quinta-feira, dezembro 24, 2015

“Star Wars – O Despertar da Força” (Star Wars: Episode VII – The Force Awakens)



O novo Star Wars – O Despertar da Força (Star Wars: Episode VII – The Force Awakens), dirigido por J. J. Abrams, respeita por demais os episódios IV, V e VI, vistos entre 1977 e 1983, e foge das terríveis partes I, II e III, lançados entre 1999 e 2005. No novo filme, os eventos acontecem cerca de 30 anos depois da parte VI, que teve a morte do vilão Darth Vader, pai de Luke Skywalker e da princesa Leia.

Agora Luke sumiu do mapa, depois de ter frustrada a tentativa de treinar novos jedis. E a Primeira Ordem, sucessora do Império, deseja localizá-lo e eliminá-lo. Quem tem o mapa de sua localização é o robô BB-8, que é encontrado pela catadora de lixo Rey (Daisy Ridley, excelente). A garota vai receber o apoio de Finn (John Boyega), um stormtrooper que desertou por não gostar de sua função – matar inocentes. Os dois acabarão entrando em contato com os rebeldes e encontrarão um antigo combatente, Hans Solo (Harrison Ford) e seu ajudante Chewbacca (Mayhew). Hans está separado da princesa e agora general Leia (Carrie Fischer), que comanda os rebeldes contra a Primeira Ordem, que tem um ex-jedi, Kylo Ren (Adam Driver), uma espécie de Darth Vader, também violento e cruel. E ele ainda é o filho renegado de Solo e Leia.

“Star Wars – O Despertar da Força” ((Star Wars: Episode VII – The Force Awakens) prima por seguir a mitologia da série, sem se perder com personagens estranhos e ridículos, como o malfadado Jar Jar Binks. Rey é uma ótima heroína e que vai descobrir poderes escondidos em seu interior. O personagem de Finn é a parte triste e ao mesmo tempo engraçada – o ex-stormtrooper se lamenta dos crimes praticados pelo exército da Primeira Ordem, que em determinado momento lembra as tropas nazistas, até mesmo na saudação aos seus líderes. Finn também é o dono das piadas do filme.

Já Adam Driver, como Kylo Ren, se não é tão assustador quanto Darth Vader, provoca certo pânico com sua máscara e voz metálica. O filme ainda traz surpresas que não cabem contar aqui, como a morte de um personagem chave da trama.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=4r0287tUEgk

Duração: 2h16min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

“As Sufragistas” (Suffragette)




No começo do Século XX, as mulheres viviam como cidadãs de segunda classe na Inglaterra. Apesar da dura jornada de trabalho e ainda cuidar da família, não tinham direitos, apenas deveres. Por isso, um grupo de mulheres decide se unir e lutar pelo direito ao voto, uma forma de se fazer ouvir naquela sociedade controlada pelos homens. “As Sufragistas” (Suffragette), direção de Sarah Gavron, mostra a luta delas sob a visão de uma personagem fictícia, Maud Watts (Carey Mullingan), que meio sem querer entra para o grupo liderado pela personagem real Emmeline Pankhurst (Meryl Streep), em rápida aparição.

Orfã desde pequena, Maud trabalhava numa lavanderia, cujo patrão era um homem que abusava das funcionárias mais jovens. E ainda tinha de cuidar do marido e do filho pequeno. E ela acabaria sacrificando tudo ao entrar na luta das sufragistas, inclusive indo parar na cadeia. As mulheres, como eram ignoradas totalmente em seus objetivos, acabaram partindo para atitudes mais drásticas. Começaram depredando lojas e acabaram explodindo caixas de correspondência e depois casas de políticos.

Depois de muita luta, as mulheres começaram a ser ouvidas, mas é chocante constatar que demorou para elas terem o direito ao voto pelo mundo. No final, é mostrada uma lista, e a progressista Suíça só concederia este direito a elas em 1971, quando o Brasil o fez em 1932. E na Arábia Saudita só agora em 2015 elas conseguiram votar. Um filme para pensar.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=uiamX7iYdRE

Duração: 1h47min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

Macbeth – Ambição e Guerra” (Macbeth)




Não sou conhecedor da obra de William Shakespeare. Li críticas sobre “Macbeth – Ambição e Guerra” (Macbeth), direção de Justin Kurzel, em que dizem faltar profundidade a obra do escritor inglês e que os atores Michael Fassbender e Marion Cottillard falam baixinho, não conseguindo demonstrar o drama vivido pelo casal. Pois achei o filme bom, pois mostra com exatidão o período que retrata, na Idade Média, e o local, a Escócia e suas charnecas, o tempo nublado, as batalhas violentas. E aqui não vemos castelos. MacBeth e seus seguidores vivem em barracas sujas e pútridas.

O general do exército Macbeth (Michael Fassbender) ouve o presságio de três bruxas que está fadado a tomar o poder. E incitado por sua mulher, Lady MacBeth (Marion Cottillard), trai o rei da Escócia, Duncan (David Thewlis) e tomar o trono para si. Porém tal atitude não sairá barato. O general sofrerá com a consciência pesada, os pesadelos com o filho que morreu ainda pequeno, e com outros fantasmas, que insistem em perturbá-lo.

