Foto: Pandora Filmes
“Salamandra” é o filme de estreia de Alex Carvalho, baseado no romance de Jean-Christophe Rufin, “La Salamandre”, um clássico da literatura francesa moderna, lançado em 2005.
A trama foca na francesa Catherine (Marina Foïs), que passou anos cuidando do pai. Quando ele morre, ela parte para o Brasil, mais exatamente em Recife, onde reside a irmã, Aude (Anna Mouglalis) casada com um brasileiro, Ricardo (Bruno Garcia).
Catherine vivia se sentindo sufocada pelo contraste entre seus sentimentos e a sua realidade. Mas na quente Recife, ela acaba se vendo envolvida num romance inesperado com Gil (Maicon Rodrigues), um jovem negro, que vive de bicos.
A atração entre eles é instantânea e forte, e os dois se entregam, alheios ao mundo que os cerca. Ela é uma mulher de seus cinquenta e poucos anos e ele mal passou dos 20 anos. Entre os dois parece existir apenas a barreira da língua – os dois se comunicam praticamente por gestos, não parecendo haver interesse em um aprender o idioma do outro.
Mas evidente que um romance multirracial e de diferença de idades não é bem visto. E logo vai trazer problemas, ainda mais quando a herança de Catherine entra na jogada.
Porém, Catherine está determinada a seguir seus sentimentos, enfrentando a difícil escolha de seguir adiante com sua transformação.
“Salamandra” é um ótimo filme, por vezes incomodativo – a gente acaba se colocando no lugar de Gil e sentindo na pele como a vida é difícil para o rapaz.
Cotação: bom
Duração: 1h57min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=fbnCGNX61LE
Foto: Universal Pictures
“Clube dos Vândalos” (The Bikeriders) é um filme baseado no livro fotográfico de Danny Lyon, que documentou a ascensão de um clube de motociclismo no Centro-Oeste dos EUA durante a década de 1960.
A história segue o surgimento e a ascensão dos Vândalos, um clube de motociclistas criado pelo caminhoneiro Johnny (Tom Hardy), que teria tido a ideia ao assistir o clássico “O Selvagem” (The Wild One), de 1953, estrelado por Marlon Brando (1924-2004). A trama é contada sob a ótica de Kathy (Jodie Comer), em uma série de entrevistas para Lyon. Ela foi uma das integrantes do grupo, quando se casou com Benny (Austin Butler), um motociclista selvagem e imprudente e melhor amigo de Johnny.
O clube tinha como ideia inicial ser apenas um local onde algumas pessoas se reunissem para relaxar e falar de suas paixões pelas motos. No entanto, aos poucos começaram a surgir regras, a turma se tornou mais violenta e gananciosa, ao ponto de se tornarem uma perigosa gangue.
Kathy relata sua contrariedade as regras absurdas, as suas tentativas para que Benny abandonasse o clube. Porém, ele tinha uma lealdade cega a Johnny. E como um ditador, o criador do grupo não aceitava discordâncias e se mostrava cada vez mais cruel em suas decisões. Isso vai provocar o surgimento de candidatos ao posto de líder.
“O Clube dos Vândalos” é um filme quase introspectivo, quase sem cenas de ação. Muitos, muitos diálogos e uma ótima reconstituição de época. O longa-metragem mostra uma outra América ao longo dos anos 1960, passando longe do que ocorria naquela época, como A Guerra do Vietnã e a luta pelos Direitos Civis. Mas uma das ideias do clube era essa mesma, momentos longe das durezas da realidade. Uma escapada. É um retrato da confusão e da convulsão desse período nos EUA que já foi feito de forma magistral em filmes como “Easy Rider: Sem Destino” (mencionado por nome, em tom de piada, no terceiro ato do filme) e “Perdidos na Noite”.
O diretor revelou também que muito do filme foi tirado de “Os Bons Companheiros” (The Good Fellas” (1990), de Martin Scorsese. “Você pode assistir a Os Bons Companheiros e dizer que ele é sobre os caras que fizeram o assalto do Lufthansa. E você não estaria errado, mas também não estaria descrevendo o filme muito bem”, disse Jeff Nichols.
O cineasta destacou ter feito uma abordagem inspirada no clássico de Martin Scorsese para construir “O Clube dos Vândalos”.
“O grande desafio com este filme era que eu queria passar a primeira hora inteira sem realmente tocar em um plot, em uma trama prática”, comentou Nichols. “Nesse começo, ele é uma história alimentada por exploração de personagem, pela construção dos relacionamentos. Eu olhei muito para Os Bons Companheiros, que na verdade é o retrato de uma subcultura, com todos os detalhes mais intrincados dela. Era isso que eu queria fazer aqui, o melhor que eu pudesse”.
