quinta-feira, dezembro 10, 2009

ABRAÇOS PARTIDOS



O espanhol Pedro Almodovár acertou a mão em seu 17º título de sua cinebiografia - ABRAÇOS PARTIDOS (Los Abrazos Rotos). A história não foge muito das anteriores do cineasta, com muito drama, traições, personagens que sofrem uma grande tragédia em suas vidas. ABRAÇOS PARTIDOS demora um pouco para esquentar. Porém quando isso acontece, impede o espectador de tirar os olhos da tela.
A trama gira em torno de Lena (Penélope Cruz, a musa atual de Almodovár), que encanta dois homens, o ciumento multimilionário Ernesto Martel (José Luis Gómez) e o cineasta Mateo (Lluis Homar), que devido a um acidente que será explicado ao longo do filme, fica cego, adotando um pseudônimo, Harry Caine, que até pode ser entendido como uma corruptela para Hurrycane, ou seja, o furacão, que transformou a sua vida. E para pior.
E é este personagem cego, amargurado e cercado de sua produtora, Judit (a excelente Blanca Portillo), e do assistente e filho dela, Diego (Tamar Novas), que Harry Cane conta ao jovem como Lena renovou o seu coração e o set de filmagem daquela que seria sua obra-prima, Chicas e Maletas (Garotas e Malas, que na realidade é uma brincadeira de Almodovár com seu sucesso Mulheres à beira de um ataque de nervos).
Almodovár transforma a fraquinha e normal Penélope Cruz numa semideusa (não dá para esquecer que em Volver, drama de 2006 do espanhol, a atriz ficou esplendorosa, com direito a bumbum falso, numa imitação escancarada de Sophia Loren). Ela está cercada de bons atores e de um roteiro bem amarrado, que fazem de ABRAÇOS PARTIDOS um belo programa.
Cotação: ótimo
Chico Izidro

ATIVIDADE PARANORMAL



Reza a lenda que ATIVIDADE PARANORMAL, de Oren Peli, custou apenas 15 mil dólares, seguindo a escola do clássico A Bruxa de Blair. Fato: ATIVIDADE PARANORMAL já faturou mais de 100 milhões de dólares. A fita de terror segue a mesma linha do citado filme acima, ou seja, um documentário, aqui tratando de um casal de namorados cuja casa está mal-assombrada.
Para registrar os incidentes, Micah (Micah Sloat) adquire uma câmera para tentar captar o espectro pelos recintos da casa, principalmente o quarto do casal. Na primeira hora, porém, muito papo furado e nada de suspense, deixando ATIVIDADE PARANORMAL quase soporífero - e se você vai assistir filmes de terror, quer levar sustos! Porém, na sua segunda hora, o terror realmente aparece. Principalmente na cena em que a garota Katie (Katie Featherston) é arrastada pelo quarto. Então ATIVIDADE PARANORMAL consegue chegar ao que se propõe: aterrorizar. E como nos semi-documentários cinematográficos, para dar mais veracidade à história, os personagens têm os mesmos nomes dos atores, sendo que Katie Featherston se supera, transmitindo em seus olhos esbugalhados um pavor que não era visto, talvez, desde O Exorcista.
Cotação: bom
Chico Izidro

(500) DIAS COM ELA



Tom (Joseph Gordon-Levitt, do extinto seriado Third Rock From The Sun e do filmaço Killshott) é aquele rapaz que acredita no amor. E isso se torna mais real em sua vida no dia em que conhece a bela Summer (Zooey Deschanel, de Fim dos Tempos e Sim, Senhor). O problema, no entanto, é que ela não acredita no amor. Tudo é uma grande bobagem para ela, que até aceita namorar Tom em (500) DIAS COM ELA (500 Days of Summer, de Marc Webb). Mas nunca se envolvendo realmente.
A grande sacada de (500) DIAS COM ELA é que o filme não segue uma cronologia definida. A história vai alternando os dias, por exemplo do 50 para o 250, voltando para o 100 e daí indo para o 450, depois retornando para o 98, mostrando as alterações que o romance provoca em Tom, que vai da euforia à depressão, pois sabe-se desde o começo que o relacionamento entre a secretária e o arquiteto frustrado (para sobreviver fora de sua área, ele escreve mensagens para cartões de casamentos e namoros) está fadado ao fracasso.
Uma das cenas que, certamente, entrará para os clássicos do cinema é a dança de Tom com vários figurantes numa praça, depois de ele transar com Summer pela primeira vez.
A trilha sonora, incluindo os oitentistas The Smiths (do volcalista Morrisey) e Daryll Hall and John Oates (quem não se lembra de Maneater?), a clássica dupla Simon and Garfunkel, e os novatos do Wolfmother dão um sabor mais especial a este belo filme, que é para ser visto mais de uma vez. Com certeza.
Cotação: ótimo
Chico Izidro

