quarta-feira, julho 29, 2015

“Sobrenatural – A Origem” (Insidiuous: Chapter 3)



Espíritos maus atormentando a vida dos vivos. Esta é a premissa de “Sobrenatural – A Origem”, dirigido por Leigh Whannell. Aqui, como o título já define, ocorrem os acontecimentos anteriores aos ataques sofridos pela família Lambert em “Sobrenatural” e “Sobrenatural – Capítulo 2”.

A jovem Quinn (Stefanie Scott) procura a médium Elise (Lyn Shaye), pois quer entrar em contato com a mãe, morta há alguns anos. Porém Elise mostra-se arredia, já que não quer mais se envolver com o mundo dos espíritos. Mas Quinn, ao tentar contatar a mãe, acaba atraindo um espírito que pretende se adonar de sua alma.

Até aí “Sobrenatural – A Origem” funciona bem, proporcionando bons sustos e deixando o espectador de cabelo em pé. Só que de sua metade até o final, o filme traz momentos absurdos, que faz as pessoas soltarem gargalhadas, ao invés de levarem sustos. Por exemplo, ao penetrar no além, Elise entra em luta física com um espírito e parte para a porrada, inclusive pegando um elevador para ir a outro andar!

Ou seja, “Sobrenatural – A Origem” é dois em um. Uma parte interessante, arrepiante, e depois beira o ridículo, trazendo ainda um final decepcionante.

Cotação: regular
Chico Izidro

“Uma Nova Amiga” (Une Nouvelle Amie)



Claire e Laura se conheceram aos sete anos de idade. E entre elas nasceu uma amizade intensa, daquelas para a vida toda. Em pouco mais de dez minutos, é mostrada a evolução da ligação das duas ao longo dos anos. Dos primeiros namoros, das decepções amorosas, dos casamentos. Laura casa, fica grávida, ao mesmo tempo que adoece. Logo depois de dar a luz, ela morre. E no funeral, Claire faz uma promessa: vai cuidar do marido e da filha da amiga.

Até que a surpresa acontece em “Uma Nova Amiga”, de François Ozon. E isso não é um spoiler, pois é a trama central do filme. Ao visitar David (Romain Duris), o encontra vestido de mulher. É um choque. A princípio, ele diz que está assim para a filha sentir a presença feminina em sua vida, mas aos poucos confessa que sempre gostou de se travestir, e que inclusive Laura tinha conhecimento de sua fantasia. E David pretende viver assim, pedindo a compreensão de Claire (Anaïs Demoustier), que ao mesmo tempo que se sente atraída pelo travesti, a quem batiza de Virginia, sente um pouco de repulsa, e quer manter distância, mas não consegue.

O filme brinca com a possibilidade de David ser homossexual e ter reprimido sua direção sexual. E esquece ainda o preconceito contra os diferentes. Afinal, nas vezes em que David sai de casa travestida de Virginia, nunca sofre com olhares estranhos ou piadinhas – mesmo que David tenha fortes traços masculinos e com uma barba espessa, que a maquiagem não consegue esconder. Mas “Uma Nova Amiga” trabalha bem com a questão das diferenças e se torna cativante. E os atores principais estão soberbos.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

“O Que As Mulheres Querem” (Sous lês jupes dês files)




“O Que As Mulheres Querem”, direção de Audrey Dana, é uma comédia fraca e repleta de clichês. A diretora, que faz um dos personagens, errou na trama, que mostra várias mulheres francesas em busca da felicidade. E melhor se for do lado de um homem. Tem a dona de casa cheia de filhos que se apaixona por uma babá, tem a advogada tímida que se interessa por um colega, a amante que quer ver o namorado largar a esposa e ficar com ela. Ou a separada, que não se entende com a filha adolescente, e a empresária que de tão dedicada ao trabalho, não tem tempo para as amizades ou relacionamentos. E a motorista de ônibus, que tem tiques nervosos e sofre com a indiferença do marido.

São todas personagens chatas, caricatas, vivendo situações tantas vezes mostradas no cinema. A história, claro, vai dar um jeito de cruzar todas as protagonistas, que irão debater seus problemas, numa espécie de terapia coletiva. E o tédio imperando.

