terça-feira, dezembro 27, 2011

Missão Impossível - Protocolo Fantasma

Missão Impossível - Protocolo Fantasma, de Brad Bird, é o melhor filme de toda a série de espionagem baseada no seriado dos anos 1970. Mesmo que Tom Cruise, como o agente Ethan Hunt continue correndo para lá e para cá, alucinadamente. Desta vez, sua trupe, que inclui a belíssima Paula Patton (a professora de Preciosa), é acusada de explodir o Kremlin, passando a ser perseguida por um incansável agente russo. Ao mesmo tempo, os agentes têm de encontrar o verdadeiro culpado, um cientista maluco que pretende provocar uma guerra nuclear entre os Estados Unidos e a Rússia. O roteiro é bem costurado, mesmo deixando escapar alguns furos e umas facilidades de logística para os mocinhos. Numa cena, Cruise escapa de um hospital em Moscou, fica apenas de calça pelas ruas, e pelo caminho vai roubando roupas que cabem exatamente nele. As cenas são tão vertiginosas - a de Hunt pendurado no maior prédio do mundo, em Dubai, é de deixar qualquer um enjoado. Além de Dubai, onde vale a pena destacar também a cena da tempestade de areia, Missão Impossível - Protocolo Fantasma faz uma tour pela Rússia e pela Índia. E sim, Cruise pode fazer as loucuras mais acrobáticas e desta vez o herói sai machucado e bem machucado. Missão Impossível - Protocolo Fantasma - aliás, o Protocolo Fantasma significa que o grupo de espiões entra numa missão e se for descoberto, o governo não reconhecerá a existência deles - lembra muito as aventuras de 007, por causa do turismo por vários países e a bela cena de abertura. Cotação: bom Chico Izidro

E aí Hendrix

O americano Jimmy Hendrix morreu aos 27 anos, a idade-tabu para os ídolos roqueiros, vide Janis Joplin, Jim Morrison, Kurt Cobain, Brian Jones e vá lá, Amy Winehouse. E passados 40 anos de sua morte, ele é até hoje considerado o maior guitarrista de todos os tempos. Mais do que Eric Clapton, Jeff Beck, Keith Richards, B.B. King e por aí vai. No documentário brazuza E aí Hendrix, os cineastas Pedro Paulo Carneiro e Roberto Lamounier relembram o período em que o guitarrista despontou para o mundo. E isso ocorreu quando ele saiu dos Estados Unidos e foi para o outro lado do oceano, na efervescente Londres de 1966. O filme é feito por fãs entusiastas, que introduziram imagens inéditas de shows nas enfumaçadas e lotadas casas roqueiras londrinas. Tem até o famoso show em que Hendrix tocou, apenas uma semana após chegar às lojas a lisérgica Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, dos Beatles. Não esqueça que a música era de difícil execução ao vivo - tanto que os Fabulous Four nunca a executaram ao vivo, mesmo porque quando do lançamento do disco, eles já não faziam mais shows. E eram os anos 1960, ou seja, as músicas não vazavam na mídia como hoje. O documentário ainda conta com depoimentos de Robertinho do Recife, Pepeu Gomes e Frejat, que tornaram-se guitarristas por causa de Hendrix e mostram conhecer a fundo a vida do criador de Hey Joe e Are You Experienced? Carneiro e Lamounier também encontraram amigos de Hendrix, que com ele dividiram as mulheres, drogase muita festa. O que derruba E aí Hendrix é a presença alienígena da baiana Pitty. Ela é colocada como repórter e cicerone, mostrando total desconhecimento do que, por diabos, quem foi Hendrix e o que ela faz ali... Cotação: regular Chico Izidro