LUA NOVA



LUA NOVA (New Moon, de Chris Weitz) é a continuação do estrondoso sucesso Crepúsculo, de 2008. E faz um sucesso estrondoso entre os adolescentes, apesar de como o seu antecessor, ser muito fraco. Crepúsculo, no entanto, tinha a seu favor o ineditismo (afinal, não é todo o dia em que vampiros se controlam para não saírem por aí sugando o sangue de reles mortais. A outra excessão é a boa série da HBO True Blood).
Em LUA NOVA, continua a saga de Bela (Kristin Stewart), apaixonada pelo vampiro Edward (o fraco ator Robert Pattinson). Aqui ela entra em crise de identidade porque ao fazer 18 anos, vê que está envelhecendo, enquanto que seu amado Edward terá para todo o sempre 17 tenros anos de idade. Ao mesmo tempo, ele decide afastar-se dela, para evitar que ela fique em perigo (o que é contraditório, afinal, não seria mais sensato ele ficar ao lado dela para defendê-la de perigos?). O rapaz chega a se refugiar no Rio de Janeiro, que é o mostrado de dentro de uma maloca, onde ao fundo vê-se a imagem digital do Cristo Redentor.
Bem, sem Edward por perto, Bela começa a ser cortejada por seu amigo e confindente, o índigena Jacob (Taylor Lautner, outro afeito a caras e bocas e péssima interpretação), que guarda um segredo, ao mesmo tempo é uma maldição para o seu povo. E dá-lhe mostras de músculos, para delírio das garotinhas, e efeitos especiais, por sinal, fraquíssimos, para os garotos.
LUA NOVA acaba não se sustentando, preso a um roteiro fraco e atuações desastrosas. Mas quando se tem 15 anos, o que importa?
Cotação: ruim
Chico Izidro

DO COMEÇO AO FIM



Desde já, sem trocadilhos, DO COMEÇO AO FIM é um dos mais sérios candidatos ao prêmio de pior filme do ano. Poderia ser diferente, não tivesse o diretor Aluízio Abranches perdido uma grande chance de discutir uma relação homossexual entre dois irmãos.
Francisco (João Gabriel Vasconcellos) e Tom-Tom (Rafael Cardoso) são irmãos de pais diferentes e criados com muito afeto pela mãe Julieta (Lilian Lemertz, que está começando a se especializar em papéis de mãe, vide Meu Nome Não é Johnny). Com uma diferença de seis anos entre um e outro, no começo da adolescência, os familiares começam a notar que há algo mais do que amizade entre eles. Porém, não existe no filme uma discussão sobre o tema do incesto, sobre nada. Simplesmente tudo é aceito com a maior naturalidade, onde todos vivem em paz, sem falta de dinheiro, num Rio de Janeiro tranquilo e pacífico. De irmãos a namorados, a marido e mulher. E ninguém, numa sociedade preconceituosa como a brasileira, se choca com a situação.
Para piorar, os diálogos são péssimos, amadorísticos, e as atuações, principalmente dos atores-mirins, são, e é difícil escrever isso, mas necessário, péssimas.
Cotação: ruim
Chico Izidro

quinta-feira, novembro 12, 2009

2012



O alemão Roland Emmerich conseguiu se superar no festival de bobagens que é 2012, novo filme-catástrofe na praça. Desta vez nada de ET's como em Independence Day, o frio em O Dia Depois de Amanhã, o monstro destruídor em Godzilla. Agora o tema é o final do mundo, de acordo com o calendário dos maias.
2012 é de encher os olhos devido aos seus efeitos especiais de primeira linha. E também por contar com um elenco de bons atores, como John Cusack, Chiwetel Ejiofor, Danny Glover, Oliver Platt e Amanda Peet.
Porém o roteiro é sofrível. Brutal. O planeta Terra está em vias de ser destruído e vários governos mundiais, liderados pelos Estados Unidos, começam a planejar uma forma de salvar um número determinado de pessoas (privilegiados que podem pagar R$ 1 bilhão por suas vidas).
Claro que no meio disso tudo, há a tradicional e batida história da família disfuncional. John Cusack é o escritor, que sobrevive como chofer de limusine, separado e com dois filhos morando com a ex-mulher e um metido metido a besta. E os filhos, a menina é um amor enquanto que o garoto é aquele tipo antipático, reclamando de tudo (alguém aí se lembrou de A Guerra dos Mundos, com Tom Cruise?). Há ainda o maluco (Woddy Harrelson), que prega o final dos dias e conspiração do governo e que é desacreditado por todo mundo.
Algumas cenas são de uma inverossimilhança tremenda, como por exemplo John Cusack escapando de terremotos dirigindo uma limusine, ou o padrasto de seus filhos de uma hora para outra se tornar um exímio piloto de aviões...Tudo bem, alguém vai dizer que o filme tem esse propósito, que é o de apenas divertir. Mas a ação é tão repetitiva, que uma hora cansa.
Cotação: regular
Chico Izidro

