sexta-feira, dezembro 13, 2024

“QUEER”

Foto: Paris Filmes
“QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985 de William S. Burroughs (o livro foi escrito em 1952 e publicado apenas três décadas depois). O filme traz uma atuação ousada de Daniel Craig, agora aposentado da função do agente 007 James Bond. Ele mesmo disse que nunca poderia ter atuado neste filme quando atuava na cinessérie de espionagem.
A trama mostra o exilado William Lee, vivido por Craig, alter ego de Burroughs, e que vive numa empoeirada Cidade do México nos anos 1940. Homossexual, vive de bar em bar bebendo e procurando parceiros sexuais, até que acaba se deparando com o jovem usuário de drogas Eugene Allerton (Drew Starkey), um militar aposentado da Marinha dos Estados Unidos).
Os dois, aliás, protagonizam uma das cenas mais fortes e eróticas dos últimos tempos, que é para poucos. Em determinado momento, após praticar sexo oral em Allerton, William Lee beija o parceiro, devolvendo um pouco do sêmen para a boca do jovem – em ato conhecido como “snowballing”.
Em determinado momento, em abstinência de drogas, William Lee e Eugene Allerton saem para uma viagem em busca de ayahuasca. Esta é a parte mais cansativa de “Queer”, tirando o ritmo da narrativa, mas não tira o brilho da obra.
“Queer” é ousado, intenso e marcante, até mesmo por causa da atuação de Daniel Craig, que expressa de várias formas a solidão, a paixão e o desespero de uma pessoa jogada no mundo.
Por fim, a trilha sonora de “Queer” conta com Caetano Veloso, que é um dos intérpretes de “Vaster Than Empires”, ao lado de Trent Reznor, canção foi feita exclusivamente para o filme.
Cotação: bom
Duração: 135 min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=KJ0bfJPrnKg

quinta-feira, dezembro 05, 2024

“O SENHOR DOS ANÉIS: A GUERRA DOS ROHIRRIM” (The Lord Of The Rings: The War Of the Rohirrim)

Foto: Warner Bros.
“O SENHOR DOS ANÉIS: A GUERRA DOS ROHIRRIM” (The Lord Of The Rings: The War Of the Rohirrim), animação japonesa dirigida por Kenji Kamiyama, explora o universo criado pelo escritor britânico J.R.R. Tolkien (1892-1973). A história foi inspirada dos apêndices escritos por Tolkien para "O Senhor dos Anéis", onde ele registra milhares de anos de dinastias e conflitos de seu mundo imaginado, no continente da Terra-Média.
A trama do anime narra a história do rei Helm Mão-de-Martelo, que governa Rohirrim. O nome, numa das línguas criadas por Tolkien, significa "Povo dos Senhores de Cavalos", por causa da cultura equestre desse povo. Sua filha, Héra, tem o espírito livre e não deseja ser esposa de ninguém.
Porém, um de seus nobres, Freca, deseja que ela despose seu filho Wulf. No entanto, o pedido é recusado e Freca ofende Héra, fazendo com que Helm e seu nobre se desentendam e partam para uma briga. Obeso e fora de forma, Freca leva um soco e acaba morrendo na frente do filho.
Freca é descendente de um grupo étnico que tinha perdido parte de suas terras com a ascensão política dos Rohirrim na região. E sua morte provoca uma fúria mortal em Wulf, que jura vingança – destruir Rohirrim.
A jovem Hera é quem irá liderar a resistência contra os ataques de Wulf, numa história repleta de vinganças, reviravoltas e muitas batalhas. Tudo acontece 183 anos antes das aventuras de Frodo e dos eventos da trilogia original dos filmes “O Senhor dos Anéis”.
A animação é muito bem feita, com aqueles personagens de olhos grandes comuns aos desenhos japoneses. As mais de duas horas podem, num primeiro momento, assustar, mas a trama se sustenta. Apesar de o motivo de vingança ser o mais idiota possível – coisa comum nos filmes de vingança: um personagem provoca a sua morte por estupidez, mas um familiar assiste e jura matar a pessoa e todos os familiares próximos de quem matou. Mas esquece que quem começou tudo foi o que acabou morrendo. Mas não ocorresse isso, não haveria história, né?
Cotação: bom
Duração: 2h14min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=szTQq_nAcEs

“OS SONHOS DE PEPE” (Los Sueños de Pepe - Movimiento 2052)

Foto: Pandora Filmes
COM DIREÇÃO DE PABLO TROBO, “OS SONHOS DE PEPE” (Los Sueños de Pepe - Movimiento 2052) é um documentário sobre as viagens do ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, entre 2010 e 2015. Após deixar a presidência, foi senador de março de 2015 até agosto de 2018. Atualmente com 89 anos, o ex-dirigente vive em sua pequena fazenda, nos arredores de Montevidéu, e recentemente foi curado de um câncer de esôfago.
Voltando ao documentário, o diretor Trobo segue Mujica por viagens aos EUA, Japão, Brasil, Reino Unido e Alemanha. Na jornada, podemos escutar suas principais ideias, ou, seus sonhos para o mundo. Temas como o consumismo desenfreado, aquecimento global, o verdadeiro propósito da vida e até as capacidades e limites de um presidente discutidos de forma leve - em certo ponto do documentário, Mujica até se questiona o por que de as pessoas darem tratamento monárquico que damos aos líderes políticos.
Mujica é uma grande referência política mundial, um homem que nunca mudou seu pensamento de esquerda, humanista. Durante sua presidência, ele doava 90% de seu salário para entidades assistenciais. O ex-dirigente, em sua época de guerrilheiro Tupamaros, passou 12 anos, entre 1973 e 1985, como prisioneiro político, frequentemente torturado junto com outros prisioneiros políticos. Isto pode ser visto no filme “A Noite de 12 Anos”, disponível no Netflix.
Bem, “Os Sonhos de Pepe” é uma obra que presta bela homenagem a um dos maiores e melhores chefes de Estado de todos os tempos. E isto fica evidente nas cenas ao redor do mundo, onde as pessoas ficam encantadas e admiradas, e param para escutá-lo.
Cotação: ótimo
Duração: 1h26min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=2UhBfnWkZbQ

quinta-feira, novembro 28, 2024

“MOANA 2”