Roubo nas Alturas

O cinema americano é rápido em levar às telas momentos marcantes de sua história, sejam para o bem ou o mal. Já escrevi isso em outras oportunidades, mas não me canso de repetir. A última onda, agora, é a crise financeira de 2008, que levou os States à beira do caos. Os filmes têm buscado o lado dramático do evento. Só que em Roubo nas Alturas, de Brett Ratner, é dado espaço para a comédia, mas não a escrachada. Ela beira ao humor negro, apesar de contar com Eddie Murphy, que nos últimos tempos vinha naufragando terrivelmente, e Ben Stiller, rei das comédias abiloladas. Stiller é Josh Kovacs, o gerente de um prédio residencial em Nova Iorque habitado pelos maiores ricaços da cidade, inclusive o financista Arthur Shaw (Alan Alda). Kovacs aplica o dinheiro dele e de seus colegas num fundo de pensão coordenado por Shaw. E o que acontece? Da noite para o dia a grana desaparece. E todos ficam sem eira nem beira. Alda é uma espécie de Bernard Madoff, o cara que aplicou um dos maiores golpes financeiros da história, e que hoje mofa na prisão. Seu personagem é de um mau-caratismo exemplar. Para tentar recuperar seu dinheiro e o dos colegas, Josh e alguns amigos pedem a ajuda de Slide (Murphy, hilário no papel de um ladrão de parabólicas). Eles tentarão invadir o apartamento do vigarista e arrombar o cofre, onde acreditam estar escondidos 25 milhões de dólares. A cena em que Slide ensina os projetos de ladrões a roubar algumas lojas de um shopping já pode fazer parte do compêndio humorístico. Assim como a parte em que os caras tentam levar uma Ferrari de um andar ao outro no edifício. Roubo nas Alturas também resgata Téa Leoni, mulher de David Duchovny, aqui no papel de uma agente do FBI, e que fez relativo sucesso nos anos 1990. Cotação: bom Chico Izidro

segunda-feira, dezembro 12, 2011

Os Muppets

Para começar, Os Muppets têm uma conotação saudosista e faz parte da memória afetiva para as pessoas com mais de 30 anos de idade. E é disso do que trata o filme dirigido por James Bobin, e escrito por Jason Segel (do seriado How I Meet Your Mother), Jim Henson (filho do criador dos bonecos) e Nicholas Stoller. A história tenta resgatar para as gerações mais jovens aqueles bonecos que embalaram as manhãs de sábado no final dos anos 1970 até a metade da década seguinte na televisão, no aclamado The Muppets Show, que sempre tinha um convidado especial, ou seja, atores ou músicos de sucesso naquele período. No filme, a trupe, outrora ídolos, agora estão esquecidos e dispersos pelo mundo. E o seu teatro pronto para ser destruído por um magnata, Tex Richman (Cris Cooper), que acredita haver petróleo no local. Gary (Segal), sua noiva Mary (a linda Amy Adams, de Encantada) e Walter, que é um boneco, mas também irmão de Gary e fã da série, vão tentar ajudar o sapo Kermit (ex-Caco) a reunir os ex-colegas para fazer um show, arrecadar 10 milhões de dólares e salvar o templo dos Muppets (que é uma das palavras marionetes e fantoches). Aí voltam à cena personagens como o urso Fozzie, o baterista Animal, o narigudo Gonzo, o cozinheiro sueco, e claro, a diva Mrs. Piggy, amor eterno de Kermit, e que agora é editora da revista Vogue em Paris. Claro que é uma gozação com o papel de Meryl Streep em O Diabo Veste Prada, tanto que Emily Blunt repete seu personagem daquele filme. Além de Blunt, Os Muppets tem participações especiais de David Grohl, o líder do Foo Fighter, Jack Black, Alan Arkin, de Pequena Miss Sunshine, Rashida Jones, de Parks e Recreations, e até o veteraníssimo Mickey Rooney, com seus 90 anos de idade. O filme é leve, as piadas simples e inocentes, assim como era o seriado. Mas pode irritar aquelas pessoas que não estão acostumadas com os musicais, pois há cada cinco minutos algum personagem sai a cantar e dançar. O melhor está no final, quando todo o elenco canta a clássica Manamaná-manamaná...de fazer voltar no tempo! Cotação: bom Chico Izidro

