quinta-feira, dezembro 29, 2016
"Invasão Zumbi" (Train to Busan)
Vem da Coreia do Sul um dos grandes filmes de terror dos últimos anos. "Invasão Zumbi" (Train to Busan), dirigido por Yeon Sang-ho, tem muito de Extermínio (2002) e Guerra Mundial Z (2013).
Na trama, Seok Woo, workaholic que não tem uma relação muito próxima com sua pequena filha Soo-na, aceita um pedido da garota de visitar a mãe na cidade de Busan. Mas pouco antes de embarcar no trem, uma estranha epidemia começa a se alastrar pela Coreia, transformando as pessoas em zumbis. O trem parece ser um lugar seguro para os passageiros, mas tudo complica quando uma passageira infectada acaba embarcando.
Então nas próximas quase duas horas do filme, veremos várias pessoas tentando se ajudar e evitar os ataques violentos dos infectados - e não esqueça, se uma pessoa é mordida ou até mesmo levemente arranhada, ela também se transformará. E tudo fica mais legal e tenso dentro dos espaços apertados dos vagões.
E no filme não temos aqueles zumbis de "The Walking Dead", lentos. Aqui eles são violentos e rápidos, mesmo quando seus corpos são quebrados em tombos ou atropelados. "Invasão Zumbi" também tem espaço para sentimentalismo, personagens carismáticos, a qual acabamos nos apegando - a garotinha Soo-na é espetacular.
Invasão Zumbi não apresenta nada inovador, mas é muito bem feito assim. Afinal, é um filme de zumbi com muita ação, suspense, utilizando bem sua atmosfera de tensão e claustrofobia.
Duração: 1h58min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Animais Noturnos" (Nocturnal Animals)
Baseado no livro Tony & Susan (1993), de Austin Wright, "Animais Noturnos" (Nocturnal Animals), direção do estilista Tom Ford (de Direito de Amar), é um filme forte e chocante. E tem duas atuações espetaculares, de Amy Adams e Jake Gyllenhaal. As primeiras imagens já são impactantes, com uma abertura mostrando mulheres obesas dançando sem nenhum pudor, como fosse go-go girls.
A linda Amy Adams interpreta a Susan, dona de uma galeria de arte que vive uma crise no casamento com o bonitão Hutton (Armie Hammer). Uma noite, ela recebe do ex-marido Edward Sheffield (Jake Gyllenhaal), a quem se separou há duas décadas, o manuscrito de um livro intitulado Animais Noturnos, dedicado a ela.
E o livro vai entrando na mente de Susan, transformando-se ele mesmo num filme dentro de um filme - na história, Tony, novamente Jake Gyllenhaal, sai de férias com sua família, e no meio de uma estrada deserta, eles são abordados por um grupo de homens, que farão o terror com a sua mulher e a filha. Tony parte, então, numa jornada de vingança, ajudado pelo policial Bobby Andes (Michael Shannon).
Ao mesmo tempo que fica absorta na densa e pesada leitura do livro, Susan começa a lembrar sua história com o ex-marido - agora o filme se transforma em três, mas muito bem costurado.
E ainda tem grandes atuações de Amy Adams, Jake Gyllenhaal no duplo papel de Tony, na ficção e do ex-marido da protagonista na vida real, passando por Michael Shannon, e Aaron Taylor-Johnson como um dos criminosos do livro. Enfim, "Animais Noturnos" é forte, reflexivo, denso. Excelente.
Duração: 1h46min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"O Que Está Por Vir" (L’avenir)
"O Que Está Por Vir" (L’avenir), é dirigido por Mia Hansen-Løve, e não tem nada de inovador. Ausência total de efeitos especiais. Vemos só o cotidiano de uma professora de filosofia vivida pela exuberante
Isabelle Huppert, que neste ano já havia se destacado no tenso "Elle".
Aqui ela interpreta Nathalie, uma professora de filosofia às voltas com greves de alunos em sua universidade. Ao mesmo tempo sua vida pessoal beira o caos: a sua mãe, uma ex-modelo e agora vivendo as agruras da velhice, está sempre clamando por sua atenção, seja em tentativas de suicídio, seja apresentando sinais de demência. Já o marido, a quem está casada há 25 anos, conheceu outra mulher, mais jovem e deseja se separar. E a sua editora de seus livros pretende alterar seu material em virtude das baixas vendas.
Com sua vida virada de cabeça para baixo, Nathalie entra em uma jornada de intimismo, para tentar mudar a sua vida e o destino que se apresenta à ela. Tudo apresentado ao espectador de forma simples, sem grandes exageros. Seguimos o dia a dia da professora, em conversas com seus dois filhos, já entrados na vida adulta, na amizade dela com um ex-aluno, que foi morar afastado em uma comunidade rural, o cuidado com o gato da mãe - agora internada em um asilo.
Huppert transmite uma naturalidade incrível, e por meio de suas expressões e linguagem corporal entendemos tudo pelo o que se passa com ela. A atriz rouba totalmente as cenas neste filme, que lida com questões tão comuns à muita gente.
