordon-Levitt, de “Como Não Perder Esta Mulher” e do seriado “3 Rock From The Sun”, e que levou anos para fazer o trajeto. Petit teve a ideia aos 17 anos, quando folheava uma revista na sala de espera de seu dentista, e viu uma matéria sobre as obras do World Trade Center. Cruzar aqueles prédios passou a ser o projeto de vida de Petit. Antes, ele cruzaria as torres da Igreja Notre-Dame e também a ponte da Baia de Sydney, na Austrália (este feito não é mostrado no filme).
Para cruzar as torres do WTC, Petit contou com a ajuda de vários amigos, franceses e americanos, estes recrutados em cima da hora. Eles tinham de fixar os cabos entre um prédio e outro. No dia da travessia, foi feita uma verdadeira ação de guerra – como entrar nos prédios e preparar os equipamentos, já que o ato era ilegal e não tinha autorização das autoridades. E logo no início da manhã de 7 de agosto, após vários contratempos, o equilibrista começou o trajeto, que levaria mais de 45 minutos, pois alertada pelo grande número de curiosos que observavam o evento, a polícia logo apareceu e tentou prendê-lo. Então Petit ficou indo e voltando, se equilibrando com um cabo de aço. Ele faria o percurso por 8 vezes, inclusive deitando, dançando e se ajoelhando no espaço vazio.
“A Travessia” é para ser visto em 3D em toda a sua magnitude – as cenas são de arrepiar, por vezes fazendo o espectador não conseguir encarar a tela, tal o incômodo que provoca, ainda mais para aqueles que sofrem com o medo de altura. Ficamos pensando “por que um cara resolve fazer isso?” ou então “deu, você já fez o percurso duas vezes, desce logo daí”. Impactante.
Cotação: excelente
Chico Izidro
“Horas de Desespero” (No Escape)
O engenheiro Jack Dwyer (Owen Wilson) se muda com a família para um país asiático em um momento não muito favorável. O país está prestes a ser tomado por revolucionários nacionalistas e xenófobos. O filme é “Horas de Desespero” (No Escape), dirigido por John Erick Dowdle.
Poucas horas depois de se instalarem no hotel, a família de Dwyer se vê envolvida em uma verdadeira caçada humana. Os golpistas decidem matar todos os estrangeiros que encontram pelo caminho. Jack, sua mulher e as duas filhas, têm de fugir pelas ruas da cidade, nunca nominada. E como não chamar a atenção no meio de gente de pele escurecida e olhos amendoados, tendo cabelos e olhos claros? E ir para onde em meio a tanto caos.
As cenas de ação são espetaculares, incluindo um salto entre dois prédios e correrias por escadarias e vielas estreitas. “Horas de Desespero” peca um pouco por sua visão dos orientais, vistos como homens cruéis e selvagens. E convenhamos, já estamos em 2015 – bem que está aí o Estado Islâmico para mostrar a irracionalidade em carne e osso.
Cotação: regular
Chico Izidro
“Peter Pan” (Pan)
Vamos alterar a história? Então dê-lhe uma nova versão do garoto que não queria crescer “Peter Pan” (Pan), dirigido por Joe Wright. A ideia aqui é contar a origem do garoto. A história é ambientada na Londres durante a II Guerra Mundial, onde o pequeno órfão Peter vive num orfanato controlado por uma freira inescrupulosa.
Curioso em descobrir o paradeiro de sua mãe, certo dia Peter e outros garotos do orfanato são sequestrados pelo pirata Barba Negra (Hugh Jackman). Transportados para a Terra do Nunca, eles se tornam escravos nas minas, onde devem procurar o pixum, uma pedra preciosa que concentra o pó das fadas. Mas de espírito contestador e libertário, Peter logo se une a outro prisioneiro, James Hook (Garret Hedlund), que no futuro se transformaria em seu principal inimigo, o Capitão Gancho.
Apesar do visual bonito e boas cenas de ação, criativas, o filme é cansativo, repetitivo em vários momentos. Mas a ideia de usar a música do Nirvana na primeira aparição do Barba Negra é primorosa. Porém depois de tanta correria, “Peter Pan” cansa e faz até dormir.
Cotação: regular
Chico Izidro
“O Clube” (El Club)
Um tema atual e uma mancha para a Igreja Católica, a pedofilia, é o assunto central de “O Clube” (El Club), dirigido por Pablo Larraín, dos excelentes “No” e “Tony Manero”. Numa pequena cidade do litoral chileno, em uma casa moram quatro homens e uma mulher. No começo vemos o cotidiano que parece ser normal no local, onde um deles cria um cão para corridas. Mas aos poucos vamos descobrindo porque eles estão ali: são padres afastados de seus deveres por terem cometido crimes quando do ofício de suas funções, principalmente a pedofilia. Não pagam por seus crimes, apenas ficam afastados, sob o tacão de Mónica (Antonia Zegers).
A calmaria da comunidade vai acabar quando um quinto padre chega a casa, mas ele nem tem tempo de conviver com seus iguais. Pois um homem aparece e começa a berrar em frente a casa, enumerando os abusos que sofreu quando era adolescente e praticados por este quinto padre. O evento acarreta numa tragédia, que fará com que outro padre logo apareça, o inquisidor García (Marcelo Alonso), que tem como missão tentar desvendar o que se passa na cabeça daqueles homens torturados pelo passado. Um deles alega nunca ter cometido nenhum crime, e diz que sua punição ocorre por ele se declarar homossexual, o que é inaceitável para a Igreja.
“O Clube” é chocante e reflexivo, pois mostra que a Igreja Católica é um tanto omissa com os crimes cometidos por seus padres – eles apenas são afastados e seus atos são abafados, não recebendo punição da Justiça. E a Igreja costuma fazer acordos financeiros com os abusados. Instigante.
Cotação: bom
Chico Izidro
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