“Macbeth” ainda fascina por manter os diálogos em forma de versos, como o foram escritos por Shakespeare. E por cenas fortes, ar sombrio, atuações convincentes e cenários épicos, que dão uma magnitude a esta obra, que trata de traição, ambição e terror.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=ieFaaCYztDU

Duração: 1h53min

Cotação: bom
Chico Izidro

“Labirinto de Mentiras” (Im Labyrinth des Schweigens)



Alemanha, 1958. Um sobrevivente do campo de extermínio de Auschwitz reconhece um guarda do local, agora trabalhando como professor de crianças numa escola da cidade. Corta para o jovem procurador Johann Radmann (Alexander Fehling), que demonstra total desconhecimento do que ocorreu no famigerado campo localizado na Polônia. Aos poucos, porém, seus olhos começam a ser abertos pelo jornalista Thomas Gnielka (Andr[e Szymanski). Então Johann começa uma jornada para mandar para a prisão os assassinos nazistas em “Labirinto de Mentiras” (Im Labyrinth des Schweigens), estreia na direção do ator Giulio Ricciarelli.

Johann notará que a sociedade alemã se recusa a reconhecer os crimes, utilizando as mais esfarrapadas desculpas, como “apenas seguíamos ordens”, “sempre fomos contra Hitler e os nazistas, mas seríamos mortos se não obedecêssemos”. O personagem de Johann Radmann é fictício, mas une três procuradores reais, que trabalharam sob o comando do procurador-chefe Fritz Bauer (Gert Voss). Ele era de descendência judaica e teve de fugir da Alemanha em 1933, quando os nazistas chegaram ao poder. Ele voltou em 1945, após viver exilado na Suécia.

“Labirinto de Mentiras” (Im Labyrinth des Schweigens) choca por mostrar um povo que não reconhecia seus erros, e até agia de modo cínico. Os criminosos de guerra viviam tranquilamente e trabalhavam idem. Sem nenhum remorso pelos crimes que praticaram. A batalha para levá-los à Justiça demorou, mas acabou chegando em 1963, gerando uma onda revisionista e que finalmente abriu os olhos dos alemães, que desde então se penitenciam, transformando-se numa das sociedades mais progressista e liberal do mundo.


Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=uiamX7iYdRE

Duração: 2h04min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

quinta-feira, dezembro 17, 2015

"Califórnia"




A ex-VJ da MTV Marina Person utilizou suas experiências pessoais para realizar o ótimo "Califórnia". Na trama, a jovem Estela (Clara Gallo) está com seus 16 para 17 anos, em meados dos anos 1980. E ela planeja viajar para os Estados Unidos, onde fará uma viagem ao lado do tio Carlos (Caio Blat) pela Califórnia. Carlos é jornalista que mora na terra do Tio Sam. Especialista em música, ele envia para a sobrinha, que mora em São Paulo, as novidades musicais que surgem por lá.

Estela está cursando o ensino médio e é apaixonada pelo mauricinho Xande (Giovanni Gallo), mas acaba se encantando pelo niovo colega, o esquisitão JM (Caio Horowicz), que usa o cabelo estilo Robert Smith, do The Cure. Então próximo da viagem, Estela fica sabendo que ela não vai acontecer, pois seu tio vai voltar para São Paulo. Ele é portador de uma doença misteriosa, que ataca o sistema imunológico. É a AIDS, ainda desconhecida do grande público.

Estela tem, então, de lidar com a doença do tio, o amor, a perda da virgindade. Tudo embalado pelo rock oitentista. A trilha sonora tem claro, The Cure, David Bowie, o artista preferido da protagonista, Blitz, Titãs, Metrô, Paralamas do Sucesso e até Lulu Santos, com sua De Repente, Califórnia, que é mostrada durante um luau na praia.

Clara Gallo está ótima, tem aquele olhar de quem está descobrindo o mundo. E guarda forte semelhança com Marina Person. Seus pais são vividos por Virginia Cavendish e Paulo Miklos, numa espécie de ironia, pois ele interpreta um homem rígido e moralista, mas pertence a uma das bandas mais iconoclastas e contestadoras dos anos 1980, Titãs. Das amigas de Estela, quem se destaca é a engraçada Letícia Fagnani, já vista como a secretária de Danilo Gentili no seriado "Politicamente Incorreto".

Marina Person foi cuidadosa na reconstituição de época - os cabelos, as roupas, o linguajar. E claro, a bela e saudosista trilha sonora.


Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=pSACvd-JKis

Duração: 1h30min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Pegando Fogo" (Burnt)




Faltou um pouco de gás em "Pegando Fogo" (Burnt), direção de John Wells. A história é centrada no chefe e cozinha Adam Jones (Bradley Cooper), que teve uma carreira de respeito até por tudo abaixo devido ao uso de drogas e alcoolismo. Após um período de calvário em Nova Orleans, onde abriu um milhão de ostras, ele vai para Londres para tentar recomeçar a carreira e conquistar a terceira estrela do guia gastronômico Michelin.

Na capital inglesa, Adam conta com a ajuda de Tony (Daniel Brühl), gerente de um restaurante e que é apaixonado por ele. O chefe se cerca, ainda, de antigos companheiros, como o francês Michel (Omar Sy), o ex-presidiário Max (Riccardo Scamarcio), o novato David (Sam Keeley) e ainda tira de outro restaurante a sub-chefe Helene (Sienna Miller), que claro, vai ter um romance com o protagonista.

O problema é que Adam Jones, além de seu passado turbulento, ainda é um bruto e perfeccionista. Ele exige o máximo de seus comandados, não poupando ofensas e gritos quando não obtém o que deseja. E nisso o personagem se aproxima muito do professor carrasco vivido por J.K. Simmons em "Whiplash - Em Busca da Perfeição".