Duração: 1h38min
Cotação: bom
Chico Izidro
quinta-feira, dezembro 22, 2016
"Capitão Fantástico" (Captain Fantastic)
Escrito e dirigido por Matt Ross, "Capitão Fantástico" (Captain Fantastic) apresenta uma atuação de cair o queixo de Viggo Mortensen, que vive o riponga Ben. Ele e a esposa, que não aparece nunca, mas faz parte essencial da trama, decidiram criar os seis filhos, que tem idade entre os 16 e 5 anos, longe da sociedade, distante do consumismo e da tecnologia. Enfim, eles vivem no meio da mata.
Porém a vida de todos sofrerá grande mudança quando a esposa de Ben falece. Então ele tem de comparecer ao funeral dela, levando os filhos - e o choque é enorme, pois a garotada encontra um mundo da qual se sente completamente alijada. Além do que, os sogros de Ben não aceitam o modo de vida que ele leva e dá às crianças. Ben criou os filhos com extremo rigor e disciplina - leituras selecionadas, exercícios, alimentação. Tudo é controlado com extremo zelo.
O filme é praticamente um road-movie. A família viaja num ônibus velho, mas recheado de livros. E apresenta uma das mais belas cenas de 2016, quando Ben e os filhos interpretam o clássico Sweet Child o'Mine em uma roupagem acústica e emocionante.
Outro destaque são as atuações de Viggo Mortensen e Frank Langella, que faz o papel do sogro. Os dois mostram um duelo arrebatador e por vezes angustiante. O avô, afinal, não consegue aceitar o modo de vida que o genro dá aos seus netos. Um deles é Bo, o filho mais velho de Ben, e vivido com brilho por George Mackay, que interpreta Bo. O ator já havia se destacado na minissérie 11.22.63, baseada numa obra de Stephen King, e protagonizado por James Franco.
Duração: 1h58min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Sing: Quem Canta Seus Males Espanta" (Sing)
Animais que vivem como humanos, com seus problemas, deficiências, angústias, felicidade...enfim..."Sing: Quem Canta Seus Males Espanta" (Sing), dirigido por Garth Jennings, além disso busca suas forças em muitas músicas pop e todas em suas versões originais, e em alguns casos, nas vozes dos intérpretes originais. Apesar da animação ser dublada.
No centro da trama, temos o coala dono de um teatro caindo aos pedaços Buster Moon. Falido, ele acha encontrar a solução de seus problemas produzindo um musical, mas para tal necessita fazer uma espécie de concurso, aos moldes do The Voice. Motivados mais pela grana, que eles acham ser de 100 mil dólares, quando na realidade são apenas mil dólares, do que fama e reconhecimento, diversos animais tentam uma vaga na empreitada.
Os personagens vão de uma porca-espinho roqueira, um ratinho que vive de tocar em seu saxofone os clássicos do jazz, e a aliá, fêmea do elefante, de grande talento, mas com imenso medo do público. Tem ainda a porquinha dona de casa, que tem 25 filhos, e um marido completamente desligado, e o gorila adolescente que sonha em ser músico, apesar de seu pai desejar que ele siga seus passos, de ladrão.
Os clichês vão aparecendo aqui e ali, atrapalhando e muito o desenvolvimento da história. Que calcado em canções pop, tem algumas boas, de artistas como Aerosmith, Elton John, Frank Sinatra, mas com coisas abusrdamente chatas, como Katy Perry, Nick Minaj e outras xaropices atuais.
Duração: 1h48 min
Cotação: regular
Chico Izidro
"Minha Mãe é uma Peça 2"
Minha nossa senhora, que coisa chata que é "Minha Mãe é Uma Peça 2", dirigido por César Rodrigues. Temos aqui a continuação da mãe superprotetora, que não leva desaforo pra casa e verborrágica Hermínia, vivida pelo ator Paulo Gustavo, dos seriados "220 Volts" e "Vai Que Cola".
Nesta sequência, a apresentadora deixou o apertado apartamento em Niterói, está cheia da grana e apresentadora de um programa de entrevistas na televisão. E seguindo com suas preocupações, a criação dos filhos Marcelina e Juliana, mesmo que eles já estejam adultos e tentando se afastar dos exageros de Hermínia. E logo ela vai entrar em estado de choque ao saber que Juliana resolvou virar atriz e vai se mudar para São Paulo, longe de suas asas protetoras e sufocantes.
Paulo Gustavo buscou inspiração em sua própria mãe para criar Hermínia. E vamos combinar, que coisa mais chata. A mulher, apesar de ser um personagem sincero, não tendo papas na língua e tratando todos com franqueza, desde o síndico, a amiga falsa encontrada na fila do supermercado, irrita. Fala demais, berra demais, tudo é muito exagerado. Além do mais o roteiro é fraco e deixa várias pontas soltas.
Duração: 1h36min
Cotação: ruim
Chico Izidro
"Rogue One - Uma História Star Wars" (Star Wars - Rogue One)
Escrito por Chris Weitz e Tony Gilroy, "Rogue One - Uma História Star Wars" (Star Wars - Rogue One), é um episódio da saga que não faz parte da mitologia da cinessérie, mas apenas uma história ambientada no universo de Star Wars. E que tem seus eventos ocorrendo entre "A Vingança dos Sith" e "Uma Nova Esperança".
O filme é centrado na jovem Jyn Erso (Felicity Jones), cujo pai Galen (Mads Mikkelsen) é forçado pelo Império a ajudar na construção da Estrela da Morte. Ele é levado com ela ainda criança, sendo criada por Saw Gerrera (Forest Whitaker), líder mais radical dos rebeldes, e então a história dá um salto no tempo. Já adulta, Jyn entra em contato com a Aliança Rebelde, que necessita de sua ajuda para localizar Guerrera, que teria recebido uma mensagem secreta enviada por Galen através do piloto Bhodi Rook (Riz Ahmed).
