quinta-feira, novembro 24, 2016

"Elis"



É impossível conseguir mostrar a vida de uma pessoa em cerca de duas horas. Mesmo que esta pessoa tenha vivido apenas 36 anos, no caso aqui "Elis", direção de Hugo Prata. A cantora porto-alegrense mereceria uma série, de tantos eventos que protagonizou em sua carreira, iniciada aos 13 anos.

Só que o roteiro priorizou alguns eventos, deixou de fora personagens importantes, como Milton Nascimento, Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, entre outros. A trama já começa em abril de 1964, no dia do golpe militar e no momento que Elis, interpretada com maestria por Andréa Horta chegava ao Rio de Janeiro junto com o pai, Romeu (Zécarlos Machado) - na realidade toda a família dela se mudou para a cidade, onde ela começou a se destacar para o resto do país.

O filme mostra os momentos em que Elis começou a trabalhar em uma boate no Beco das Garrafas, onde teve como empresários Ronaldo Bôscoli (Gustavo Machado), que seria depois seu marido, Luis Carlos Miéle (Lúcio Mauro Filho) e o coreógrafo norte-americano Lennie Dale (Júlio Andrade), um de seus grandes amigos. Passa ainda pela consagração na TV Record, com o programa O Fino da Bossa, que apresentava ao lado de Jair Rodrigues. E as complicações que teve com a ditadura militar após ter criticado os militares, os chamando de gorilas durante excursão à Europa - os milicos vieram com tudo para cima de Elis, que teve de se render ao medo, e que renderia críticas de ativistas de esquerda, como Henfil.

"Elis" mostra principalmente seus relacionamentos com Ronaldo Bôscoli e Cesar Camargo Mariano (Caio Ciocler), os pais de seus três filhos. E evidente que termina com sua morte, numa overdose de álcool e cocaína, em 19 de janeiro de 1982.

Andréa Horta não canta como Elis, mas fez uma preparação vocal para pegar os trejeitos da cantora, que tem sua voz utilizada nas músicas do longa. Outro acerto é na excelente reconstituição de época, os anos 1960 e 1970 devidamente registrados em roupas, cortes de cabelo, móveis, carros. Pena o pouco tempo para tanta coisa a contar.

Duração: 1h55min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"A Chegada" (Arrival)



"A Chegada" (Arrival), direção de Denis Villeneuve, é ficção científica pura, na linha de clássicos como "2001: Uma Odisseia no Espaço" e "Contatos Imediatos de Terceiro Grau", da qual tem muitas semelhanças. E em diversos momentos, o modo como a história é tratada remete também a "A Árvore da Vida", de Terrence Malick.

Em um determinado dia, a professora de linguística Louise Banks (Amy Adams, em atuação espetacular) chega à faculdade para dar sua aula de português. Mas existe algo estranho no ar. E logo ela fica sabendo: a Terra recebeu a visita de 12 naves alienígenas, que se instalaram em pontos determinados do planeta.

Devido ao seu conhecimento, Louise é contactada pelo governo dos Estados Unidos para tentar interagir com os alienígenas. E a missão dela nãoé fácil, pois tem de tentar traduzir a linguagem dos seres extraterrestres, enquanto que os militares a pressionam, ainda mais que em suas cabeças, o que existe é o perigo de uma invasão e de uma guerra interplanetária. Um jogo geopolítico acaba aparecendo, já que a Russia e a China se posicionam contra a presença das espaçonaves.

O filme ainda tem momentos distintos. Num vemos o progresso de Louise com os extraterrestres e noutro temos a linguísta tendo lembranças de sua filha, que morreu vítima de câncer - são estes momentos que remetem direto à "A Árvore da Vida".

"A Chegada" (Arrival) é uma obra que faz pensar, que nos faz refletir sobre o sentido da vida. E nos faz pensar se realmente existe vida além da Terra?