CÓDIGO DE CONDUTA




Um homem que viu sua mulher e filha pequena serem mortos fica completamente frustrado ao saber que o assassino sairá impune após fazer acordo com o procurador de Justiça. Este é o mote do bom CÓDIGO DE CONDUTA (Law Abiding Citizen), de F. Gary Gray.
Gerard Butler, de 300 e P.S.: Eu Te Amo é o arquiteto que sofre com o pouco caso das autoridades. Então decide fazer Justiça com as próprias mãos, acabando por parar na cadeia, depois de perseguido pelo promotor interpretado pelo ótimo Jamie Fox (Colateral e Ray). Preso, Clyde tenta mostrar que a Justiça tem graves falhas. E todos aqueles envolvidos no julgamento que liberou o assassino de sua família começam a ser mortos. E a grande sacada - quem estaria ajudando Clyde, já que ele está no presídio?
CÓDIGO DE CONDUTA tem toques de Jogos Mortais com Desejo de Matar (a cine-série dos anos 1970 e 80 protagonizadas por Charles Bronson). Enfim, é um filme que prende o espectador, com cenas surpreendentes. Fiquem atentos na do telefone celular.

Cotação: bom
Chico Izidro

JOGOS MORTAIS 6




O serial killer Jigsaw (Tobin Bell) já passou desta para melhor. Mas o seu legado continua em JOGOS MORTAIS VI, de Kevin Greutert. A história aqui não difere muito das outras, ou seja, pessoas com pecados em suas vidas continuam sendo alvo da fúria assassina de Jigsaw. Como ele está morto, deixou orientações aos seus seguidores, entre eles o detetive Hoffman (o careteiro Costa Mandylor).
Cada vítima de Saw é submetida a uma tortura específica. E aqui vale um parênteses: o cara ou o grupo que cria as máquinas de torturas deveria ir a um psiquiatra, pois tem sérios problemas mentais...
Corpos são mutilados, explodidos, numa orgia de sangue para quem tem estômago forte. Enfim, tudo mais do mesmo em JOGOS MORTAIS VI.

Cotação: regular
Chico Izidro

MATADORES DE VAMPIRAS LÉSBICAS



Um filme com esse "singelo" nome, MATADORES DE VAMPIRAS LÉSBICAS, não é mesmo para ser levado a sério. Com direção de Phil Claydon, é propositalmente ruim. Ele até tem boas sacadas, como a abertura, lembrando aqueles velhos filmes trash dos anos 1960. E os atores, nota-se, estão se divertindo com o besteirol.
Uma aldeia nos confins da Inglaterra sofre com uma maldição: todas as mulheres, ao completarem 18 anos se tornam vampiras lésbicas. E elas pretendem trazer à vida sua líder, morta por um guerreiro há mais de 500 anos. Para tanto, necessitam do sangue de uma virgem e de um herdeiro do guerreiro. E ele calha de ser o estúpido Flecht (James Corden, com um topete patético), que está na região de férias ao lado do tão mais idiota amigo, o gordinho Jimmy (Mathew Horne).
O filme segue a linha terrir (terror com horror). Porém não consegue fazer nem um nem outro. Ficam aquelas risadas constrangidas na sala de cinema e o olhar no relógio, torcendo para que acabe logo tal tortura.