A partir daí, Jyn ganha a companhia do rebelde Cassian Andor (Diego Luna), do monge-guerreiro cego Chirrut Îmwe (Donnie Yen) e seu companheiro Baze Malbus (Wen Jiang) e do droide K-2SO (lan Tudyk), que foi reprogramado para ajudar os rebeldes. Todos, aliás, personagens extremamente carismáticos.
Mais pesado que os filmes da mitologia Star Wars, tem humor na dose certa, muito mais violência. E aparições arrebatadoras do vilão Darth Vader, em toda a expressão do mal que ele personifica. "Rogue One - Uma História Star Wars" ainda traz um final apoteótico, e com um gancho excepcional, mostrando a Princesa Lea recebendo um segredo importante para a evolução da história.
Duração: 2h14min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Sangue do Meu Sangue" (Sangue del mio sangue)
"Sangue do Meu Sangue" (Sangue del mio sangue), do excelente diretor italiano Marco Bellocchio, é uma história passada em dois tempos. E acaba ficando irregular. São duas tramas, que ocorrem na cidade de Bobbio, onde nasceu Marco Bellocchio.
Na primeira parte, estamos em um convento no Século XVII, e uma freira, Benedetta (Lidiya Liberman), é acusada de seduzir um padre, que acaba se suicidando. O seu irmão, Federico, vivido por Piergiorgio Bellocchio (filho do diretor) chega à cidade para impedir que o irmão seja enterrado no cemitério dos animais, destino dado aos suicidas, por não ser terra consagrada. Mas para que isso não ocorra, Federico tem de convencer Benedetta a assumir a culpa, se assumindo como bruxa. Temos inclusive cenas de tortura, nem um pouco agradáveis. E a história é uma crítica de Bellocchio contra a Igreja Católica e a sociedade machista. Esta primeira e melhor parte, daria um excelente único filme. E ainda tem um ar gótico, permeado pela bela Nothing Else Matters, do Metallica
Na segunda parte, passada nos dias atuais e também localizada no mesmo convento, que está degradado. Seu dono é o Conde (Roberto Herlitzka), um homem misterioso, que só sai de casa à noite e que acredita ser um vampiro. Então um funcionário do governo, novamente Piergiorgio Bellocchio surge com um empresário russo, interpretado por Ivan Franek, que deseja comprar o local. Esta parte do filme não tem tanto impacto e, por vezes, se mostra modorrenta e confusa. Mas vale o final, que remete à primeira parte.
Duração: 1h47min
Cotação: bom
Chico Izidro
quinta-feira, dezembro 15, 2016
"Sully" (Sully - O Herói do Rio Hudson)
O octagenário Clint Eastwood segue ativo e biografando grandes figuras da humanidade - ele já passou por Nelson Mandela, o general japonês Kuribayashi, J. Edgar Hoover, o soldado norte-americano Chris Kyle, entre outros. Agora é a vez do piloto Chesley Sullenberger em "Sully" (Sully - O Herói do Rio Hudson). Temos aqui a história real do voo US Airways 1549, pilotado por Chesley Sullenberger, ou Sully, que em 15 de janeiro de 2009 saiu de Nova Iorque com destino a Charlotte, na Carolina do Norte. Mas intantes após a decolagem, o avião se chocou com pássaros, perdendo as duas turbinas.
Sully avisou a torre de controle, que o orientou a voltar ao aeroporto, mas ele constatou não ter autonomia suficiente para fazer isso. A solução encontrada foi fazer um pouso forçado no rio Hudson - o avião corria o risco de se chocar em algum prédio, o que seria terrível, ainda mais para uma cidade que ainda vive assombrada pelo pavor do 11 de setembro de 2001. Com a manobra, Sully conseguiu salvar a vida de todos os 15 passageiros a bordo. Cena muito bem recriada por Clint Eastwood.
O piloto passa a ser visto como herói, com o filme mostrando as conseqüências do acidente. As pessoas param Sully nas ruas, nos bares, nos corredores de hotéis, para elogiá-lo. Mas o que temos aqui é o julgamento a que ele foi submetido pelo órgão regulador da aviação norte-americana, que questiona se a decisão tomada foi realmente a melhor em termos de segurança dos passageiros.
Tom Hanks faz mais uma vez um trabalho excepcional como o personagem principal. Ele transmite serenidade, calma, mas ao mesmo tempo certo desespero, pois após mais de 40 anos servindo como piloto, pode perder tudo se considerado inconsequente. Clint Eastwood, por sua vez, reconstitui de maneira completamente realista a quase tragédia, sem ser melodramático. O filme é encerrado com imagens reais de Sully e os passageiros.
Duração: 1h36min
Cotação: bom
Chico Izidro
"O Mestre e o Divino"
No documentário de Tiago Campos, "O Mestre e o Divino", testemunhamos uma disputa entre um alemão que adotou o Brasil ainda nos anos 1950 e um índio xavante, que acabou tornando-se um documentarista de sua tribo. Os personagens reais são o missionário alemão Adalbert Heide e o índigena Divino Tserewahú, que conviveu com o alemão desde criança e começou a realizar seus filmes nas oficinas do projeto Vídeo nas Aldeias. O palco é a aldeia de Sangradouro, em Mato Grosso.