Londres é visto como centro de excelência gourmet europeia, o que pode ser visto como exagero, pois Paris e Roma estão logo ali do lado. Os pratos apresentados não nos dão aquela sensação de sair dali e invadir o primeiro restaurante. Tudo é feito com pressa e nem vemos os comensais saboreando os pratos. E Bradley Cooper como chefe? Não convence.


Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=vRRV_99s8n4

Duração: 1h42min

Cotação: regular
Chico Izidro

"Cheiro da Gente" (The Smell of Us)




O filme já começa com uma provocação, com skatistas fazendo malabarismos sobre um homem bêbado caído no meio de uma praça de Paris. Ele é nada mais, nada menos do que o próprio diretor do filme, Larry Clark, que opõe o vigor da juventude com a decrepitude em "Cheiro da Gente" (The Smell of Us).

O filme centra em dois skatistas, belos e jovens, Math (Lukas Ionesco) e JP (Hugo Behar-Thinières), que faturam uma grana se prostituindo para homens que beiram os 60, 70 anos de idade. Clark usa e abusa de fortes cenas de sexo e uso de drogas. Além do gritante contraste entre os dois jovens prostitutos e seus clientes, com seus corpos magros, praticamente esquálidos, ossudos e macilentos. São homens solitários e sem muita dignidade. Um deles, aliás, sofre um verdadeiro abuso dos jovens, quando recebe Math em seu belo apartamento. Mas é drogado e apaga. Então os amigos do skatista invadem o local e vandalizam o apartamento.

Os jovens apresentados por Larry Clark, apesar da diferença física, não são muito diferentes de seus clientes no que se refere ao futuro. São garotos desesperançados, sem perspectivas, a não ser gastar o dinheiro que ganham com a prostituição em drogas e roupas caras.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=xQ3bHjyBFh4

Duração: 1h28min

Cotação: bom
Chico Izidro

quarta-feira, dezembro 09, 2015

"O Clã" (El Clan)




Em 1985, a ditadura argentina já havia terminado. E foi quando os argentinos tomaram situação de um acontecimento macabro. Durante o controle militar no país, milhares de pessoas desapareceram. Arquímedes Puccio, que fizera trabalhos para os milicos, sumindo com opositores do governo, havia encontrado, por volta de 1982, uma forma de continuar na ativa, mas desta vez faturando uma grana preta, sequestrando pessoas ricas. Só que para perpetuar seus crimes, ele colocou a família para trabalhar junto. E é isso que mostra o filme "O Clã", dirigido por Pablo Trapero.


Arquimedes era um homem frio e sem escrúpulos, que mesmo depois de descobertos seus crimes, continuou negando, mesmo com todas as provas contra ele. O patriarca dos Puccio é vivido com perfeição por Guillermo Francella. O grupo de sequestradores, além dele, tinha o militar aposentado Rodolfo Franco e mais dois amigos, Roberto Oscar Díaz e Guillermo Fernández Laborde, e os dois filhos, Daniel, chamado de Maguila, e Alejandro (Peter Lanzani). Tinha ainda mais duas filhas e um filho adolescentes. E a mulher Epifanía (Lili Popovich), que era quem fazia a comida dos prisioneiros, que nunca escapavam com vida, depois de semanas encarceradas no banheiro da casa da família, no segundo andar de um prédio comercial no bairro de San Isidro, em Buenos Aires. Depois da entrega do resgate, eles eram executados.


"O Clã" é visto sob a ótima de Alejandro ou Alex, que era uma famoso jogador de rúgby, inclusive jogando pela seleção do país, conhecida como Pumas. Por vezes ele tentou sair do esquema, mas voltava atrás, convencido pela chantagem emocional do pai. A primeira vítima, aliás, era um dos colegas de time de Alex. O filme é forte, tenso, com cenas assustadoras. E incrível, de certa forma acabamos torcendo para que a família não seja pega pela polícia, por mais que seus crimes, que acabaram divulgados pela imprensa em 1985, tenham sido horríveis.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=B1H6ZyWOgLk

Duração: 1h48min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Olhos da Justiça" (Secret in Their Eyes)




Hollywood tem o péssimo costume de destruir suas transposições de sucessos de outros países. Ligeiramente vou citar aqui "O Silêncio do Lago", "Vanilla Sky", "Cidade dos Anjos" e "A Gaiola das Loucas". Agora a indústria norte-americana decidiu estragar o genial "O Segredo dos Seus Olhos", filme argentino ganhador do Oscar de melhor estrangeiro em 2010. Em "Olhos da Justiça (Secret in Their Eyes), direção de Billy Ray, a trama é basicamente a mesma que teve como protagonistas Ricardo Darín e Soledad Villamil, mas com algumas alterações. No filme de 2009, o personagem de Darín tentava encontrar o assassino da mulher de um bancário. E a ditadura militar argentina era o pano de fundo na história.

Agora, a trama tem como assassinada a filha da investigadora do FBI, Jess (Julia Roberts) no começo dos anos 2000. O crime abala seriamente o colega Ray (Chiwetel Ejiofor), que tem uma paixonite aguda pela procuradora Claire (Nicole Kidman). Os anos passam e Ray, que deixou a agência, continua procurando pelo criminoso. E aqui, ao contrário do original, o pano de fundo é o pavor e a neurose causados pelos atentados de setembro de 2001.

