quarta-feira, agosto 30, 2006

Miami Vice


Nos anos 1980, recordo que um dos poucos seriados que eu me dignava a parar na frente da tevê para assistir era Miami Vice, que passava às quartas-feiras no SBT, lá pelas 23h. Era fã de Don Johnson (James Sonny Crockett) e Philip Michael Thomas (Ricardo Tubbs), detetives disfarçados que lutavam contra o tráfico de drogas numa paradisíaca Miami. As músicas e as roupas marcaram época neste seriado, que foi ao ar entre 1984 e 1989. Ombreiras, cabelos "mullets"...Crockett morava numa lancha e tinha como bichinho de estimação um crocodilo. O chefão dos dois era o mau-encarado Edward James Olmos (de Blade Runner), com o rosto todo marcado pela varíola.
Agora, o "adorado" seriado vai parar no cinema. E ao contrário de outras incursões de enlatados para as telas, que lamentavelmente destruíram com os seus antepassados, como Perdidos no Espaço, Starsky e Hutch - Justiça em Dobro, A Feiticeira e As Panteras I e II (bem, este pelo menos até era um pouco divertido e tinha as belas Lucy Liu e Cameron Diaz e a engraçadinha Drew Barrymore), apesar de não ter o mesmo charme cool de seu irmão televisivo oitentista, é um "baita" filme. A dupla de policiais que se infiltram em duas quadrilhas de traficantes, uma latina e a outra de neonazistas para tentar capturar um chefão do tráfico, é formada por Colin Farrell (O Novato, Por Um Fio e O Demolidor) como Sonny Crockett e o oscarizado Jamie Foxx (Ray e Colateral), que interpreta Tubbs.
Se na série que originou o filme não havia tanta carnificina, agora ocorrem diversas cenas violentas. São tiros à queima-roupa, fuzilamentos, explosões. E tudo num ritmo muito rápido, mas o espectador tem tempo para respirar e se fixar na trama, por vezes complexa.
Mas sabemos que a dupla de heróis, por mais que se meta com os piores tipos de criminosos, vai sempre se dar bem - bem até demais, como o personagem de Farrell, que tem como par romântico (e para quem admira mulheres orientais como eu) um prato cheio chamado Gong Li (Lanternas Vermelhas e Adeus, Minha Concubina), esbanjando beleza.
Só que desta vez Sonny Crockett não mora numa lancha e aparece com um bigode e um cabelo comprido que lhe dá um ar de pistoleiro mexicano - ao contrário de Don Johnson, que estava sempre com a barba feita, de terninho e sapatos brancos e sem meias.
Faltaram a abertura e a musiquinha instrumental que marcaram a série. Quem viu, não esquece...cenas do cotidiano e da flora e da fauna da cidade do sul dos Estados Unidos, mais exatamente da Flórida.
Ah, Miami Vice tem a direção de Michael Mann, o homem por trás do seriado original. E ele teve a feliz idéia de não fazer homenagens idiotas, pois não deu nenhuma pontinha para os antigos atores da série. Ufa...Enfim, Miami Vice é um filme para ser visto e revisto, apesar de suas duas horas e meia de duração.

terça-feira, agosto 29, 2006

Vôo 93 (United 93)