Os dois têm uma relação por vezes calma e por vezes tumultuada, e como o próprio Divino revela a certa parte, Adalbert não aceitou de bom grado o seu pupilo criar asas e voar. E é notório que o velho sente ciúmes.
No filme, vemos o trabalho de Adalbert, que veio para o Brasil em 1957 após ler reportagem num jornal alemão sobre o país e seus índios - e ele mesmo quis se tornar um. Já Divino Tserewahú produz filmes para a televisão e festivais de cinema desde meados dos anos 1990. Entre eles vemos cumplicidade, competição, ironia e emoção, mostrando ainda bastidores da catequização indígena, forçada, no Brasil.
Duração: 1h25min
Cotação: bom
Chico Izidro
quinta-feira, dezembro 08, 2016
"Lampião da Esquina"
O documentário "Lampião da Esquina", dirigido por Livia Perez, revisita o Brasil do final dos anos 1970, quando o clima opressor no Brasil por causa da ditadura militar, que já durava mais de uma época, sufocava a todos, principalmente a comunidade homossexual brasileira.
Então em 1978, época pré-Aids, um grupo de intelectuais e jornalistas criou o jornal alternativo "Lampião da Esquina", inspirado nas publicações Gay Sunshine, dos Estados Unidos, e o Pasquim, do Brasil. O Lampião levantava a bandeira da diversidade, com muito bom humor, mostrando o jeito de ser da comunidade guei, como eles grafavam.
Livia Perez conta a história do jornal através de várias entrevistas, principalmente com os criadores da publicação, entre eles o então repórter policial Aguinaldo Silva, hoje famoso pelas novelas que escreve para a Rede Globo, e outras personalidades homossexuais, como o cantor Ney Matogrosso, a cantora Leci Brandão e o cantor Edy Star, e Winston Leyland, editor do Gay Sunshine.
Os entrevistados relembram aqueles tempos, mas também fazem reflexões sobre o conservadorismo da época, as brechas na censura e o papel de libertação representado por um veículo dedicado aos gays, lésbicas e transexuais. Enfim, é mostrado um rico panorama daquele período.
Aos poucos, o jornal foi abrindo espaço para outros perseguidos, como mulheres, negros e índios. O Lampião focava bastante em temas como racismo, aborto, drogas e prostituição. A publicação, porém, foi minguado, devido a perseguições e desentendimentos entre seus colaboradores. Ele durou de abril de 1978 e durou por mais 37 edições, até 1981.
Duração: 1h25min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Tamo Junto"
O jovem diretor Matheus Souza, apenas 28 anos, autor de obras como "Eu Não Faço a Menor Ideia do Que Eu Tô Fazendo Com a Minha Vida" e "Apenas o Fim", chega agora com a comédia quase infantio-juvenil "Tamo Junto". A trama é típica daquela de jovens que querem aproveitar a vida com muito sexo e bebedeiras.
O protagonista é Felipe (Leandro Soares), que termina um namoro de muitos anos para curtir a vida de solteiro. Só que ele acaba descobrindo que ser solteiro não está sendo nada fácil. Sua vida acaba saindo dos eixos, Felipe é expulso da casa onde morava com os amigos, que só conseguiam mulher porque a ex dele as apresentava para eles. Sem eira nem beira vai parar no apartamento do esquisito Paulo Ricardo (o próprio Matheus Souza).
Então Felipe e Matheus, cujo personagem é uma espécie de nerd e autista, saem para a noite para "caçar", mas de uma forma completamente desastrada. Ate surgir um romance meio platônico entre Felipe e Júlia (Sophie Charlotte), que vai desembocar num daqueles finais repletos de clichês dos filmes românticos.
A direção de Matheus Souza ten um bom início, com piadas interessantes sobre o universo da vida de solteiro. Leandro Soares convence como o protagonista. Já Matheus Souza é a mais pura caricatura do nerd. Um desastre de atuação.
Duração: 1h36min
Cotação: regular
Chico Izidro
"O Vendedor de Sonhos"
"O Vendedor de Sonhos", dirigido por Jayme Monjardim, é a adaptação cinematográfica do livro homônimo do escritor de livros de auto-ajuda Augusto Cury. E é um filme terrível.
A história é centrada no psicólogo deprimido Júlio César (Dan Stulbach), que numa reação inesperada, tenta cometer suicídio, mas é persuadido na última hora por um mendigo, chamado de Mestre (César Troncoso). O homem o convence a não pular do prédio, e além disso começa a mostrar uma outra realidade de mundo para Júlio César.
Os dois saem pelas ruas de São Paulo, convivendo com pessoas humildes, moradores de ruas, pivetes, idosos. Aos poucos é mostrado como Júlio César chegou ao limite, e também a vida pregressa do Mestre, de como ele foi parar na rua, maltrapilho, virando um guru para milhares de pessoas com suas frases feitas.
E é nisso que o filme se perde. Não há naturalidade. Tudo o que é dito é linguagem de manual de auto-ajuda, e saem da boca dos atores de forma forçada. Apesar disso, Dan Stulbach consegue transmitir um olhar angustiado de seu personage. Já César Troncoso (de O Banheiro do Papa), é um desastre. Atua no automático, e sua barba postiça estraga tudo. Ela muda de forma todo o momento. Uma tremenda falta de cuidado da produção.