Cotação: ruim
Chico Izidro

ALÔ, ALÔ, TEREZINHA



ALÔ, ALÔ, TEREZINHA, de Nélson Hoineff, pretendia contar a importância do comunicador Abelardo Barbosa, o Chacrinha, para a televisão brasileira. No entanto, o projeto ficou pelo devendo um pouco. Hoineff foca pouco no Velho Guerreiro, dando mais destaque as chacretes (Rita Cadillac, Índia Potira, entre outras). Seriam estas garotas de programa ou não? Também foram buscados ex-calouros, aqueles que eram humilhados por Chacrinha para deleite da plateia e também de todo o Brasil, numa era pré-tevê a cabo. Alguns não se dignaram e quase 20 anos depois voltaram a fazer ridículo em frente às câmeras. Um deles claramente sofre de distúrbios mentais, jurando ser melhor cantor do que Roberto Carlos e disparando uma música cuja letra é incompreensível. Outros dois são gagos.
Mais o show de horror não para por aí. Algumas ex-chacretes não se importam em mostrar os corpos, que outrora foram o desejo de muitos homens. São cenas constrangedoras. Índia Potira, por exemplo, fica nua num chafariz. Rita Cadillac deixa um fã beijar suas nádegas. Sobra espaço até para os eleitos de Chacrinha, como Ney Matogrosso, Fábio Júnior, Roberto Carlos e Aguinaldo Rayol contarem como eram ajudados pelo "palhaço".
Porém, ALÔ, ALÔ, TEREZINHA tem seus méritos, ao recuperar imagens históricas da tevê nos anos 1970 e 80 (Chacrinha morreu em 1988 e até hoje muita gente acha que não há um substituto à altura. Os detratores de Faustão que o digam). O Velho Guerreiro também incentivou o surgimento de vários grupos de rock, como Titãs, Barão Vermelho, Irã, Kid Abelha e por aí vai.
Cotação: bom
Chico Izidro

BESOURO




BESOURO, de João Daniel Tikhomiroff, retrata a vida do maior capoeirista da história do Brasil. E se passa no Recôncavo Baiano, em 1924, onde os negros ainda são tratados como escravos, apesar de a Abolição ter ocorrido mais de trinta anos antes. A capoeira é proibida pelas autoridades. E como o proibido é mais empolgante...

Besouro é interpretado por Ailto Carmo, capoeirista profissional. E era isso. O rapaz não tem a mínima condição de atuar. Mas ele não está sozinho no filme. Sua amiga Dinorá (Jéssica Barbosa) e o melhor amigo, Quero-Quero (Anderson Santos de Jesus) também deixam a desejar. As cenas são por demais teatrais, os vilões caricaturais. O que se salva? A reconstituição de época, a fotografia, as cenas de luta, coreografadas pelo chinês Huan-Chiu Ku, de O Tigre e o Dragão.

Cotação: ruim
Chico Izidro

SUBSTITUTOS



Bruce Willis mais uma vez confirma ser um grande ator para os filmes de ação. Em SUBSTITUTOS (Surrogates, de Jonathan Mostow), a humanidade vive trancada em seus apartamentos, usando robôs para fazerem suas atividades diárias, como ir trabalhar, jogar, pescar. Os robôs são cópias perfeitas de seus donos.
Bruce Willis e Radha Mitchell (de Melinda, Melinda) são dois agentes do FBI que começam a investigar uma série de crimes em que os robôs são exterminados e junto com eles seus operadores, os seus donos. Os suspeitos são um grupo de humanos que se negou a embarcar na onda de ter substitutos ou sem condições de possuí-los. Além das boas atuações de Willis e de Mitchell, as presenças de James Cromwell e Ving Rhames também são marcantes.
O filme é inteligente, analisando até uma das doenças modernas, a Síndrome do Pânico. E claro, como nada se cria, tudo se copia, SUBSTITUTOS bebe na fonte de outros dois grandes filmes, Eu, Robô, com Will Smith, e o imbatível Blade Runner, clássico oitentista de Ridley Scott e com Harrison Ford.