O elenco de “O Clube dos Vândalos” conta ainda conta com Michael Shannon, Mike Faist, Boyd Holbrook e Norman Reedus.
Cotação: ótimo
Duração: 1h56min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=jFuVut9-JLg
Foto: Embaúba Filmes
“O Estranho”, escrito e dirigido pela dupla Flora Dias e Juruna Mallon, tem como principal cenário o Aeroporto de Guarulhos (SP), um símbolo de progresso, mas uma marca forte processo de colonização e ocupação do território, construído sob terras indígenas. Ele é o estranho do título, um alienígena invasor.
O aeroporto foi inaugurado nos anos 1980 e é o mais movimentado da América do Sul. E o filme mostra diferentes datas daquele lugar (1590, 1932, 1893, 1677, 1492, etc.), antes habitado por nativos. Toda aquela região, incluindo os arredores é um personagem forte.
E nesse espaço onde 35 mil trabalhadores garantem o funcionamento diário, o filme mostra como protagonista Alê (Larissa Siqueira), funcionária do aeroporto que trabalha carregando as esteiras com as malas despachadas por viajantes. Moradora do lugar antes mesmo do surgimento de Guarulhos, ela foi testemunha da construção do local e os crimes praticados contra os antigos moradores. Desta forma, Alê mantém uma relação de amor e ódio com o local que lhe dá o trabalho, mas lhe retirou as raízes.
Ela também passa o tempo fuçando nas malas não recuperadas, furta pequenos objetos, e até monta uma coleção de fotos roubadas de viajantes e deixa outros nos objetos, como uma pedra da região numa mala. Alê ainda mantém um relacionamento com outra mulher, que a deixa meio sem rumo quando avisa que irá se mudar. O filme dedica um bom tempo a construir a psicologia e os amores desta mulher.
Ao mesmo tempo, ocorrem outras tramas paralelas, o que acaba enfraquecendo a história, que acaba ficando entediante. Nada acontece, os personagens ficam filosofando, enfim, dão espaço ao tédio. A aposta era em contar o drama vivido nesse antigo território indígena, mas a coisa toda ficou dispersa.
Os diretores Dias e Mallon definirão o processo do filme como uma total imersão no território de Guarulhos. “Pesquisa, preparação e filmagem nos levaram a perceber sua realidade como algo essencialmente heterogêneo e múltiplo. Quanto mais orientamos nosso olhar (e câmera) para os espaços e para as rotinas diárias dos trabalhadores do aeroporto, mais essa realidade se tornou rica e surpreendente”, analisaram. “Ao lado do aeroporto encontramos bairros urbanos populosos, mas também comunidades rurais, sítios arqueológicos escondidos, e povos indígenas em processo de retomada”, concluíram.
A aposta era em contar o drama vivido nesse antigo território indígena, mas a coisa toda ficou dispersa.
Cotação: ruim
Duração: 1h47min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=zttvMreqbZA
Foto: Vitrine Filmes
“Tudo o Que Você Podia Ser”, com direção de Ricardo Alves Jr. e roteiro de Germano Melo, foi gravado entre dezembro de 2021 e março de 2022, em Belo Horizonte, e acompanha o último dia da mulher trans Aisha na capital mineira. A despedida acontece ao longo de 24 horas na companhia de suas melhores amigas: Bramma, Igui e Will.
O filme tem o objetivo, por meio das interações cotidianas entre as personagens, oferecer um retrato afetuoso da família formada por esses personagens, que de certa forma, vivem à margem da sociedade. A obra mesclou elementos ficcionais e documentais em seu roteiro, tentando aproximar o público de forma sensível e intimista às histórias de cada personagem.
Em “Tudo o Que Você Podia Ser”, temas como como comunidade LGBTQIAP+, HIV, afeto e sexualidade estão entre os assuntos abordados nas cenas. Alguns diálogos foram improvisados no set, partindo de indicações da direção e do roteirista Germano Melo.
O longa-metragem, de certa forma um documentário, tece um retrato particular da cidade de Belo Horizonte, com cenas gravadas em diferentes bairros e regiões da cidade, como Aglomerado da Serra, Bonfim, Centro, Lagoinha e Santa Tereza, construindo diferentes imagens desse espaço urbano, a partir das experiências vividas pelas quatro amigas.
De acordo com o diretor Ricardo Alves Jr., “Tudo o Que Você Podia Ser” é muito mais do que apenas um filme, é um manifesto sobre o cuidado, a amizade e o pertencimento. O cineasta explora temáticas relacionadas com a sobrevivência à intolerância e afirmação das subjetividades em um ambiente onde a comunidade LGBTQIAP+ ainda enfrenta uma dura realidade.