E o que dizer de Isabelle Adjani, que um dia já foi linda. A musa de “A História de Adele H” e “Camille Claudel” está gorda, com o rosto deformado de botox. Mas pior é ver como babam por Vanessa Paradis, a ex-senhora Johnny Depp, que nunca foi bonita, mas é tratada como uma bela mulher. intragável.

Cotação: ruim
Chico Izidro

quarta-feira, julho 22, 2015

“Pixels” (Pixels)



O nerd Sam Brenner (Adam Sandler) perde uma competição de fliperama em 1982. E isso destrói a sua vida. Trinta e poucos anos depois, ele é um simples instalador de equipamentos eletrônicos, quando se vê convocado pelo presidente americano Will Cooper (Kevin James), seu melhor amigo de infância. O objetivo: combater um ataque de alienígenas em “Pixels”, direção de Chris Columbus.

Extraterrestres interceptaram imagens de jogos de videogames e acharam que eram reais, e por isso acreditavam num ataque dos humanos. Então decidem contra-atacar, invadindo a Terra. Para isso utilizam personagens dos jogos eletrônicos como arma. É aí que entra Sam, que com seu conhecimento dos jogos, pode derrotá-los. Ao lado de Sam, estão o nerd Ludlow Lamonsoff (Josh Gad), o próprio Will Cooper e o anãozinho mau-caráter Eddie Plant (Peter Dinklage, de Games of Thrones) e a militar Violet Van Patten (Michelle Monagham). A equipe lembra e muito os Ghostbusters. Eles vão combater a ameaça alienígena, que chega no formato de jogos como Pacman, Space Invaders, Asteroids, Donkey Kong e Marios Bros, games clássicos dos anos 1980.

“Pixels” remexe na memória afetiva dos aficionados por jogos eletrônicos – uma época em que os jogos não podiam ser jogados em casa, mas sim em fliperamas (a gurizada tinha ainda de colocar fichas nas máquinas para poder jogar). Este pessoal está hoje na faixa dos 40, 50 anos de idade, e certamente vai vibrar com as citações daquela época, ainda ingênua.

Adam Sandler conseguiu abandonar aquelas atuações histéricas e estúpidas, convencendo no papel de um nerd que ainda busca a mulher de seus sonhos. O gordinho Kevin James, que com Sandler fez “Gente Grande” faz um presidente americano beirando a estupidez, numa clara alusão a George W. Bush e seus erros linguísticos. Mas o destaque acaba sendo Josh Gad, de “Obrigado por Compartilhar” como o nerd virgem Ludlow Lamonsoff, que ainda mora com avó e acredita em teorias da conspiração.
Cotação: bom
Chico Izidro

“A Forca” (The Gallows)



Em 1993, um estudante morreu enforcado, acidentalmente, durante a encenação de uma peça em sua escola. Vinte anos depois, a peça voltará a ser realizada na mesma escola, claro que com novos atores, todos estudantes. Em “A Forca” (The Gallows), dirigido por Travis Cluff e Chris Lofing, o terror é mais sugerido do que apresentado, funcionando perfeitamente.

Todo o filme nos é apresentado através da câmera subjetiva, aquela em que um dos personagens mostra as cenas através das lentes de sua câmera, como “A Bruxa de Blair”, “Cloverfield Monstro” e “Atividade Paranormal”. No caso, o personagem é o irritante Ryan (Ryan Shoos), que nota que o amigo Reese (Reese Mishler), o protagonista da peça, não tem a mínima capacidade para atuar. Porém ele quer encenar para se aproximar de seu objeto de desejo, a colega Pfeifer (Pfeifer Brown), que também é uma das protagonistas. Mas Ryan convence Reese e a namorada Cassidy (Cassidy Gifford) a irem ao teatro e destruir o cenário. Assim a peça seria cancelada e Reese não passará vexame. Detalhe: os personagens têm os mesmos nomes dos atores que os interpretam.

Ao invadir a escola para praticar o vandalismo, eles se vêm presos no local. E começam a ser perseguidos por uma entidade que está presa no lugar, e que se utiliza de uma forca para eliminar a garotada.

O interessante é que é tudo sugerido, nada explícito acontece. Os personagens percorrem os corredores escuros da escola, tentando abrir as portas, que se mostram invioláveis. Eles escutam sons de portas batendo e rangendo e tentando sair dali, sem imaginar que algo maligno está a espreita. E os sustos de “A Forca” acontecem quando menos se espera, nos fazendo pular da poltrona.