A Chave de Sarah

O colaboracionismo é uma chaga que ainda incomoda os franceses, mesmo tendo passado mais de sessenta décadas do final da II Guerra Mundial. Os nazistas não tiveram muito trabalho no país invadido, pois muitos franceses, principalmente os policiais e o infâme Governo de Vichy trataram de oprimir os seus cidadãos e mandar os judeus para os campos da morte. Em A Chave de Sarah, direção de Gilles Paquet-Brenner, mais uma vez o cinema da França traz o tema à tona. Neste ano já foi lançado Amor e Ódio, de Roselyne Bosch, e também o documentário A Tristeza e a Piedade, clássico de mais de cinco horas de Marcel Ophüls. A Chave de Sarah mostra a investigação da jornalista Julia (Kristin Scott-Thomas, excelente atriz inglesa radicada no outro lado do Canal da Mancha) para tentar descobrir o que houve com a família de judeus que morava no apartamento em que ela e o marido irão ocupar em Paris. Julia se surpreende pelos pais e avós do marido, que também habitaram o local silenciarem sobre os antigos moradores. O que também choca a jornalista é por seus colegas de redação mostrarem total ignorância sobre o colaboracionismo de seus antepassados com os alemães. A história é fragmentada, com idas e vindas no tempo. Vemos a investigação de Julia e repentinamente estamos em 1942, quando da expulsão dos judeus de suas casas e do destino aos campos de extermínio. A chave do título refere-se ao objeto que a pequena Sarah (muito bem interpretada na fase criança pela cativante Mélusine Mayance) guardou por toda a vida, traumatizada por um fato referente ao irmão menor, escondido num dos cômodos do apartamento, quando a polícia chegou para levar os seus parentes para o destino desconhecido. Kristin Scott-Thomas mais uma vez dá um show de interpretação. E se a história parece já ter sido vista outras vezes, ela se faz necessária, para que estes incidentes nunca voltem a ocorrer. Cotação: ótimo Chico Izidro

Se Não Nós, Quem?

Atualmente, os jovens alemães, em sua grande maioria, não carregam mais aquela culpa adivinda dos crimes praticados por seus antepassados na II Guerra Mundial. Mas nem sempre foi assim. Entre os anos 1950 e 90, a culpa era enorme. Uma boa parte da juventude do período acabou ingressando nas fileiras esquerdistas para tentar esquecer o passado. Esse fato é bem analisado em Se Não Nós, Quem?, direção de Andres Veiel. Nele, o jovem Bernward Vesper (August Diehl) vive sob a sombra do rígido pai, um emérito escritor nazista, vivido por Thomas Thieme (o Goebbels, de A Queda). Na faculdade, ele conhece e se apaixona por Gudrun Ensslin (Lena Lauzemis), filha de um ex-soldado da Wehrmacht, o exército alemão. Os dois viverão os percalços e incongruências da época, tentando esquecer a guerra, ao mesmo tempo que tentam deixar viva as memórias do 3º Reich, para que ele não se repetisse. E por fim, o casal vai acabar ingressando na luta armada de esquerda. Um personagem até ironiza em certo momento a incoerência dos esquerdistas, que vivendo na capitalista Berlim Oriental, pregavam o comunismo. "Se vocês gostam tanto do comunismo, por que não se mudam pro outro lado do muro?", dispara. Se Não Nós, Quem? que acaba fazendo um gancho com o ótimo O Grupo Baader-Meinhof, de Uli Edel, é baseado na vida do editor e escritor alemão Bernward Vesper, que suicidou-se em 1971, em Hamburgo. A ressaltar, ainda, a excelente reconstituição de época, intercalada com imagens em preto e branco de noticiários daqueles períodos turbulentos, que acabaram transformando uma destruída e desunida Alemanha num dos países mais democráticos e mais sucedidos economicamente do mundo. Cotação: ótimo Chico Izidro