O problema de "Olhos da Justiça" é a rapidez e impaciência do diretor Billy Ray em comandar a história, que na sua primeira versão, apresentava sutileza, humor (principalmente no personagem Pablo Sandoval, interpretado por Guillermo Francella), tensão amorosa entre os personagens de Darín e Soledad. Ray tenta ainda recriar o famoso plano-sequência no estádio, aqui transposto para um jogo de beisebol, sem conseguir a mesma magnitude. E por mais que seja legal ver uma relação inter-racial, o casal platônico formado por Chiwetel Ejiofor e Nicole Kidman não funciona, apesar de os atores estarem muito bem em cena, assim como Julia Roberts, que vive uma mulher perturbada e sofrida.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=9nuQ0npGE_M

Duração: 1h51min

Cotação: regular
Chico Izidro

"Dois Amigos" (Les Deux Amis)



"Dois Amigos" (Les Deux Amis), direção de Louis Garrel, mostra o que uma mulher pode fazer com uma amizade. Ainda mais quando um deles é o depressivo Clément (Vincent Macaigne), que é perdidamente apaixonado por Mona (Golshifteh Farahani). Só que ela guarda um segredo e não quer mais vê-lo. Clément entra em desespero e pede a ajuda do melhor amigo, o conquistador Abel (Louis Garrel).

Abel procura Mona e pede que ela volta com Clément. Só que a garota se recusa. Ela não quer dizer, mas é uma presidiária, que está cumprindo os últimos dias de sua pena e pode trabalhar durante o dia, tendo de voltar para a prisão após o trabalho. Abel e Clément, sem saber, impedem que Mona entre no trem que a levará para o presídio. Ela entra em pânico, mas acaba saindo com os dois por Paris. Abel trabalha como frentista, mas sonha em ser escritor. E Clément é um ator, que consegue apenas bicos de coadjuvantes em filmes.

Aos poucos, Abel vai conhecendo mais Mona, acabando por cair de amores por ela. E isso pode interferir na amizade com o ator. O trio central de "Dois Amigos" é intenso. A iraniana Golshifteh Farahani, banida em seu país depois de divulgadas as cenas de nudez que faz no filme, tem uma beleza forte e apresenta certa fragilidade no olhar. Sua cena em que dança num café é poderosa. Vincent Macaigne apresenta um personagem que beira o patético e Garrel, visto em "Saint Laurent", vive com perfeição uma pessoa cínica, interesseira e egoista. Como pano de fundo uma Paris bela, silenciosa e aberta a todos.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=A3SpKIWkKTg

Duração: 1h42min

Cotação: bom
Chico Izidro

quinta-feira, dezembro 03, 2015

"No Coração do Mar" (In The Heart of The Sea)



O livro, lançado em 2000 pelo historiador Nathaniel Philbrick, é excelente. O filme quase. "No Coração do Mar" (In The Heart of The Sea), dirigido por Ron Howard, relata os acontecimentos que inspiraram Herman Melville a escrever Moby Dick, que teve seu filme em 1956, dirigido por John Huston e Gregory Peck como protagonista.

Pois no No Coração do Mar" (In The Heart of The Sea) começa com Melville (Ben Whishaw) entrevistando um dos marinheiros sobreviventes do incidente Thomas Nickerson (Brendan Gleeson), que tinha apenas 14 anos quando ocorreu a tragédia, e que por anos tentou apagar da memória os fatos. Mas ele acaba cedendo e relata o que ocorreu com o baleeiro Essex em 1820. A embarcação, comandada pelo capitão George Pollard (Benjamin Walker) e com Owen Chase (Chris Hemsworth) como primeiro-imediato saiu de Nantucket, em Massachussets, com uma missão de dois anos: obter óleo de baleia, o principal combustível da época.

Quando adentrou o Oceano Pacífico, meses depois, é que ocorreu o incidente, quando o Essex foi atacado por um cachalote, acabando por afundar. Os marinheiros sobreviventes tiveram de se amontoar em três botes, com pouca água e comida. Seriam três meses de extrema provação, por causa da inanição, desidratação, dos delírios, culminando com à prática do canibalismo, para não morrerem de fome.

"No Coração do Mar" (In The Heart of The Sea) é fiel ao livro e tem atuações seguras e convincentes de Benjamin Walker, que vive um personagem inexperiente, mas não menos arrogante, por causa de sua condição social, e Chris Hemsworth, marinheiro intrépido. O filme tem cenas muito bem construídas em alto mar, e reconstituição perfeita das embarcações da época. Falha ocorre devido ao mau uso dos efeitos especiais quando tentam mostrar como era o vilarejo de Nantucket. Parece aquelas cenas de filmes antigos, quando a paisagem era pintada no fundo do estúdio. Falha imperdoável.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=v8AvVy2aL5M

Duração: 2h02min

Cotação: bom
Chico Izidro

"À Beira-Mar" (By The Sea)



Não foi desta vez que Angelina Jolie Pitt acertou na direção. Depois dos fracios "Na Terra do Amor e Ódio" e "Invencível", a americana lança "À Beira-Mar" (By The Sea), e erra na mão, ainda mais que vive a protagonista, em atuação beirando o sofrível.

Ao contrário de suas outras obras anteriores, que tinham a guerra como pano de fundo, agora a diretora se inspirou nos filmes europeus dos anos 1950 e 1960, com bastante intimismo. "À Beira-Mar" (By The Sea) até tem um belo cenário, na costa francesa, com a história transcorrendo nos anos 1960. Angelina vive Vanessa, uma mulher deprimida, que passa as férias no local com o marido Roland (Brad Pitt), escritor com bloqueio. Eles estão em crise após 14 anos de matrimônio, e Vanessa não consegue se abrir com o marido - e o motivo do problema só será revelado quase no final.