Quem não se recorda do que estava fazendo na manhã de 11 de setembro de 2001? Só se você era muito pequeno ou estava em coma. Pois o 11 de setembro daquele ano marcou o início do século XXI com os ataques terroristas da Al Qaeda ao World Trade Center, em Nova Iorque, e o Pentágono, em Washington D.C. Foram quatro aviões seqüestrados por fanáticos muçulmanos. Três chegaram ao seu intento. O quarto não. É a viagem deste avião que é retratado em Vôo 93 (United 93, de Paul Greengrass, que dirigiu um clássico político recente do cinema, Domingo Sangrento).
Eu me recordo como se fosse hoje daquele dia. Estava em casa, dormindo tranqüilamente, quando a minha namorada de então, aliás, descendente de árabes, me liga e me acorda. "Amor, estão atacando os Estados Unidos". Na hora não entendi nada, pensei que havia começado a Terceira Guerra Mundial. E a minha namorada: "Liga a tevê!".
Liguei e eu e ela ficamos o dia todo, eu em casa e ela em seu serviço, trocando impressões sobre os depois confirmados atentados e suas imagens assustadoras.
Muita gente vibrou por serem as vítimas, a maioria, norte-americanos, vistos como arrogantes pelo resto do mundo. Mas morreram pessoas de várias nações. E quem morreu, aliás, foram assassinados, eram seres humanos. E não tem como não se chocar com isso.
E Vôo 93 mostra, sem nenhuma gota de pieguice, o que ocorreu naquele avião que partiu do aeroporto de Newark, no estado de Nova Iorque em direção a cidade de San Francisco, na Califórnia, com 33 passageiros e sete tripulantes. Porém quatro dos passageiros eram terroristas prontos a morrer por uma causa infundada. Depois de matarem o piloto e o co-piloto, tomaram o controle do avião e pretendiam jogá-lo contra a Casa Branca ou o Capitólio, em Washington D.C.
Os passageiros do vôo, no entando, se insurgiram, depois de saber o que estava ocorrendo em outros lugares. Pois a viagem atrasou em meia-hora e eles estavam sendo avisados através de seus celulares sobre os outros ataques. E eles sabiam que morreriam.
As pessoas, ameaçadas pelos terroristas, um deles com uma bomba (falsa), começaram a ligar para seus entes queridos, se despedindo. Não há surpresa. Você sabe que o avião vai se espatifar numa área rural da Pensilvânia cerca de uma hora e meia depois de decolar. Ninguém sobreviveu. Só as suas vozes e suas memórias. Está tudo gravado.
Então o que fizeram? Decidiram atacar os terroristas, para evitar que eles conseguissem o seu intento. Conseguiram.
O filme é de um realismo tocante e uma boa sacada da produção: não utilizar atores conhecidos do grande público. São estranhos, assim como eram estranhas aquelas pessoas naquele vôo fatídico. E além disso, muitas pessoas que estavam trabalhando naquele dia nos aeroportos viveram seus próprios papéis. Muita gente vai chorar. E aviso. Se você tem o coração fraco, passe longe.

quarta-feira, agosto 23, 2006

Marcha dos Pingüins (por Carol Witczak)


"Na Antártida, sempre nos meses de março, centenas de pingüins fazem uma jornada de milhares de milhas de distância pelo continente a pé, enfrentando animais ferozes, temperaturas frias, ventos congelantes, através das águas profundas e traiçoeiras. Tudo para encontrar o amor verdadeiro." Essa é a matéria prima de um verdadeiro drama contado pelo diretor Luc Jacquet no documentário A Marcha dos Pingüins (La Marche de L'Empereur). O francês não havia nem imaginado que sua produção correria o mundo, mas a combinação dos fatores (um formato diferenciado, uma história ainda não contada, um cenário tão pouco visto, uma trilha sonora marcante), trouxe aos cinéfilos de todo o planeta sensações de desespero, esperança, de aprendizado e de comoção ao mesmo tempo.
Falta fôlego para explicar. Luc Jacquet é, na verdade, um biólogo e, possivelmente, seu maior interesse quando pensou em realizar esse trabalho estava no seu próprio desejo de observar os pingüins imperadores, animais que conseguem se reproduzir onde nenhum outro animal consegue sobreviver. Luc Jacquet, em seu primeiro documentário de longa-metragem, arrasa e encanta. Quem viu, se apaixonou. A obra é perfeita desde o início, a cada piscar de olhos uma nova foto magnífica se mostra e a trilha sonora, planejada pela ótima Émilie Simon, é também vibrante e intensa e traz artistas como Björk e Brian Eno. O cenário é a própria natureza, infinito de gelo e água, espaço sem nenhuma intervenção humana, apenas a dos atores do filme, os pingüins.
Na versão adaptada para o português, as vozes de Patrícia Pillar e Antônio Fagundes fazem uma bela adaptação. Mas em francês, com a narração de Charles Berling e e Romane Bohringer, a obra vale mais a pena, porque a mistura dos fatores já acima citados com essa língua, não tão comum aos nossos ouvidos como o português ou até o inglês, acabam por causar o arrepio na espinha de um drama de amor, de vida e de morte. Vale a pena alugar, ver, rever, comprar o DVD, o CD, o livro e o álbum!!

quinta-feira, agosto 17, 2006

A Criança (L'Enfant)


Um jovem casal, recém saído da adolescência, tem um filho não planejado. Sem dinheiro, sem rumo, sem ter onde ficar, vivem quase na miséria. A Criança é um filme de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne e mostra que não é só no Brasil que ocorrem problemas com jovens mal-preparados.
O rapaz, Bruno (Jérémie Renier) vive de pequenos golpes e acha qeu trabalhar é coisa de otários e não encara muito bem o nascimento do seu filho. Bruno vive um dia após o outro, sem se preocupar com o amanhã. Quando precisa de grana, dá um jeito de roubar e até mesmo mendigar. A jovem mãe, Sonia, quer voltar ao seu pequeno apartamento e cuidar do pequenino e ter Bruno, por quem tem um amor incondicional ao seu lado. Porém as coisas fogem de controle quando ele vende o garoto.
Bruno acaba perdendo o controle sobre sua vida, sobre os seus pequenos comparsas, garotos de 14 anos. Na realidade, a criança não é o filho de Bruno e Sonia, mas sim o próprio Bruno, que depois de ter a vida revirada, vai ter de crescer.