O Garoto de Bicicleta

A orfandade não é nada agradável. Ainda mais se sabendo que seu pai está vivo, mas não quer saber de você. Em O Garoto de Bicicleta, direção dos irmãos Jean Pierre e Luc Dardenne, o pequeno Cyril (Thomas Doret) apega-se a cabelereira Samantha (Cécile de France) e sua bicicleta para sentir pertencer ao mundo. Com a morte da mãe, Cyril é colocado num orfanato pelo pai, Guy (Jérémie Renier, praticamente repetindo seu personagem irresponsável de A Criança). O menino, então, meio que é adotado por Samantha. O problema é ser ele muito rebelde e por vezes violento. Cyril só sente-se livre e calmo quando vagueia pelas ruas da pequena cidadezinha quando pedala seu objeto de adoração. E a bicicleta é tão importante para o menino, que até os garotos maiores passam a admirá-lo, quando vêm como ele briga de corpo e alma para não ter o veículo roubado. Cécile de France interpreta um personagem emblemático. Afinal, qual pessoa, em sã consciência, aceitaria cuidar de uma criança rebelde, problemática, violenta, e com quem não tem nenhum laço de sangue, inclusive abrindo mão da vida pessoal? Thomas Doret também tem uma atuação excepcional, fazendo um belo par com sua "mãe adotiva". E tem-se a impressão de que ele viveu mesmo aqueles momentos traumatizantes. O Garoto de Bicicleta é um daqueles típicos filmes franceses onde os diálogos são inteligentes e as cenas longas e lentas são dominantes. Repare na paradisíaca cena do pic-nic entre Samantha e Cyril, quando os dois pedalam ao largo de um rio e depois sentam-se na grama para comer um singelo sanduíche. Cotação: bom Chico Izidro

segunda-feira, novembro 28, 2011

Amanhecer - Parte 1



A série Crepúsculo, baseada nos romances vampirescos açucarados da mórmon Stephanie Meyer está perto do final. Amanhecer Parte 1 é a quarta parte e tem direção de Bill Condon. O próprio nome do diretor já dá uma exata noção do qual é sem graça o filme, que tem cenas caricatas passadas no Rio de Janeiro.
Critiquei severamente a refilmagem de A Hora do Espanto, com Colin Farrell no papel do vampiro. Mas pelo menos ele era um vampiro à antiga, um verdadeiro sugador de sangue, violento e erotizado.
Os vampiros de Crepúsculo não bebem sangue, pegam sol e até tomam banho de mar...E suprema heresia....sexo só após o casamento. Vlad Tapes está tendo verdadeiros acessos de ódio no inferno. Em Amanhecer Parte 1, chegou a hora de Bella (Kristen Stewart) casar, perder a virgindade e ter um filho com o anódino Edward (Robert Pattinson). O problema é que como ela é uma mortal - sim, ainda não foi transformada - corre o risco de morrer, pois carrega em seu ventre um bebê misto.
Boa parte de Amanhecer Parte 1 transcorre no Rio de Janeiro, onde o casal passa sua lua de mel. E claro, a cidade não escapa do estereótipo, pois quando Bella e Edward chegam à cidade, todos sambam e se esfregam apeladamente pelas ruas. As atuações continuam medíocres, principalmente Pattinson, sempre com aquela cara sofredora e patética, seja feliz, seja triste. Ele já havia conseguido estragar Água Para Elefantes. O lobisomem Jacob (Taylor Lautner), apaixonado por Bella, continua o mesmo - tira a camisa e corre, para o agrado das menininhas. Kristen Stewart é a melhorzinha do trio, bem que não precisa de muito para fingir cara de sofredora. Ponto favorável é que pela primeira vez os efeitos especiais e a maquiagem funcionam, quando Bella sofre os efeitos da gravidez inesperada.
Cotação: ruim
Chico Izidro