Duração: 1h56min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Jack Reacher: Sem Retorno" (Jack Reacher: Never Go Back)



"Jack Reacher: Sem Retorno" (Jack Reacher: Never Go Back), direção de Edward Zwick, é mais do mesmo. Um amontoado de clichês inflando o ego do astro Tom Cruise, onde ele repete seus trejeitos várias vezes visto, principalmente em outra cinesérie da qual ele também é protagonista: Missão Impossível.

E a trama é aquela batida, do cavaleiro solitário que se vê envolto em uma trama onde é acusado de cometer um crime. Então tem que fugir, na qual leva de carona uma garota, no caso a tenente do exército Susan Turner Cobie Smulders (de How I Met Your Mother), que também é inocente, mas acusada de traição. E para apimentar mais um pouco a história, tem a adolescente
Samantha (Danika Yaroshi (de Heroes: Reborn), que pode ser a filha do mocinho que ele não reconheceu há 15 anos.

Os vilões são militares e mercenários de uma empresa que prestava serviço ao exército - todos caricatos, fazendo caras de mau. A gente até torce por Cruise e suas duas mulheres, mas não há nada de novo. E já sabemos que no final ele se safará, num filme que tão logo acabe não deixará nada em nossas lembranças.


Duração: 1h59min

Cotação: regular
Chico Izidro

quinta-feira, novembro 17, 2016

"Elle"



O início de "Elle", dirigido pelo holandês Paul Verhoeven, o mesmo de "Robocop”, “O Vingador do Futuro”, “Instinto Selvagem” e “Showgirls”, é de um estupro. A proprietária de uma empresa de confecção de vidseogames Michèle (Isabelle Huppert) é atacada por um homem mascarado dentro de sua casa. Ela, porém, tenta após a agressão, levar a vida normalmente, sem procurar a polícia. Só mudará a atitude quando passa a receber mensagens do criminoso, que promete voltar a atacá-la é que Michèle toma uma atitude: tentar localizar o estuprador, que ela suspeita ser um dos funcionários de sua empresa.

Ao mesmo tempo que Michèle sofre com as consequências do crime que sofreu, a personagem é mostrada em seu cotidiano, em jantares e festas com os amigos, como a sósia Anna (Anne Consigny), casada com Robert (Christian Berkel), amante da protagonista.

O círculo é formado ainda pelo filho Vincent (Jonas Bloquet), um rapaz inseguro e massacrado pela namorada Josie, que ficou grávida, mas o filho é negro, e Vincent insiste que o menino é seu...num dos momentos cômicos do filme, Michèle fala para o filho: "vai precisar fazer exame de DNA"...e ainda tem o ex-marido Richard (Charles Berling), um escritor fracassado. Além disso, sua septuagenária mãe pretende se casar com um gigolô e o seu pai foi um serial killer, que cumpre prisão perpétua.

Enfim, Huppert apresenta uma personagem forte e poderosa, sobretudo em relação aos homens que a cercam. E interessante e até mesmo chocante é ver como Michèle lida com a situação quando descobre a surpreendente identidade de seu estuprador, mantendo com ele uma relação de sadomasoquismo e de cumplicidade. Forte.

Duração: 2h04min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Menino 23 - Infâncias Perdidas no Brasil"




O documentário "Menino 23 - Infâncias Perdidas no Brasil", dirigido por Belisario Franca, surgiu através de uma descoberta do professor de história Sidney Aguilar. Durante uma aula sobre o nazismo, uma aluna afirmou já ter visto aquelas suásticas. E em tijolos numa fazenda no interior paulista. Logo Sidney estava tentando descobrir tudo sobre aquele fato, entrevistando moradores da cidade de Campina do Monte Alegre e da fazenda Cruzeiro do Sul.