Terror em Silent Hill


Uma garotinha que sofre de sonambulismo costuma assustar os seus pais e sempre repete Silent Hill, Silent Hill... O que será Silent Hill, questiona a mãe da menina, Rose (Radha Mitchel, de Chamas da Vingança).
Então, apesar da contrariedade do marido, Chris (Sean Bean, de 007 contra Goldeneye), Rose parte com Sharon para Silent Hill, descobrindo que é uma cidade fantasma, destruída por um grande incêndio em 1974.
Terror em Silent Hill, direção de Christophe Gans, tem uma primeira parte interessante. Não considero terror e sim suspense. A garotinha some entre os prédios abandonados, numa cidade que está sempre coberta por cinzas e isolada completamente do mundo.
Porém na segunda parte, o filme dá uma guinada para a escatalogia pura e simples. Muito sangue, tripas, insetos pegajosos e correria, além do surgimento de um bando de fanáticos religiosos.
Não assusta ninguém. O diretor perdeu grande chance de fazer um belo filme de terror. Não fez nenhuma coisa nem outra. Assim como Rose, ele se perdeu no meio do caminho e não se achou mais.

domingo, agosto 13, 2006

Arquitetura da Destruição - DVD


Hitler era um megalomâniaco. Ponto. Alguém pode dizer: bah, o crítico descobriu a América ou a fórmula da pólvora. O líder nazista, todos sabem, foi pior do que Nero, ou todos os Césares juntos, Napoleão, Pol Pot, mas rivalizou muito com Stálin para ver quem era o mais satânico, e até mesmo com o ainda vivo Kim Jong-Il, ditador da Coréia do Norte. A guerra genocida de Hitler exterminou 50 milhões de vidas entre 1933 (ano em que subiu ao poder) e 1945. Foram 12 anos em que o mundo foi um inferno total.
Só que em Arquitetura da Destruição, lançado há pouco em DVD, com direção de Peter Cohen, e narração do ator austríaco Bruno Ganz (suíço que por ironia interpretou o fascista no fantástico A Queda), não nos é mostrado apenas que o ditador queria exterminar judeus, ciganos e eslavos.
Hitler tinha planos de construir cidades gigantescas, que durariam o período que ele sonhava para o seu reinado de mil anos. Linz, na Áustria, aonde ele foi criado, seria uma das privilegiadas com obras faraônicas e muito dos roubos das obras de arte que os nazistas vinham fazendo pela Europa - todo o botim que conseguissem colocar a mão, até garrafas de vinho, quadros e tapetes iriam decorar a cidade. Outra localidade que seria privilegiada seria Berlim, a capital do Terceiro Reich - que se transformaria na maior cidade do planeta.
Além disso, Hitler e seus asseclas sonhavam com um mundo onde só os fortes, leia-se arianos, sobreviviriam. Os fracos pereceriam - leia-se exterminados, seja pelo trabalho escravo, por fuzilamento e nos campos de extermínio. As cenas de matança de doentes mentais e judeus, estes comparados a ratos, mostradas no filme ainda conseguem chocar, apesar de muita gente dizer que o tema se esgotou. Por mim, tem de se mostrar para todas as gerações, "ad eternum" para que tais bárbaries não se repitam - infelizmente isso é utópico, pois é só olhar o noticiário da tevê por breves instantes.
A cineasta Leni Riefensthal também foi figura importante no regime, fazendo filmes em que glorificava o regime nazista - dois de seus filmes são clássicos, apesar do que pregavam - Olimpia e Triunfo da Vontade, que são citados em Arquitetura da Destruição. Aliás, você pode comprar Triunfo da Vontade em qualquer banca de revista. Eu comprei, vi e confesso, vomitei até não poder mais.
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Velozes e Furiosos - Desafio em Tóquio