Duração: 1h35min
Cotação: ruim
Chico Izidro
"A Última Ressaca do Ano" (Office Christmas Party)
"A Última Ressaca do Ano" (Office Christmas Party), dirigido pela dupla Will Speck e Josh Gordon, é daqueles filmes que lembram as destrambelhadas comédias juvenis dos anos 1980. A história se passa dentro da empresa de tecnologia Zenotek, em Chicago. A firma passa por dificuldades financeiras e corre o risco de ter vários funcionários demitidos, por decreto de sua CEO, a impaciente e zangada Carol Vanston (Jennifer Aniston, bem diferente dos tipos simpáticos e românticos que nos acostumamos ver da eterna Rachel, de Friends).
Além de tudo, ela decidiu pelo cancelamento da festa de Natal. Mas o diretor da empresa, o seu irmão Clay Vanston (T.J Miller), ao lado do diretor Clay Vanston (T.J Miller), decide fazer a festa e atrair o empresário Walter (Courtney B. Vance), que se investir na Zenotek, a tira do buraco.
Mas o que temos na sequencia é uma festa de Natal que sai do controle, com bebedeiras, muito sexo, som alto - muito hip hop e rap, com os personagens passando por situações constrangedoras. E nada de novidade nas cenas, que não tem nada de engraçadas. Momentos intermináveis.
Duração: 1h46min
Cotação: ruim
Chico Izidro
"BR 716"
Numa semana praticamente de filmes nacionais, que bom alento que é "BR 716", do octagenário diretor Domingos de Oliveira. Filmado em preto e branco, o título do longa faz referência a rua Barata Ribeiro, 716, em Copacabana, no Rio de Janeiro.
O diretor apresenta uma obra biográfica, onde apresenta o Rio de Janeiro em 1963. Naquele ano, os jovens da classe média carioca se reuniam no apartamento do jovem Felipe (Caio Blat, o autor-ego de Domingos de Oliveira), que sonhava em ser escritor. Felipe ganhou o imóvel do pai, vivido por Daniel Dantas, e além de não querer trabalhar, vivendo da renda de uma herança da avó, ele reunia os amigos para intermináveis festas regadas a uisque e muita música.
Separado, vive uma dor de cotovelo tremenda, pois a ex-esposa, Adriana (Maria Ribeiro) namora seu melhor amigo, João (Alamó Facó). As coisas só parecem melhorar quando ele conhece a bonita e sedutora Gilda (Sophie Charlotte), que sonha em ser cantora.
Mas todos vivem naquele apartamento de forma meio alienada. Lá fora, o mundo está despencando, com a ameaça dos militares em tomarem o poder - o que ocorreria em abril de 1964. Este momento é mostrado quando surge um personagem que tenta mostrar aqueles jovens que tudo não é apenas festa. "BR 716" é um belo retrato de uma época.
Duração: 1h30min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
quinta-feira, dezembro 01, 2016
"Maresia"
"Maresia" é o primeiro filme de Marcos Guttmann, e baseado no romance “Barco a Seco”, de Rubens Figueiredo. Nele, temos uma atuação intensa do gaúcho Julio Andrade, interpretando dois papéis.
Num ele é Gaspar, avaliador de uma galeria de arte e obcecado pela obra do pintor Emilio Vega, de novo Julio Andrade. Investigando o trabalho do artista, desaparecido há anos, ele encontra Inácio Cabrera (Pietro Mario), que garante ter conhecido o artista em sua juventude. Mas Gaspar não leva a sério as histórias de Cabrera e não acredita em nada do que lhe apresentam como sendo a obra de Vega.
"Maresia" é mostrado em dois tempos. Em um deles é mostrada a investigação de Gaspar por Emilio e a outra apresenta o cotidiano do pintor e seu modo de vida totalmente desregrado. Vega mora em um barco, sobrevive trocando seus quadros, onde retrata a vida marinha, por comida e bebidas alcoólicas.
Julio Andrade é o grande destaque do filme, apresentrando uma atuação de camaleão, mostrando dois personagens tão distintos. Ele está tão bem, que parece não se tratar da mesma pessoa vivendo o cético Gaspar e o errante Vega.
"Maresia" é um filme de e sobre arte. Afinal, apressenta o mundo das artes plásticas, um tema de difícil trabalho cinematográfico. Além do que o trabalho de direção de Marcos Guttmann surpreende, construindo bem a alternância entre presente e passado sem grandes choques.
Duração: 1h30min
Cotação: bom
Chico Izidro
quinta-feira, novembro 24, 2016
"Elis"
É impossível conseguir mostrar a vida de uma pessoa em cerca de duas horas. Mesmo que esta pessoa tenha vivido apenas 36 anos, no caso aqui "Elis", direção de Hugo Prata. A cantora porto-alegrense mereceria uma série, de tantos eventos que protagonizou em sua carreira, iniciada aos 13 anos.
Só que o roteiro priorizou alguns eventos, deixou de fora personagens importantes, como Milton Nascimento, Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, entre outros. A trama já começa em abril de 1964, no dia do golpe militar e no momento que Elis, interpretada com maestria por Andréa Horta chegava ao Rio de Janeiro junto com o pai, Romeu (Zécarlos Machado) - na realidade toda a família dela se mudou para a cidade, onde ela começou a se destacar para o resto do país.