Foto: Walt Disney Studios
SEQUÊNCIA DO FILME DE 2016, “MOANA 2”, com direção de David G. Derrick Jr., Jason Hand e Dana Ledoux Miller, a animação musical segue a adolescente polinésia Moana em uma nova aventura pelos mares da Oceania.
Desta vez, a garota recebe um chamado de seus ancestrais – a menina andou tomando alguns alucinógenos, só pode – para voltar às águas em uma missão. Moana junta um grupo de conterrâneos dos mais variados, desde uma garotinha até um idoso, para quebrar uma maldição imposta por um deus e restaurar a prosperidade de uma ilha da região. Se conseguir, o seu vilarejo não precisará mais viver isolado do restante da civilização.
Ela combate em seu trajeto monstros marítimos, feitiçarias e águas revoltas, mas recebendo a ajuda do semideus Maui (no original dublado pelo astro Dwayne Johnson).
No entanto, apesar da excelente animação apresentada, a história não traz nada de novo, seguindo praticamente a mesma estrutura do longa de 2016, gerando uma história previsível e que acaba cansando.
Já as músicas também se mostram fracas – às vezes um musical funciona, outras vezes não, pois não é muito natural, convenhamos, as pessoas do nada estarem conversando e, do nada, saírem cantando, como se fossem felizes o tempo todo. E se você mora numa ilha isolada do resto do mundo, um musical não convence. E ainda ocorre a ausência das composições do compositor do filme original, Lin-Manuel Miranda, que não participou da produção, e isso se reflete na qualidade das múcisas.
Mas “Moana 2” acerta ao destacar mais os outros personagens da tripulação, descentralizando as ações da jovem heroína.
Ah, e existe uma cena pós-crédito, que prepara para uma possível sequência.
Cotação: regular
Duração: 1h40min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=Qh6QgAyY_dU

quarta-feira, novembro 27, 2024

CACHOEIRINHA TERÁ SESSÃO DE LANÇAMENTO DO DOCUMENTÁRIO “PRAZER, MATO DO JÚLIO” NESSA SEXTA-FEIRA

Foto: Xeramoin Alexandre
O DOCUMENTÁRIO “PRAZER, MATO DO JÚLIO”, COM direção e roteiro de Romir Rodrigues e codireção e produção de Ulisses Da Motta terá sessão de lançamento nessa próxima sexta-feira, dia 29 de novembro, no Instituto Cultural e Social Ágora, na Rua Anita Garibaldi, 185, Vila Marcia, em Cachoeirinha, a partir das 19h30min. A projeção acontecerá ao ar livre e estará coletando donativos para a retomada guarani Tekoá Karanda’ty.
O filme tem o objetivo de compreender a área popularmente conhecida como Mato do Júlio como um espaço no qual se entrelaçam diferentes memórias. Articulando sequências ficcionais com relatos obtidos por meio de entrevistas, o documentário busca debater as conexões entre espaço e memória.
O eixo central é caracterizar o Mato do Júlio como espaço de memória coletiva da cidade e parte constituinte do processo de formação da identidade cultural do município de Cachoeirinha, aqui no Rio Grande do Sul.
As entrevistas foram realizadas em diferentes locações, em especial no interior da própria área do Mato do Júlio e no Instituto Cultural e Social Ágora, e são a base do documentário. A partir desses relatos são apresentadas as inter-relações entre as histórias do Mato do Júlio e de Cachoeirinha, resgatando a importância histórica, cultural e ambiental da área.
O trabalho destaca ainda o registro das memórias ancestrais dos povos originários e do povo negro que emergem a partir do processo de retomada dos Mbya Guarani que, desde 2021, se estabeleceram na área e estão impregnadas na edificação que resiste ao tempo.
Foto: Still
A proposição do Projeto e sua direção foi conduzida por Romir de Oliveira Rodrigues, morador de Cachoeirinha há quase 30 anos, tendo sido professor em várias escolas do município e que atualmente leciona no IFRS-Canoas.
Nos últimos 15 anos, ele vem desenvolvendo atividades no setor do audiovisual, especialmente na escrita de roteiros, com destaque para o longa-metragem “Além de Nós”, lançado em 2023, dirigido por Rogério Rodrigues e que tem Thiago Lacerda no elenco, e para a realização de oficinas e projetos que relacionam educação e cinema.
Para a realização deste projeto foi constituída uma equipe com efetiva experiência na cadeia produtiva do audiovisual, com destaque para o produtor e codiretor Ulisses Da Motta, que já dirigiu e produziu oito curtas-metragens de ficção. Os profissionais da cidade também foram valorizados, sendo trilha sonora original composta pelo conhecido músico cachoeirinhense Luís Inácio Oliveira, o Lula, e gravada em seu estúdio Soluções Sonoras; a também cachoeirinhense Nicole Vaz foi assistente de câmera e logger.
Alini Mariot, doutora em educação e especialista em interpretação/tradução e Docência em Libras, foi responsável pela condução da produção de uma versão acessível do documentário. O objetivo dela é buscar ampliar o acesso do filme e promover a inclusão de públicos muitas vezes esquecidos.
Foto: Soares Rodrigues
Ficha técnica:
Direção, Roteiro e Produção: Romir de Oliveira Rodrigues
Codireção e Produção: Ulisses Da Motta
Montagem e Efeitos Especiais: Vitório Beretta
Direção de fotografia e Câmera: Tiemy Saito
Direção de Arte, Produção de Arte e Figurino: Gianna Soccol
Trilha Sonora Original: Luiz Inácio Oliveira
Edição e Mixagem de Som: Roberto Coutinho
Técnica de Som Direto: Ray Fisch
Assistente de Câmera e Logger: Nicole Vaz
Entrevistados: Carmen Lucia Soares Rodrigues, Guilherme Dias, Leonardo Costa, Nelson Postay, Isabel Mombach e Xeramoin Alexandre
Elenco: Maicon Palermo Leites, Sabrina Barcelos Corrêa e Miguel Corrêa Leites
Trailer: https://youtu.be/0Uz_EcwB8SA

quinta-feira, novembro 21, 2024

“WICKED”