A fazenda era propriedade da família carioca Rocha Miranda, que flertava com o nazismo - até o gado era marcado com a suástica. E em 1933, vários garotos entre 9 e 12 anos de idade, que haviam sido abandonados no orfanato católico Educandário Romão de Mattos Duarte, no Rio de Janeiro, foram entregues a Oswaldo Rocha Miranda. E eles receberam a promessa de que no interior paulista teriam uma vida melhor, com estudos e brincadeiras. Mas não foi o que ocorreu. Os meninos viraram escravos, recebendo castigos físicos e psicológicos.

O documentário foca na figura de Aloísio Nunes, o tal menino 23 - eles não eram chamados por nome e sim por número, como se fossem gado. “Era uma vida diferente da prometida. Era castigo por tudo, trabalhava muito, até de fazer a mão sangrar”, conta Aloysio, o número 23. No começo, ele se nega a falar sobre o passado doloroso, mas aos poucos vai se abrindo. O filme também mostra dois outros garotos, um que escapou aos 15 anos, virou menino de rua em São Paulo e depois entrou na Marinha à época da II Guerra Mundial, e o outro, que se sentia quase da família Rocha Miranda, por receber tratamento diferenciado.

"Menino 23 - Infâncias Perdidas no Brasil" faz um paralelo com o nazismo, e na época a sociedade era adepta de teorias esdrúxulas, como a eugenia e a supremacia branca. Mas o documentário acaba tropeçando ao não explicar o porquê de os jovens terem sido levados para a fazenda. Sim, escravos, mas sofreram experiências genéticas?

Duração: 1h20min

Cotação: bom
Chico Izidro

"Um Estado de Liberdade" (Free State of Jones)



Neste filme anti-racista, "Um Estado de Liberdade" (Free State of Jones), dirigido por Gary Ross, Matthew McConaughey interpreta um personagem verídico, Newton Knight. A trama se passa durante e alguns anos depois da Guerra Civil Americana, quando Knight instalou uma comunidade igualitária no condado de Jones, no Mississipi, um dos estados mais racistas da América do Norte.

Knight estava servindo o exército confederado, quando acabou desertando por causa de algumas medidas que ele achou injustas. Teve de abandonar a mulher, Serena, vivida por Keri Russel, a eterna Felicity e do seriado The Americans, e o filho, se escondendo num pântano, onde passou a conviver com escravos fugidos e outros libertos. Logo o local passou a receber homens brancos, que também fugiam da guerra. Foi formada então uma milícia, que combatia os confederados.

Passada a guerra, Knight passou a apoiar os negros libertos em causas, por exemplo, ao direito ao voto e também em lutas contra a famigerada Ku Klux Klan, surgida dois anos após o término do conflito.

O personagem principal ainda teve o acinte de se casar com uma ex-escrava, Rachel (Gugu Mbatha-Raw), com quem teve vários filhos mestiços. Aliás, o filme se passa em dois tempos. O outro período visto é nos anos 1950, quando um descendente de Knight estava sendo julgado por ter casado com uma mulher branca - de acordo com as leis raciais do Mississipi, ele tinha uma porcentagem de sangue negro, então era considerado negro, apesar da pele branca, e nunca poderia ter contraído matrimônio.

Matthew McConaughey parece ter nascido para interpretar personagens meio caipiras e libertários. O filme é forte, com ótimas cenas de batalhas e também incomoda por mostrar momentos de extremo racismo.

Duração: 2h19min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Animais Fantásticos e Onde Habitam" (Fantastic Beasts and Where to Find Them)



"Animais Fantásticos e Onde Habitam" (Fantastic Beasts and Where to Find Them foi escrito pela autora de Harry Potter, J. K. Rowling, sob o pseudônimo de Newt Scamander. E é este o personagem principal do filme homônimo dirigido por David Yates.

A história é ambientada em 1926, ou seja, 70 anos antes dos eventos relacionados ao mundo de Hary Potter e seus amigos. Tudo começa quando o mágico Newt Scamander (Eddie Redmayne) chega em Nova York portando uma maleta cheia de monstros e criaturas mágicas. E claro que os bichinhos irão escapar, trazendo um pouco de caos à Big Apple, muito bem reconstituída para o período em que se pass a trama.