O filme mostra os momentos em que Elis começou a trabalhar em uma boate no Beco das Garrafas, onde teve como empresários Ronaldo Bôscoli (Gustavo Machado), que seria depois seu marido, Luis Carlos Miéle (Lúcio Mauro Filho) e o coreógrafo norte-americano Lennie Dale (Júlio Andrade), um de seus grandes amigos. Passa ainda pela consagração na TV Record, com o programa O Fino da Bossa, que apresentava ao lado de Jair Rodrigues. E as complicações que teve com a ditadura militar após ter criticado os militares, os chamando de gorilas durante excursão à Europa - os milicos vieram com tudo para cima de Elis, que teve de se render ao medo, e que renderia críticas de ativistas de esquerda, como Henfil.
"Elis" mostra principalmente seus relacionamentos com Ronaldo Bôscoli e Cesar Camargo Mariano (Caio Ciocler), os pais de seus três filhos. E evidente que termina com sua morte, numa overdose de álcool e cocaína, em 19 de janeiro de 1982.
Andréa Horta não canta como Elis, mas fez uma preparação vocal para pegar os trejeitos da cantora, que tem sua voz utilizada nas músicas do longa. Outro acerto é na excelente reconstituição de época, os anos 1960 e 1970 devidamente registrados em roupas, cortes de cabelo, móveis, carros. Pena o pouco tempo para tanta coisa a contar.
Duração: 1h55min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"A Chegada" (Arrival)
"A Chegada" (Arrival), direção de Denis Villeneuve, é ficção científica pura, na linha de clássicos como "2001: Uma Odisseia no Espaço" e "Contatos Imediatos de Terceiro Grau", da qual tem muitas semelhanças. E em diversos momentos, o modo como a história é tratada remete também a "A Árvore da Vida", de Terrence Malick.
Em um determinado dia, a professora de linguística Louise Banks (Amy Adams, em atuação espetacular) chega à faculdade para dar sua aula de português. Mas existe algo estranho no ar. E logo ela fica sabendo: a Terra recebeu a visita de 12 naves alienígenas, que se instalaram em pontos determinados do planeta.
Devido ao seu conhecimento, Louise é contactada pelo governo dos Estados Unidos para tentar interagir com os alienígenas. E a missão dela nãoé fácil, pois tem de tentar traduzir a linguagem dos seres extraterrestres, enquanto que os militares a pressionam, ainda mais que em suas cabeças, o que existe é o perigo de uma invasão e de uma guerra interplanetária. Um jogo geopolítico acaba aparecendo, já que a Russia e a China se posicionam contra a presença das espaçonaves.
O filme ainda tem momentos distintos. Num vemos o progresso de Louise com os extraterrestres e noutro temos a linguísta tendo lembranças de sua filha, que morreu vítima de câncer - são estes momentos que remetem direto à "A Árvore da Vida".
"A Chegada" (Arrival) é uma obra que faz pensar, que nos faz refletir sobre o sentido da vida. E nos faz pensar se realmente existe vida além da Terra?
Duração: 1h56min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Jack Reacher: Sem Retorno" (Jack Reacher: Never Go Back)
"Jack Reacher: Sem Retorno" (Jack Reacher: Never Go Back), direção de Edward Zwick, é mais do mesmo. Um amontoado de clichês inflando o ego do astro Tom Cruise, onde ele repete seus trejeitos várias vezes visto, principalmente em outra cinesérie da qual ele também é protagonista: Missão Impossível.
E a trama é aquela batida, do cavaleiro solitário que se vê envolto em uma trama onde é acusado de cometer um crime. Então tem que fugir, na qual leva de carona uma garota, no caso a tenente do exército Susan Turner Cobie Smulders (de How I Met Your Mother), que também é inocente, mas acusada de traição. E para apimentar mais um pouco a história, tem a adolescente
Samantha (Danika Yaroshi (de Heroes: Reborn), que pode ser a filha do mocinho que ele não reconheceu há 15 anos.
Os vilões são militares e mercenários de uma empresa que prestava serviço ao exército - todos caricatos, fazendo caras de mau. A gente até torce por Cruise e suas duas mulheres, mas não há nada de novo. E já sabemos que no final ele se safará, num filme que tão logo acabe não deixará nada em nossas lembranças.
Duração: 1h59min
Cotação: regular
Chico Izidro
quinta-feira, novembro 17, 2016
"Elle"
O início de "Elle", dirigido pelo holandês Paul Verhoeven, o mesmo de "Robocop”, “O Vingador do Futuro”, “Instinto Selvagem” e “Showgirls”, é de um estupro. A proprietária de uma empresa de confecção de vidseogames Michèle (Isabelle Huppert) é atacada por um homem mascarado dentro de sua casa. Ela, porém, tenta após a agressão, levar a vida normalmente, sem procurar a polícia. Só mudará a atitude quando passa a receber mensagens do criminoso, que promete voltar a atacá-la é que Michèle toma uma atitude: tentar localizar o estuprador, que ela suspeita ser um dos funcionários de sua empresa.
Ao mesmo tempo que Michèle sofre com as consequências do crime que sofreu, a personagem é mostrada em seu cotidiano, em jantares e festas com os amigos, como a sósia Anna (Anne Consigny), casada com Robert (Christian Berkel), amante da protagonista.