Roland passa os dias num bar do vilarejo, conversando com o dono e bebendo muito, enquanto tenta escrever seu livro. E ela passa os dias atirada na cama, sem ânimo para nada. Até que o quarto ao lado é ocupado por um jovem casal, Lea (Mélanie Laurent, de Bastardos Inglórios) e François (Melvil Poupaud). Os dois estão no frescor do romance e transam sem parar. E Vanessa acaba se tornando uma voyeur, ao descobrir um buraco na parede, onde passa a espiar os vizinhos.

A trama vai se arrastando, com Angelina Jolie Pitt fazendo cara de tédio e mostrando seu corpo esquelético quase sem pudor. Ela poderia ter uma boa história nas mãos, mas não consegue desenvolver o filme, proporcionando um final fraco e óbvio.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=glDl_DJE7Oc

Duração: 2h12min

Cotação: ruim
Chico Izidro

"O Presente" (The Gift)



"O Presente" (The Gift), direção de Joel Edgerton, parece ser um daqueles filmes em que não damos nada. Mas que aos poucos vai se tornando envolvente e angustiante. Tem um quê de "Atração Fatal" na história do casal Simon (Jason Bateman) e Robyn (Rebecca Hall), que se mudam de Chicago para Los Angeles, já que ele recebeu uma bela proposta de emprego. Logo na chegada, enquanto compravam alguns móveis para a casa, Simon reencontra um ex-colega de escola, Gordo (Joel Edgerton), que de início se mostra solícito.

Mas ele não parece ter noção de espaço, aparecendo nas horas mais impróprias, provocando mal-estar, principalmente em Simon, que revela à esposa que Gordo nunca foi próximo no colégio e que era considerado um weirdo ou esquisitão. Já Robyn simpatiza com o rapaz. Mesmo assim, Simon pede que Gordo se afaste. E isso acaba provocando problemas, pois Gordo sente-se rejeitado e resolve incomodar o casal, mas nunca buscando a violência e sim fazendo terror psicológico.

Aos poucos, coisas do passado vão vindo à tona, mostrando que Simon, o cara mais popular na escola, praticava bullying em Gordo. "O Presente" (The Gift) explora algo muito frequente no cinema: a presença de um terceiro, provocando problemas para o casal, que passa a ter atritos e desconfiar um do outro. E quase não existe violência física. É tudo psicológico, agindo na mente dos personagens.

Os presentes que Gordo dá ao casal parecem ser inofensivos, mas são intrusivos. O único erro no filme é Simon ser um especialista em segurança, e não conseguir fazer de sua casa uma fortaleza - sempre à mercê das investidas do lunático Gordo.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=TqI8lpdK4Cw

Duração: 1h48min

Cotação: bom
Chico Izidro

"O Natal dos Coopers" (Love The Coopers)



Ah, Natal. Época feliz para reunir a família. Mas claro que esta não é uma família comum. Em "O Natal dos Coopers" (Love The Coopers), direção de Jessie Nelson, encontramos uma totalmente disfuncional, com problemas dos mais variados. Os Coopers se preparam para a ceia de Natal, e a véspera é contada através de seis histórias paralelas, mostrando os integrantes da família com seus problemas como separação, novo amor, mudanças de cidade, narradas pelo cachorro deles, e que tem a voz de Steve Martin.

"O Natal dos Coopers" (Love The Coopers) pretendia-se uma comédia, mas suas piadas são tão ruins, tão comuns, que não fazem rir em nenhum momento. Mesmo que estejam presentes humoristas como John Goodman e Ed Helms, do finado seriado "The Office" e da cinessérie "Se Beber, Não Case".

A única coisa boa do filme é o rosto lindo de Olivia Wilde, que faz uma looser - e isso só ocorre mesmo na ficção. Ela não dá certo no amor, e pede para um militar que conhece no aeroporto paar bancar seu namorado na janta dos Coopers, que consegue ser um dos filmes mais tediosos dos últimos tempos.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=Uznfmc-S1fk

Duração: 1h47min

Cotação: ruim
Chico Izidro

"Tudo Que Aprendemos Juntos"



Lázaro Ramos salva este filme do naufrágio graças a sua atuação segura. "Tudo Que Aprendemos Juntos", direção de Sérgio Machado, é uma mistura de "Ao Mestre Com Carinho" e "Mr. Holland: Adorável Professor", e é baseada na história real da formação da Orquestra Sinfônica de Heliópolis, em São Paulo.

Lázaro Ramos, bastante introspectivo, vive Laerte, um músico baiano, expert em violino, que tem um branco durante teste para ingressar na Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), sendo reprovado. Com sérios problemas financeiros, aceita a oferta de uma ONG para trabalhar como professor de música numa escola na favela de Heliópolis. Então Laerte terá de lidar com alunos pobres, desinteressados, envolvidos com tráfico, adolescentes grávidas, muitos abandonados pelos pais.

Já vimos centenas de vezes as mesmas cenas: o professor pede a atenção dos alunos e como resposta, a zombaria da garotada, que responde com palavrões e ameaças. Mas claro que com muita persistência e paciência, Laerte vai conseguir transformar a vida de alguns desses jovens, principalmente a descoberta de um deles, verdadeiro virtuose com o violino e que apresenta sérios problemas de comportamento, só acalmando-se com a música. E claro, sentindo-se traído quando Laerte decide abandonar a garotada por receber proposta de emprego melhor.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=wXvwrBI-fE4

Duração: 1h40min

Cotação: regular

Chico Izidro

quarta-feira, novembro 25, 2015

"A Visita" (The Visit)




M. Night Shyamalan surgiu como um fenômeno no começo dos anos 2000 com o sensacional "Sexto Sentido". Mas no decorrer da carreira, o diretor americano de origem indiana foi tropeçando, tropeçando, até chegar agora ao fundo do poço com "A Visita" (The Visit).