Foto: Universal Filmes
“WICKED”, DIRIGIDO POR JON CHU, é o longa-metragem baseado no musical homônimo da Broadway, sendo o prelúdio do “Mágico de Oz”, e apresentando a origem da Bruxa Má Elphaba (Cynthia Erivo) e da Bruxa Boa Glinda (Ariana Grande). A questão é se as pessoas nascem más ou se tornam más devido ao ambiente em que vivem.
Então somos apresentados ao drama de Elphaba, nascida de uma traição de sua mãe e que vem ao mundo verde, e que por isso sofre inúmeros preconceitos, que afloram quando ela chega na Universidade de Shiz. No local, acaba conhecendo e fazendo amizade com Glinda, a popular do pedaço, nascida em berço de ouro e que só quer manter seus privilégios.
As duas se tornam grandes amigas, porém as suas diferenças interferem e elas acabam entrando em conflito.
Ariana Grande apresenta uma Glinda carismática, mas é Cynthia Erivo quem rouba a cena, com sua bruxa sofrida, não querendo que o mal tome conta, e por isso sua vulnerabilidade seja gritante.
A produção é grandiosa, colorida. E não esqueça que “Wicked” é um musical de quase três horas, sendo fiel à peça original. Mas mesmo quem não sabe nada da história ficará perdido. Além do que sendo feito em 2024, mostra um elenco muito mais eclético do que o filme de 1939, onde não havia pessoas negras e gays presentes na tela. O que incomoda é a reação dos personagens sempre que Elphaba surge em cena, com eles mostrando surpresa e sustos com a aparição da bruxa – se sabem da existência dela e convivem com ela, por que se mostrarem assustados? Explica esse, direção...
Cotação: regular
Duração: 2h41min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=mk2Ai8P0oXQ

“A LINHA DE EXTINÇÃO” (Elevation)

Foto: Paris Filmes
“A LINHA DE EXTINÇÃO” (Elevation), dirigido por George Nolfi, é um filme que mistura terror com ficção científica. A história acontece em um planeta Terra completamente devastado, onde 98% da população foi exterminada por monstros que surgiram dos subterrâneos.
Os humanos sobreviventes se refugiaram nas partes mais altas do planeta, mais exatamente acima da 2.400 metros de altura, distância onde os monstros não podem, de alguma maneira, ultrapassar.
Dentre os sobreviventes, estão o viúvo Will (Anthony MacKie, o novo ‘Capitão América’) e seu filho, Hunter (Danny Boyd Jr.); a jovem viúva Katie (Maddie Hasson, de ‘Maligno’) e Nina (Morena Baccarin, de ‘Deadpool’). E Hunter, além de ser a única criança na comunidade, ainda sofre com problemas respiratórios, dependendo de cilindros de oxigênio para viver. Porém, o equipamento está acabando, e Will decide descer das alturas e procurar um hospital onde possa encontrar mais do equipamento para a sobrevivência de seu filho.
A missão é muito arriscada. E ele recebe a ajuda de Katie e de Nina, a estranha da comunidade, para encarar a jornada morro abaixo, para encarar os monstros.
“A Linha de Extinção” tem suspense, tensão, mas também soluções muito fáceis e cenas improváveis. Tudo bem ser um filme de ficção, mas a produção poderia ter forçado menos a barra em alguns momentos – por exemplo, a facilidade e rapidez com que Nina descobre como eliminar os monstros e surge, do nada, para salvar Will em determinado momento. É o chamado abusar de nossa boa vontade.
O filme, pelo menos, tem apenas uma hora e meia de duração, não esticando muito em subtramas e conversa fiada.
Cotação: regular
Duração: 1h30min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=cY0y9YVfNuU

“HEREGE” (Heretic)

Foto: Diamond Films
“HEREGE” (Heretic), dirigido pela dupla Scott Beck e Bryan Woods, conhecidos por terem escrito "Um Lugar Silencioso", sucesso dirigido por John Krasinski, discute religião em meio a um terror assombroso.
Na trama, as duas jovens mórmons, Paxton (Chloe East, de “Os Fabelmans”) e Barnes (Sophie Thatcher, de “Boogeyman: Seu Medo é Real”) que têm a missão de conseguir fiéis para sua igreja na cidade onde vivem. Vão de casa em casa, batendo nas portas e lendo seu livro sagrado para as pessoas.
Até que chegam na casa do Sr. Reed (Hugh Grant), que se mostra bastante simpático e interessado em ouvir sobre a religião das duas. Começa a chover, e ele as convida para entrar – porém elas têm uma regra. Somente podem ficar em um ambiente se houver outra mulher. E o Sr. Reed garante que a esposa está na cozinha preparando uma torta e logo se juntará a eles.
Inocentemente, as garotas entram na casa, e aos poucos o Sr. Reed começa a contestar as crenças religiosas das duas, que começam a ficar inconfortáveis, e pedem para ir embora.
É neste momento que o terror começa, com o Sr. Reed propondo um jogo para liberá-las. E ambas acabam caindo em um verdadeiro labirinto dentro da imensa casa.
O Sr. Reed se mostra um psicopata – ele é mesmo um serial killer e Paxton e Barnes terão de entrar na proposta dele, se quiserem sobreviver.
“O Herege” é um filme inteligente, acima da média em relação as atuais obras do gênero, mostrando um personagem interessante vivido por Hugh Grant, cada vez mais afastado dos personagens românticos que costumava fazer, e que aqui aparece como um homem culto, que faz questionamentos sobre credos religiosos e suas origens. Muita gente vai questionar suas crenças se escutar com atenção as falas do Sr. Reed.
Cotação: ótimo
Duração: 1h50min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=NOzsID-SerA&t=34s

quinta-feira, novembro 14, 2024

“GLADIADOR II” (Gladiator II)

