quinta-feira, agosto 28, 2014

"Magia ao Luar"

Sou um fã de carteirinha de Woody Allen desde que vi "Hannah e Suas Irmãs", em 1986. Aí acabei descobrindo suas obras anteriores, dos anos 1970, como "O Dorminhoco", "Annie Hall", "Manhatan" e por aí vai. Então assistir ao novo filme do diretor nova-iorquino, "Magia ao Luar", é um anti-climax total. A trama envolve o mágico Stanley (Colin Firth), um profissional esnobe e arrogante que é contratado por outro médico, menos famoso, para ir ao sul da França. O objetivo: desmascarar a médium Sophie (Emma Stone), que está para se casar com um milionário local e estaria engasnando os incautos.

Totalmente cético, Stanley aos poucos vai conhecendo a jovem e descobrindo que ela realmente aparenta ter poderes mediúnicos, após Sophie mostrar ter conhecimentos sobre a vida íntima da idosa tia dele, Vanessa (Eileen Atkins, de Robin Hood e Could Mountain). Então o mágico começa a mudar seus conceitos, e ficar encantado pela garota de grandes olhos verdes. Deste ponto em diante, a história perde fôlego e fica sem graça, passando de uma trama sobre vigarice para um romance água com açúcar bobo, que em nenhum momento convence. Os diálogos inteligentes e cheios de referências culturais estão presentes, assim como belas imagens do sul francês. E sem contar a reconstituição de época perfeita - já que o filme se passa no final dos anos 1920, e claro, o deleite de Woody Allen com a trilha sonora.

Mas tudo isso é insuficiente para mostrar algo de novo na obra do diretor, que se mostra desta vez sem inspiração. "Magia ao Luar" é cheio de altos e baixos. Quando a história parece que vai engrenar, sofre com falta de ritmo. E os personagens não tem a mínima empatia. Uma pena esperar pela nova obra de Woody Allen e sair decepcionado da sala de cinema.

Cotação: ruim
Chico Izidro

"Lucy"

"Lucy", de Luc Besson, até começa bem. A bela Scarlett Johansson é uma jovem que vive em Taiwan, e recebe o pedido de um amigo: entregar uma maleta para um figurão local. Aí começa seu calvário. Na maleta estão pacotes de uma droga, e Lucy é obrigada a transportar o material para a Europa. Só que um dos pacotes, inserido em seu corpo, acaba explodindo. E espalhado em seu organismo, a droga ativa sua capacidade mental. O mote é o seguinte: o ser humano usa menos de 10% do cérebro, e a droga começa a fazer com que Lucy use mais do que isso, podendo chegar a 100%. E o que o ser humano pode fazer com 100% de sua capacidade mental?

Lucy passa a comandar computadores, as mentes de outras pessoas - ela até mesmo consegue fazer com que projéteis caiam das armas engatilhadas. Lucy vira uma espécie de heroína e passa a ser perseguida pelo chefão mafioso que mandoi inserirem o pacote de drogas em seu corpo, enquanto tenta compreender io que está acontecendo com o seu corpo, buscando apoio de um cientista vivido por Morgan Freeman.

"Lucy" tem em sua parte final uma perseguição feroz, com direito a um tiroteio insano. As imagens inseridas no filme por Luc Besson - Lucy faz uma viagem no tempo, retornando ao passado, até a idade das pedras - são fantásticas, hipnotizantes. Mas fica a sensação de que tudo não passa de uma grande bobagem.

Cotação: regular
Chico Izidro

"A 100 Passos de Um Sonho"

Hassan Kadam (Manish Dayal) é um jovem indiano que após um incidente em Mumbai, quando perdeu a mãe, partiu com a família para a Europa. E ele, desde criança, foi criado para trabalhar na cozinha, entre receitas e sabores especiais. Após a família Kadam não se adaptar à Inglaterra, ela parte para buscar outro refúgio e acaba parando num vilarejo no interior da França, onde o pai do clã, Papa Kadam (Om Puri, de Gandhi) decide abrir um restaurante. Só que o estabelecimento fica exatamente em frente a um outro tradicional restaurante de propriedade da autoritária e irascível Madame Mallory (Helen Mirren, de A Rainha). Então "A 100 Passos de Um Sonho", dirigido pelo sueco Lasse Hallström, vira um filme quase bélico entre duas culturas, a francesa e a indiana. Ainda mais quando Hassam se mostra um excepcional chefe de cozinha, trazendo mais ira e ciumeira para Madame Mallory e seus cozinheiros, que não vacilam em tomar atitudes xenófobas, ao pichar o muro do restaurante dos Hassan com a frase "a França para os franceses".

