quarta-feira, fevereiro 26, 2020

“Meu Nome é Sara” (My Name is Sara)


A II Guerra Mundial é uma fonte inesgotável de histórias, principalmente o Holocausto judeu praticado pelos nazistas. Em “Meu Nome é Sara” (My Name is Sara), direção de Steven Oritt, a produção norte-americana, mas podendo se passar tranquilamente por um filme europeu, é mostrada a trajetória da jovem Sara Góralnik Shapiro (1930-2018), nascida na Polônia, e que durante o conflito foi obrigada a esconder suas origens para escapar da morte.

Entre 1942 e 1945, Sara, vivida por Zuzanna Surowy, se abrigou em uma fazenda ucraniana, trabalhando como babá, e sendo obrigada a se passar por católica. Os seus empregadores, os fazendeiros Pavlo (Eryk Lubos) e Nadia (Michalina Olszanska), passavam o tempo tentando surpreendendo-a, como por exemplo, pedindo que ela terminasse uma oração ou fizesse o sinal da cruz, e até a obrigando a comer carne de porco.

A personagem sabia que não podia vacilar, sob risco de morte. E até mesmo provocar a morte de seus empregadores – aqueles que socorriam judeus eram sumariamente executados. E por mais que os fazendeiros tivessem traços anti-semitas, o que era comum na população católica, a estavam ajudando.

O filme tem tensão – os nazistas pouco aparecem. Numa cena forte, Sara e seu empregador passam de carroça no meio de uma floresta, poucos segundos antes de um grupo de judeus estarem se despidos e serem fuzilados pela SS. Mas a ação transcorre mais na fazenda, onde a cada momento, o disfarce de Sara pode ser descoberto. Os olhares de temor da protagonista são perfeitos. E mais uma obra sobre o Holocausto nunca é demais. A história, afinal, não pode ser esquecida para não ser repetida.

Cotação: ótimo
Duração: 1h51
Chico Izidro

“O Chamado da Floresta” (Call of the Wild)


Com direção de Chris Sanders, “O Chamado da Floresta” (Call of the Wild) é baseado no romance clássico de Jack London, publicado em 1903, e falando da amizade de um homem e um cão durante a Corrida do Ouro no Alasca nos anos 1890. A trama mostra a trajetória do desajeitado cão Buck, que era o animal de estimação de um juiz em Nova Iorque. Bagunceiro e descumpridor das regras, o cão acaba sendo roubado por homens que acredita,, que seu tamanho pode ser importante e levado para o norte, o Alasca.

Esperto, ele foge e acaba sendo adotado pelos carteiros Perrault (Omar Sy) e Françoise (Cara Gee), que fazem a entrega de correspondência para os sofridos mineiros. Neste ponto, Buck notará que terá de começar a assumir atitudes, ao ser confrontado pelo cão líder da matilha. É o primeiro sinal de seu crescimento. Quando a rota de mensagens é extinta, Buck passa as mãos do solitário John Thorton (Harrison Ford), uma pessoa amargurada pela perda de um filho, tragédia que teve como consequência a separação de sua esposa.

Ambos isolados numa distante e afastada floresta no Alasca, criam fortes laços, até que surge o tal chamado da floresta para Buck. Que vai encontrar o significado para a sua vida. “O Chamado da Floresta” fala de amizade, solidão, solidariedade, mas também de ganância – afinal, se vive na época da busca pelo ouro, o tal vil metal. A obra é muito bonita de se ver, um visual enternecedor.

E os animais são todos virtuais, num trabalho primoroso, mesmo que por algumas vezes o cão protagonista tenha tamanhos variados, num erro muito perceptível, mas que não atrapalha a história. Mesmo para aqueles que detestem filmes de cachorrinhos, e este não é um filme sobre cachorrinhos.