Cotação: bom
Chico Izidro

quarta-feira, julho 15, 2015

“O Homem-Formiga”



Mais um herói da Marvel na telona. Desta vez é o desconhecido do grande público “O Homem-Formiga”, dirigido por Peyton Reed. E o filme surpreende pela boa história, humor e ótimas cenas de ação e efeitos especiais.

A trama gira em torno do ladrão Scott Lang (Paul Rudd), que após três anos na cadeia, é libertado, mas não consegue encontrar colocação, devido ao seu histórico. Ele tem uma filha pequena, mas a ex-mulher e o atual marido dela fazem de tudo para que Scott não se aproxime da menina. Morando com três amigos vigaristas, Scott acaba sendo induzido a praticar um crime. E nele vai dar de cara com o traje do homem-formiga, que é um experimento do cientista Hank Pym (Michael Douglas). Os poderes do herói são diminuir de tamanho, mas ampliar a sua força física, além de poder comandar as formigas, que se tornam parceiras perfeitas. Recrutado por Pym, Scott terá de ajudá-lo a combater outro cientista, o vilanesco e ambicioso Darren Cross (Corey Stoll, de The Strain), que quer obter a fórmula da diminuição e vendê-la a uma organização criminosa, a H.Y.D.R.A.

“O Homem-Formiga”, além de primar pelas observações do primeiro parágrafo, faz uma ponte inteligente com os Vingadores – tanto em diálogos, quanto na aparição do Falcão Negro numa cena memorável.

Paul Rudd, conhecido pelas comédias românticas de Judd Apatow, como “O Virgem de 40 Anos”, “Ligeiramente Grávidos”, “Bem-Vindo aos 40”, além de ter sido namorado de Phoebe no seriado “Friends”, surpreende no papel do herói minúsculo. Seu parceiro, Michael Peña, faz um personagem hilário, o ladrão Luis, que não consegue ser sucinto em suas histórias, além de demonstrar uma burrice única. Num papel totalmente diferente daqueles que costuma atuar, o veterano Michael Douglas mostra-se a vontade como o cientista Hank Pym. E ver Corey Stoll no papel do vilão também é uma grata surpresa, principalmente para quem se acostumou a vê-lo na pele do cientista Ephraim Goodweather, que combate os vampiros no seriado “The Strain”.

Cotação: ótimo
Chico Izidro



“O Crítico”




Victor Tellez (Rafael Spregelburd) é um crítico de cinema amargo, que odeia comédias românticas. Sempre carrancudo e feroz em suas resenhas, ele atrai a ira de cineastas, mas não está nem aí. Até que a presença de uma mulher vai mudar seu modo de ver as coisas em “O Crítico”, direção de Hernán Guerschuny.

Tellez é tão mal-humorado, que não se compadece nem com o sofrimento da sobrinha adolescente e sonhadora. Até que ao procurar um apartamento, ele esbarra em Sofia (Dolores Fonzi). Totalmente diferente dele, misteriosa e cheia de vida, Sofia desafia o modo de agir de Tellez, que começa a viver em sua vida tudo aquilo que repugna nos filmes românticos que costuma destruir. Apaixonado, Tellez acha que pode transformar a sua vida em um romance.

“O Crítico” é um filme feroz, forte e angustiante. Mostrando uma Buenos Aires cinzenta, com seus cafés e restaurantes, não deixa de colocar um pé no passado, onde os críticos tinham um poder mais contundente do que nos dias de hoje. E que não abriam espaço para o simples em seus corações. O final do filme é um achado, derrubando os clichês.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

quinta-feira, julho 09, 2015

“Samba”



“Samba”, dirigido por Eric Toledano e Olivier Nakache, a mesma dupla do belo e divertido “Intocáveis”, foca agora na imigração ilegal que assola a Europa, mais propriamente a França e aquelas pessoas que vem das antigas colônias africanas. O ajudante de cozinha senegalês Samba Cissé (Omar Sy) está há 10 anos em Paris, perto de conseguir uma promoção no restaurante onde trabalha. Só que ele acaba caindo nas mãos da imigração e se vê notificado de que deve deixar o país.