Cotação: bom
Chico Izidro

quinta-feira, outubro 15, 2009

DISTRITO 9






O apartheid foi uma mancha na África do Sul que ainda hoje, passados mais de uma década e meia de seu término, ainda incomoda os habitantes do país da Copa do Mundo de 2010. O sistema segregacionista ganha uma visão diferente, mas não totalmente reflexiva em DISTRITO 9, do sul-africano Neill Blomkamp. Aqui quem vive o preconceito são alienígenas, que devido a uma pane em sua nave, acabam retidos na Terra.
Só que ao invés de ets violentos e assassinos ou o outro extremo, cordiais, estes são passivos, mas não bonzinhos. Vivem na tal favela batizada de Distrito 9, situada nos arredores de Johannesburgo, como cidadãos de segunda ou última classe. O ambiente é sujo, podre e eles o dividem com imigrantes de outras nações africanas, principalmente uma gangue de nigerianos. E estes gostam de comer partes dos extra-terrestres, pois acreditam que assim ficarão tão fortes e inteligentes quanto eles, chamados de camarões por seus algozes, devido ao formato de seus corpos. A favela fica tão superpovoada (mais de 1,5 milhão de Ets), que uma agência governamental, a MNU, decide alocá-los em outro local.
Nisso, surge a figura do funcionário Wikus wan der Merve (Sharlto Copley), que tem a missão de removê-los da favela. Porém ao sofrer um acidente, ele vai passar a sentir na pele o preconceito que seus iguais infligem aos camarões. Enfim, uma parábola do que acontecia com um branco ao ajudar o homem negro na luta contra o racismo - e neste ponto seria ótimo assistir Um Grito de Liberdade, com Kevin Kline e Denzel Washington, de 1987. Voltando a DISTRITO 9, o filme segue uma linha documental, com uma câmera seguindo os funcionários da MNU em sua incursão pela favela e depoimentos reais de sul-africanos sobre a presença de estrangeiros no país - mesmo negros não conseguem aceitar a presença de outros africanos na África do Sul e exigem sua expulsão.
Cotação: ótimo
Chico Izidro

BASTARDOS INGLÓRIOS




Levei mais de uma semana para "deglutir" BASTARDOS INGLÓRIOS, a nova obra de Quentin Tarantino. Pensei, ouvi comentários aqui, ali, acolá. Uma coisa era certa ao sair da sessão de pré-estreia para a imprensa: o cineasta havia subvertido a história, sem nenhum sentimento de culpa, não deixando pedra sobre pedra neste filme sobre a Segunda Guerra Mundial, ou uma outra Segunda Guerra Mundial.
Para mim, este tema é tão pesaroso, que não poderia sofrer interferência humorísticas - vide que rejeito plenamente o idiota A Vida é Bela, do mais idiota ainda italiano Roberto Begnini. Mas ali ele criava um campo de concentração que passava muito longe dos horrores dos verdadeiros lagers nazistas, como Auschwitz, Treblinka, Sobibor, Dachau, só para citar alguns.
BASTARDOS INGLÓRIOS, no entanto, vem na melhor tradição de um Fuga no Inferno, com Steve McQueen, o seriado Sombra e Água Fresca (Hogan's Heroes) e Colditz. Aqui, um grupo de soldados judeus norte-americanos liderado pelo tenente Aldo "Apache" Raine (Brad Pitt, impagável) entra na França ocupada e tem a missão de matar o máximo possível de nazistas. E de preferência, trazendo o escalpo dos assassinados para o seu líder.
Ao mesmo tempo que acompanhamos estes soldados, vemos também a garota judia Shosanna (a atriz francesa Mélanie Laurent), que escapou de um massacre, tentando vingar sua família. Temos também um Hitler histérico (Martin Wuttke) e um oficial alemão, Hans Landa (o austríaco Christoph Waltz), caçador de judeus e poliglota. Waltz literalmente rouba o filme. Suas aparições são "apetitosas" e hilárias, mesmo nos momentos em que está prestes a cometer mais uma de suas barbaridades. Como diziam os nazistas depois da guerra: "Apenas seguíamos ordens".
Tarantino, além de tirar muito de seus atores, usa e abusa de uma trilha sonora que vai desde Ennio Morricone, dando a BASTARDOS INGLÓRIOS um ar de faroeste, a David Bowie. Sim, Bowie. Enfim, é um filme para ser visto e revisto.
Cotação: ótimo.
Chico Izidro

CHE - A GUERRILHA








CHE - A GUERRILHA é a continuação de Che, de Steven Soderbergh, lançado no começo deste ano. Nas suas duas primeiras hora e meia, Soderbergh recriou a vitória da revolução cubana orquestrada por Fidel Castro (Demién Bichir) e Guevara. Agora, na sua parte final, o filme se prende totalmente na tentativa de Che de implantar a revolução na Bolívia, um país totalmente atrasado em 1966/67 (aliás, ainda o é atrasado), partindo da selva, como fizera no Caribe. Como se sabe, os camponeses, por mais que vivessem um estado de extrema pobreza, não embarcaram na utopia do médico argentino.
A visão de Soderbergh sobre Che é por demais simpática. Não aparece ali aquele guerrilheiro cruel, que não perdoava os seus inimigos. E visto quase como um santo e nisso CHE - A GUERRILHA peca (desculpem-me o trocadilho). O diretor ainda descarta a presença fracassada de Che no Congo e sua participação no governo de Fidel - quando ele não vacilava em mandar os adversários do regime para o famoso "paredón".
Porém a interpretação de Toro, coadjuvado por Franka Potente (Corra Lola, Corra), Joaquim de Oliveira e Catalina Moreno, entre outros, é primorosa. Definitivamente, o porto-riquenho Benício Del Toro (Traffic e Coisas que perdemos pelo caminho) nasceu para ser Ernesto "Che" Guevara. Detalhe: Matt Damon faz uma pequena aparição como um padre e tem mais falas do que Rodrigo Santoro, que vive o irmão de Fidel, Raúl Castro, atual governante de Cuba. Aliás, o brasileiro nem fala tem. Entra mudo e sai calado.
Cotaçã: bom.
Chico Izidro