Cotação: bom
Duração: 1h40
Chico Izidro

“Maria e João – O Conto das Bruxas” (Gretel and Hansel)


Os Irmãos Grimm escreveram vários contos, registrando tradições orais germânicas. E em sua essência, todas tinham finais trágicos. O cinema e as releituras amenizaram as histórias, como por exemplo “Rapunzel” e “Chapeuzinho Vermelho”, que foram mostradas às crianças e pessoas sensíveis em versões amenas, e mais palatáveis. Agora chega ao cinema “Maria e João – O Conto das Bruxas” (Gretel and Hansel), direção de Osgood Perkins, que mostra a fábula de forma mais fiel do que as versões infantilizadas.

O roteiro é bem sombrio, obra de terror mesmo, apresentando momentos grotescos mesmos. Maria (Sophia Lillis) e João (Samuel Leakey) são dois irmãos expulsos de casa pela mãe por causa da miséria em que viviam. No início do filme, a menina havia recusado
trabalho na casa de um homem rico – e a trama foca aí na pedofilia.

Depois de expulsos de casa, partem em busca de abrigo e comida pela floresta, e acabam parando na casa da bruxa, interpretada com perfeição por Alice Krige. Em sua casa, existe uma farta mesa coberta de comida. Então o tema passa a ser canibalismo.

Tudo é implícito, mas assustador, com imagens sombrias e fortes, por vezes confuso em seu desenvolvimento. O filme é esteticamente bem feito e conta com interpretações inspiradas. Enfim, “Maria e João – O Conto das Bruxas” é uma boa adaptação daquilo que os irmãos Grimm trouxeram à tona há mais de 300 anos.

Cotação: bom
Duração:
Chico Izidro

“Luta Por Justiça” (Just Mercy)


Assim como a II Guerra Mundial, o tema racismo é uma fonte inesgotável na indústria cinematográfica. São tantas as histórias, acontecimentos, mas nunca cansativo e sempre educativo. Em “Luta Por Justiça” (Just Mercy), dirigido por Destin Daniel Cretton, e baseado em livro do advogado Bryan Stevenson, que viveu os fatos relatados aqui e que colocaram um homem, negro e inocente, no corredor da morte no final dos anos 1980.

Na trama, Bryan Stevenson (Michael B. Jordan) é um advogado recém-formado em Harvard que abre mão de uma carreira lucrativa em escritórios no nordeste dos Estados Unidos. Ele se muda para o Alabama, no racista sul norte-americano, para se dedicar a defender prisioneiros condenados à morte e que jamais receberam assistência legal justa.

E é quando se depara com o caso de Walter McMillian, apelidado por seus amigos de Johnny D. (Jamie Foxx), um negro falsamente acusado de ter matado uma jovem branca. O advogado começa a estudar o processo e vai se deparando com vários erros jurídicos. O condenado encontrava à quilômetros de distância de onde ocorreu o crime, em uma festa familiar, a testemunha era um homem que nem conhecia Johnny D., o advogado de defesa nem deixou o réu depor, e o julgamento durou pouco mais de uma hora.

O advogado é auxiliado pela jovem branca Eva Ansley, interpretada por Brie Larson, e que passa a sofrer o desprezo de seus vizinhos e até mesmo sofrer ameaças de morte por ajudar um negro.

Larson é carismática, e utiliza um sotaque sulista carregado para destacar a sua personagem, que existe na vida real. Michael B. Jordan, por sua vez, parece um pouco engessado, mas se sai bem, principalmente em uma cena onde vai visitar seus clientes no presídio e é humilhado por um guarda, que o faz se despir para sofrer uma revista – o ato é ilegal, mas feito pelo policial para
tentar mostrar que quem manda naquela prisão é o homem branco.

E Jamie Foxx, pois Jamie Foxx é Jamie Foxx, sensacional. E claro, o espectador certamente não tem como não cair no choro em determinadas cenas – ainda mais quando se descobre a veracidade dos fatos e a perseguição racial muito forte num dos estados que foi um dos lares da Ku Klux Klan.

Ah, o filme é ambientado na cidade de Monroeville, no estado sulista do Alabama. Ali os moradores locais falam com orgulho do Museu Mockingbird. O local é a terra natal de Harper Lee, autora de “To Kill a Mockingbird” (“O Sol É Para Todos”, em português), que se tornou um filme com o mesmo nome, onde é mostrada a história de um advogado que busca dar um julgamento justo a um negro acusado de ter cometido um crime nos anos 1930.