Você é fã de automobilismo, pegas na Avenida Princesa Isabel ou na Ipiranga? Então vá correndo assistir Velozes e Furiosos - Desafio em Tóquio. Este o terceiro filme da série, que iniciou sendo protagonizada por Vin Diesel. Se os dois primeiros volumes já eram de doer, este terceiro tem um dos piores roteiros dos últimos tempos. O que vale mesmo no filme dirigido por Justin Lin são as corridas - que admito são excepcionais - e o festival de mulheres bonitas que surgem na tela há cada dois minutos, com direito até a uma modelo brasileira, Caroline Corrêa, que lá pelo meio da história solta uma frase em português.
Um jovem norte-americano problemático, Sean (Lucas Black), depois de provocar um problemão para a sua mãe, é mandado para morar com o pai, militar, em Tóquio, no Japão. Já de cara ele se envolve com a yakuza, a máfia japonesa, e conquista a namorada do líder da gangue, a belíssima Neela (Nathalie Kellie), o que, evidente, só vai lhe trazer mais incomodações. O pior é ver marmanjões de 30 anos interpretando jovens adolescentes - completamente inverossímil.

sexta-feira, agosto 11, 2006

Anjos do Sol



O ano não acabou. Aliás, ainda faltam cinco meses para o término de 2006, mas já escolhi um dos melhores, se não o melhor filme do ano. Anjos do Sol, de Rudi Lagemann. O tema não é novo, aliás no começo da década passada foi série de reportagens do jornalista Gilberto Dimenstein, na Folha de São Paulo. A prostituição infantil e adolescente. É triste se saber que existe e o governo pouco ou nada faz para deter tais acontecimentos. E pior, as meninas que vivem tal situação são mais do que jovens prostitutas. São escravas que não tem nenhuma outra opção. Ou é aceitar ou morrer.
Anjos do Sol lembra muito Memórias de Uma Gueixa. Porém o cenário é o norte brasileiro, onde meninas, muitas que nem menstruaram ainda, são vendidas por seus pais para gigôlos - na sua ignorância, acham que as meninas irão para a cidade grande trabalhar como empregadas e o pouco do dinheiro que recebem servirá para alimentar o restante da família por um breve período.
O filme é dolorido e a interpretação da jovem estreante Fernanda Carvalho, como Maria, é surpreendente. Ela consegue em cada olhar, em cada gesto, passar para o espectador todo o pavor de sua situação. E sua personagem quer fugir daquele destino que lhe foi reservado. As outras meninas que com ela são exploradas, na sua maioria, aceitam resignadas suas vidas. Pensam que fora do prostíbulo aonde estão suas vidas seriam piores.
Antônio Calloni faz o papel do gigôlo, dono de uma "boate", em que os garimpeiros vão se "aliviar" sexualmente. Seu personagem é um dos mais sádicos e horripilantes dos últimos tempos no cinema. Assim como o fazendeiro interpretado por Otávio Augusto (de Boleiros).
É fácil de se chorar num filme assim, mas do que adiantam lágrimas? Deve-se é denunciar e forçar o governo a evitar bárbaries como essas. Mas Brasília não está nem aí para o destino de miseráveis analfabetas e de nenhuma importância e que vivem nos confins do mundo.
Ah, note a aparição de Darlene Glória, que saiu de seu refúgio no interior no Rio de Janeiro, para viver o papel de uma cafetina. Darlene ficou famosa no papel da prostituta Geni no clássico brasileiro Toda a Nudez será Castigada, de Arnaldo Jabor, de 1973.

Click



Eu particularmente nunca gostei de Adam Sandler. Sempre o considerei um ator sem graça, chato - ele só funcionou em filmes com Drew "ET" Barrymore, como Afinado no Amor e Como Se Fosse a Primeira Vez. Porém em Click ele conseguiu me surpreender. Confesso que fui para a sala de cinema porque não tinha nada melhor para fazer. E o filme de Frank Coraci me pegou de jeito. Ainda mais que tem em seu elenco Kate Beckinsale, para mim uma das mulheres mais lindas do mundo e que trabalhou em Underworld, Pearl Harbour e Van Helsing - é, suas escolhas não são das melhores. Mas ela vale o ingresso...
Mas vamos ao filme. Adam Sandler é um arquiteto que sonha em dar uma vida melhor para a sua família e passa o tempo todo trabalhando, quase escravizado por seu chefe, o canastrão David Hasselhof (de Baywatch ou S.O.S. Malibu), que como na série praiana dos anos 1990, vive cercado de belas e formosas garotas.
Só que um dia Sandler ganha um controle remoto universal do professor amalucado Morty (Christopher Walken, lembrando muito o seu xará Christopher Lloyd da trilogia De Volta Para o Futuro), inclusive a cabeleira tipo black power.
O controle remoto, no começo, serve a todos os propósitos de Sandler. Ele pode voltar no tempo, adiantar o mesmo, fazer a mulher se calar, apenas apertando um botão. Só que haverá efeitos colaterais quando Sandler perde o "controle" sobre o equipamento. Então vê sua vida ir para o brejo. Bom, não contarei mais. Só que Click tem sacadas geniais, sem apelar para o besteirol, como é comum nos filmes do ator. Ah, e além de Kate Beckinsale, o filme tem uma trilha sonora fantástica, remetendo muito aos anos 1980, começando com The Cars e passando aos 90, com The Cramberries e a maravilhosa Linger. Esta comédia vale o ingresso.