Scamander acaba recebendo a ajuda da detetive dos mágicos Porpentina Goldstein (Katherine Waterston) e do trouxa (termo utilizado por Rowling para os simples mortais), Jacob Kowalski (Dan Fogler), para tentar encontrar as criaturas, antes que elas exponham o mundo dos mágicos para os mortais.

O ótimo ator Eddie Redmayne, vencedor do Oscar por "A Teoria de Tudo", expressa uma timidez adorável, utilizando um fio de voz. Mas quem rouba a cena é Dan Fogler na pele de Jacob, a parte cômica.

Apesar disso, o filme é chato, cansativo, apesar dos bons efeitos especiais. Não traz nada de novo. Ah, monstros destruindo Nova Iorque, pessoas tendo mentes apagadas. Correrias...lá pelo meio do filme eu perguntava quando tempo mais duraria a tortura.

Duração: 2h13min

Cotação: ruim
Chico Izidro

"Doutor Estranho" (Doctor Strange)



"Doutor Estranho" (Doctor Strange), dirigido por Scott Derrickson, é um filme de origem, mostrando mais um personagem do universo Marvel, criado em 1963, mas só agora na telona. O herói é interpretado com convicção por Benedict Cumberbatch.

Em sua vida antes de herói, Doctor Strange é um neurocirurgião esnobe e arrogante, que despreza seus iguais. Até que vai cair na real ao sofrer um acidente que afetará seu principal instrumento, as suas mãos. Após esgotar todas as perspectivas na medicina tradicional, através de cirurgias, ele acaba sabendo de um homem que recuperou os movimentos do corpo numa terapia no Nepal. E é para lá que Doctor Strange vai, encontrando uma espécie de seita liderado pela Anciã (Tilda Swinton).

Ele é, então, apresentado para outras dimensões e alterações de regras, que ele, como um ateu, tinha como certas: gravidade, impenetrabilidade, lógica, medicina. O universo de Doctor Strange acaba se expandindo e logo ele descobre que pode até alterar o tempo e o espaço através do poder da mente.

Mas claro que nem tudo são flores, e a comunidade liderado pela Anciã sofre com a presença de um antigo integrante, Kaecilius (Mads Mikkelsen), um ex-aluno do Templo, que tem o objetivo de ajudar o um vilão maior, Dormammu, para destruir o universo.

"Doutor Estranho" (Doctor Strange) é um bom filme de ação, com ótimos efeitos especiais e muito humor. Certas passagens remetem direto ao hoje já clássico filme de Christopher Nolan, "A Origem".

Duração: 1h55min

Cotação: bom
Chico Izidro

quinta-feira, novembro 10, 2016

"O Pequeno Segredo"



"Pequeno Segredo", o filme brasileiro indicado ao Oscar, é dirigido por David Schurmann, um dos filhos da família catarinense conhecida por velejar pelo mundo. A história se baseia no livro “Pequeno segredo – A lição de vida de Kat para a família Schürmann”, lançado em 2012 por Heloisa Schürmann, onde conta sobre a adoção da pequena Kat, filha de um casal formado pelo neozelandês Robert e da amazonense Jeanne.

Os Schürmann já com cinquenta e poucos anos, aceitaram adotar Kat, uma garota que nasceu com o vírus do HIV, já que sua mãe Jeanne contraiu a doença quando recebeu sangue contaminado após sofrer um acidente. Na trama, é mostrada a história dos Schürmann e dos pais de Kat de forma intercalada. Heloisa Schurmann é vivida por Julia Lemmertz e Vilfredo tem como intérprete Marcelo Antony, enquanto que Erroll Shand é o neozelandês Robert e Maria Flora é Jeanne.