O círculo é formado ainda pelo filho Vincent (Jonas Bloquet), um rapaz inseguro e massacrado pela namorada Josie, que ficou grávida, mas o filho é negro, e Vincent insiste que o menino é seu...num dos momentos cômicos do filme, Michèle fala para o filho: "vai precisar fazer exame de DNA"...e ainda tem o ex-marido Richard (Charles Berling), um escritor fracassado. Além disso, sua septuagenária mãe pretende se casar com um gigolô e o seu pai foi um serial killer, que cumpre prisão perpétua.
Enfim, Huppert apresenta uma personagem forte e poderosa, sobretudo em relação aos homens que a cercam. E interessante e até mesmo chocante é ver como Michèle lida com a situação quando descobre a surpreendente identidade de seu estuprador, mantendo com ele uma relação de sadomasoquismo e de cumplicidade. Forte.
Duração: 2h04min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Menino 23 - Infâncias Perdidas no Brasil"
O documentário "Menino 23 - Infâncias Perdidas no Brasil", dirigido por Belisario Franca, surgiu através de uma descoberta do professor de história Sidney Aguilar. Durante uma aula sobre o nazismo, uma aluna afirmou já ter visto aquelas suásticas. E em tijolos numa fazenda no interior paulista. Logo Sidney estava tentando descobrir tudo sobre aquele fato, entrevistando moradores da cidade de Campina do Monte Alegre e da fazenda Cruzeiro do Sul.
A fazenda era propriedade da família carioca Rocha Miranda, que flertava com o nazismo - até o gado era marcado com a suástica. E em 1933, vários garotos entre 9 e 12 anos de idade, que haviam sido abandonados no orfanato católico Educandário Romão de Mattos Duarte, no Rio de Janeiro, foram entregues a Oswaldo Rocha Miranda. E eles receberam a promessa de que no interior paulista teriam uma vida melhor, com estudos e brincadeiras. Mas não foi o que ocorreu. Os meninos viraram escravos, recebendo castigos físicos e psicológicos.
O documentário foca na figura de Aloísio Nunes, o tal menino 23 - eles não eram chamados por nome e sim por número, como se fossem gado. “Era uma vida diferente da prometida. Era castigo por tudo, trabalhava muito, até de fazer a mão sangrar”, conta Aloysio, o número 23. No começo, ele se nega a falar sobre o passado doloroso, mas aos poucos vai se abrindo. O filme também mostra dois outros garotos, um que escapou aos 15 anos, virou menino de rua em São Paulo e depois entrou na Marinha à época da II Guerra Mundial, e o outro, que se sentia quase da família Rocha Miranda, por receber tratamento diferenciado.
"Menino 23 - Infâncias Perdidas no Brasil" faz um paralelo com o nazismo, e na época a sociedade era adepta de teorias esdrúxulas, como a eugenia e a supremacia branca. Mas o documentário acaba tropeçando ao não explicar o porquê de os jovens terem sido levados para a fazenda. Sim, escravos, mas sofreram experiências genéticas?
Duração: 1h20min
Cotação: bom
Chico Izidro
"Um Estado de Liberdade" (Free State of Jones)
Neste filme anti-racista, "Um Estado de Liberdade" (Free State of Jones), dirigido por Gary Ross, Matthew McConaughey interpreta um personagem verídico, Newton Knight. A trama se passa durante e alguns anos depois da Guerra Civil Americana, quando Knight instalou uma comunidade igualitária no condado de Jones, no Mississipi, um dos estados mais racistas da América do Norte.
Knight estava servindo o exército confederado, quando acabou desertando por causa de algumas medidas que ele achou injustas. Teve de abandonar a mulher, Serena, vivida por Keri Russel, a eterna Felicity e do seriado The Americans, e o filho, se escondendo num pântano, onde passou a conviver com escravos fugidos e outros libertos. Logo o local passou a receber homens brancos, que também fugiam da guerra. Foi formada então uma milícia, que combatia os confederados.
Passada a guerra, Knight passou a apoiar os negros libertos em causas, por exemplo, ao direito ao voto e também em lutas contra a famigerada Ku Klux Klan, surgida dois anos após o término do conflito.
O personagem principal ainda teve o acinte de se casar com uma ex-escrava, Rachel (Gugu Mbatha-Raw), com quem teve vários filhos mestiços. Aliás, o filme se passa em dois tempos. O outro período visto é nos anos 1950, quando um descendente de Knight estava sendo julgado por ter casado com uma mulher branca - de acordo com as leis raciais do Mississipi, ele tinha uma porcentagem de sangue negro, então era considerado negro, apesar da pele branca, e nunca poderia ter contraído matrimônio.
Matthew McConaughey parece ter nascido para interpretar personagens meio caipiras e libertários. O filme é forte, com ótimas cenas de batalhas e também incomoda por mostrar momentos de extremo racismo.
Duração: 2h19min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Animais Fantásticos e Onde Habitam" (Fantastic Beasts and Where to Find Them)
"Animais Fantásticos e Onde Habitam" (Fantastic Beasts and Where to Find Them foi escrito pela autora de Harry Potter, J. K. Rowling, sob o pseudônimo de Newt Scamander. E é este o personagem principal do filme homônimo dirigido por David Yates.