A Frase de Bill Cosby - humorista americano

"Não sei a chave para o sucesso. Mas a do fracasso é tentar agradar a todo mundo."

Separados pelo Casamento


Como diziam antigamente, "pega na pleura". Antes de assistir Separados pelo Casamento (Break-Up, direção de Peyton Reed) eu só havia ouvido falar mal do filme com Jennifer Aniston, a ex-sra. Brad Pitt, e Vince Vaughn, de Psicose de Gus Van Sant. Tanto que demorei a me deslocar até a um cinema para assistir o filme. E ele começa mal, com aqueles infames jogos de beisebol e os seus espectadores se entupindo de cachorro-quente. Pensei: pronto, me enfiei numa roubada por duas horas. Mas então o filme começou a engrenar, com Aniston (Brooke) esbanjando beleza a cada cena - como fez bem para ela a separação do agora sr. Jolie - e Vaughn (Gary) ótimo no papel do cara desligadão. Enquanto ela tenta manter o relacionamento, claro, com um pouquinho de cobranças que quase nenhum homem atura, ele é uma criança que ainda não entendeu ter crescido e que a vida não é só festa e jogar videogame. Alguém já viu este filme aí?
Os dois casam e começam, depois de passado o tesão, os desentendimentos - alguém vai dizer, sim e daí...puro clichê. O problema é que eles adquiriram um imóvel e nenhum deles pretende abrir mão de sua parte. E apesar de por fora mostrarem um ódio violento um pelo outro, continuam se amando, mas não demonstram isso. E as coisas vão piorando. Quem nunca viveu isso, talvez nada sinta. Mas quem já passou pela dor da separação, vai se tocar.
Os coadjuvantes quase não importam no filme - mesmo a aparição de Ann-Margret, musa dos anos 1960 como a mãe de Brooke, ou Vincente d'Onofrio (Nascido para Matar) como o irmão responsável de Gary. Aliás, a cada cena em que ele aparece, dá a impressão de que deu uma escapulida do set de filmagens da série Law and Order (do canal Sony), foi lá, filmou sua cena em Separados pelo Casamento e retornou para o seriado. Até o terno e os trejeitos são os mesmos do detetive que interpreta na série.
Apesar destes detalhes, o filme cativa e tem um final totalmente fora do convencional. Ufa. Ainda bem. Aliás, se você se separou há pouco passe longe. Só se você conseguir ser totalmente
insensível.

Eu, Você e Todos Nós


Quanta gente esquisita...não agüento mais birita...o filme Eu, Você e Todos Nós (Me, You and Everyone we Know) poderia usar este refrão da música Eduardo e Mônica, do Legião Urbana como trilha sonora. Com direção da atriz Miranda July, é uma verdadeia maluquice. Tudo começa com a separação de um vendedor de sapatos de sua mulher. Ele branco, ela negra. Os dois têm dois filhos mulatos, que passam mais tempo sozinhos, na internet, enquanto o pai tenta solucionar a vida de todos, ao mesmo tempo que é perseguido pela artísta performática e taxista de idosos interpretada pela própria Joly.
Ao redor desta dupla e dos garotos, vários personagens estranhos, como duas garotas adolescentes que só pensam em sexo, um vizinho tarado e um velhinho que só encontrou o amor de sua vida quando esta está nos seus últimos dias de vida. Tem de se ter muita paciência para se assistir a este filme, que é devagar, quase parando. Quando você pensa que ele terminou, ele continua, como uma sessão de tortura. Tedioso.

Errata

Errata de A Prova

A poeta Sylvia Plath, apesar de passar boa parte de sua breve vida na Inglaterra, era norte-americana.

sábado, agosto 05, 2006

Elvis Presley e a frase!

"APRENDI UMA COISA IMPORTANTE SOBRE A NATUREZA HUMANA: É MAIS IMPORTANTE TENTAR SE CERCAR DE PESSOAS QUE PODEM LHE DAR UM POUCO DE FELICIDADE, PORQUE VOCÊ SÓ PASSA POR ESTA VIDA UMA VEZ. NÃO VAI TER BIS."

Pais, Filhos e Etc.


