quinta-feira, janeiro 15, 2009
O ESTRANHO CASO DE BENJAMIN BUTTON
De longe, já dá para apostar que este filme levará o Oscar de melhor maquiagem. Em O Estranho Caso de Benjamin Button, David Fincher (O Clube da Luta e Seven) retoma sua parceria com Brad Pitt na história do homem que nasce idoso, com 80 anos, e vai rejuvenescendo com o passar dos anos.
Quando vem ao mundo, em Nova Orleans, no final da década de 1910, o bebê é tão disforme, que seu pai o trata como um monstro e se livra dele, colocando-o na escadaria de um asilo. Ali seria criado pela mãe negra Queenie (Taraji P. Henson). E ali ele conhece o amor de sua vida, a jovem Daisy, interpretada na fase adulta por Cate Blanchett. No melhor estilo Forrest Gump, Benjamin sai para conhecer o mundo (participa da Segunda Guerra como marinheiro, vive em Moscou, vira milionário) e sempre cruzando com Daisy em diversas fases de sua existência. Sua vida foi registrada num diário, que é lido para uma mulher doente num hospital, durante o Furacão Katrina. E claro que a enferma guarda um segredo, que será revelado no decorrer da trama, mas não é difícil de se prever.
Apesar de suas 2h45min, o Estranho Caso de Benjamin Button é leve, divertido, e evidentemente, previsível. Mas a atuação da dupla central Brad/Blanchett mostra química e vale cada minuto. O filme é baseado em conto do escritor norte-americano Franz Scott Fitzgerald (O Grande Gatsby), escrito na década de 20 do século passado.
quarta-feira, janeiro 14, 2009
A TROCA
Angelina Jolie está soberba no novo filme de Clint Eastwood, que aos 78 anos continua prolífico e nos propiciando com obras fantásticas - vide os recentes Cartas de Iwo Jima, A Conquista da Honra e Menina de Ouro. Em A Troca (Changelling), o diretor capturou uma história real, ocorrida no final da década de 1920. Um garoto de nove anos de idade, Walter Collins (Gattlin Griffithi), desaparece de casa para desespero de sua mãe, Christine (Angelina Jolie). Ela pede o auxílio da polícia, que só consegue resolver o problema cinco meses depois. O problema é que o garoto encontrado pela polícia de Los Angeles não é o pequeno Walter e ela insiste que houve um erro, continuando a insistir que não parem com a busca. Porém sozinha, numa época de padrões rígidos, ela passa a ser vista como uma ameaça a sociedade. É presa, escorraçada, colocada num manicômio, mas não desiste nunca. O final do filme é uma surpresa tremenda, bem conduzida por Eastwood, que penetra num mundo obscuro, que ainda nos dias de hoje perturbam o sono de qualquer pai ou mãe.
E Angeline Jolie, para mim, tem sua melhor atuação na carreira, superando mesmo seu personagem Lisa, que lhe rendeu um Oscar em Garota, Interrompida. John Malkovich, por sua vez e depois de muito tempo, não interpreta um personagem vilanesco. Ele é o Reverendo Gustav Briegleb, que ajuda Christine na sua busca incessante. Também é bom citar a excelente reconstituição de época. Houve um grande esforço para transportar o espectador para 1928, numa Los Angeles que já era uma grande metrópole naqueles anos, pré-depressão norte americana.
O DIA EM QUE A TERRA PAROU
Klaatu Barada Niktoo Quando pensaram em refilmar o clássico dos anos 50 do século passado, o protagonista do filme deveria ter sido consultado e proferido a frase acima, para impedir que estragassem O Dia em Que a Terra Parou (The Day The Earth Stod Still), direção de Scott Derrickson (O Exorcismo de Emily Rose). A frase, para quem não sabe ou não se recorda, refere-se ao alienígina Klaatu, que ao proferí-la, impedia que um robô gigantesco, chamado Gork, matasse ou destruísse o que estivesse por perto. A primeira versão, de 1951, foi dirigida por Robert Wise e volta e meia pode ser vista nos madrugadões da televisão.