Mas "A 100 Passos de Um Sonho" também trata de culinária, com pratos apetitosos sendo mostrados na tela e de como são construídos - lembra, de certa forma o clássico "A Festa de Babette", dirigido por dirigido por Gabriel Axel em 1987 e que ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro no ano seguinte. O filme ainda trata de amor, com um romance entre Hassan e a jovem francesinha de dentes tortos Marguerite (Charlotte Le Bon), e acaba tendo um final bonitinho, com a paz reinando entre as duas famílias. Que acabam se entendendo através do estômago.

Cotação: bom
Chico Izidro

"No Olho do Tornado"

O cinema-catástrofe está de volta em "No Olho do Tornado", direção de Steven Quale, é uma espécie de refilmagem de "Twister", de 1996. Aqui uma equipe de metereologia vasculha o interior dos Estados Unidos atrás de devastadores tornados, que destroem localidades por onde passam. Simultaneamente a história mostra a família dos jovens Donnie (Max Deacon) e Trey (Nathan Kress), que vivem em Silverton, em constante conflito com o pai viúvo e vice-diretor da escola local. E os dois são exímios cinegrafistas. Os dois grupos vão se cruzar quando Donnie fica preso num prédio com a jovem Kaitlyn (Alycia Debnam-Carey), por quem ele é apaixonado secretamente, no exato momento em que um tornado devasta a cidadezinha.

O grupo de metereologistas liderado por Pete (Matt Walsh, do seriado Veep) se une ao pai de Donnie para tentar o resgate. A trama acaba virando um mela-cueca sentimentalóide que quase põe por água abaixo os momentos de tensão, ampliados pelos belos efeitos especiais - que mostram a devastação provocada pelos tornados de uma forma incrivelmente realista. E durante a história, simplesmente alguns personagens vão sendo esquecidos, mesmo que durante o começo parecessem ter alguma importância aos acontecimentos.

Cotação: regular
Chico Izidro

"Chef"

Um filme para encher os olhos e abrir o apetite. "Chef", dirigido por Jon Favreau, de "Swingers" e "Homem de Ferro 1 e 2", é um road-movie independente e que conta com a participação de vários atores de primeira linha, como Dustin Hoffman, Scarlett Johansson, Sofia Vergara e Oliver Pratt. Favreau é Carl Casper, um conceituado chef de um restaurante de Los Angeles, que acaba comprando briga com um mais ainda conceituado crítico gastronômico de um blog, vivido por Oliver Pratt. Então Carl acaba sendo demitido pelo dono do restaurante, interpretado por Dustin Hoffman, que constrói um personagem totalmente diferente do que estamos habituados a ver, pois é antipático e intransigente. Meio sem rumo, aceita a ideia da ex-mulher Inez (Sofia Vergara, belíssima), de comprar um trailer e transformá-lo em um restaurante ambulante.

Carl então sai por várias localidades dos Estados Unidos, como Miami, na Flórida, Texas e New Orleans, ao lado do filho, um garoto de 10 anos expert em redes sociais, e o braço direito Martin (John Leguizamo), vendendo seus pratos gordurosos e apetitosos, e redescobrindo a vontade de experimentar novos sabores. "Chef" é um filme desprentensioso, agradável, mostrando o como deve ser importante a relação pai e filho, e como devemos seguir nossos instintos. Tem ainda uma bela trilha sonora, com belas canções cubanas e blues.

Cotação: bom
Chico Izidro

quinta-feira, agosto 21, 2014

"Os Mercenários 3"

Sylvester Stallone, aos 68 anos, continua tão letal quanto aos 30 e poucos, quando nos anos 1980, levou ao mundo a trajetória do ex-soldado no Vietnã Rambo. Pois em "Os Mercenários 3", direção de Patrick Hughes II, Stallone volta a reunir sua tropa de cinquentões e sessentões para combater um vilão cruel, interpretado por Mel Gibson. Mas desta vez uma nova geração da porrada, vividos por entre outros por Ronda Rousey e Glen Powell, é convocada. E sim, estão lá as piadas auto-referentes às idades avançadas dos mocinhos. E elas já começam quando o personagem de Wesley Snipes, o Dr. Morte, é libertado de uma prisão. "O que você fez para ficar oito anos preso?", perguntam para ele. "Soneguei impostos" é a resposta do aqui especialista em facas. E Snipes passou mesmo três anos em cana por não pagar impostos ao Tio Sam.