DEIXA ELA ENTRAR









A moda deste final da década são os filmes e seriados sobre vampiros. Eles pululam por aí. Estes seres da noite, que sempre estiveram presentes em nossas imaginações graças a Bram Stocker e seu Drácula. Crepúsculo, que iniciou a cine-série teen, é adocicada demais. Em compensação, o seriado True Blood convence com seu humor, suspense e erotismo.
Só que nada supera DEIXA ELA ENTRAR (Let the right one in, de Tomas Alfredson). É uma bela história de amor entre o solitário garoto Oskar e a vampira Eli, que tem 12 anos e alguma coisa - na realidade, ela tem muito mais, só que não sabe precisar.
Os dois, numa gélida e nevada Estocolmo dos anos 1970, se confortam, pois ele sofre o pavor do buyling no colégio, vítima de três valentões que o espancam a toda hora. E Eli só pode sair à noite, devido a sua condição vampiresca. Sendo assim, acabam se encontrando e de uma amizade nasce algo mais forte. DEIXA ELA ENTRAR, no entanto, nunca apela, mesmo nas cenas em que os vampiros atacam os seres humanos. O casal mirim de atores Kare Hedebrant e Lina Leandersson é um show à parte, que comove e tem uma atuação espetacular. O nome do filme remete a tradição de que um vampiro só pode entrar na casa de um humano se este convidar a criatura.
Cotação: ótimo
Chico Izidro

TERROR NA ANTÁRTIDA






TERROR NA ANTÁRTIDA (Whiteout, de Dominc Sena) tem em seus primeiros minutos a belíssima Kate Beckinsale tirando a roupa e entrando no chuveiro numa estação de pesquisa no ponto mais frio do planeta. Isso já é um agrado para os marmanjos. Logo depois, ela, que é uma detetive do FBI, se vê as voltas com um misterioso assassinato. E tem 48 horas para solucionar o caso, já que a estação será fechada por seis meses e ninguém deve permanecer no local, extremamente hostil para o ser humano...no inverno...
A primeira hora de TERROR NA ANTÁRTIDA consegue segurar o espectador, apesar de quando da aparição de um personagem já se dê para desconfiar do criminoso. Que solto na estação polar, continua matando. O problema é que na segunda parte, o filme descambe e caia na mesmice - e uma coisa me intriga...por que o assassino em todos os trailers policiais faça tudo certinho para encobrir os seus rastros, mas no final decida mostrar de forma tão estúpida sua identidade? Não fosse Kate Beckinsale, TERROR NA ANTÁRTIDA não valeria o ingresso.
Cotação: regular
Chico Izidro

quinta-feira, outubro 01, 2009

GIGANTE





O cinema uruguaio é quase um desconhecido para nós, brasileiros. Mas também porque a produção cinematográfica no país vizinho é quase inexistente. O exemplo mais recente a ter chegado até aqui é o excelente O Banheiro do Papa, de 2007. Agora, eles nos brindam com GIGANTE, de Adrián Biniez. A obra mostra que não é necessária muita parafernália para se contar uma história singela, terna...
Em seus pouco mais de 80 minutos, pouca coisa acontece em GIGANTE. Ele é monótono e nisso que está o seu encanto. O segurança de supermercado Jara (Horacio Camandule, que é ator amador no Uruguai) nutre uma paixão platônica por uma das faxineiras do local, Julia (Leonor Svarcas). Jara é um cara grande, gordo e com um aspecto sério e ameaçador, sempre de preto e fã de heavy metal. E atrás deste ar, ele é uma pessoa meiga, quase uma criança, que tem como melhor amigo o seu sobrinho de 10 anos. Ele é tão tímido que não consegue se aproximar de Carmen. O que consegue é seguí-la pelas ruas das periferias de Montevidéu - e aí o filme nos mostra um outro retrato da capital uruguaia, longe daquela a que estamos acostumados, a do turismo. Não vou contar aqui no final, mas ele nos faz ter esperança nas relações amorosas.
Cotação: bom
Chico Izidro