Cotação: ótimo
Duração:
Chico Izidro

”Frankie”


O que dizer de Isabelle Hupert? Mais uma vez a atriz francesa entrega uma atuação magnífica, corporal no intimista “Frankie”, direção de Ira Sachs. Isabelle vive Frankie, uma atriz de cinema famosa, que decide reunir vários parentes na pequena e linda Sintra, em Portugal.

Seus familiares acreditam que estão ali para passar umas férias ao lado da matriarca, mas ela guarda um segredo. A intenção de Frankie de reunir marido, vivido por Brendan Gleeson, a filha, o filho, a neta e a amiga interpretada por Marisa Tomei, é acertar a vida de todos.

E todos eles vivem problemas, sejam financeiros, ou de relacionamento. A verdade é que ela está morrendo, e todos em volta sabem da sua doença terminal. Mas ninguém quer falar sobre o assunto. E Frankie deseja que o filho encontre um amor verdadeiro, entre outras soluções. Mas o filme, apesar de tocar no assunto despedida, não é pesado.

Trazendo momentos divertidos, como a cena em que Frankie passeia por uma floresta e acaba parando numa festa de aniversário duma octagenária. E todos na festa são seus fãs e fazem questão de demonstrar isso, mesmo que Frankie não se sinta confortável com tanta paparicação. E o visual é algo que encanta.

Cotação: ótimo
Duração: 1h40
Chico Izidro

“Quem Ama, Me Segue!” (Qui m'Aime Me Suive!)


Com direção do francês José Alcala, “Quem Ama, Me Segue!” (Qui m'Aime Me Suive!), é uma divertida comédia de um triângulo amoroso da terceira idade. No longa, temos a história do casal Simone (Catherine Frot), que está casada há 35 anos com o rabugento Gilbert (Daniel Auteil). Os dois estão afundados numa rotina chata, e ele conseguiu afastar todos próximos com seu jeito rude, inclusive a filha.

Simone acaba encontrando conforto e felicidade nos braços de Etienne (Bernard Le Coq), vizinho e melhor amigo de Gilbert. Os dois mantém um relacionamento às escondidas do marido chato.

Só que um dia Etienne vende a casa e decide mudar de cidade. O que faz Simone? Ora, larga tudo e vai atrás do amante.
Enquanto isso, Gilbert recebe o neto Térence, pré-adolescente que o detesta e interpretado por Solam Dejean-Lacréole. Às voltas com a rebeldia do garoto, Gilbert percebe o quanto ama Simone e parte para reconquistá-la. E se quiser sucesso em sua empreitada, terá de repensar muito as suas atitudes.

O trio de protagonistas está excelente, com destaque para Frost. E é legal ver que pessoas chegando à terceira idade ainda tem muito gás para gastar, deixando bem claro que todos merecem ser felizes.

Cotação: ótimo
Duração: 1h30
Chico Izidro

quinta-feira, fevereiro 13, 2020

"Sonic - O Filme" (Sonic)



Já escrevi outras vezes não ter a mínima familiaridade com vídeo-games, nunca joguei e sou completamente neófito em relação aos personagens. Assim, lá me fui para assistir "Sonic - O Filme" (Sonic), direção de Jeff Fowler, e que tem como protagonista um ouriço azul com supervelocidade. O filme mistura animação com atores reais, e me surpreendeu positivamente.

Na trama, o ouriço Sonic tem de deixar o seu mundo para fugir de uma ameaça, e vai parar na pequena cidade americana de Green Hill, em Montana. Lá, permanece incógnito, vivendo em uma caverna e acompanhando a vida de seus moradores, enquanto lida com a solidão.

Ele observa principalmente o policial Tom Wachowski (James Marsden), que apelida de Lord Donut. Apenas um velhinho fazendeiro já o viu e o apelidou de Demônio Azul, mas vira motivo de chacota dos demais moradores.