Logo os veteranos estão na Somália, ondem tentam prender o traficante de armas Conrad Stonebanks (Mel Gibson). A missão falha e Barney (Sylvester Stallone) decide aposentar o grupo. Numa nova tentativa de capturar Stonebanks, Barney renova o grupo, chamando uma garotada. Não cabe aqui contar o que acontece, mas na parte final de "Os Mercenários 3", os antigos parceiros de Barney voltam à cena, enfrentando o exército da fictícia Azbequistão, país aliado de Stonebanks. A sequência é uma das mais violentas dos últimos anos, mas ao mesmo tempo nada de sangue na tela, e também estapafúrdia. Afinal o exército inimigo se mostra mais incompetente do que qualquer coisa. Com tanques, helicópteros, mísseis, ele não consegue inflingir um arranhão sequer nos mercenários.

"Os Mercenários 3" é cinema-pipoca pura, e tem no elenco, além de Stallone, Snipes, Jason Statham, Arnold Schwarzenegger, Harrison Ford, Dolph Lundgren e Terry Crews, entre outros. Para não pensar nenhum pouco. Porrada é o lema.

Cotação: bom
Chico Izidro

"Sex Tape: Perdido na Nuvem"

Não fosse a excelente forma física de Cameron Diaz, mostrando um corpaço aos 42 anos, não valeria a pena ver este filme, "Sex Tape: Perdido na Nuvem", dirigido por Jake Kasdan, que já havia comandando a atriz em "Professora Sem Classe". História boba, sequências terríveis e atuações pífias. Tá aí um resumão desta tremenda bobagem em que o casal formado por Cameron Diaz e Jason Segel, Annie e Jay, depois de anos casados, dois filhos, vem o apetite sexual praticamente sumir. Então numa noite em que se encontram sem as crianças em casa, decidem fazer um filminho pornô para consumo íntimo e tentar esquentar a relação. Só que por aqueles tropeços do destino, Jay esquece de apagar o vídeo, que acaba indo parar em todos os ipads que ele, gerente de uma rádio, distribuiu para amigos, parentes e clientes.

O jeito é tentar recuperar os aparelhos para apagar as imagens, antes que elas se espalhem pela rede. Saem os dois, então numa caçada insana. A única parte divertida, talvez seja, quando eles param na casa de um almofadinha interpretado por Rob Lowe - que parece ser um cara certinho, mas não tem nada disso, ao oferecer cocaína para Annie, enquanto escuta Slayer. Mas a cena é estragada por uma batida perseguição feita por um cão a Jay pela casa.

No mais, você torce para tudo acabar de uma vez. Ainda mais que lá pelas tantas aparece um personagem dono de um site pornô vivido por Jack Black, careteiro e momento desnecessário.

Cotação: ruim
Chico Izidro

"A Casa Elétrica"

Nos anos 10 do Século XX, os irmãos Leonetti, liderados pelo mais velho, Savério,fundam em Porto Alegre a primeira gravadora da América Latina, onde foi gravado o primeiro tango. É o que diretor Gustavo Fogaça tenta recriar em "A Casa Elétrica", filme de 2011, que só agora entra em cartaz. O filme é repleto de defeitos, e não podemos nos dar o luxo de ser bonzinho só porque foi feito aqui na Terrinha. As atuações, mesmo que conte com atores experientes como Nicola Siri no papel de Savério, e Leonardo Machado, beiram o amadorismo.

Assim como a reconstituição de época, mostrando um visual capenga - faltou melhor cuidado na produção, que apresenta cenários pobres. E o que dizer dos coadjuvantes? Mais artificiais, impossível. Uma cena mostra toda a precariedade na obra. Ela se passa num restaurante, e o protagonista acaba brigando com outro homem, e os presentes ao local continuam jantando como se nada estivesse acontecendo bem em frente a eles. Que pessoas não dariam ao menos uma olhada para o quebra-pau?

Cotação: ruim
Chico Izidro

quinta-feira, agosto 14, 2014

"Não Pare na Pista - A Melhor História de Paulo Coelho"

O escritor Paulo Coelho tem uma vida interessante. Tentativa de suicídio, rock'n'roll, esoterismo, ufologia, sucesso editorial. E agora ela chega na cinebiografia "Não Pare na Pista - A Melhor História de Paulo Coelho", dirigido por Daniel Augusto. Pena que a história contada fique aquém das possibilidades. Coelho é vivido na juventude pelo estreante Ravel Andrade, enquanto que Júlio Andrade faz o escritor na fase adulta, sendo a terceira idade sob uma espessa maquiagem, que diga-se de passagem, muito mal feita.