A nova versão tem como principal ator Keanu Reeves, de Matrix, que como Klaatu vem à Terra para convencer os terráqueos a terem maior cuidado com o habitat, caso contrário o planeta será destruído. Os humanos, no entanto, não dão ouvidos ao visitante das estrelas, que é obrigado a fugir, ajudado pela cientista gracinha Hellen (Jennifer Connely, de Hulk e Casa de Areia e Névoa) e o garoto Jacob (Jared Smith, sim, o filho de Will Smith e que já aparecera muito bem em À Procura da Felicidade). O problema é que ao adaptar a nova versão, o diretor deu mais enfâse aos efeitos especiais do que ao drama vivido pelo alienígina em sua forma humana, tendo de se esconder, ao mesmo tempo que verifica que a humanidade não é de toda ruim e que é merecedora de mais uma chance. E ao contrário do que diz o título do filme, a Terra desta vez não para (quem já viu o original deve se recordar das cenas em diversos países do mundo, onde nada mais funciona, seja de simples relógios até carros e aviões). E Reeves, ao contrário de seus pares na fuga, é apenas caras...
MARLEY E EU
Marley e Eu, direção de David Frankel e baseado no livro homônimo de John Grogan é encomendado para o sentimentalismo e o choro fácil. O casal de jornalistas John (Owen Wilson, de Zoolander e Três é Demais) e Jennifer (Jennifer Aniston, a eterna Rachel, de Friends) adota um pequeno cão labrador, batizado de Marley, depois que o bichinho fica agitado ao escutar um reggae do famoso músico jamaicano. Só que Marley cresce rápido demais e tem o dom de destruir tudo ao seu redor, não perdoando almofadas, livros, sofãs...Tanto que seu dono o chama de "o pior cão do mundo", ao mesmo tempo que mantém um amor incondicional pelo cachorro. Com o tempo, a família vai crescendo com o nascimento dos filhos e todos se apegando mais e mais a Marley.
O jornalista, que queria ser um repórter de um jornal de Miami, acaba se tornando cronista, e muitas de suas crônicas são relatos de sua convivência com Marley (o que acabaria gerando o famoso livro). A família, já enorme, troca de cidade, levando Marley junto. Só que o filme se torna previsível, afinal, já se pode prever o que acontecerá na última meia-hora, e isso provoca soluços e lágrimas dos espectadores. Mas como escrevi no começo, Marley e Eu é apelativo, pegando forte no sentimentalismo, principalmente para aquelas pessoas que adoram seus animais de estimação - afinal, não é qualquer pessoa que gosta de ser lambida por um chachorro ou até mesmo dividir a cama, a mesa ou a píscina com os bichos. E mais um detalhe: numa cena em que John leva Marley para uma escola de amestração, a professora é nada mais, nada menos Kathleen Turner. E ela está irreconhecível. Envelheceu mal demais, ainda mais para quem foi uma das musas dos anos 1980.
SETE VIDAS
Will Smith vem se constituindo em um dos melhores atores contemporâneos. Vai bem no drama, na comedia e na ação, sem perder o pique. Por isso se faz obrigatório assistí-lo no sensível Sete Vidas (Seven Pounds), direção do italiano Gabriele Muccino, que já havia dirigido o belo O Último Beijo e também Smith no igualmente excelente À Procura da Felicidade.
Smith é Ben Thomas, que travestido de funcionário da Receita Federal, passa a ajudar várias pessoas, como o cego Ezra (Woody Harrelson), a cardiaca Emily (a linda Rosario Dawson) e a mãe solteira Connie (Elpidia Carrilo, de Salvador, Martírio de Um Povo), sem pedir nada em troca. Solitário e depressivo, passa a viver no quarto de um motel à beira de estrada e dali sai para suas missões humanitárias. O filme passa lentamente, mas sem cansar o espectador, que já no início é surpreendido pela aparição de Ben ao telefone anunciando uma morte: a dele mesmo.
SE EU FOSSE VOCÊ 2
Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Este é o mote de Se Eu Fosse Você 2, de Daniel Filho. E pela lógica do filme, cai sim. E como o primeiro, este é igualmente ruim, além da história não ser nada original (a troca de corpos é uma constante no cinema, vide Quero Ser Grande, De Repente 30 e ). O casal formado por Cláudio (Tony Ramos) e Helena (Glória Pires) está prestes a se separar, quando durante uma briga trocam de corpo novamente. Mas como da primeira vez, acreditam que após quatro dias voltarão ao normal. E para piorar, neste interím, descobrem que a filha (a fraquinha Isabella Drummond) está grávida.
Glória Pires até segura bem na sua encorporação de uma mulher presa no corpo de um homem. Porém, Tony Ramos repete a nulidade de sua atuação anterior - ao invés de tentar repetir os gestos femininos, o seu personagem mais parece um gay muito do afetado. Exemplo é a constrangedora cena da partida de futebol. Poderiamos ficar sem essa.
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“QUEER”
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