Dawson Ilha 10



O golpe militar de Augusto Pinochet contra o governo socialista de Salvador Allende, praticado na infame data de 11 de setembro, mas de 1973. O evento foi um dos mais violentos da história da América Latina. O cinema tem sido extremamente feliz ao registrar este incidente, como em Desaparecido, Um Grande Mistério; Chove Sobre Santiago e Machuca. Dawson Ilha 10, direção de Miguel Littin, baseado nas memórias de Sergio Bitar, ex-ministro das Minas e Energia allendista, mostra o que ocorreu com os partidários do político morto naquele dia.
Aqueles homens idealistas foram aprisionados no campo de concentração da Ilha Dawson, no extremo sul do Chile. Uma terra gélida e inóspita. Naquele lugar sofreram tremendas humilhações dos militares e há cada dia corriam o risco de, se não morressem de frio, serem fuzilados. Dawson Ilha 10, porém, não é maniqueista. Alguns militares são maus, mas nunca beiram o caricato, e outros mostram simpatia pelos prisioneiros.
O filme é recortado pelas cenas reais do dia do golpe. E as tonalidades das imagens à toda hora mudam, mostrando a incerteza na vida daqueles homens. O preto e branco nos traz, aliás, a memória visual que temos do período, onde os jornais e as fotos ainda eram monocromáticas.
Littin erra, porém, ao mostrar a morte de Salvador Allende. Como já foi comprovad, não uma, mas várias vezes, o presidente chileno cometeu suicídio e não foi assassinado, como é mostrado.
Dawson Ilha 10, enfim, é um belo filme, indicando que a ferida do golpe militar de Pinochet ainda está aberta. E isso não é ruim, porque eventos como esse nunca mais devem se repetir.
Cotação: bom
Chico Izidro

A Pele Que Habito



Pedro Almodóvar nunca foi um diretor convencional. Pelo contrário, seus filmes costumam incomodar os conservadores e até mesmo aqueles que se consideram mais liberais. Sua obra mais radical, talvez, seja Má Educação.
Pois em A Pele Que Habito, o espanhol faz um filme de terror sútil, onde Antonio Banderas tem seu melhor personagem em anos. Ele é Robert Ledgard, um cientista maluco, que não parece maluco. Viúvo após ter perdido a mulher, que suicidou-se por ter sofrido um acidente onde teve todo o corpo queimado, ele passa a dirigir sua vida para a filha Norma (Blanca Suárez). A menina, no entanto, está traumatizada devido a um incidente grave em uma festa.
Em sua clínica, numa luxuosa mansão, Robert mantém prisioneira a bela morena Vera (Elena Anaya), cuidada pela empregada Marilia (Marisa Paredes). Vários segredos escondem-se naquela enorme casa. A história dá saltos no tempo e é picotada, parecendo um pouco confusa, mas aos poucos Almodóvar vai juntando os pedacinhos, magistralmente, para um final surpreendente. Mais do que isso não pode ser contado, sob pena de entregar a grande surpresa de A Pele Que Habito. Que mostra também o qual Almodóvar é um pouco "doente". E em muito tempo, um de seus filmes não traz aquelas cores berrantes que são sua marca registrada.
Cotação: ótimo
Chico Izidro

quinta-feira, novembro 17, 2011

Tudo Pelo Poder



Uma jovem elegante atravessa os corredores de uma universidade levando quatro copos de café. Lá no fundo um homem debate com outro sobre religião. Essa garota será fundamental no transcorrer da trama. Mas a cena parece insignificante.
Corta.
Após tropeçar no inútil Entre Segredos e Mentiras, Ryan Gosling recupera terreno no bom Tudo Pelo Poder, de George Clooney. Aqui o próprio Clooney interpreta o governador Mike Morris, que disputa a indicação democrata à presidência dos Estados Unidos. Ele é assessorado pelo tarimbado Paul Zara (Philip Seymour Hoffman, de Capote) e pelo novato e idealista Stephen (Ryan Gosling), mas já considerado um maestro na arte do marketing político.
Do lado do outro candidato, há o cínico assessor Tom Duffy (Paul Giamatti, de Entre Umas e Outras, e sempre genial, apesar de estar se repetindo no tipo de personagens escrotos).
Stephen acredita piamente no seu candidato e chega a recusar proposta para trocar de lado. Só que através de um relacionamento com a estagiária Molly (a linda Evan Rachel Wood, de Aos 13 e Tudo Pode Dar Certo), ele verá que a política não é tão decente quanto ele, sonhador, imaginava. Tudo Pelo Poder mostra, então, a virada de uma pessoa idealista em um cínico, como os seus colegas de profissão. Nada de novo, mas instigante.
E Clooney, além de estar muito bem no papel de um político (o ator é um engajado democrata), mostra-se um diretor inteligente e imaginativo. Notem a cena da van com Philip Seymour Hoffman. Além disso, o cineasta, que já esteve no comando de outros ótimos filmes como O Amor Não Tem Regras, Boa Noite e Boa Sorte e Confissões de uma Mente Perigosa está cada vez mais parecido com outro ídolo americano, este dos anos 1950, o lendário Cary Grant.
Cotação: ótimo
Chico Izidro