Foto: Paramount Pictures
A EXPECTATIVA É MUITO GRANDE. Porém, a realidade se mostra cruel em “Gladiador II” (Gladiator II), direção do veterano Ridley Scott, que também dirigiu o hoje clássico “Gladiador” em 2000, com Russell Crowe.
A história desta sequência ocorre 25 anos após os eventos iniciais envolvendo o comandante do exército romano Maximus, traído pelo imperador Commodus (Joaquin Phoenix). Agora, o foco fica no órfão Lucius (Paul Mescal), feito prisioneiro após os romanos invadirem a cidade onde mora, na África. Levado para Roma, ele é vendido para o nobre Macrinus (Denzel Washington). Sim, não existe licença poética aí. Realmente naquele período da história, há quase dois mil anos, não existia o conceito de racismo, e pessoas de diversas etnias conviviam sem enxergar a cor da pele do outro.
Lucius é convertido em gladiador, enquanto imagina uma forma de se vingar do militar Marcus Acacius (Pedro Pascal), que liderou a invasão à sua cidade, ordenou a morte de sua esposa Arishat (Yuval Gonen) e o aprisionou. Acacius é casado com Lucilia (Connie Nielsen), que também foi esposa de Maximus, e figura central na virada da trama.
E os romanos vivem sob a ditadura irresponsável e abusiva dos gêmeos imperadores Geta (Joseph Quinn) e Caracalla (Fred Hechinger).
Em meio as lutas no Coliseu, Lucius vai passando a entender tudo o que ocorre na Cidade Eterna, principalmente Acacius, que mira um golpe de estado para acabar com o governo dos dois irmãos degenerados.
A história e as cenas de ação até funcionam. Porém, “Gladiador II” é repleto de furos de roteiro e de sequência, a exemplo do longa anterior. E ainda a aparição de macacos mutantes e de tubarões na arena (!!!).
O protagonista Paul Mescal até se esforça em seu papel, porém seu personagem vive de caras de estranheza, como pergunta-se o que faz ali no meio de homens violentos. Ele não consegue expressar emoção nem mesmo quando encontra o corpo de sua esposa. Já Pedro Pascal consegue se impor em suas cenas, mas Denzel Washington, que é um excepcional ator, parece estar atuando em seus filmes de ação, com jeitos e falas exageradas, deslocadas no tempo. E por que cargas d’água, o seu nobre decide enfrentar o mocinho, sabendo ser este um exímio guerreiro, enquanto ele é mais afeito aos bastidores?
Mas o pior mesmo fica a cargo da dupla de vilões, vivida por Joseph Quinn e Fred Hechinger, que fazem caretas e olhares de maldade, beirando o caricatural.
Cotação: ruim
Duração: 2h30m
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=thfURRSQzdw

terça-feira, novembro 12, 2024

“PÁSSARO BRANCO – UMA HISTÓRIA DE EXTRAORDINÁRIO” (White Bird)

Foto: Paris Filmes
EM “PÁSSARO BRANCO – UMA HISTÓRIA DE EXTRAORDINÁRIO” (White Bird), direção de Marc Forster, temos uma sequência do bom filme de 2017, “Extraordinário”, focando agora no garoto Julian Albans (Bryce Gheisar). Ele foi expulso de sua escola anterior por praticar bullying no garoto Auggie (Jacob Tremblay), que nasceu com uma deformação facial.
Na nova escola, Julian tenta passar despercebido, até que tem uma atitude antipática com uma colega. Ao voltar para casa, encontra a sua avó, Sara Albans (Helen Mirren), uma judia francesa, uma conceituada artista plástica que veio de Paris para Nova Iorque para inaugurar uma retrospectiva do seu trabalho.
E aí que a história engrena, pois ao falar de troca de escola e de seu dia na nova instituição, ele escuta ela dizer: “Julian, você não trocou de escola, você foi expulso da outra”. E nas próximas horas, o jovem irá escutar uma história que irá mudar a sua percepção sobre o mundo.
Afinal, Sara é uma sobrevivente do Holocausto. Adolescente, tinha uma vida normal no interior da França, até a chegada dos nazistas. A partir desse momento, a jovem passou a ver os que antes eram amigos se transformarem em verdadeiros antissemitas.
E um colega de escola sofria com o bullying, Julien (Orlando Schwerdt) por ter sido vitimado pela poliomielite e ser filho de um limpador de esgotos. O menino é o único que mostra simpatia por Sara, que sempre o desprezara devido a sua condição. E é ele que fará de tudo para tentar salvar a garota das garras dos alemães. Julien é um retrato de quem sofre preconceito, por usar muleta, as pessoas acreditavam que ele tinha problemas mentais – mas o seu silêncio era mais um escudo.
O filme é emocionante, principalmente os momentos passados durante a II Guerra Mundial, mostrando ainda sobre a coragem de ser diferente em um mundo onde todos devem ser aquilo que a maioria impõe. E também de como o ser humano pode ser amoroso em um momento onde a maldade dá as ordens.
Cotação: ótimo
Duração: 2h01min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=i22q_nGjTVM

“ARCA DE NOÉ”

Foto: Imagem Filmes
FILME SAÍDO DE UMA COLABORAÇÃO ENTRE Brasil e Índia, “Arca de Noé”, com direção de Sérgio Machado e Alois Di Leo se baseia na obra de nosso poeta Vinicius de Moraes, para contar a história da famosa e fantasiosa história bíblica.
Como todo mundo sabe, Noé recebe uma mensagem de deus lhe ordenando a construção de uma arca, pois descontente com sua obra, pretende recomeçar toda a vida na Terra novamente, projetando um dilúvio que durará 40 dias. E Noé deve levar para a arca um macho e fêmea de cada espécie.
E aí que entra a dupla de amigos inseparáveis, os ratinhos Tom (Marcelo Adnet) e Vini (Rodrigo Santoro). Como eles irão fazer para ficarem juntos, se apenas um deles poderá entrar na arca? Então eles devem trapacear para embarcar no navio, que também deixará de fora várias espécies consideradas más, como gorilas, cobras e leões – o vilão-mor é Baruk (Lázaro Ramos).
Apesar da trilha sonora inspirada nos clássicos álbuns Arca de Noé (1980 e 1981), com músicas de Toquinho e Vinícius de Moraes, a trama é rasteira, com piadas que não funcionam, além do que para tentar agradar a criançada, sejam usados diálogos que namoram com referências digitais, gírias da internet e memes. Ou seja, tudo soa muito forçado, não agradando nem crianças e nem adultos.
E os vilões são o genérico do genérico, verdadeiras caricaturas de personagens já vistos em desenhos animados anteriores, como por exemplo “O Rei Leão” e “Tarzan”. E tem até um veado que é...”gay”...não precisava, né!!!
Cotação: Ruim
Duração: 1h35min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=hPYRmPkG8rE

quarta-feira, novembro 06, 2024

“AINDA ESTOU AQUI”