A trama se utiliza da câmera subjetiva, ou seja, aquela que um personagem fica carregando durante todo o tempo, mostrando o que acontece ao seu redor. No caso, aqui ela fica nas mãos dos irmãos os Tyler (Ed Oxenbould) e sua irmã Becca (Olivia DeJonge), que sonha em se tornar documentarista. Por isso, os dois decidem registrar a visita que fazem aos avós, que eles não conhecem porque romperam com sua mãe antes de nascerem.

Os avós são vividos por Deanna Dunagan e Peter McRobbie. E desde a chegada dos irmãos na fazenda do casal, este age de forma estranha. A avó se arrasta pela casa durante a noite, bate a cabeça na parede, vomita nas escadas, enquanto o avô usa fraldas pois costuma defecar nas calças. Aos poucos, os irmãos começam a notar que algo de estranho acontece naquela casa. E claro que tem a pegadinha do diretor. Mas nada mais sustenta esta história fraca, que era para ser de terror, mas não mete medo em ninguém e muito menos dá sustos. E um final forçado.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=N152Ki1fzYM

Duração: 1h 34m

Cotação: ruim

Chico Izidro

"American Ultra: Armados e Alucinados" (American Ultra)



Nada funciona em "American Ultra: Armados e Alucinados" (American Ultra), direção de Nima Nourizadeh. O filme mostra Mike (Jesse Eisenberg), que é um caixa numa loja de conveniências e fumador compulsivo de maconha. Ele vive com a namorada Phoebe (Kristen Stewart) e planeja casar com ela, pretendendo fazer o pedido em uma viagem ao Havaí.

Só que antes do embarque Mike sofre um ataque de pânico e a viagem é cancelada. Só que o rapaz não sabe que é um agente secreto em estado inanimado e não poderia sair da cidadezinha onde morava. O governo controlava seus passos e tão logo ele retorna para casa, a sua ex-agência começa uma caçada para eliminá-lo. Sem entender nada, Mike vai matando os assassinos que surgem para tirá-lo de circulação. Ele é ágil com armas, em lutas e não é, de forma alguma, presa fácil.

O problema que Jesse Eisenberg faz seu personagem no piloto automático, chegando a ser irritante seu andar e falas. E não existe química entre ele e seu par romântico, a ex-Crepúsculo Kristen Stewart. Pior que eles só mesmo Topher Grace como o vilão. Deve ser a milésima vez que o astro de That's 70 Show vive um carinha sem escrúpulos e careteiro. Além do que
"American Ultra: Armados e Alucinados" (American Ultra) não foge do esquema correrias, tiroteios e explosões.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=nz02akqCZr0

Duração: 1h36min

Cotação: ruim
Chico Izidro

"Papéis ao Vento" (Papeles en el Viento)



"Papéis ao Vento" (Papeles en el Viento), direção de Juan Taratuto, fala de amizade e tem o futebol como pano de fundo. El Mono (Diego Torres) era um fanático pelo Independiente de Avellaneda e ex-jogador de futebol. Ele compra o passe de uma promessa, mas acaba morrendo de câncer, e seus três amigos Fernando (Diego Peretti), Mauricio (Pablo Echarri) e El Ruso (Pablo Rago) decidem recuperar o investimento do camarada, 300 mil dólares, tentando vender a promessa e garantir o futuro da filha de El Mono, a pequena Guadalupe.

O problema é que o jogador é um perna de pau, enterrado num time da terceira divisão argentina. A trama, então, mostra o mundo podre do futebol, com corrupção, suborno e outras falcatruas, como pagar propina a um jornalista esportivo, para este elogiar o jogador. Os três amigos têm de se passar por empresários, sendo que Fernando é professor, Mauricio é um advogado e Ruso é dono de um lava-rápido falido, e ele passa os dias jogando video-game com seus funcionários.

O diretor Juan Taratuto se vale, também, de muitos flash-backs, mostrando o passado de El Mono como jogador, o avanço de sua doença, e a preocupação dele em relação ao futuro de Guadalupe. Mas mais do que ela não ter problemas financeiros, preocupa mais a El Mono que a pequena seja uma torcedora do vermelho, ou seja, de seu amado Independiente.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=H5GcU0EMrEk

Duração: 1h38min

Cotação: bom
Chico Izidro

"Misstres America"





A amizade entre duas garotas é mostrada em "Mistress America", direção de Noah Baumbach. Tracy (Lola Kirke, excelente) tem 18 anos e está no primeiro semestre da faculdade em Nova Iorque, mas é solitária e tem como objetivo tornar-se escritora. Sua mãe vai se casar novamente e insiste que ela ligue para a filha do noivo, Brooke (Greta Gerwig), para tentar se adaptar a nova cidade e já ir se ambientando com a futura irmã.

Logo as duas estão juntas, andando pela noite nova-iorquina. Tracy fica encantada pela energia e alto astral de Brooke, que está tentando abrir um restaurante e procura investidores. Tracy sonha ainda em entrar em um exclusivo clube de escritores da faculdade e vê na figura da irmã postiça ótimo assunto para seu conto. O problema é que a jovem enxerga em Brooke alguém que chegou aos 30 anos e ainda não encontrou seu caminho, mostrando-se perdida, apesar de toda a vivacidade que aparenta ter.