Quem vai cuidar de seu caso é a advogada Manu (Izia Higelin), que leva junto a amiga e executiva Alice (Charlotte Gainsbourg), que sofreu uma crise nervosa e se encontra de licença em sua empresa. Para passar o tempo, começa a se envolver com a questão dos imigrantes, vindo a conhecer Samba. De repente, os dois se encontram atraídos um pelo outro, não sabendo muito bem como lidar com a questão. Outro personagem forte no filme é Wilson (Tahar Rahim, de O Profeta), um argelino que se passa por brasileiro para conquistar mulheres.

“Samba” mostra o dia a dia dos imigrantes e de suas dificuldades de sobreviver em subempregos, de como aguentar a xenofobia e o racismo. Afinal, a imigração é um problema gravíssimo e que assombra a França e o mundo, vide o Brasil com os haitianos. O porém do filme é tratar a personagem de Charlotte Gainsbourg, de “Ninfomaníaca”, como se ela fosse uma bela mulher. Ela é uma atriz feia, sem o mínimo grau de sensualidade e chega a ser estranho ver os personagens babando à sua entrada em um baile comunitário. Mas isso não diminui os acertos do filme.

Cotação: Ótimo
Chico Izidro

“Cidades de Papel”



“Cidades de Papel”, dirigido por Jake Schreier, tem seu público específico, os adolescentes, que devoram os livros do escritor norte-americano John Green. No ano passado, os lenços foram molhados com o drama “A Culpa é das Estrelas”, tratando de jovens com câncer terminal.

Agora, o tema é mais leve, falando de amor platônico e de tentar desvendá-lo. O jovem Quentin (Nat Wolff) – Q para os amigos – é vizinho de Margo (Cara Delevingne) desde a infância e mantém uma paixão secreta por ela. Com o tempo, os dois foram se afastando e agora, à beira do final do ensino médio e os preparativos para a ida à faculdade, os dois se reencontram. Ela é uma das garotas populares da escola e ele um nerd que passa despercebido. Mas Margo pede a ajuda de Q para se vingar do namorado e de amigos infiéis. Após a execução do plano, aliás bem sucedido, ele sente uma reconexão com a garota. Só que no dia seguinte, ela desaparece. Mas aparentemente deixou pistas para Q encontrá-la.

Então ele, ao lado dos dois melhores amigos, Radar (Justice Smith) e Ben (Austin Abrams), empreende uma jornada em busca de Margo.

“Cidades de Papel” tem aquelas dramas vividos por jovens tímidos, como o primeiro beijo, a primeira transa, a tremedeira em frente a garota desejada, esquecendo qualquer coisa que se queria falar, e o menosprezo de colegas mais populares. Claro que ocorrem alguns absurdos, afinal não é tão fácil assim três garotos decidirem sair da Flórida e ir para Nova Iorque sem mais ou menos.

Os atores são simpáticos. Q é interpretado por Nat Wolff, que havia feito o papel do garoto cego em “A Culpa é das Estrelas”. Austin Abrams se destaca pelo jeito descontraído que imprime ao seu personagem. Já Justice Smith está um pouco engessado, mas não compromete. O filme acaba sendo divertidinho.

Cotação: bom
Chico Izidro

“Neruda”



Esperava mais de “Neruda”, direção de Manuel Basoalto. O poeta-maior do Chile, Prêmio Nobel da Literatura e morto dias depois do golpe militar que derrubou Salvador Allende em 1973, merecia uma cinebiografia mais cuidadosa.

Bem que “Neruda” foca apenas um período da vida do poeta, autor do clássico “Confesso Que Vivi”. Tudo começa quando ele estava em Estocolmo para receber o Prêmio Nobel e relembra quando em sua época de senador criticou fortemente o então presidente chileno Gabriel González Videla, que dera um golpe. Neruda (José Secall) entrou na ilegalidade, tendo de se esconder e depois protagonizar uma fuga cinematográfica pela Cordilheira dos Andes para escapar da prisão.

O problema do filme é que não houve aprofundamento do ocorrido, além do que sem maiores explicações são inseridos momentos da infância e do começo da fase adulta de Neruda. E as atuações dos atores são por demais teatrais, todos errando no tom de suas caracterizações, apesar da boa reconstituição da época.