A música “Tudo O Que Você Podia Ser”, clássico do Clube da Esquina na voz de Milton Nascimento, que dá título ao longa-metragem, foi regravada especialmente para o filme pela cantora Coral, artista baiana radicada em BH, expoente da música popular brasileira na atualidade e uma das vozes da diversidade no Brasil.
Cotação: regular
Duração: 1h13min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=jfC7bqNFHJ4
Disney Pictures
“Divertida Mente” (Inside Out) foi lançado em 2015, dirigido por Pete Docter e contava a história da garotinha Riley, que tinha uma mãe carinhosa e um pai compreensivo carismático e também com as aventuras que a infância lhe proporcionava. Tudo isso era mostrado do ponto de vista do seu cérebro, local onde a Raiva, Alegria, Tristeza, Nojinho e Medo comandavam.
Agora, chega a continuação, “Divertida Mente 2” (Inside Out 2), agora dirigido por Kelsey Mann. E a história traz a protagonista Riley agora com 13 anos, enfrentando os desafios da adolescência. Ela tem duas amigas fiéis e com e uma grande oportunidade de entrar para um time de hóquei, esporte que é sua paixão.
Só que ela também precisa encarar o fato de que suas duas melhores amigas trocarão de escola no Ensino Médio. E junto com isso, seu cérebro recebe quatro novas emoções: Ansiedade, Tédio, Inveja e Vergonha. Também aparece rapidamente, na forma de uma vovó de óculos e bengala, a Nostalgia.
Se no primeiro filme a ideia era mostrar a variedade de sentimentos, agora com os novos sentidos, a coisa vai mais fundo, explorando a questão de que, muitas vezes, ao tentarmos ser aceitos em um novo espaço, mudamos o jeito de ser. E tudo isso para agradar os outros, deixando de lado a nossa essência – aliás, acabamos fazendo isso pelo resto da vida.
Então Ansiedade, Tédio, Inveja e Vergonha começam a interferir no jeito de ser de Riley, principalmente a Ansiedade, sentido usado com maestria no filme – pois ela faz com que a protagonista sofra por antecipação de algo que talvez nunca aconteça, gerando cenários de desastres em sua mente, insistindo que ela não é boa o suficiente naquilo que é a melhor, como jogadora de hóquei.
E quem nunca passou por isto, tendo taquicardia, ficando com insônia e perdendo o apetite? Uma sensação que chega na adolescência e fica para sempre. “Divertida Mente 2” acaba não sendo apenas um retrato de Riley, mas de todos nós.
Cotação: ótimo
Duração: 1h36min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=yAZxx8t9zig
Foto: Globo Filmes
“Aumenta que é Rock'n’Roll” é dirigido por Tomas Portella (Ensaio Sobre a Cegueira, Impuros). O longa-metragem conta o surgimento da primeira rádio de Rock brasileira na década de 1980: a rádio Fluminense FM, também conhecida popularmente como “A Maldita”. A emissora acabou fazendo história e vem conquistando muitos telespectadores desde sua criação em 1982, transmitindo Rock’n’Roll, que até então era ignorado pelas rádios do país.
A obra é baseada no livro autobiográfico “A Onda Maldita”, de Luiz Antonio Mello, personagem de Johnny Massaro (O Pastor e o Guerrilheiro), responsável por criar a rádio, com o apoio do amigo Samuel Wainer Filho (George Sauma).
Jornalistas, Luiz e Samuel decidem correr atrás de seus sonhos, largar empregos em jornais e criar o projeto em Niterói (RJ). O filme mostra esta história de modo alegre e descontraído, com excelente restituição de época. Ocorrem alguns erros de cronografia – um exemplo é Luiz já ter nas mãos o disco “Bark at the Moon”, de Ozzy Osbourne em 1982, sendo que o LP seria lançado apenas no ano seguinte e chegaria no Brasil apenas em 1984.
Mas “Aumenta que é Rock'n’Roll” apresenta uma trilha sonora poderosa”, com hits internacionais, como “I Love Rock’n’Roll”, de Joan Jett and the Blackhearts até os grandes sucessos nacionais do período – a Fluminense FM foi a responsável por lançar Blitz, Paralamas, Barão Vermelho, Legião Urbana, entre outras.
Além de Johnny Massaro e George Sauma, o elenco de “Aumenta Que é Rock'n'Roll” ainda conta com Marina Provenzzano (Santo Maldito), Orã Figueiredo (Plantão Sem Fim), Silvio Guindane (Vai Que Cola), João Vitor Silva (Fim), Bella Camero (Lov3), Saulo Arcoverde (A Cozinha) e Flora Diegues (O Grande Circo Místico), em um de seus últimos papéis antes de falecer em 2019.