O conto, claro, vai fazer rachaduras na recente amizade entre elas. "Misstres America" tem diálogos bons e inteligentes, coadjuvantes que mostram-se importantes para a trama - não são apenas figuras decorativas, mas têm algo a dizer, como por exemplo Matthew Shearm, que vive Tony, o interesse romântico de Tracy, e Heather Lind, no papel de Mamie-Claire, uma dondoca mimada e interesseira, que se põe contra Brooke. O filme também traz uma trilha sonora interessante, remetendo aos anos 1980, como Toto, OMD e Hot Chocolate.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=Zv6T8e7sWDk

Duração: 1h26m

Cotação: bom
Chico Izidro

quarta-feira, novembro 18, 2015

"Malala" (He Named Me Malala)




A paquistanesa Malala foi batizada pelo pai em homenagem a uma heroína do tradicionalismo afegão. Pois em 2012, a garota criada numa família de pensamento liberal em uma sociedade presa aos rígidos costumes muçulmanos, foi vítima de uma tentativa de assassinato pelos talibãs. Eles não aceitavam, em suas mentalidades pequenas, que mulheres pudessem ou queressem estudar. Malala sobreviveu aos tiros, que acertaram seu rosto. E foi viver em Birmigham, na Inglaterra.

Sua trajetória é contada no documentário "Malala" (He Named Me Malala), dirigido por Davis Guggenheim. O diretor inglês acompanhou o dia a dia da menina, que devido ao atentado, ficou surdo do lado esquerdo, que também permanece paralisado. Malala é uma adolescente comum, tímida, e apesar de seus quase 18 anos, nunca namorou, e enrubece quando perguntada sobre isso. Seu pai, Ziauddin Yousafzai, criou a garota com liberdade, coisa incomum no rígido Vale do Swat, no Paquistão, onde os talibãs chegaram em 2008, no princípio deixando todos à vontade, mas aos poucos foram impondo a sua equivocada leitura do Alcorão.

O documentário, que utiliza ainda animação, não é muito inovador, é mesmo burocrático. Mas como fazer diferente? Malala é uma jovem famosa, que viaja o mundo para ajudar outras pessoas e mostrar sua experiência de vida, ao mesmo tempo que sendo uma Nobel - ela ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2014 -, tem de se preocupar com as provas na escola. E ela sabe seu papel na sociedade e de como escapou do destino de muitas de suas conterrâneas. Tanto que ao ser questionada de como seria sua vida seria caso seus pais fossem de acordo com a cultura muçulmana, ela responde que já estaria casada e com dois filhos. E analfabeta. Uma grande lição de vida.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=WsF1SeO-pN0

Duração: 1h27min

Cotação: bom
Chico Izidro

"Cativas - Presas pelo Coração"



No livro "Loucas de Amor - Mulheres que amam serial killers e criminosos sexuais", de Gilmar Rodrigues e Fido Nesti, publicado em 2012, era mostrado como o amor pode aparecer nos lugares mais improváveis. Ou seja, mulheres que foram conquistadas por presidiários que cometeram crimes horrendos, e o que fizeram para ficar ao lado deles. Agora o documentário "Cativas - Presas pelo Coração", direção de Joana Nin, revela a loucura por trás de sete mulheres, que decidiram lutar contra tudo e todos para namorarem e até casarem com presidiários.

A diretora filmou a obra no Paraná, acompanhando o dia a dia de sete mulheres, muitas delas acreditando que seus parceiros são inocentes. "Ele me garante que é inocente, e eu acredito nele", diz uma delas. São depoimentos marcantes e chocantes. Outra, já com seus quase 30 anos, apaixonou-se por um rapazinho de 14 anos, que anos depois seria preso por tráfico. E ela permanece ao seu lado quase 20 anos depois, tendo deixado marido e filhos para trás quando se encantou. Já outra das mulheres, de 21 anos, caiu de amores por um preso do dobro de sua idade e com 17 anos de pena para cumprir.

Todas elas se submetem a constrangimentos em suas visitas aos seus parceiros. E a diretora não poupa cenas de revista íntima, das visitas conjugais. Uma delas fala em certo momento: "Tenho certeza de que se eu estivesse presa, ele não me visitaria. Pode olhar na prisão feminina, quantos parceiros visitam suas mulheres?".

E "Cativas - Presas pelo Coração" mostra, ainda, como o amor pode deixar as pessoas infantilizadas. Mesmo presos mais perigosos escrevem as mais românticas cartas, cheias de coraçõezinhos e flores, para suas mulheres. Que contam as horas para poderem compartilhar alguns minutos ao lado deles. Um triste retrato da condição humana.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=dsdUUYOEJas

Duração: 1h17min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

quarta-feira, novembro 11, 2015

"Como Sobreviver a um Ataque Zumbi" (Scout's Guide To The Zombie Apocalypse)



Os amigos Ben (Tye Sheridan), Carter (Logan Miller) e Augie (Joey Morgan) são o motivo de chacota na escola, afinal são os únicos escoteiros do lugar, vistos como seres alienígenas, pessoas ultrapassadas. Só que de repente estoura uma invasão zumbi, e Ben e Carter, que pretendiam abandonar o escotismo, por não aguentarem mais as chacotas, ao contrário de Augie, que é um entusiasta, vão acabar tendo de usar os ensimentos aprendidos para tentar escapar em "Como Sobreviver a um Ataque Zumbi" (Scout's Guide To The Zombie Apocalypse), direção de Christopher Landon.