Pais, Filhos e Etc. (Père & Fils), de Michel Boujenah, é uma divertida comédia francesa que faz a gente pensar muito em estar sempre perto das pessoas que amamos. Sentindo o distanciamento dos seus três filhos, Léo (Phillipe Noiret, de Cinema Paradiso), inventa estar com uma doença muito grave para reunir os familiares e com eles partir para uma viagem de Paris para Quebec, no Canadá. O objetivo: ver baleias antes de uma cirurgia aonde poderá não sair vivo. É tudo uma farsa de Léo neste road-movie francês, porém aos poucos, apesar de muitas brigas e discussões e de ele tentar esconder a verdade, as coisas vão se ajeitando.
E apesar de ser uma comédia, fica a pergunta: por que às vezes nos afastamos de quem gostamos por puro capricho? A vida é uma só e devemos manter próximos aqueles queridos a nós. Vejo assim a mensagem que Pais, Filhos e Etc. em sua simplicidade e belas imagens de um Canadá outonal, tenta nos passar e sem nunca perder o bom humo
r.

sexta-feira, agosto 04, 2006

Zuzu Angel


Zuzu Angel

Sempre reclamaram que o cinema brasileiro não aproveitava a sua história para fazer bom cinema. Se desperdiçou uma época - a de 1970 com pornochanchadas e alguma coisa para ser lembrada, mas sem muito entusiasmo. Porém aos poucos, apesar de deslizes que ainda ocorrem, temos duas décadas que valem mais a pena do que qualquer filme sobre um herói do beisebol americano (sabem do que falo, afinal Hollywood transforma qualquer coisa em épico, vide aquele filme do cavalo Seabiscut, uma verdadeira bomba). Bem, deixemos de delongas e vamos a Zuzu Angel, de Sérgio Rezende.
Se escrevi há dias que Gwyneth Paltrow arrasa em A Prova, Patrícia Pillar faz muito mais em Zuzu Angel. Famosa estilista nascida em Minas Gerais, mas que fez sucesso no Rio de Janeiro dos anos 1970, ela bateu de cara com a ditadura militar, depois de ter seu filho morto pela repressão. O jovem, Stuart, fruto de seu casamento com um norte-americano, é interpretado por Daniel Oliveira (Cazuza). Ele se envolve com a guerrilha urbana e é pego pelos milicos. Após ser severamente torturado, o seu corpo foi jogado no mar e nunca encontrado.
Zuzu, no início, assim como a maior parte da população brasileira, não acreditava que estava ocorrendo uma revolução no país e nem mesmo uma brutal ditadura, até perder o filho e a nora Sônia (a bela Leandra Leal). Zuzu passa anos protestanto e tentando esclarecer o que ocorreu com o seu filho. Isso lhe provoca a perseguição da ditadura, que passa a considerar a estilista uma figura perigosa para o sistema.
O filme tem uma boa reconstituição de época e faz bem as idas e vindas no tempo, sem deixar o espectador confuso.
Zuzu incomodou tanto, que acabou sendo eliminada pelos militares - e não há nada de maniqueísmo no filme, apesar de algumas pessoas que forem assistir ao filme considerarem os militares por demais maus, cínicos, mentirosos. E não o eram?
Ah, detalhe para Luana Piovani interpretando Elke Maravilha, uma figura conhecida pelos programas dominicais de Silvio Santos como jurada e por sua excentricidade. Porém Elke é uma figura singular. Nascida na antiga União Soviética, seus pais fugiram do regime comunista e vieram parar no Brasil. Com um Q.I. altíssimo, ela fala seis línguas e até faz uma ponta no filme como uma cantora alemã num bar.
Zuzu, há pouco, ganhou uma homenagem ao ter o túnel onde foi assassinada passar a levar o seu nome. Uma de suas filhas, Hildegard Angel, é hoje colunista do jornal O Globo. Um filme nota 10.