Detalhe: no ano seguinte surgiria em Porto Alegre a Ipanema FM, irmã mais nova da Fluminense FM, e que seria a responsável pelo boom do Rock Gaúcho nos anos 1980. E coincidentemente, as duas compartilhavam do mesmo dial, 94,9 FM.
“Aumenta que é Rock'n’Roll” não é uma obra prima, mas afetou minha memória afetiva daquele período, onde criei a minha identidade musical e cultural. É um bom filme, que retrata um momento importante da história do Rock e do nascimento do Rock in Rio.
Cotação: bom
Duração: 1h 52m
Trailer: https://youtu.be/RUh73O-I8Ik?si=jrLtqvicVfFwpuO-
O filme “Fica Comigo” está em processo de pré-produção pela Conceitoh Filmes. O média-metragem será lançado em outubro, em comemoração ao Dia das Crianças, abordando os medos infantis com leveza e naturalidade.
O filme questiona se “todas as crianças sentem medo? Do que elas sentem medo? Esse medo é real?”. Os medos infantis serão abordados de forma leve e natural no projeto cinematográfico.
O projeto se dará em duas fases, sendo a primeira o filme, propriamente dito, e a segunda é a Oficina de Cinema para 100 crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social.
Selecionadas pelo projeto idealizado pelo frei Jaime Bettega, Mão Amiga, em Caxias do Sul, os participantes aprendem desde a criação de um roteiro até filmagem e fazem a produção de dois curta-metragem.
O trabalho também contribui para revelar talentos: a protagonista de “Fica Comigo” será interpretada por Geovana Boppsin, descoberta na edição de 2022 da oficina. O elenco ainda conta com os atores Sidney Commandeur, que atuou na novela “As Aventuras de Poliana”, do SBT, e dará vida ao personagem Jorge, pai da protagonista, e Fátima Guimarães, de Florianópolis, que é atriz e apresentadora de TV, além de nomes de Caxias do Sul, São Marcos, Bom Jesus, Rio Grande e região.
“Fica Comigo” se desenvolve em uma chácara no interior de Caxias do Sul, onde uma família enfrenta momentos delicados e desafiadores. A protagonista, Ticiane, é uma menina de oito anos, atormentada por criaturas que habitam sua imaginação, promovendo o medo em suas mais diversas formas. As aparições ameaçadoras refletem suas angústias, inseguranças e ansiedades, levando-a a uma jornada emocional intensa.
Com direção geral de Luciano Silva e roteiro elaborado por Adri Tolardo, a produção traz personagens complexos, que oferecem ao público uma experiência única e cativante.
“Os espectadores serão convidados a embarcar na trajetória de Ticiane, conectando-se com seus desafios e acompanhando sua luta para superar os obstáculos que a vida lhe apresenta”, explica a roteirista.
O diretor destaca que a experiência de dirigir o média-metragem é única e inspiradora. Ele ressalta a dedicação e a paixão do elenco e da equipe de produção, que se empenham ao máximo para dar vida ao roteiro cativante.
A equipe técnica conta ainda com a preparadora de elenco Jacqueline Aires, do diretor cinematográfico Jorge Bareto, conhecido também como Jorge Van Damme, Renata Fonseca, como Assistente de Direção e Bernardo Tolardo como diretor de arte e fotografia, Cris Miotto como maquiadora artística e Leonardo Vidor na produção, entre outros.
A Conceitoh Filmes tem à frente Adri Tolardo e Luciano Silva. E eles chamam a atenção de empresários para a importância de se integrar aos projetos culturais. “Convidamos que as empresas patrocinem essa produção aprovada pela Lei do Incentivo à Cultura (LIC-PRONAC), que pode abater até 100% no Imposto de Renda. Não deixe de apoiar e, assim, também beneficiar as crianças”.
Vitrine Filmes
Depois de 10 anos de relacionamento com Hugo, João sente necessidade de voltar ao universo dos encontros românticos, usando sites de namoros. Ele é um diretor novato de filmes, mas nota que a realidade não pode ser controlada como um roteiro de filme.
“13 Sentimentos” é dirigido por Daniel Ribeiro, que partiu de uma experiência bastante pessoal para escrever o longa-metragem, que tem como protagonista João, interpretado por Artur Volpi.
A busca por um novo amor leva João, um rapaz que prioriza laços afetivos, a conhecer Vitor (Michel Joelsas), por quem se apaixona à primeira vista. Aos poucos, o cineasta vai tentando controlar o relacionamento entre os dois, como se estivesse escrevendo um filme.