O filme mostra todo o processo de conhecimento e de namoro de Robert e Jeanne, que sofre com o racismo da sogra, e também a convivência de Kat com seus pais adotivos. Além do que a menina seguia uma dieta de vitaminas, que ela não sabia serem remédios para controlar a aids. A história se passa nos anos 1990, onde ainda havia muio preconceito contra os portadores do vírus HIV. Mas a menina, quando descobre seu destino, decide que aos 14 anos contará para o mundo seu "pequeno segredo". Que para mim é um título equivocado, afinal, de pequeno não tinha nada. Era um grande segredo.

A história é muito mais entre mãe e filha, com boa atuação de Julia Lemmertz. O personagem de Marcelo Antony é quase figurativo. Já a novata Mariana Goulart beira o constrangimento, com momentos quase teatrais e sem espontaneidade. E no filme até é reforçado o lado bom-moço de Robert, que teria ficado sempre ao lado da cabocla Jeanne, quando na realidade ele chegou a abandonar a mulher por três anos após o atropelamento que ela sofreu.

A história é triste, e às vezes apela para o sentimentalismo barato, tentando provocar o choro do espectador. Para o Oscar, é uma escolha muito exagerada. Mas o filme não é de todo o ruim.

Duração: 1h48min

Cotação: regular
Chico Izidro

"Jovens, Loucos e Mais Rebeldes" (Everybody Wants Some)



Esqueça o horroroso título nacional deste novo filme de Richard Linklater, "Jovens, Loucos e Mais Rebeldes" (Everybody Wants Some), mas é que ele é uma referência a obra do diretor lançada em 1993, "Jovens, Loucos e Rebeldes" (Dazed and Confused). Como sempre, Linklater brinca com o tempo, a exemplo de "Boyhood", a trilogia "Antes do Amanhecer", "Antes do Pôr-do-Sol" e "Antes da Meia-noite".

Se em "Jovens, Loucos e Rebeldes", acompanhamos o último dia de colégio de uma turma de adolescentes em 1976, com direito a muito rock'n'roll, agora em "Jovens, Loucos e Mais Rebeldes", vemos um final de semana de um grupo de universitários antes do início das aulas em 1980. Eles moram em uma república e são jogadores de baseball, com códigos próprios, e muito a fim de pegar quanto mais mulheres, melhor.

O personagem principal é Jake (Blake Jenner), que vai morar nesta república, onde todos fumam maconha, escutam Pink Floyd, bebem. E durante a noite vão a festas de rock, de country, de dance music.

"Jovens, Loucos e Mais Rebeldes!!" é um filme simples, sem muitas firulas, com um monte de atores desconhecidos. Mas repleto de nostalgia, com diálogos inteligentes e uma trilha sonora mais eclética do que seu antecessor, que se fixava mais no rock setentista. Aqui Linklater vai do rock a disco music e até mesmo o rap. Para quem viveu os anos 1980, vai bater uma melancolia. E quem não viveu sentirá saudade de uma época que não vivenciou.

Duração: 1h57min

Cotação: bom
Chico Izidro

"O Plano de Maggie" (Maggie's Plan)



Mais uma vez Gerta Gerwig apresenta uma personagem maluquinha, a exemplo de "Frances Ha", de 2013. Em "O Plano de Maggie" (Maggie's Plane), dirigido por Rebecca Miller, a história também se passa em Nova Iorque, envolvendo intelectuais e gente mal resolvida, muito mal resolvida.

Na trama, Maggie (Greta Gerwig) é uma jovem acadêmica, que tem como objetivo de vida ter um filho por conta própria. Ela pede então para que Guy (Travis Fimmel, do seriado “Vikings”), um cara que vive vendendo picles artesanais doe o esperma para que ela engravide. E ele não terá nenhuma responsabilidade com o filho. É então que aparece na vida de Maggie o professor e escritor John (Ethan Hawke), que está em crise no casamento. Essa aproximação transforma todos os objetivos de Maggie por completo. Os dois se apaixonam, ele deixa a mulher, Georgette (Julianne Moore), e acabam tendo uma filhinha.