Foto: Sony Pictures
“AINDA ESTOU AQUI”, dirigido por Walter Salles, é a adaptação cinematográfica do livro autobiográfico homônimo de Marcelo Rubens Paiva (Feliz Ano Velho), narrando a trajetória de sua família, principalmente a de sua mãe, Eunice Paiva, durante a ditadura militar no Brasil.
A trama é ambientada principalmente no começo dos anos 1970, quando o governo ditatorial de Garrastazu Médici ficou mais endurecido, perseguindo insaciavelmente todos aqueles que criticavam o sistema.
A família Paiva vivia no Rio de Janeiro, e o chefe da família era Rubens Paiva, deputado cassado logo quando os milicos tomaram o poder em 1964. Depois de exilado, voltou ao país com a mulher e os cinco filhos e trabalhava como engenheiro, de ótima condição financeira.
Até que no dia 20 de janeiro de 1971 alguns agentes da repressão bateram na porta da casa da família e o levaram para um interrogatório. Nunca mais voltaria para casa, assassinado sob tortura um ou dois dias depois, 21 ou 22 de janeiro (este o dia de meu aniversário de cinco anos). Eunice e uma das filhas também foram levadas para interrogatório – a garota foi libertada horas depois e a mãe ficou duas semanas detida, sofrendo tortura psicológica.
Quando retornou, pôs-se a tentar encontrar Rubens, e o governo negando a sua detenção. Com o tempo, Eunice teve certeza de que o marido, então com 41 anos, assim como ela, não voltaria. E teve de se reinventar, voltando para São Paulo com os filhos, se formando em direito aos 48 anos, e trabalhando na defesa dos povos originários e dos perseguidos políticos. Já octagenária, sofria de Alzheimer, morrendo aos 86 anos, cercada pelos filhos e netos.
E esta trajetória é mostrada de forma comovente por Walter Salles, com atuação vigorosa de Fernanda Torres como Eunice e Selton Mello como Rubens.
O filme toca fundo, além do drama pessoal de Eunice, no impacto do regime militar na vida de milhares de brasileiros, que passaram duas décadas de terror, repressão e arbitrariedades. A ditadura militar, depois dos 300 anos de escravidão e do governo ditatorial de Getúlio Vargas, foi outro período sombrio da história do Brasil.
A reconstituição de época é outro destaque, com um ou outro descuido de produção, como por exemplo, dois livros mostrados em cenas passadas em 1970, mas que foram lançados somente em meados daquela década – “Negras Raízes”, de Alex Haley e “O Diário de Anne Frank”, além de imagens em cores de um Jornal Nacional narrado por Cid Moreira, sendo que a TV colorida só seria introduzida no país em 1972. Mas são apenas detalhes.
“Ainda Estou Aqui” deveria ser mostrado nas escolas para os estudantes e também para aquelas pessoas, que por total ignorância, pedem a volta dos milicos ao poder. Agora falta um filme sobre Vladimir Herzog, outra vítima da ditadura militar.
Cotação: excelente
Duração: 2h17min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=_NzqP0jmk3o

“OPERAÇÃO NATAL” (Red One)

Foto: Warner Bros.
“OPERAÇÃO NATAL” (Red One), dirigido por Jake Kasdan, é mais um filme de ação do que aquelas obras fofinhas de final de ano.
Na trama, o Papai Noel, vivido por J.K. Simmons, é apelidado de Nick, que diferente dos outros papais noéis, não tem nada de gordinho. Ele é musculoso, e comanda uma verdadeira fábrica de presentes no Polo Norte, cercado de figuras mitológicas e tendo como chefe de segurança o fortão Callum Drift (Dwayne Johnson).
Porém, toda a segurança em cima do bom velhinho não serve de nada quando o hacker Jack O'Malley (Chris Evans) consegue localizar o local secreto, e por troca de alguns dólares, o vende para a vilã Gryla (Kiernan Shipka, a filha de Don Draper, do seriado Mad Men). Desta forma, o Papai Noel é sequestrado.
Callum, que é um elfo gigante, tanto que a sigla que ele carrega no uniforme, de sua unidade, é ELF...sutileza passou longe...tem de tentar encontrar seu chefe, pois caso contrário, o Natal será esvaziado, com as crianças não recebendo os seus presentes. E para a missão, ele faz uma parceria com o hacker Jack, que se deu conta de sua burrada, e decide se regenerar.
E claro que a união dos dois é daquelas improváveis, pois Callum está para se aposentar, desiludido com o espírito natalino, pois as pessoas, nos dias de hoje, não se importam muito com as outras. E Jack é um pai ausente, sem conexão com o filho, e trabalha com criminosos.
Dito isso, o filme pretende mostrar o verdadeiro significado do Natal, que ele não deve ser perdido, que as pessoas devem seguir acreditando nas fantasias da data festiva...blá, blá, blá...e claro que com Dwayne Johnson no elenco, a história sempre descamba para a pancadaria. Insuportável e cansativo.
Cotação: ruim
Duração: 2h13min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=JE1fRhgrO3k

“NÃO SOLTE” (Never Let Go)

Foto: Paris Filmes
“NÃO SOLTE” (Never Let Go), direção de Alexandre Aja, é um terror psicológico mostrando o mundo devastado, onde a civilização desapareceu quase que por completamente, e um ser sobrenatural desconhecido domina o mundo exterior, matando toda aquela pessoa que deixe a segurança de sua casa.
Assim, June (Halle Berry) e seus dois filhos gêmeos Nolan (Percy Daggs IV) e Samuel (Anthony B. Jenkins) vivem isolados em uma casa na floresta.
Eles só saem ligados por cordas quilométricas para protegerem-se do mal que assola o mundo lá fora, pois precisam diariamente buscar alimentos.
Os garotos têm de seguir regras rígidas determinadas por June. Porém quando o inverno se avizinha, a alimentação começa a ficar escassa, e de repente, os três começam a ter dúvidas sobre o que estão vivendo, se é tudo delírio ou realidade.
A trama funciona até a sua metade, quando ocorre uma virada quase previsível, e que tira muito da força do filme, com os irmãos tendo um confronto entre a vida e a morte.
O lado bom de tudo é que “Não Solte!” é uma obra tensa, com muito suspense, e que foge da rotina dos filmes atuais de terror, onde existe apenas mortes gratuitas e sem sentido.
Cotação: bom
Duração: 1h42min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=DzZGGsKyHHo

terça-feira, novembro 05, 2024

“ABRAÇO DE MÃE”