Cotação: ruim
Chico Izidro

“As Aventuras dos Sete Anões”



Esta animação alemã pretende recontar as histórias dos Irmãos Grimm, fazendo uma verdadeira salada com elas. E desta vez os Sete Anões não ajudam a Branca de Neve, mas sim uma princesa chamada Rose, que é inserida na história da Bela Adormecida.

Enfim, “As Aventuras dos Sete Anões”, dirigido por Boris Aljinovic e Harald Siepermann, foge completamente da tradição. Quando nasce, a princesa Rose é amaldiçoada por uma bruxa, que fora desprezada pelo rei. Se antes de completar 18 anos, Rose espetar o dedo em algum objeto pontiagudo, ela e todos os moradores do castelo cairão em sono profundo por cem anos. Claro que a maldição acaba se concretizando e os anões saem em busca do amado da princesa, o plebeu Jack, para tentar salvar a todos no reino.

Só que ao contrário de animações que primam por sua qualidade estética, como por exemplo “Frozen”, os desenhos de “As Aventuras dos Sete Anões” são quase toscos, trazendo movimentos limitados. Além disso, os anões são personagens chatos, praticantes de uma cantoria insuportável. O desenho é endereçado para as crianças, mas talvez nem elas mesmo acabem curtindo.

Cotação: ruim
Chico Izidro

“Os Olhos Amarelos dos Crocodilos”



Josephine (Julie Depardieu) é uma mulher triste, mãe de duas filhas e traída pelo marido. Em toda a sua vida ela sempre foi menosprezada pelos outros, desde a mãe, a filha maior e a irmã mais velha, a dondoca Iris (Emmanuelle Béart, que abusou do botox nos lábios).

Em “Os Olhos Amarelos dos Crocodilos”, direção de Cécile Telerman, é mostrada a vida diferente, mas que se cruza, das duas irmãs. Josephine se separa do marido, mas tem dificuldades financeiras, trabalhando como pesquisadora, enquanto que Iris vive bem, cercada de mordomias proporcionada pelo marido advogado. Durante um almoço, Iris debocha de Josephine e sua predileção por pesquisar a Idade Média. “Ninguém se interessa por isso”, proclama ela. Mas dias depois, durante uma janta, para impressionar um amigo editor, Iris afirma estar escrevendo um livro sobre o período. Como não tem capacidade de escrever duas linhas, ela pede para a irmã escrever o livro como ghost-writer. O livro faz um estrondoso sucesso e Iris leva toda a fama, mesmo que repasse a grana para Josephine.

Porém as coisas não serão tão simples assim. Josephine tem de engolir a vaidade da irmã e o desprezo da filha mais velha, enquanto tem de manter segredo de que ela é a verdadeira autora.

“Os Olhos Amarelos dos Crocodilos” não é só isso. Apresenta vários conflitos familiares, traições, brigas por heranças e a busca pela felicidade. Mas não chega a ser uma dramalhão, apesar de o personagem de Julie Depardieu ser uma verdadeira sofrenilda, com uma cara de que “não apanhou ainda o suficiente”.

Cotação: bom
Chico Izidro

“O Gorila”




Otávio Müller faz de “O Gorila”, direção de José Eduardo Belmonte, um ótimo filme intimista. Ele é Afrânio, um dublador de uma série policial famoso, que solitário, tem como prazer aplicar trotes em mulheres solitárias, sob a alcunha de O Gorila. “Vou te pegar, baixar tuas calcinhas. Eu sou o gorila, uh, uh”, brada ele ao telefone. Aos poucos, ele vai se envolvendo com seus alvos, passando a bater papo com estas mulheres.

A brincadeira acaba indo longe demais quando é ele que passa a receber ligações de um homem, que diz saber quem ele é e que vai pegá-lo.