O filme aqui, segue a linha terrir, a exemplo do hoje já clássico "A Volta dos Mortos Vivos" (The Return Of The Living Dead), de 1985, dirigido por Dan O'Bannon. Os zumbis são rápidos, hilários - tem até uma velhinha em um carrinho elétrico e outro que dança ao som de Britney Spears. Outro, o Sr. Rogers (David Koechner) e líder dos escoteiros, que é mordido quase no começo do filme, se mostra quase indestrutível. Ele se arrasta pela cidade, todo queimado, perna quebrada e com uma peruca que insiste em cair de sua cabeça.

Em momento muito engraçado, Ben tenta escapar de uma horda de zumbis por uma janela, e acaba se pendurando no pênis de um deles, que vai esticando, esticando. É um filme para não se ter medo, mas sim para dar muita risada. Dos mais divertidos dos últimos tempos e com direito a participação da veterana Cloris Leachman, de 89 anos, como uma vizinha rabugenta.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=3RoypK4cKCE

Duração: 1h33min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Aliança do Crime" (Black Mass)



Johnny Depp é Whitey Bulger, um criminoso que na década de 1970, é procurado por um ex-amigo de infância e agora agente do FBI, John Connelly (Joel Edgerton, de Êxodo - Deuses e Reis). Ele quer que Bulger trabalhe como informante, em troca de imunidade para seus atos criminososo, ou seja, delação premiada, para que sejam presos os integrantes de uma família de mafiosos. Bulger também é irmão do senador Bill Bulger (Benedict Cumberbatch), que de certa forma encobria os crimes do parente.

"Aliança do Crime" (Black Mass), direção de Scott Cooper, relata fatos reais ocorridos em meados dos anos 1970 e 80 em Boston, e baseado no livro homônimo escrito por Dick Lehr e Gerard O'Neill. A reconstituição de época é primorosa, e com boas atuações, principalmente de Depp, que se despe de qualquer vaidade, e aparece careca, pele acinzentada e dentes escurecidos, tal qual o verdadeiro Bulger, atualmente cumprindo pena de prisão perpétua e que chamava a atenção por sua feiúra. E ainda um assassino frio e impiedoso.

A trama, por vezes, se mostra um pouco confusa, por trazer um extenso número de reviravoltas e muitos personagens, que aparecem e desaparecem do nada. "Aliança do Crime" é daqueles filmes que não dá para tirar os olhos da tela, sob pena de se perder o fio da meada.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=9E2wRy48i0g

Duração: 2h03min

Cotação: bom
Chico Izidro

"Amizade Desfeita" (Unfriended)




Depois da câmera subjetiva, aquela onde os personagens mostram o que acontece ao seu redor enquanto segura, o equipamento, como em "Atividade Paranormal" e "A Bruxa de Blair", agora chega a vez da tela do computador tomar conta das cenas em "Amizade Desfeita" (Unfriended), direção de Levan Gabriadze. Ele criou uma narrativa onde os personagens conversam através do computador durante todo o tempo de duração do filme. Gabriadze inseriu vários sites e programas usados por internautas, como o Spotify, Facebook, Skype e iTunes. Isso é até interessante, mas de certa forma cansa os olhos.

O filme começa com o suicídio de uma estudante, Laura Barns (Heather Sossaman), por causa de um vídeo que lhe trouxe problemas ao cair na internet. Tempos depois, seis amigos, vividos por Courtney Halverson, Shelley Hennig, Renee Olstead, William Peltz, Moses Jacob Storm e Jacob Wysocki, estão conversando através de seus computadores pessoais, quando uma sétima pessoa, que não se identifica, entra no bate-papo. E ela quer saber quem postou o vídeo que causou a morte de Laura.

Então começa a chantagear os jovens, e até ameaçá-los de morte caso não revelam o autor da estripulia. No começo, o filme até anda, mas de repente começam a aparecer erros absurdos, como por exemplo, quando um dos jovens é morto, os outros simplesmente permanecem conversando, não se preocupando em sair da rede ou menos em chamar a polícia. E até isso é usado, quando acontece outra morte, e um dos personagens, ao invés de ligar para os policiais, tenta achar ajuda através de outras pessoas que possam estar conectadas...


Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=Ry9LgMZQVqA

Duração: 1h23min

Cotação: ruim

"Mamma Roma"



Uma Roma ainda pobre, sofrendo os efeitos devastadores da II Guerra Mundial uma década e meia após o seu final. A prostituta vivida por Anna Magnani decide largar a profissão e se mudar com o filho adolescente para a Cidade Eterna e dar a ele uma vida melhor. Em "Mamma Roma", direção de Pier Paolo Pasolini, cuja morte está completando 40 anos, é puro neo-realismo. O filme está sendo relançado nos cinemas em cópia restaurada.

Na periferia romana, com seus prédios populares e imensos terrenos baldios, é mostrada uma juventude que se sentia perdida e sem futuro. E este é o caso de Ettore (Ettore Garofalo), filho de Mamma. O garoto se recusa a trabalhar, passando os dias vagabundeando ao lado de outros rapazes do lugar. A grana que ele possui sai do suado trabalho de sua mãe, transformada em feirante. Mas o passado não pretende deixar Mamma em paz, quando o seu antigo cafetão reaparece, exigindo que ela volte as ruas para se prostituir. Caso contrário, Ettore saberá quem realmente ela é.

Anna Magnani está magistral no papel da típica mama italiana, apaixonada por seu filhote, que não deveria merecer todo o esforço praticado por ela. As outras atuações são naturais, nada forçadas. Ettore era um garçom num dos restaurantes que Pasolini frequentava em Roma. A fotografia em preto e branca é outro fator que engrandece esta obra-prima do cinema.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=HayNFGlebZo

Duração: 1h56min

Cotação: excelente
Chico Izidro

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...