O anonimato de Sonic termina quando ele utiliza seus poderes de forma equivocada e provoca um blecaute, chamando a atenção do governo dos Estados Unidos. Que chamam o Dr. Ivo Robotnik (Jim Carrey) para tentar capturar a estranha criatura para dissecá-la. O jeito é Sonic se revelar e pedir a ajuda de Tom. Assim, os dois saem de Green Hill numa road trip para tentar chegar a São Francisco.

O longa se transforma numa caçada, com direito a briga em um bar de motoqueiros, até mesmo menção a terrorismo interno. Tudo recheado de muitas piadas e a verborragia de Sonic, que não para de falar e de se mexer um minuto sequer.

E Jim Carrey parece ter ficado totalmente liberado para atuar. Cheio de trejeitos, seu visual remete diretamente ao Dick Vigarista, da Corrida Maluca. "Sonic - O Filme" é uma obra inspirada, divertida, que vai agradar as pessoas de todas as idades, mesmo aqueles que nem sabe o que é um video-game, como eu.

Cotação: ótimo
Duração: 1h40
Chico Izidro

"Dark Waters – O Preço da Verdade" (Dark Waters)


"Dark Waters – Verdade Envenenada" (Dark Waters), direção de Todd Haynes, é baseado num artigo de Nathaniel Rich publicado em 2016 no The New York Times Magazine intitulado “The Lawyer Who Became DuPont’s Worst Nightmare”. Ele trata uma longa batalha do advogado Robert Bilott, vivido no filme por Mark Ruffalo, para expor os crimes ambientais de uma das maiores empresas químicas do mundo, a DuPont. O longa transcorre por quase 40 anos da vida americana.

O advogado Robert Bilott recebe das mãos de um fazendeiro, Wilbur Tennant (Bill Camp) provas de ligações entre as mortes de vários animais nas redondezas de sua fazenda e da fábrica de uma das gigantes químicas mundiais, a DuPont, na sua terra natal, em Parkersburg, na Virgínia Ocidental. O problema é que ele é um profissional que tem como trabalho defender grandes empresas do setor químico.

Mas aos poucos, ele vai estudando o caso e encontrando evidências que a empresa tem poluído as águas locais - causando a morte de animais, câncer nos moradores e em outros casos, má formação em bebês - uma das crianças reais até participa, já adulta, de uma cena em um posto de gasolina.

Billot começa então a rever seus conceitos, até ganhando o apoio do dono de sua empresa advocatícia, Tom Terp (Tim Robbins), que no início se mostrava cauteloso, com medo de perder a milionária clientela.

A trama percorre, então, 15 anos da vida do advogado, que vê o seu casamento com Sarah (Anne Hathaway) sofrer um forte abalo, devido a sua fixação em tentar resolver o caso. E até mesmo a sua saúde é afetada.

Mark Ruffalo está magnífico e assume as rédeas deste filme realista, minucioso - que apesar de ser uma obra do meio jurídico, não tem nada de lentidão. Pesado e tenso, com grandes atuações, expões os crimes de uma das maiores empresas químicas do mundo para o resto do mundo. Chocante.

Cotação: ótimo
Duração: 2h07
Chico Izidro

"O Grito" (The Grudge)



"O Grito" (The Grudge), direção de Nicolas Pesce, é um remake do filme japonês der 2002, dirigido por Takashi Shimizu. E vamos combinar, não precisava. Simplesmente esta versão norte-americana destruiu a obra original. E olha que o elenco é incrível bom, com Andrea Riseborough, Demián Bichir, William Sadler, John Cho, Jacki Weaver e Lin Shaye.

A trama é simples: mãe e filho assombram e matam qualquer pessoa que entre na residência onde um crime aconteceu. O diretor Nicolas Pesce, então, decidiu entrelaçar a trama principal com secundárias, em diferentes épocas, porém, ligadas pela maldição. E incrivelmente o veterano Sam Raimi está na produção!!!