quinta-feira, agosto 03, 2006

Memória - Cinema Político


Cinema Político, com Costa-Gravas
O cineasta grego nacionalizado francês Kostantinos Costa-Gravas fez verdadeiras obras-primas, que hoje andam meio esquecidas pelo público. Mas neste ano de eleições, sempre é bom tentar rever clássicos como Z, Estado de Sítio e Desaparecidos. Claramente filmes de esquerda - hoje perdendo sua força - estes três filmes retratam uma época não tão distante assim, em que as ditaduras imperavam sem dó nem piedade, principalmente na América Latina.
Mas comecemos por Z, baseado no romance de Nikos Kazantzakis, o mesmo autor de Zorba, o Grego. Protagonizado pelo italiano Yves Montand, mas que muita gente acha ser francês - afinal, ele virou um símbolo francófono depois de ainda pequeno se mudar para a França.
Em Z, Gavras retrata a cruel ditadura grega nos anos 1960 (hoje ao se ler sobre o belo país helênico, fica-se difícil de acreditar que os gregos tenham passado por uma ditadura) e a luta de um grupo liberal em tentar descobrir quem matou um deputado (Montand) da oposição.
Já Desaparecidos está mais próximo dos brasileiros. De 1982, mostra um pai, Jack Lemmon, tentando encontrar o seu filho, preso dias após o golpe de Pinochet, que derrubou o governo socialista de Salvador Allende. Nem mesmo a cidadania norte-americana do "desaparecido", John Shea, o salva da morte no estádio Nacional de Santiago, à beira dos Andes. E o pior, a descoberta que o governo norte-americano - leia-se CIA apoiou o golpe. Se você for assistir Zuzu Angel, verá muitas semelhanças em ambos os filmes.
Com atuações magistrais de Sissy Spacek e Jack Lemmon, Desaparecidos é mais um filme retratando os anos de chumbo neste belo país sul-americano (sobre a ditadura de Pinochet recomendo ainda Chove Sobre Santiago e Machuca).
Por fim, deixei para falar de Estado de Sítio. Pouco conhecido nos dias de hoje, o filme mostra os piores momentos da ditadura no Uruguai, tão próximos de nós, gaúchos, nos anos 1970. Desde a guerrilha dos montoneros até a repressão militar. Muita semelhança ao que se passou no Brasil na virada das décadas de 1960 para a seguinte. A ditadura uruguaia tem tanto reflexo no Brasil e principalmente em Porto Alegre, em que o DOPS operava junto com a repressão uruguaia - chegando ao extremo no seqüestro dos exilados Lilian Celiberti e Universindo Diaz na capital gaúcha em 1978. Três filmes imperdíveis e cruéis.

A Prova (Proof)


Gwyneth Paltrow mais uma vez rouba a cena, como já o fizera em Sylvia - Paixão Além das Palavras (sobre a poeta inglesa Sylvia Platt), em A Prova (Proof), de John Madden, que já a dirigira em Shakespeare Apaixonado. Filha de um matemático que um dia foi brilhante, mas que com o tempo ficou esquizôfrenico, sua personagem desenvolve um trabalho revolucionário na área das exatas. Só que um dos ex-alunos de seu pai, Hal (Jake Gyllenhaal, de O Dia Depois de Amanhã), não acredita que ela tenha obtido tal resultado, assim como a irmã, Claire (Hope Davies), uma verdadeira bruxa. Além de tudo, Catherine, aos 27 anos, já demonstra alguns sintomas de esquizôfrenia como seu pai, Robert ( Anthony Hopkins), morto há pouco. Porém ela continua a vê-lo em seus delírios. Paltrow, bela como sempre, mesmo interpretando uma depressiva, é o nome do filme, mesmo que este tenha um ator sagrado como Hopkins, que cá entre nós, não faz força nenhuma. O básico. Simples, assim. Pena que o final do filme deixe um pouco a desejar.

Sentinela



Um 24 Horas (a série do canal a cabo da Fox) vitaminado. Bem, não sou fã da série que virou febre mundial. Porém em Sentinela, de Clark Johnson (quem?), Kiefer Sutherland e Michael Douglas fazem uma bela dobradinha num thriller policial e por quê não político? Um espião infiltrado na Casa Branca pretende ajudar ex-agentes da extinta polícia política secreta soviética KGB a matar o presidente dos Estados Unidos, interpretado por David Rasche. O suspeito número um passa a ser o agente Garrison, que tem um caso com a primeira-dama, Sarah Ballantine (Kim Basinger, ainda irradiando beleza, ela que foi uma das musas das telas nos anos 1980. Principalmente no clássico 9 e Meia Semanas de Amor). Mas será que Garrison é mesmo o agente-duplo ou o vilão será o personagem de Kiefer Sutherland, o agente David Breckinridge? Muito mistério e correria, em um filme que não vemos o tempo passar. Ocorrerm alguns furinhos de roteiro - como o helicóptero do presidente dos Estados Unidos voar sem segurança. Sempre há jatos da aeronáutica em volta para impedir qualquer atentado. Mas isso não tira a graça do filme - um pouquinho americano demais para o meu gosto, mas que dá para engolir. E aliás, surge mais uma deusa em Sentinela, a morenaça Eva Longoria, que interpreta a parceira de Sutherland, Jill. Só por ela já vale a pena assistir ao filme.