A trama dá voltas no tempo, um vai e vem incessante que começa com o jovem Paulo Coelho tentanto o suicídio. Logo é internado num sanatório. Então a história dá um pulo e mostra o escritor já com 66 anos, na Espanha, onde está indo a uma recepção com a mulher Cristina. Aliás, quando o casal chega numa cidadezinha espanhola, é mostrada uma cena para lá de pedante, com as pessoas olhando para eles, e apontando. E uma mulher dizendo: "É ele, é ele?". Lamentável sequência. Depois ocorre outra volta no tempo e mostra o escritor com suas desavenças com o pai (Enrique Díaz). Então o filme retrata os loucos anos 1970, quando Paulo Coelho virou hippie, esotérico e fez forte parceria musical com Raul Seixas, vivido espetacularmente por Lucci Ferreira. "Não Pare na Pista - A Melhor História de Paulo Coelho" termina quando ele lança o best-seller O Alquimista, em 1988.

Júlio Andrade, qeu já havia vivido Raul Seixas em uma série da Globo, e seu irmão Ravel estão muito bem em cena, mas o filme é arrastado e se mostra chato com as inserções das frases de auto-ajuda encontradas nos livros do escritor - um ser egocêntrico e pedante. A melhor parte, mesmo, fica quando conta a parceria Paulo Coelho e Raul Seixas, que juntos criaram obras como Gita e Metamorfose Ambulante. O resto é papagaiada.

Cotação: ruim
Chico Izidro

"As Tartarugas Ninjas"

"As Tartarugas Ninjas", dirigido por Jonathan Liebesman, além de trazer a gracinha Megan Fox, tem humor, ação e ótimos efeitos especiais. A história gira em torno de quatro tartarugas, que são cobaias de laboratório, acabam desenvolvendo super-poderes e são criadas nos esgotos de Nova Iorque pelo rato e mestr das artes marciais Splitter, ele também uma experiência genética.

Quando a cidade se vê ameaçada por um empresário inescrupuloso e um perigoso vilão japonês, o Destruídor, que desenvolveu uma armadura indestrutível, as quatro tartarugas, batizadas com nomes de artistas da Renascença, Donatello, Michelangelo, Rafael e Leonardo, saem de seu esconderijo, e tentam combater os vilões, com a ajudfa da repórter April (Megan Fox), que no decorrer da história, mostrará ter importância vital na existência dos répteis.

O filme tem cenas que não seriam próprias para a criançada, o principal alvo dos super-heróis. Bem que elas estão tão ligadas em videogames, em violência, que não se assustariam com as cenas. Aliás, uma das melhores é durante uma perseguição num monte nevado, com um caminhão onde estão as tartarugas e April sendo seguido por várias caminhonetes onde estão capangas do Destruídor. A sequência é empolgante e mostra o acerto do diretor Jonathan Liebesman.

Cotação: bom
Chico Izidro

"O Que Será de Nozes?"

"O Que Será de Nozes?", direção de Peter Lepeniotis, é um desenho animado que traz uma mensagem sobre companheirismo, e que combate o individualismo. Este é a característica do esquilo Surly, que deseja ter toda a comida para si, enquanto que os outros animais de um parque começam a se preocupar com a fome, já que o inverno está chegando e eles poderão morrer. O esquilo acaba, devido a sua índole, sendo espulso da comunidade. Exilado na cidade, ele descobre uma loja, a Maury's Nut Store, repleta de nozes. É um sonho para a sua ganância.

Só que o local é uma fachada para ladrões, que pretendem roubar um banco que fica bem em frente. E eles serão um empecilho para Surly, que ainda tem de evitar outros animais, como a esquilinha Andy, que descobrem o local e querem levar as nozes para o bosque.


"O Que Será de Nozes?" é um filme completamente infantil, que carece de boas piadas. A ação desenfreada é que dá o tom para a história.

Cotação: regular
Chico Izidro

"O Mercado de Notícias"

A profissão de jornalista não é fácil. Ainda mais nas últimas semanas, com postos de trabalhos fechados na RBS e no site Terra. Pois o documentário "O Mercado de Notícias", dirigido por Jorge Furtado. Ele entrevista 13 jornalistas brasileiros de primeira linha, em meio a encenação da peça "The Staples of News", escrita pelo inglês Ben Jonson (1572-1637), que fala sobre a atividade recente à época, e que começava a ser exercida em Londres no século XVI, o jornalismo.

Os jornalistas como Bob Fernandes, Cristiana Lôbo, Janio de Freitas, Geneton Moraes Neto e Mino Carta, entre outros, falam do que é ser jornalista, discutem o poder da mídia, seus erros crassos e o futuro - que não parece ser muito animador - principalmente para o jornal papel. "Hoje as pessoas começam o dia olhando o twitter, tem tudo atualizado no tablet. Em 30 anos o jornal terá acabado", profetiza Renata Lo Prete, uma das entrevistadas de Furtado.

"O Mercado de Notícias" é um documentário que faz pensar, intrigante e instigante.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...