O filme tem toques detetivescos, onde o personagem de Otávio Müller vai, aos poucos, perdendo a razão, não sabendo mais o que é verdade, o que é ilusão, achando ainda ter testemunhado um crime, onde acha que será considerado culpado. Outra grande aparição é o de Alessandra Negrini, que vive a vizinha Magda, que era um dos alvos de Afrânio, mas que acaba se envolvendo com o dublador, passando a tentar ajudá-lo a resolver o mistério. Bonita, sensual, ela dá um toque forte em “O Gorila”.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

quinta-feira, julho 02, 2015

“O Exterminador do Futuro – Gênesis”



“O Exterminador do Futuro – Gênesis”, dirigido por Alan Taylor, pretende recontar a trama de 1984, de James Cameron. E é um tremendo equívoco. A história é praticamente a mesma, com Kyle Reese sendo mandado do ano de 2019 para 1984 com o objetivo de salvar Sara Connor, a mãe de John Connor, o líder da resistência.

Só que desta vez, ao contrário do original, não encontra-se uma ainda frágil Sara Connor. Agora ela está preparada para se defender e tendo a proteção de um exterminador, Papi (Arnold Schwazennegger, revivendo seu principal papel no cinema). Eles fogem de exterminadores vindos do futuro, e numa salada, o T-1000 de “Exterminador 2” é a principal ameaça.

Mas as subversões não param por aí. O pior é quando, após tantas mudanças na mitologia da série, cria-se um novo vilão, que se une a skynet para por fim a humanidade, E ele é o próprio John Connor (Jason Clarke). Uma heresia, que ainda piora com a escola da fraca Emilia Clarke (de Games of Thrones) como Sara Connor, vivida nos dois primeiros filmes pela inesquecível Linda Hamilton. Pelo menos Arnold Schwazennegger se salva com seu exterminador, que fica repetindo o bordão velho sim, obsoleto não, além de fazer caretas ao tentar imitar reações humanas.

Cotação: regular
Chico Izidro

“Meu Passado Me Condena 2”



Quando um filme faz sucesso, dê-lhe continuação. E é assim que chega “Meu Passado Me Condena 2”, direção de Julia Rezende. E convenhamos desnecessária. Fábio Porchat e Miá Mello voltam a viver os seus personagens, Fábio e Miá, que se casaram após apenas um mês de namoro. E se o primeiro filme foi feito para vender cruzeiros marítimos e a Itália, agora chega a vez de Portugal, quando o casal viaja para acompanhar o velório da avó de Fábio.

Ele foi criado na quinta do avô no interior português e viaja com a esperança de salvar o casamento, que ele mesmo insiste em estragar. Miá cansou de suas irresponsabilidades e quer se separar. Porém as coisas só vão piorar, quando Fábio é confrontado com seu passado, ao se deparar com a namoradinha de adolescência Ritinha, agora uma bela mulher, e Álvaro, o garoto que praticava bullying nele e que virou um homem conservador e ainda implicante – os atores portugueses Mafalda Rodilles e Ricardo Pereira.

O filme, porém, é cheio de problemas, começando pela dupla central, que não funciona. Fábio Porchat está insuportável, histérico e repleto de tiques, enquanto Miá Mello parece não saber atuar, fazendo apenas caretas. O que se salva é a dupla de vigaristas Suzana (Inez Viana) e Wilson (Marcelo Valle), que aparecem no vilarejo como donos de uma funerária, e usando e abusando de tiradas inteligentes e espirituosas.

Cotação: ruim
Chico Izidro

“Belas e Perseguidas”



Como desperdiçar duas boas e bonitas atrizes? Escalá-las em um road movie, onde elas têm de fugir de criminosos e policiais corruptos que querem matá-las. Este é o plot de “Belas e Perseguidas”, direção de Anne Fletcher.

Reese Whiterspoon é a policial certinha Rose Cooper, que recebe a missão de levar Daniella Riva (Sofia Vergara) para Dallas, onde ela deve testemunhar contra um chefão do crime. Só que antes mesmo de a tarefa se iniciar, mortes começam a ocorrer e Rose e Daniella são incriminadas, tendo de fugir, enquanto tentam chegar ao seu destino, sendo que o personagem de Sofia Vergara, uma madame mimada e rica, não tem a mínima intenção de chegar ao destino.

E dê-lhe piadas rasteiras sobre a altura de Rose e a idade de Daniella. Sofia Vergara passa o filme abusando dos decotes e correndo com seus sapatos de saltos finíssimos e fazendo papel de gostosona burra. E pensar que há pouco tempo, Reese Whiterspoon quase levou um Oscar para casa, por seu papel em “Livre”.