Anos depois, já estabelecidos, Maggie decide que não quer mais John e começa a armar para que ele volte para Georgette, para que volte a cuidar com mais independência de sua filho e dela mesma. O filme é muito divertido, com várias mudanças no seu decorrer e com diálogos bons e reflexivos. Vale uma espiadada.

Duração: 1h39min

Cotação: bom
Chico Izidro

"Horizonte Perdido - Desastre no Golfo" (Deepwater Horizon)



"Horizonte Perdido - Desastre no Golfo" (Deepwater Horizon), dirigido por Peter Berg, é um filme sobre desastres, mas aqui nada de ficção, e sim retratando um acidente real, ocorrido na plataforma Deepwater Horizon, no Golfo do México, em 2010. O acontecido foi um dos maiores acidentes biológicos, causando danos quase irreparáveis no Golfo do México. Além disso, a explosão na plataforma marítima matou onze pessoas.

Claro que o climax do filme é exatamente a explosão. Mas até chegar lá, temos aquelas introduções longas e lentas tradicionais de filmes americanos. Nela somos apresentados aos personagens que estarão no meio do furacão. O protagonista é Mike Williams (Mark Wahlberg), que trabalha na plataforma. No início, ele é mostrado ao lado de sua família e logo depois, aos colegas, que partirão para o alto-mar com ele.

Na sequência, vemos os vários erros que provocarão a explosão na plataforma, gerando uma tensão quase espontânea ao longa. Berg apresenta, enfim, um longa-metragem com forte dose de realismo, levando à tela um acidente recente, com proporções gigantescas. No entanto, Horizonte Perdido - Desastre no Golfo vai em seu final, perdendo força por mostrar cenas tão corriqueiras e que não trazem nada de novo no cinema de desastres.

Duração: 1h48min

Cotação: regular
Chico Izidro

quarta-feira, novembro 02, 2016

"13 Minutos" (Elser)



"13 Minutos" (Elser), é dirigido por Oliver Hirschbiegel, de "A Queda! As Últimas Horas de Hitler", e mais uma vez volta para o III Reich, em uma história real que abalou os nazistas em 1939. O filme retrata a vida do carpinteiro socialista George Elser, que apenas dois meses depois do início da II Guerra Mundial, arquitetou um plano para matar Adolf Hitler.

O atentado seria desferido em uma cervejaria de Munique, onde o ditador iria proferir um discurso. Durante semanas, Elser preparou uma bomba no local, mas por apenas 13 minutos Hitler acabou não morrendo, no dia 8 de novembro. Ele tinha de pegar um avião e antecipou sua apresentação. A bomba explodiu, mas o ditador já havia saído do local. Oito pessoas acabaram morrendo.

Na mesma noite, Elser foi capturado na fronteira da Alemanha com a Suíça. Devido a sua capacidade, ele não foi morto de imediato pelos nazistas, ficando preso no campo de concentração de Dachau, sendo assassinado somente pouco antes de acabar a Segunda Guerra Mundial.

O filme mostra o inconformismo de Georg Elser, um trabalhador que não conseguia aceitar a irracionalidade e a animosidade do nazismo. Afinal, o tema nazismo deve ser sempre repetido, ad eternum, para que tais atrocidades nunca mais voltem a acontecer.

Duração: 1h54min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Canção da Volta"



Um filme angustiante e intenso. Assim é "Canção da Volta", dirigido por Gustavo Rosa de Moura. A trama acompanha o casal Eduardo (João Miguel) e Julia (Marina Person), em um momento crítico de suas vidas. Ela abalou as estruturas familiares após tentar o suicídio no quarto de um hotel. E as pessoas não sabem como lidar com a situação, principalmente os filhos do casal, especialmente o mais velho, vivido por Francisco Miguez.

Eduardo, um apresentador de um programa de tevê, passa os dias preocupado com Julia. O que ela está fazendo, onde ela está quando some por várias horas. Ele começa a ficar paranóico, mas também acaba mantendo relações extraconjugais. O filme foca principalmente no personagem de João Miguel, que apresenta um trabalho excelente.