Foto: Lupa Filmes
“ABRAÇO DE MÃE”, direção do argentino Cristian Ponce (História do Oculto (2020)) e roteiro dos brasileiros André Pereira e Gabriela Capello, é um longa-metragem de horror psicológico. Ele segue a jovem bombeira Ana, vivida por Marjorie Estiano (do seriado Sob Pressão), que quando criança, nos anos 1970, perdeu a mãe durante um incêndio.
E a trama foca em seu retorno às atividades, depois de um período afastada devido a ter congelado durante uma missão. Agora, Ana pretende mostrar que não está traumatizada e logo na sua volta, sua equipe é chamada para atender um asilo com risco de desabamento durante um forte temporal no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro.
O lugar parece ser o mais sinistro possível, com a dona paraplégica e hostil aos bombeiros, um atendente com ares de mistério.
O asilo é uma casa antiga, caindo aos pedaços e parece esconder um ser sinistro entre o seu interior. E esse ser surge para Ana na forma de um tentáculo que a persegue - claramente a forma do monstro é uma referência ao cordão umbilical, a primeira conexão entre a mãe e o bebê, pois Ana ainda vive depois de mais de duas décadas o luto pela perda de sua mãe.
“Abraço de Mãe” não revoluciona o gênero de terror, tem algumas decisões questionáveis, porém no balanço final é um bom filme. A produção é bem feita, trama prende, devido aos seus momentos de suspense, nada sendo entregue de mão beijada. E Marjorie consegue transmitir pânico, enquanto os coadjuvantes passam muita loucura em seus olhares.
Cotação: bom
Duração: 1h34min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=YPXAEKFaoZ8

quarta-feira, outubro 30, 2024

“TERRIFIER 3”

Foto: Diamond Films
“TERRIFIER 3”, direção de Damien Leone, marca volta do palhaço assassino Art (David Howard Thornton), que volta a assombrar Siena (Lauren LaVera) e seu irmão, Jonathan Shaw (Eliott Fullam), sobreviventes do massacre do filme anterior.
A garota passou um tempo em uma clínica de reabilitação, enquanto que Jonathan seguiu em frente e foi fazer faculdade. Agora, na proximidade do Natal, Sienna recebeu alta para ir para a casa da tia, Jessica (Margareth Anne Florence), onde tentará recomeçar a vida retomando o convívio com sua prima, Gabbie (Antonella Rose).
Porém, quando pensam que estão seguros, o vilão retorna para transformar a alegria natalina em um pesadelo muito mais sangrento.
“Terrifier 3” explora, desta vez, mais cenários e personagens. E as cenas de matança são mais violentas, com tripas, sangue para todos os lados, sendo que o vilão usa vários instrumentos para torturar e matar as suas vítimas, seja motoserras, facas, tacos de beisebol, revólver, pedaços de vidro. E Art não perdoa ninguém, matando inclusive animais e crianças.
Mas sejamos honestos. Não existe nenhuma novidade. É tudo mais do mesmo...matanças sem sentido, o palhaço imortal, algumas vezes até arrancando risadas. E deixando gancho para um outro filme.
Cotação: ruim
Duração: 2h05
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=jnq7qvG4Q_Y

“O SOM DA ESPERANÇA – A HISTÓRIA DE POSSUM TROT” (Sound of Hope: The Story of Possum Trot)

Foto: Paris Filmes
“O SOM DA ESPERANÇA – A HISTÓRIA DE POSSUM TROT” (Sound of Hope: The Story of Possum Trot), direção de Joshua Weigel, é baseado em fatos reais, retratando a jornada de uma comunidade dos cafundós do Texas que transformou a vida de dezenas de crianças órfãs.
A trama segue a vida de Donna (Nika King), casada com o pastor WC Martin (Demetrius Grosse) em meados dos anos 1990 na humilde cidade texana de Possum Trot, algo como o Trote de gambá. Ele comanda a Igreja Batista Missionária Bennett Chapel, com 100 membros.
E tudo começa quando Donna, após um momento de luto pela perda de sua mãe, acredita ter recebido uma mensagem de deus para adotar crianças. O marido, em princípio, argumenta devido as dificuldades que aparecerão. Mas depois, apesar das dificuldades financeiras e dos desafios emocionais, passam a se dedicar a adotar crianças.
Mas não satisfeitos, convencem mais 22 famílias da igreja a adotarem um total de 77 crianças que tinham dificuldade de serem adotadas, devido ao sobrecarregado sistema de assistência social.
Os dois atores protagonistas, Nika King e Demetrius Grosse, fazem uma performance muito boa, repleta de emoção. O destaque, no entanto, fica com a jovem atriz Diana Babnicova, que interpreta a órfã rebelde Terri, adolescente cheia de traumas e comportamentos erráticos devido as repetidas rejeições.
O problema do filme são seus clichês religiosos, com uma tentativa de catequização forçada. Mas a abordagem em relação às dificuldades de adoção, mostrando o impacto emocional e financeiro nas famílias, é muito autêntico.
Cotação: regular
Duração: 2h15
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=qiqc2zvLrgM

“A ÚLTIMA INVOCAÇÃO” (Kinjirareta Asobi)

Foto: Sato Company
“A ÚLTIMA INVOCAÇÃO” (Kinjirareta Asobi), do diretor Hideo Nakata (o mesmo da franquia de O Chamado) é uma adaptação do romance de estreia de Shimizu Karma, “Kinjirareta Asobi”, de 2019, vencedor do principal prêmio do 4th Hon no Sanagi Awards no Japão.
A trama mostra o luto de um pai, Naoto Ihara (Daiki Shigeoka) e seu filho, Haruto (Minato Shogaki), depois que a esposa e mãe Miyuki morre após um acidente automobilístico. O garoto, inconsolável, acaba fazendo um ritual, que a princípio, parece ser de brincadeira, tentando fazer com que ela ressuscite. Ele decide enterrar um dedo da mãe no jardim na esperança de que, rezando todos os dias, ela volte à vida.
O problema é que o resultado provoca a aparição de uma entidade maligna, que passa a perseguir Ihara e a jovem de Hiroko Kurasawa (Kanna Hashimoto), uma amiga que trabalhava com Naoto. A questão é que o espírito da falecida aparenta ter sérios problemas de ciúmes, acreditando que o marido a traia com a ex-colega. A entidade começa a seguí-los, tentando matá-los.
Bem, é a primeira vez que vejo um filme onde o espírito maligno é ciumento. Achei até risível, lembrando algumas situações. O longa-metragem de terror, no entanto, não provoca sustos, com o espírito mais propício a provocar sustos nos personagens do que eliminá-los.
Cotação: regular
Duração: 1h50
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=O4DiZd2knJo

quarta-feira, outubro 23, 2024

“O QUARTO AO LADO” (The Room Next Door)