A VERDADE NUA E CRUA




A bonita atriz Elizabeth Heigl (do seriado médico Grey's Anatomy) afirmou recentemente que ao lado de sua empresária e mãe, costuma analisar e procurar bons roteiros para se arriscar no cinema. Porém se formos analisar esta informação por seu filme mais recente, ela anda cometendo equívocos. Sua última incursão na telona é o romântico A VERDADE NUA E CRUA (The Ugly Truth, de Robert Luketic) e que parece nome de documentário. A história mais boba impossível, nada mais é do que dois colegas de trabalho se odeiam e descobrem a tantas que estão perdidamente apaixonados um pelo outro.
Heigl até tem umas três cenas engraçadinhas como a mulher de 30 anos, bela e solitária, que se encanta pelo vizinho do lado, o insosso Nick Searcy. O seu antagonista é Gerard Butler (300 e P.S.: Eu Te Amo), aqui como um ogro misógino, que na realidade só age dessa forma porque foi muito magoado no passado. O final, prá lá de previsível, chega a ser enjoativo e dá vontade de a gente vomitar...argh...
Cotação: ruim.
Chico Izidro

UMA PROVA DE AMOR





Esqueça o título horroroso no Brasil - UMA PROVA DE AMOR (no original My sister's Keeper, de Nick Cassavetes), e que você vai passar boa parte dos 106 minutos deste filme lacrimejando, caso seja extremamente sensível. Pense nas boas atuações das garotas Abigail Breslin (de Pequena Miss Sunshine), Sofia Vassilieva e de Cameron Diaz e a boa direção de Nick, filho do famoso diretor John Cassavetes. A trama é aquela que os norte-americanos adoram, onde um dos personagens sofre de uma doença incurável, aqui no caso Kate (Vassilieva), que tem câncer.
Para tentar salvá-la, seus pais geram a pequena Ana, que aos 11 anos entra na Justiça pois não suporta mais ter o corpo violado para ajudar no tratamento da irmã, Kate. Isso gera um grande conflito com sua mãe, Sara (Diaz), que acha a atitude da caçula inteiramente egoista. Mas atrás de tudo esconde-se um grande segredo. UMA PROVA DE AMOR é cativante, mostrando que devemos estar sempre ao lado dos entes queridos nos bons e nos maus momentos.
Cotação: bom
Chico Izidro

JUÍZO FINAL





Às vezes uma salada de frutas vira um clássico genial, como Kill Bill 1, de Quentin Tarantino. Noutros casos, é gerado um filme intragável, como JUÍZO FINAL (Doomsday, de Neil Marshall). Ele certamente bebeu em várias fontes, como por exemplo Mad Max, Extermínio, Guerreiros da Noite e até mesmo Planeta dos Macacos, mas aprendeu mal a lição.
Em 2012, o Reino Unido é afetado por um vírus letal, que dizima metade da população. E quem está infectado é isolado no norte, na Escócia. Duas décadas depois, quando todos achavam que o vírus estava debelado, ele volta mais letal. A salvação estaria em algum sobrevivente, que teria o antidoto no sangue. Para achá-lo, é formado um grupo de militares liderado pela corajosa e violenta Eden (Rhona Mitra), que perdeu a mãe durante a primeira aparição do vírus.
Ela parte para Edimburgo com o grupo e lá dão de cara com duas gangues, uma de punks e a outra de homens que vivem como se estivessem na Idade Média, estes liderados por um ex-médico, Kane (Malcolm McDowell, de A Laranja Mecânica e aqui no topo tudo por uns trocados). Ele, assim como ninguém se salva nesta produção. Todos estão extramente caricatos e um dos vilões chega a ser irritante de tão forçada a sua "maldade". Você vai sair do cinema com raiva, se for ver o filme.
Cotação: ruim.
Chico Izidro

quinta-feira, setembro 10, 2009

A ONDA (DIE WELLE)