Mas Marina Person também não fica atrás, trazendo uma personagem fragilizada, mas que tenta, apesar de tudo, voltar a ter uma vida normal, apesar dos transtornos inerentes a uma pessoa depressiva. "Canção da Volta" é daqueles filmes em que ficamos pensando como irá acabar, como será o destino de seus personagens. A esperança em meio a desesperança.


Duração: 1h32min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

Indignação (Indignation)



Indignação (Indignation), dirigido por James Schamus, é um filme baseado em romance de Philip Roth. A obra, passada no começo dos anos 1950, em meio à Guerra da Coreia, aborda a vida de um jovem judeu que chega à uma universidade em Cleveland, Ohio. Marcus Messner (Logan Lerman), filho de um açougueiro de Newark, quer ser advogado e não quer ter distrações.

Só que seu objetivo começa a ir para o espaço quando ele conhece a estudante de literatura francesa
Sarah Gordon (Sarah Gadon), com atitudes meio avançadas para à época, não tratando a relação sexual como um tabu. Marcus acaba, por causa da namorada, tendo problemas com os colegas de dormitório, pedindo uma transferência. Ao mesmo tempo, ele tem de lidar com os pais, Max e Esther, que não conseguem lidar com o fato do filho estar se tornando independente.

Uma das melhores cenas do longa é quando Marcus confronta o reitor da universidade. Afinal, esse não consegue entender o porquê de o garoto não se entrosar. E o pior, ser um judeu ateu. O embate entre os dois é sensacional, com Marcus descontruindo as posições conservadoras e ultrapassadas do reitor.

O filme retrata o começo de uma mudança profunda na sociedade americana dos anos 1950. E seu personagem principal é um jovem que se mostra "indignado" com a caretice vigente, mesmo que ele ainda carregue um pouco deste ranço.

Duração: 1h50min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"A Luz Entre Oceanos" (The Light Between Oceans)




O filme começa contemplativo, lembrando aquelas belas produções dos anos 1950 e 1960, onde não havia pressa em suas cenas, em como contar uma história. Estamos em "A Luz Entre Oceanos" (The Light Between Oceans), dirigido por Derek Cianfrance, onde seguimos a trajetória do ex-soldado da I Guerra Mundial Tom Sherbourne (Michael Fassbender). Abalado pelos quatro anos tentando sobreviver ao conflito, ele decide se afastar do mundo, aceitando um emprego como faroleiro numa ilha afastada da Austrália. Mas antes de começar o trabalho, ele conhece a jovem Isabel Graysmark (Alicia Vikander).

Os dois iniciam uma correspondência e depois de algum tempo, decidem casar, com Isabel indo morar na ilha com Tom. Aos poucos, a garota vai fazendo com que ele vá reencontrando o gosto pela vida. E decidem ser pais. Porém Isabel tem problemas e perde dois bebês durante a gestação ao longo dos anos. Quando estão desistindo, encontram numa manhã um bebê e um homem num barco que estava à deriva.

O homem está morto, mas a criança é saudável e bela. Só que por obrigação, Tom tem de avisar as autoridades. Só que ele acaba aceitando os argumentos da esposa de que podem manter a posse da criança em segredo, afinal ninguém desconfiará, já que ela estava grávida. O problema é que Tom nunca conseguirá dormir tranquilo com a decisão.

E isso vai acarretar futuras incomodações. E é quando o filme perde o brilho. De uma obra romântica e reflexiva, acaba se transformando num dramalhão. Ainda mais quando aparece a figura da mãe do bebê, interpretada por Rachel Weisz.

Mas ressalta-se o ótimo trabalho de Fassbender, que apresenta uma entrega emocional excepcional. "A Luz Entre Oceanos" tinha tudo para ser um grande filme sobre o amor, mas no final das contas, acaba sendo apenas regular.

Duração: 2h13min

Cotação: regular
Chico Izidro

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...