Aqui, uma mãe volta do Japão para os Estados Unidos. E em Tóquio ela esteve na casa amaldiçoada, carregando os espíritos juntos para a América do Norte. Possuída, ela mata o marido e a filha pequena em sua própria casa e depois se suicida. Que afinal, passou a ser amaldiçoada. Dois detetives tentam então entender os motivos dos assassinatos. Até se darem conta que a casa é amaldiçoada e eles passam a ser perseguidos pelos fantasmas.

Porém são vários problemas no filme, com idas e vindas no tempo, com alguns personagens não tendo o mínimo sentido de estarem ali. Um grande desperdício. Já na lista de um dos piores do ano. E estamos apenas em fevereiro.

Cotação: ruim
Duração: 1h34
Chico Izidro

domingo, fevereiro 09, 2020

"Jojo Rabbit"


"Jojo Rabbit", filme do neozelandês Taika Waititi é baseado no romance Caging Skies (O céu Enjaulado, lançado recentemente no Brasil), de Christine Leunens, e traz uma história de humor negro excepcional, fazendo troça do II Reich.

Jojo Betzler (Roman Griffin Davis, excepcional) é um garoto de 11 anos que vive com a mãe Rosie (Scarlett Johansson) na Alemanha Nazista. Ele está na Juventude Hitlerista e acredita piamente nas baboseiras raciais criadas por Hitler. Porém, depois de fracassar na tentativa de matar um coelho durante um treinamento, ganha o apelido de Rabbit (coelho) e passa a sofrer bulying.

Solitário, tem como único amigo o gordinho Yorke (Archie Yates). E acaba criando um amigo imaginário, o próprio Adolf Hitler (Taika Waititi), que passa a dar conselhos ao menino.

Só que as crenças de Jojo acabam sendo abaladas quando ele acaba descobrindo que uma menina judia, Elsa (Thomasin Mckenzie), que está escondida dentro das paredes de sua casa. A jovem começa a mostrar uma nova realidade ao garoto nazista, que acreditava, por exemplo, que os judeus possuiam chifres.

Waititi faz uma obra forte, e critica fortemente o nazismo e seus horrores -muita gente compara o tipo de humor do filme com a bobagem "A Vida é Bela", que trazia uma trama fake, mas tão fake, que conseguia apagar a realidade cruel dos campos de concentração nazistas. "Jojo Rabbit" tem uma toada completamente distinta.

Cotação: ótimo
Duração: 1h44
Chico Izidro

"Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa" (Birds of Prey: And the Fantabulous Emancipation of One Harley Quinn



As mulheres têm ganhado cada vez mais força no cinema. E "Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa" (Birds of Prey: And the Fantabulous Emancipation of One Harley Quinn), da diretora Cathy Yan, é mais uma obra a trilhar este caminho feminista. E apesar de contar a formação de um grupo de vigilantes mulheres em Gotham, tem como foco principal a doidinha Arlequina (Margot Robbie).

A trama ocorre logo após o rompimento do namoro da ex-psiquiatra do Asilo Arkham com o Coringa. Arlequina, que tinha imunidade por causa de seu relacionamento com o vilão, passa a ser perseguida por policiais e todos os bandidos a quem ela sacaneou no passado.

E ela acaba dando de cara com a pequena punguista assandra Cain (Ella Jay Basco), que roubou um diamante do vilão Máscara Negra (Ewan McGregor). Dividida, Arlequinha não sabe se entrega a garota ou a ajuda a escapar. E elas acabam recebendo a ajuda da Caçadora (Mary Elizabeth Winstead), que tem habilidades de assassina e pretende vingar a morte dos pais, a policial Renee Montoya (Rosie Perez), que não é levada a sério pelos seus colegas homens, e Canário Negro (Jurnee Smollett-Bell), com uma voz poderosa, capaz de destruir tudo a sua volta com o seu canto.

E elas entregam um filme muito bom, com ótimas cenas de luta, sem aquelas câmeras nervosas, que deixam o espectador sem saber o que ocorre na tela. Até mesmo as intervenções de Arlequina voltando no tempo e explicando as partes da trama são bem colocadas. E tem humor. Margot Robbie rouba o filme, e protagonizando duas cenas inesquecíveis. Numa, ela invade a delegacia, atirando nos policiais balas de glitter e noutra, ela acaba aspirando cocaína sem querer, ficando doidona e surrando um inimigo.