Foto: Warner Bros.
“O QUARTO AO LADO” (The Room Next Door) é o novo filme do espanhol Pedro Almodóvar. Antes de falar sobre ele, só a estranheza de assistir a uma obra do diretor falada em inglês e não sua língua nativa – assim como foi diferente ter visto o mais recente longa-metragem de Woody Allen, “Golpe de Sorte em Paris”, todo falado em francês.
A trama mostra o reencontro de duas ex-colegas jornalistas em Nova Iorque, Ingrid (Julianne Moore) e Martha (Tilda Swinton). As circunstâncias da vida e o trabalho perigoso de Martha, que seguiu carreira como repórter de guerra, causaram um afastamento natural entre elas. Já a outra virou uma escritora de sucesso.
E Ingrid se encontra na cidade, pois está lançando um novo livro, e é visitada pela amiga em uma das sessões de autógrafos. As duas começam a se ver novamente, e Martha, que também havia se afastado da filha, que nunca perdoou a ausência da mãe, por sempre preferir se dedicar mais ao trabalho do que a família.
Mas Martha surge com uma bomba: ela tem um câncer terminal, que muda completamente a sua vida, e até aceita ser cobaia de um tratamento experimental. Ingrid visita a amiga no hospital, e decide voltar outras vezes. Desta forma, as duas passam a trocar lembranças de vários períodos de suas respectivas vidas.
No entanto, o tratamento não dá o resultado esperado. Desta forma, o filme passa de uma obra de reencontro em uma obra de discussão, pois Martha decide pela eutanásia, que é ilegal nos Estados Unidos, e quase em todo o resto do mundo.
Para realizar o ato extremo, aluga uma casa no interior, no meio de uma floresta, e pede que Ingrid a acompanhe e seja a pessoa que estará no “quarto ao lado” quando chegar a hora.
As duas veteranas atrizes estão excelentes, mostrando uma grande química. E Tilda Swinton emagreceu tanto para o papel, que realmente choca por seu realismo.
“O Quarto ao Lado” dialoga de forma muito madura com uma questão muito polêmica, que é a eutanásia. Além disso, a obra não é feita para se chorar, mas sim refletir. Por que uma pessoa tem de ficar sofrendo com uma doença incurável e não pode optar por deixar este mundo sem as leis do estado? Um debate muito profundo.
Cotação: ótimo
Duração: 1h47min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=G4DdJyO7N9w

quinta-feira, outubro 17, 2024

“MAXIMILIANO KOLBE E EU” (Max and Me)

Imagem: Kolbe Arte Produções
A ANIMAÇÃO “MAXIMILIANO KOLBE E EU” (Max and Me) é dirigida por Pablo Jose Barroso e escrita por Bruce Morris ("Pocahontas" e "Hércules". O filme conta a história do santo polonês Maximiliano Maria Kolbe (1894/1941), padre polonês que morreu no campo de concentração/extermínio de Auschwitz durante a II Guerra Mundial.
A trama mostra um sobrevivente do Holocausto, o idoso e solitário Gunter, que recebe a missão de ser mentor do adolescente órfão D.J. Ele passa a contar ao garoto toda a história de Kolbe, desde a sua infância pobre no interior na Polônia, na cidade de Zduńska Wola, seus estudos no Vaticano e sua pregação quase fanática dos ensinamentos católicos. Kolbe era franciscano e chegou a editar a revista “Cavaleiro da Imaculada”, que tinha tiragem de 60 mil exemplares.
O franciscano morreu como mártir no campo de extermínio de Auschwitz, voluntário para morrer de fome no lugar de outro prisioneiro, Franciszek Gajowniczek, como castigo pela fuga de um outro cativo.
A história é triste, pesada, porém o filme naufraga terrivelmente. A animação é muito ruim, beirando o amadorismo. Além do que é uma flagrante propaganda da igreja católica, com direito ao protagonista tendo visões de santos e de anjos – o final é de uma pieguice inimaginável, com Kolbe sendo levado aos céus por anjos e recebido de braços abertos por Jesus Cristo, sentado em um trono. Apelação pura e simples.
Cotação: ruim
Duração: 2h04
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=G6kXZsH4-Yk

“O APRENDIZ” (The Apprentice)

Foto: Diamond Filmes
Faltando poucos dias para as eleições americanas, é lançado o polêmico filme “O Aprendiz” (The Apprentice), dirigido pelo iraniano Ali Abbasi (que disputou a Palma de Ouro em Cannes com "Holy Spider") e com o roteiro de Gabriel Sherman, a trama foca o começo da carreira empresarial de Donald Trump. O republicano foi o presidente dos EUA entre 2017 e 2021 e voltará à disputa contra a democrata Kamala Harris, em 5 de novembro. O título do filme faz referência ao reality show comandado por ele nos anos 2000.
“O Aprendiz” se inicia em meados dos anos 1970, indo até o final da década seguinte, em uma Nova York à beira da falência, de ruas sujas, com mendigos, prostitutas e traficantes nas calçadas. Até as imagens são granulada, lembrando os filmes daquela época.
Donald Trump é interpretado magistralmente por Sebastian Stan (o Soldado Invernal dos filmes da Marvel), tentando resolver problemas do negócio de sua família, procura o advogado Ron Cohn (Jeremy Strong, de Succession, e que deve concorrer ao Oscar por sua atuação). Cohn (1927-1986) foi uma figura polêmica norte-americana, tendo atuado ao lado de Joseph McCarthy na busca contra os comunistas nos anos 1950 e que sempre escondeu sua homossexualidade – ele morreu vítima da AIDS.
Cohn era um advogado que não se importava em quebrar regras e chantageando autoridades, para conseguir os seus objetivos. E o filme mostra que ele é o mestre que ensina Trump a virar o empresário sem escrúpulo, dono de um império imobiliário. A relação da dupla é a alma do longa-metragem.
Trump vai incorporando os ensinamentos de Cohn, em especial três regras fundamentais: vencer a qualquer preço, questionar o que é verdade e nunca admitir a derrota. Ele absorve tanto, que de um jovem patético, passa a ser um homem raivoso, chegando ao cúmulo de estuprar a primeira mulher, a tcheca Ivana Trump (a atriz búlgara Maria Bakalova, de Borat).
O filme tem todos os ingredientes para revoltar os fãs do candidato presidencial. Mas, infelizmente, não vai mudar a opinião deles sobre o ídolo, um homem dedicado a propagar as Fake News e que expõe muito ódio contra os estrangeiros, minorias e as mulheres.
Cotação: ótimo
Duração: 120min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=m7TkGQurpS8

“FORÇA BRUTA: SEM SAÍDA” (The Roundup: No Way Out)