A história foi inspirada no fim do relacionamento de Daniel Ribeiro parte com o também diretor Rafael Gomes, cujo longa “45 Dias Sem Você” (2018) é o retrato ficcional dos sentimentos que vivenciou após o término com o ex-companheiro.
“O roteiro foi escrito bem depois de todo o processo de superação da separação. Eu já tinha processado todos os sentimentos e compreendido quais caminhos eu percorri para estar aberto para uma nova relação”, disse Daniel. “Eu percebo que gosto de escrever sobre minhas experiências com um olhar mais completo de como elas aconteceram”, completou.
As redes sociais também são outra parte importante do roteiro, pois é uma forma de conexão entre as pessoas no mundo contemporâneo. “Não tem como fugir de celulares, mensagens e redes sociais quando se faz um filme sobre relações humanas em 2024. Por outro lado, eu não queria que a gente ficasse vendo tela de celular nem mensagens sendo escritas na imagem”, contou o diretor.
“Dessa forma, tivemos que ser criativos em traduzir para o cinema as interações via celular, a exemplo de como vemos um longo diálogo entre duas pessoas que estão conversando em um aplicativo de relacionamento. A outra solução foi sempre trazer para o diálogo aquilo que os personagens estavam vendo no celular, deixando para o espectador imaginar o que os personagens estão vendo”, destacou.
Filmado em 2023, Ribeiro diz que “era um momento em que pessoas LGBT+ estavam voltando a respirar aliviadas depois de um período sombrio, de tensão e insegurança sobre o futuro. Acho que o filme traz esse sentimento de esperança, de um Brasil em que a diversidade é possível, onde todos podem viver sem medo de ser quem são”, revelou.
“13 Sentimentos” não poupa e traz muitas cenas de sexo gay, sem nenhum pudor. Pode assustar mentes mais conservadores e antiquadas. Então é bom sempre avisar, para ninguém dizer que não foi avisado ao entrar no cinema. Enfim, um filme que retrata a busca do amor, um sentimento tão universal, do ponto de vista de um personagem gay.
E “13 Sentimentos” ao lado de “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”, compõe uma trilogia sobre os sentimentos e relacionamentos, que será encerrada com “Amanda e Caio”, sobre um casal transgênero interpretado por Alice Marcone e Gabriel Lodi.
Trailer: https://youtu.be/_8HvVd5hpbY?si=2yFIe9TbJg017jCV
Pandora Filmes
Não se tem como contar nos dedos filmes sobre o final do mundo. “Melancolia”, “Não Olhe Para Cima”, “O Abrigo”, “Fim dos Tempos” são alguns que lembrei agora. Agora chega às telas "A Ordem do Tempo"(L'ordine del tempo), dirigido pela veterana cineasta italiana Liliana Cavani.
Mas ao contrário dos outros, este longa-metragem europeu não mostra personagens histéricos e cenas de ação. “A Ordem do Tempo” é protagonizado por um grupo de amigos que, todos os anos, se reúne no aniversário de um deles em uma bela casa do litoral italiano.
Desta vez a reunião celebra o aniversário de Elsa (Claudia Gerini), que comemora seus 50 anos. Porém, o físico Enrico (Edoardo Leo) não traz boas notícias, o que pesa no clima da festa. Um asteroide, chamado Anaconda, ruma desgovernado em direção à Terra, e pode ter para a humanidade o mesmo efeito exterminador que, no passado, um meteoro teve com os dinossauros. Ou seja, a extinção.
O filme parte do best-seller homônimo escrito por Carlo Rovelli, físico teórico e especialista no estudo da gravidade quântica, que apresenta uma nova interpretação dos mistérios do tempo.
Cavani conta que quando leu o livro de Rovelli sentiu a necessidade de transformar a obra de física num longa de ficção. “Quando fico tão absorta na leitura de algo, e sinto as emoções surgirem, quero transmiti-las ao meu público e geralmente decido fazer um filme sobre isso. Mergulhei profundamente em palavras emocionantes como: ‘Toda a nossa física, e a ciência em geral, trata de como as coisas se desenvolvem conforme a ordem do tempo’”, contou a cineasta de 91 anos.
Escrito com o tom poético, filosófico e acessível, já conhecido do seu autor, o livro “A Ordem do Tempo” foi transformado em uma potente obra audiovisual através do olhar experiente de uma cineasta que quis compartilhar com o seu público a beleza das emoções que a leitura lhe proporcionou.
Trailer: https://youtu.be/it35WoNgMlQ