As Loucuras de Dick e Jane - DVD


As Loucuras de Dick e Jane - por Carol Witczak.
Jim Carey algumas vezes acerta na mão mas, desta vez, sua graça foi pros ares. Com direção de Dean Parisot, posso dizer que o filme é fraco. Quis montar algumas cenas mais padrão de comédias românticas americanas e fez com que Carrey, apesar de açlgumas cenas desvairadas, não tivesse graça suficiente. Jim Carey, felizmente ou infelizmente para sua carreira, é um ator de comédia, não serve para draminhas e o filme, com Téa Leoni se encaminha para isso. Bom, vamos à história. Dick é um executivo relativamente bem sucedido, quando, sem mais nem menos, recebe uma promoção. Contente, diz à sua mulher para largar o emprego. Na verdade, a companhia havia sonegado impostos e da noite para o dia deixa Dick sem nada. A empresa havia falido e com ele os sonhos de Dick e Jane. Os dois ficam na merda. Na brincadeira, o casal começa a roubar, primeiro vendinhas, depois supermercados até partir para...bancos. Bem, no final, a diretoria corrupta da empresa se ferra e o 'grand finale' é a volta da televisão 20 polegadas para o lar de Dick e Jane. Pode um filme desses? Bom, mas se é para pensar em algo de positivo, na hora do filme pensei... Com alguém que valha a pena... Até bancos eu roubaria...

Obrigado por Fumar


Obrigada por Fumar

O cigarro faz mal. Mata mais do que armas e álcool, porém Nick Naylor (Aaron Eckhardt, sósia do novo técnico da Seleção Brasileira, Dunga) é pago pela indústria do tabaco para provar o contrário. A convencer as pessoas de que a nicotina não faz mal. Desse modo, ele é perseguido pelo senador Ortolan Finisterre (William H. Mace - aliás, você sabia que no começo do livro No Coração do Mar, a história real que inspirou Moby Dick, de Nathaniel Philbrick, é citado um pescador com o mesmo nome do ator e que viveu no início do século XIX?). Mace, aliás, é conhecido por sua participação em filmes como Fargo e Jurassic Parc.
Bem, voltemos ao filme. Naylor vive um conflito moral, pois tem um filho entrando na adolescência. E se o garoto quiser fumar, o que ele fará? Deixar o garoto propenso a pegar um câncer ou dizer: não faça isso, que é prejudicial à saúde.
Naylor, porém, tenta não se deixar influenciar por isso e segue em viagens pelos Estados Unidos vendendo uma boa imagem dos cigarros, mesmo quando é seqüestrado e passa a correr o risco de morte caso coloque outro cigarro na boca, devido a uma sabotagem de seus raptores em seu corpo.
Ao mesmo tempo que é hilário, o filme faz pensar e imaginar: se o cigarro mata, por que tanta gente ainda insiste em colocar fumaça para dentro do corpo? Bom, as empresas de tabaco só têm a dizer: Obrigado por fumar!

Memória - A Batalha de Argel

A Batalha de Argel

Apesar de Zidane ter dito que Materazzi ofendeu sua mãe e irmã na final da Copa do Mundo de 2006 entre França e Itália, para mim ainda fica a impressão de que houve uma ofensa racista do italiano sobre o francês...ops...argelino. Pois como todos sabem, Zidane é descendente dos pied-noirs, ou seja, os pés negros ou os argelinos que imigraram para a França na década de 1960 para trabalhar naquilo que os franceses não queriam fazer - assim como os turcos foram para a Alemanha. Apesar de serem considerados franceses por direito, os imigrantes argelinos nunca conseguiram ser completamente assimilados - apesar de a França ser multicultural e multiracial há séculos. Vide o problema dos jovens dos subúrbios de Paris e de outras cidades do país, desempregados e sem perspectivas de vida. Todos filhos de imigrantes das ex-colônias francesas na África.
Pois bem, vamos ao filme. Em A Batalha de Argel, lançado há pouco em DVD, Gilo de Pontecorvo, que filmou também Queimada, sobre uma revolução no Haiti colonial e protagonizado por Marlon Brando, retrata com atores amadores a briga pela independência do país africano. É um clássico em P&B, mostrando que em nenhum dos lados havia santos. Os argelinos partiram para os atos de terrorismo, explodindo prédios, bares, restaurantes e matando franceses que moravam na Argélia, não interessando se fossem civis ou militares - aliás, esses deviam uma resposta ao governo depois de terem sido expulsos sem dó nem piedade da então Indochina ( que viraria o Vietnã ou o inferno para os norte-americanos anos depois) em meados da década de 1950.
Do lado contrário, os militares franceses partiram para a retaliação, com torturas e o massacre dos revolucionários, que costumavam se esconder nas vielas das Casbah (bairros árabes). Não existiam inocentes numa guerra suja.

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...