Cotação: ruim
Chico Izidro

“Rainha e País”



Em 1987, John Boorman dirigiu o nostálgico e delicado “Esperança e Glória”, onde na figura de Bill Rohan, ele revivia os anos passados na Londres durante a II Guerra Mundial. E com um final apoteótico, onde as crianças comemoravam o cancelamento das aulas por causa de uma bomba que caiu sobre a escola. “Obrigado, Adolf”, agradecia um coleguinha de Bill.

Vinte e oito anos depois, Boorman volta ao personagem Bill Rohan, agora um jovem de 18 anos, que é convocado para prestar o serviço militar no auge da guerra da Coreia. Em “Rainha e País”, o diretor conta aqueles dias de quartel de Bill (Callum Turner) e seu melhor amigo, Percy (o ótimo Caleb Landry Jones). Após o treinamento, eles escapam de ser enviados para a frente da batalha, recebendo a incubência de dar aulas de datilografia aos recrutas. Porém a dupla sofre com os rigores da caserna, representados pelos rigorosos e cruéis Major Bradley (David Thewlis) e Digby (Bryan F. O’Byrne), que vem o exército como a razão de viver. Presos aos rigores do regulamento, Bill e Percy vivem o inferno na terra.

Ao mesmo tempo, a dupla começa a descobrir as delícias e também os sofrimentos do amor. Ainda mais que Bill se apaixona por uma mulher um pouco mais velha, Ophelia (Tamsin Egerton), deprimida e apaixonada por outro homem.

A história se passa à época da coroação de Elizabeth II ao trono britânico e é um belo retrato de uma época.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

“Virando a Página”



Hugh Grant vive em “Virando a Página”, direção de Marc Lawrence, mais ou menos o mesmo papel de “Letra e Música”, onde ele era um músico que havia vivido o auge da fama numa banda new wave e anos depois vive no ostracismo.

Pois agora ele é Keith Michaels, um roteirista que teve seu momento de fama ao ganhar um Oscar há mais de 15 anos. Agora, depois de vários fracassos e passando dificuldades, ele aceita dar aulas sobre roteiros em uma universidade.

A história é previsível. A vida de Keith vai dar uma guinada de 180 graus, com ele se tornando uma pessoa melhor. Ao mesmo tempo que se envolve com uma de suas alunas, apesar de isso ser contra o regulamento da universidade e receber lições de moral de outra aluna, vivida por Marisa Tomei – cujo personagem é o mais onipresente possível. Está sempre em todos os lugares, tem duas filhas, dois empregos e ainda vai as aulas? De onde tira tanta energia?

“Virando a Página” no entanto, diverte, devido aos atores carismáticos. Hugh Grant e sua eterna cara de cachorro pidão e Marisa Tomei, sempre linda. J.K. Simmons, outra vez se destaca, agora como um professor, casado e pai de quatro meninas e completamente dominado por elas, caindo no choro cada vez que lembra dos momentos familiares.

Cotação: bom
Chico Izidro

“Minha Querida Dama”



Mathias (Kevin Kline) herda um apartamento em Paris, e ao chegar ao imóvel, ele descobre que esse está ocupado por uma senhora nonagenária, Mathilde (Maggie Smith) e sua filha Chloé (Kristin Scott Thomas), que não tem a mínima intenção de deixar o local.

O problema encontrado por Mathias é que as duas vivem numa lei francesa chamada de viager, onde uma pessoa vende um imóvel, mas só o deixa após morrer. E enquanto está vivo ainda deve receber um aluguel do comprador. O americano, então terá de passar a conviver com as duas mulheres em “Minha Querida Dama”, direção de Israël Horowitz. E esta convivência vai desencavar antigos segredos dos protagonistas. Além de um improvável romance entre Mathias e Chloé.

Porém tudo é feito sem muita convicção num ritmo arrastado. Kevin Kline, que passa o tempo todo bebendo vinho pelo gargalo, errou o tom de seu personagem, não parecendo nem um pouco à vontade. E Maggie Smith parece sentir o peso da idade, desanimada com o papel da velhinha, enquanto que Kristin Scott Thomas, sempre tão bem, abusa dos olhares caídos e tristes, querendo passar um pouco de expressão. Deu sono.

Cotação: ruim
Chico Izidro

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...