Poderia o nazismo reviver nos nossos dias? Este assunto não interessa mais aos alunos do professor Rainer Wegner, pois consideram que a geração deles não deve se sentir culpada pelo que fizeram Hitler e seus asseclas nas décadas de 30 e 40 do século passado. Por isso, Wegner (excelente atuação de Jürgen Vogel) decide realizar uma experiência no excelente A ONDA (Die Welle, de Dennis Gansel) e mostrar que uma ditadura fascista pode florescer sem que as pessoas o percebam.
Os estudantes de uma escola de ensino médio alemão e de todas as classes sociais entram de cara no projeto, sem notar que estão sendo manipulados e que aos poucos começam a reviver o que se passou na Alemanha naquele período trágico da história. Os jovens adoram um uniforme - calça jeans e camisa branca -, o que significa a perda da individualidade, uma saudação e um símbolo. E ainda cegos pela lavagem cerebral, começam a discriminar quemnão aceita participar do grupo – a principal vítima é a garota Karo (Jennifer Ulrich), que tenta avisar os colegas de que as coisas estão saindo do controle. Aliás, todo o elenco, quase todo ele formado por jovens atores, mostra-se bem afiado, inclusive a teuto-brasileira Cristina do Rego como a rejeitada Lisa.
A ONDA é uma refilmagem de um curta norte-americano de 45 minutos filmado em 1981, com direção de Alex Grasshof, e que retrata a história real do professor Ron Jones, que em 1967, em Palo Alto, na Califórnia, fez a experiência com seus alunos numa escola de segundo grau, com resultado desastroso. Jones nunca mais pode voltar a lecionar. Hoje, aos 66 anos, ainda vive na região e além dos filmes, teve sua ideia retratada no livro A Terceira Onda (não confundir com o livro homônimo de Alvin Tofler), escrito por Todd Strasser.
Cotação: excelente.
Chico Izidro

quinta-feira, setembro 03, 2009

UP - ALTAS AVENTURAS





Talvez uma das melhores animações dos últimos tempo: UP - ALTAS AVENTURAS, de Peter Docter e Bob Petersen. O desenho da Disney, que em muitos cinemas entrará em cartaz em 3-D, relata a vida do velhinho Carl Fredricksen (dublado magistralmente por Chico Anísio), que aos 78 anos, resiste ao avanço imobiliário em sua casa onde viveu toda a vida com seu amor de infância, Ellie. Após um terrível incidente, ele decide colocar em prática o que sempre sonhou com a mulher: viajar para a América do Sul e desbravar as matas selvagens da Venezuela. Por acidente, acaba levando junto um garotinho, o tagarela Russel. Os diálogos entre os dois são hilários, principalmente na irritabilidade de Carl com o pequeno escoteiro.
Porém UP não é uma simples comédia animada de aventuras dirigida para as crianças. Ele também trata de amizade, amor, perdas (e aqui não posso adiantar, para não estragar uma parte muito emotiva do filme) e desilução.
Cotação: ótimo
Chico Izidro

O SEQUESTRO DO METRÔ 123




Às vezes, ou quase sempre, nada melhor do que o original, neste caso da década de 1970, com o falecido Robert Shawn (Tubarão e Domingo Negro). Nesta refilmagem de Tony Scott, o SEQUESTRO DO METRÔ 123, a tecnologia toma conta da cena e não faltam as tradicionais batidas de carro e assassinatos a sangue-frio. Porém o embate entre o vilão John Travolta e o mocinho Denzel Washington rende bons diálogos, apesar de às vezes o ator de Os Embalos de Sábado à Noite mostrar-se excessivamente histriônico.
Travolta sequestra a tal linha de metrô, que tem este número pois sai da estação central exatamente à 1h23 da tarde, e faz vários reféns. Para libertá-los, exige 10 milhões de dólares. Washington é o funcionário do metrô rebaixado de cargo por suspeita de suborno, e que acaba virando o mediador entre sequestradores e a prefeitura de Nova Iorque. Até a sua metade, O SEQUESTRO DO METRÔ 123 vai bem, depois vira um pastiche convencional e que só faz a gente torcer logo por seu término.
Cotação: regular
Chico Izidro

A ORFÃ




A ORFÃ, de Jaume Collet-Serra, lembra e muito o Anjo Malvado, estrelado por MacCauley Culkin, de 1994. Aqui, no entanto, sobressai a boa atuação da estreante Isabelle Furhmann no papel de Esther. Adotada pelo casal Kate (Vera Farmiga, de Os Infiltrados) e John (Peter Skargard, de Soldado Anônimo), que desejavam um terceiro filho e o perderam. Então encontram num orfanato a carismática e inteligente Esther. Doce no início, a garota logo vai se mostrar um verdadeiro demônio, principalmente para Kate e a garotinha surda-muda Max (Aryana Enginner, outra boa surpresa do filme). O problema é que A ORFÃ cai no lugar comum dos filmes de terror, com Kate tentando mostrar que Esther é a crueldade em carne e osso. Porém todos duvidam dela, que tem um passado problemático devido ao alcoolismo. O final é até surpreendente, quando Kate descobre o terrível passado da sua filha adotiva.
Cotação: regular
Chico Izidro

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...