Foto: Sato Company
“FORÇA BRUTA: SEM SAÍDA” (The Roundup: No Way Out), direção de Lee Sang-yong, é o segundo filme de uma franquia iniciada em 2022, seguindo as peripécias do detetive Ma Seok-do (Don Lee) - a série terá oito filmes, além de dois spinoffs.
No primeiro filme, o herói lidou com um psicopata no Vietnã. Agora, em terras sul-coreanas, Ma Seok-do se vê às voltas com um caso, que a princípio, seria um assassinato. Porém, logo fica evidente que por trás do crime, duas gangues estão brigando pela distribuição de uma nova droga sintética.
“Força Bruta: Sem Saída” não é para ser levado a sério. A trama é pra lá de esdrúxula, vários erros de sequência e furos de roteiro e atuações exageradas. E Ma Seok-do, apesar de ser um policial sem superpoderes, parece um homem indestrutível. O cara toma pancadas, tiros, facadas, mas nunca é derrubado. Sem contar que está sempre um passo à frente dos demais colegas. Ah, as coreografias são ótimas.
O diretor Lee aponta que, mesmo partindo do mesmo personagem do filme anterior, aqui tudo é novidade e, para fazer isso, se concentrou também no novo esquadrão que acompanha Ma Seok-do, além dos dois novos vilões.
“Ma Seok-do e os vilões têm suas próprias cenas de ação, mas também tiveram que trabalhar juntos durante as cenas de luta. Essas cenas trazem mais tensão para levar a um grande confronto no final, criando ainda mais emoção para o filme”, explicou Lee Sang-yon.
Enfim, o filme vale pela zoeira. E se você já curtiu as patacoadas de um “Velozes & Furiosos”, “Rambo” ou “Comando Delta”, apenas pegue a Coca-Cola e a pipoca e curta as quase duas horas de mais pura ação escapista.
Cotação: bom
Duração: 105 min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=LA2tDaNRly4

segunda-feira, outubro 14, 2024

TRAILER INÉDITO DE “HEREGE” É DIVULGADO PELA DIAMOND FILMS

Foto: Diamond Films
O FILME “HEREGE”, com direção da dupla Scott Beck e Bryan Woods, que também assinam o roteiro, e protagonizado por Hugh Grant acaba de ter seu trailer divulgado. O longa chega aos cinemas brasileiros em 20 de novembro com distribuição da Diamond Films.
Hugh Grant aparece como um excêntrico milionário e garante um dos papéis mais perversos da sua longa carreira como ator. Além do artista, as atrizes Sophie Thatcher (“Boogeyman: Seu Medo é Real”) e Chloe East (“Os Fabelmans”) compõem o elenco principal.
Na trama, Thatcher e East interpretam jovens missionárias devotas que acabam presas na casa de um homem misterioso, interpretado por Grant. A partir deste momento, elas são forçadas a participar de um jogo perturbador que desafia sua fé e põe em xeque tudo o que acreditam.
Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=NOzsID-SerA

quinta-feira, outubro 10, 2024

“INVERNO EM PARIS” (Le Lycéen)

Foto: Pandora Filmes
“INVERNO EM PARIS”, com direção de Christophe Honoré, mostra o jovem Lucas (Paul Kircher), que começa a ter outra perspectiva de vida após a morte repentina do pai em um acidente automobilístico.
Aos 17 anos de idade, ainda descobrindo a sua homossexualidade – que ele acredita ser um dos motivos pelo qual mantinha certo distanciamento do pai, Lucas está no último ano de internato. Pensando em repensar seu futuro, o garoto decide abandonar os estudos e desbravar Paris, após receber um convite do meio-irmão Quentin (Vincent Lacoste), que mora na capital francesa.
Em Paris, Lucas conhece o amigo de Quentin, Lillo (Erwan Kepoa Falé), um rapaz negro que trabalha num estacionamento, mas pretende ser um grande artista gráfico. Mas nunca deixa de falar com a mãe, Isabelle ((Juliette Binoche), que terá de recomeçar a vida sem o parceiro de vida, e tentando entender a mente do filho.
Conforme o diretor Christophe Honoré, a narrativa mergulha nas emoções caóticas e imprevisíveis do adolescente. “Fiz o meu melhor para ser leal ao adolescente que fui e às emoções que ele sentia. Usando a escrita e a direção para resgatar sua natureza caótica, avassaladora e imprevisível.” O diretor concluiu: “Acredito que o filme é, antes de tudo, uma história de amor. Não um melodrama, mas uma obra que almeja o amor”.
Honoré comenta sobre a escolha do protagonista: “Vimos quase 300 jovens. Sua sensibilidade (de Kircher) é realmente comovente (...) nós nos afeiçoamos muito um ao outro, e esse afeto foi uma fonte inesgotável de energia, alegria e confiança para nós dois”. O diretor também rasga elogios à Binoche, que já havia o rejeitado anteriormente em outra oportunidade: “Eu estava sonhando com isso, em trabalhar com Juliette Binoche há muito tempo. Procurei Juliette para um papel em um projeto anterior, mas ela recusou. Fico feliz que Juliette tenha dito “sim” para a personagem Isabelle”. Ele continua: “Ela trouxe um toque humano e uma profundidade que foram essenciais para o filme. Fiquei realmente impressionado com a força de seu desempenho e com sua paixão pelo cinema, que era palpável a cada passo do caminho”.
“Inverno em Paris” é uma obra delicada e que explora as complexidades de ser jovem e também das relações familiares. Um filme sensível, com atuações contidas, mas precisas. E que mostra que apesar de perdas pelo caminho, sempre existe esperança de que as coisas melhorem.
Cotação: ótimo
Duração: 2h03min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=7ipnbU16zfI

sexta-feira, outubro 04, 2024

DIAMOND FILMS ANUNCIA A ESTREIA DE “BETTER MAN - A HISTÓRIA DE ROBBIE WILLIAMS”

Foto: Diamond Films
A CINEBIOGRAFIA “BETTER MAN - A HISTÓRIA DE ROBBIE WILLIAMS” (Better Man) já tem data de estreia no Brasil. A Diamond Films lança o filme nos cinemas de todo o país em 6 de fevereiro de 2025.
Com direção de Michael Gracey (“O Rei do Show”), o longa conta a extraordinária jornada do cantor britânico em um retrato nada ortodoxo. Isso porque o astro é representado como um macaco, uma metáfora visual inusitada, mas nada banal. "É assim que ele se vê.", revelou o diretor sobre por que Williams aparece dessa forma no filme.
O roteiro da obra é assinado por Gracey e pela dupla de roteiristas Simon Gleeson e Oliver Cole. Já o elenco conta com nomes como Steve Pemberton, Damon Herriman, Jonno Davies e Alison Steadman.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=n2EfzOn5xa0

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...