A história é ambientada em 1926, ou seja, 70 anos antes dos eventos relacionados ao mundo de Hary Potter e seus amigos. Tudo começa quando o mágico Newt Scamander (Eddie Redmayne) chega em Nova York portando uma maleta cheia de monstros e criaturas mágicas. E claro que os bichinhos irão escapar, trazendo um pouco de caos à Big Apple, muito bem reconstituída para o período em que se pass a trama.
Scamander acaba recebendo a ajuda da detetive dos mágicos Porpentina Goldstein (Katherine Waterston) e do trouxa (termo utilizado por Rowling para os simples mortais), Jacob Kowalski (Dan Fogler), para tentar encontrar as criaturas, antes que elas exponham o mundo dos mágicos para os mortais.
O ótimo ator Eddie Redmayne, vencedor do Oscar por "A Teoria de Tudo", expressa uma timidez adorável, utilizando um fio de voz. Mas quem rouba a cena é Dan Fogler na pele de Jacob, a parte cômica.
Apesar disso, o filme é chato, cansativo, apesar dos bons efeitos especiais. Não traz nada de novo. Ah, monstros destruindo Nova Iorque, pessoas tendo mentes apagadas. Correrias...lá pelo meio do filme eu perguntava quando tempo mais duraria a tortura.
Duração: 2h13min
Cotação: ruim
Chico Izidro
"Doutor Estranho" (Doctor Strange)
"Doutor Estranho" (Doctor Strange), dirigido por Scott Derrickson, é um filme de origem, mostrando mais um personagem do universo Marvel, criado em 1963, mas só agora na telona. O herói é interpretado com convicção por Benedict Cumberbatch.
Em sua vida antes de herói, Doctor Strange é um neurocirurgião esnobe e arrogante, que despreza seus iguais. Até que vai cair na real ao sofrer um acidente que afetará seu principal instrumento, as suas mãos. Após esgotar todas as perspectivas na medicina tradicional, através de cirurgias, ele acaba sabendo de um homem que recuperou os movimentos do corpo numa terapia no Nepal. E é para lá que Doctor Strange vai, encontrando uma espécie de seita liderado pela Anciã (Tilda Swinton).
Ele é, então, apresentado para outras dimensões e alterações de regras, que ele, como um ateu, tinha como certas: gravidade, impenetrabilidade, lógica, medicina. O universo de Doctor Strange acaba se expandindo e logo ele descobre que pode até alterar o tempo e o espaço através do poder da mente.
Mas claro que nem tudo são flores, e a comunidade liderado pela Anciã sofre com a presença de um antigo integrante, Kaecilius (Mads Mikkelsen), um ex-aluno do Templo, que tem o objetivo de ajudar o um vilão maior, Dormammu, para destruir o universo.
"Doutor Estranho" (Doctor Strange) é um bom filme de ação, com ótimos efeitos especiais e muito humor. Certas passagens remetem direto ao hoje já clássico filme de Christopher Nolan, "A Origem".
Duração: 1h55min
Cotação: bom
Chico Izidro
quinta-feira, novembro 10, 2016
"O Pequeno Segredo"
"Pequeno Segredo", o filme brasileiro indicado ao Oscar, é dirigido por David Schurmann, um dos filhos da família catarinense conhecida por velejar pelo mundo. A história se baseia no livro “Pequeno segredo – A lição de vida de Kat para a família Schürmann”, lançado em 2012 por Heloisa Schürmann, onde conta sobre a adoção da pequena Kat, filha de um casal formado pelo neozelandês Robert e da amazonense Jeanne.
Os Schürmann já com cinquenta e poucos anos, aceitaram adotar Kat, uma garota que nasceu com o vírus do HIV, já que sua mãe Jeanne contraiu a doença quando recebeu sangue contaminado após sofrer um acidente. Na trama, é mostrada a história dos Schürmann e dos pais de Kat de forma intercalada. Heloisa Schurmann é vivida por Julia Lemmertz e Vilfredo tem como intérprete Marcelo Antony, enquanto que Erroll Shand é o neozelandês Robert e Maria Flora é Jeanne.
O filme mostra todo o processo de conhecimento e de namoro de Robert e Jeanne, que sofre com o racismo da sogra, e também a convivência de Kat com seus pais adotivos. Além do que a menina seguia uma dieta de vitaminas, que ela não sabia serem remédios para controlar a aids. A história se passa nos anos 1990, onde ainda havia muio preconceito contra os portadores do vírus HIV. Mas a menina, quando descobre seu destino, decide que aos 14 anos contará para o mundo seu "pequeno segredo". Que para mim é um título equivocado, afinal, de pequeno não tinha nada. Era um grande segredo.
A história é muito mais entre mãe e filha, com boa atuação de Julia Lemmertz. O personagem de Marcelo Antony é quase figurativo. Já a novata Mariana Goulart beira o constrangimento, com momentos quase teatrais e sem espontaneidade. E no filme até é reforçado o lado bom-moço de Robert, que teria ficado sempre ao lado da cabocla Jeanne, quando na realidade ele chegou a abandonar a mulher por três anos após o atropelamento que ela sofreu.
A história é triste, e às vezes apela para o sentimentalismo barato, tentando provocar o choro do espectador. Para o Oscar, é uma escolha muito exagerada. Mas o filme não é de todo o ruim.
Duração: 1h48min
Cotação: regular
Chico Izidro
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“QUEER”
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