Cotação: ótimo
Duração: 1h49
Chico Izidro

"Judy - Muito Além do Arco-Íris" (Judy)


A atriz e musa Judy Garland tornou-se famosa ainda adolescente, quando estrelou o clássico "O Mágico de Oz" em 1939. Porém como costuma acontecer com estrelas-mirins, ao chegar à vida adulta, a fama cobrou-lhe um preço, e muito alto. É isto que foca o filme "Judy - Muito Além do Arco-Íris" (Judy), dirigido por Rupert Goold.

E a mãe de Liz Minelli e musa dos gays é interpretada com vigor por Renée Zellweger já na fase decadente e adulta. Depois de anos de abusos e explorações dos produtores de Hollywood, Judy encontrava-se sem uma casa para morar e vivendo de apresentações fugazes e ainda correndo o risco de perder a guarda de seus filhos mais novos.

E nesta maré de azar é que ela aceita viajar para a Inglaterra para fazer uma tour de espetáculos musicais no Swinging London e se apresentar no The Talk of the Town, em 1968. O filme mostra este período cruel da vida de Judy, mas também traz flash-backs apresentando uma ainda adolescente Judy começando na indústria do cinema, e tendo de seguir as orientações dos produtores.

Toda esta exploração acabou afetando profundamente a vida da atriz, que acabou morrendo jovem, apenas com 47 anos, em 1969. Renée Zellweger traz uma apresentação excepcional, transmitindo todo o cansaço, a solidão, a tristeza que Judy carregava em seu último ano de vida. Hollywood sempre foi uma vampira de seus atores.

Cotação: ótimo
Duração: 1h59
Chico Izidro

"Bad Boys Para Sempre" (Bad Boys For Life)


A franquia Bad Boys completa 25 anos em 2020 com o lançamento de "Bad Boys Para Sempre" (Bad Boys For Life), dirigido pela dupla Adil El Arbi e Bilall Fallah, mostra a dupla de policiais Marcus Burnett (Martin Lawrence) e Mike Lowrey (Will Smith) vivendo os problemas dos cinquentões, ou seja, viraram tiozões.

Na trama, Marcus Burnett vira avô e decide se aposentar, enquanto seu parceiro não gosta da ideia, mas mal sabendo que um fantasma do passado virá ao seu encalço. Há cerca de 25 anos, ele, com outros homens da lei, mandou um traficante mexicano para a cadeia.

Agora, a viúva do vilão, Isabel Aretas (Kate del Castillo), foge da prisão, e planeja o assassinato de todos aqueles que provocaram a prisão e depois consequente morte do marido. E o assassino é o filho dela, Armando (Jacob Scipio), que sai matando todo mundo, e em um atentado, deixa Lowrey à beira da morte.

Claro que Lowrey sobrevive e decide ir atrás de quem tentou matá-lo. Mas como já está defasado, ele recebe a ajuda de uma equipe de jovens policiais formada pela tenente Rita (Paola Núñez), a policial especialista em invasões Kelly (Vanessa Hudgens), o nerd musculoso Dorn (Alexander Ludwig) e o hacker/atirador de elite Rafe (Charles Melton). Ao mesmo tempo, Burnett está em casa, enlouquecendo a família e acaba sendo convencido a voltar à ativa.

Então o filme se torna aquele típico filme de policiais divergentes, que têm de se acostumar a trabalhar juntos. As cenas de ação são boas, e a química entre os protagonistas Smith e Lawrence permanece intacta, mesmo que agora o segundo vive quase um coadjuvante, dando mais espaço para o colega mais famoso.
Aliás, sem querer dar spoiler, em determinado momento a história fica muito semelhante ao penúltimo filme de Smith, "Projeto Gemini" - tal pai, tal filho...E o final deixa claro que a franquia seguirá. Inclusive o quarto filme já foi confirmado.

Cotação: bom
Duração: 2h04
Chico Izidro

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...