O Porto



O tema imigração não é novo no cinema francês. E recentemente foi tratado com magnificência em Fora da Lei, que trata de argelinos tendo de começar nova vida na França, e Bem-Vindo, sobre um professor de natação que tenta ensinar um jovem a atravessar a nado o Canal da Mancha.
Em O Porto (Le Havre), o assunto é tratado com delicadeza na história do velho engraxate Marcel Marx (André Wilms). Metódico e silencioso, ele decide ajudar o garoto africano Idrissa, que chegou à cidade de forma ilegal ao lado de outros clandestinos, e é procurado incessantemente pela polícia. Idrissa (o cativante Blondin Miguel) quer chegar em Londres, onde mora sua mãe.
O próprio Marcel é casado com uma estrangeira, mas vinda do leste europeu, Arletty, que cuida dele como se fosse um bebê. Os dois moram num pequeno casebre em uma favela de Le Havre, cidade portuária francesa. E nunca sabemos porque Marcel foi parar naquela situação. Uma pista é dada por um garçom que o expulsa da frente de um restaurante: ele poderia ser um ex-terrorista.
O Porto trata de solidariedade e do combate à xenofobia, tão presente na Europa atual.
Cotação: bom
Chico Izidro

11.11.11



Um dia aconteceria. Finalmente assisti ao pior filme de toda a minha vida. E não, não foi em 11 de novembro deste ano, mas três dias depois. A bomba chama-se 11.11.11, uma besteira fantasmagórica que não vai a lugar nenhum. São duas horas que nunca irei recuperar. Com direção de Darren Bousman, de Jogos Mortais, o famoso escritor de best-seller Joseph Crane (o estreante e patético Timothy Gibbs) vive traumatizado pela morte da mulher e do filho. Vive tendo pesadelos onde lembra dos dois morrendo queimados e da figura indefinida de um anjo ou demônio observando o acidente.
Frustrado com a vida, quer morrer. Então o espectador pergunta: Por que não se mata? Bem, aí não teriamos filme.
Crane acaba indo para Barcelona, para ficar com seu pai, moribundo, e o irmão, paraplégico. Num velho casarão, figuras que deveriam ser fantasmas surgem para ele, assim como os números 11.11. A sugestão é de que uma entidade virá à tona para tentar dominar o mundo.
As aparições fantasmagóricas são risíveis. E o herói só faz caras patéticas, enquanto corre para lugar nenhum. Numa mistura terrível de O Exorcista, O Sexto Sentido, A Profecia, a explicação se dá no final, em forma de flash-backs, quando Crane se depara com a realidade. É de chorar.
Cotação: ruim
Chico Izidro

Os 3



Volta e meia o clássico de Truffaut, Jules et Jim - Uma Mulher Para Dois, ganha um filho bastardo. Desta vez é o brasileiro Os 3, direção de Nando Olival. Cazé, Camila e Rafael são jovens estudantes que se conhecem numa festa logo no começo da faculdade. Eles passam a morar juntos numa fábrica abandonada. E uma regra: Nunca haverá nada entre eles. Que claro, será quebrada, pois ambos os rapazes não conseguem resistir aos encantos de Camila. Mas isso não impede que o trio se mantenha unido e após quatro anos e perto da formatura, eles estão perto de se afastarem. Até que surge a oportunidade de permanecerem junto, estrelando um reality show na internet, baseado em trabalho apresentado por eles em sala de aula.
O reality é um tipo de big brother que tomará proporções enormes na vida deles, fazendo com que o amor que Cazé e Rafael tem por Camila seja ampliado. Cazé (Victor Mendes), Camila (Juliana Schalch) e Rafael (Gabriel Godoy) são bonitos, simpáticos e dão ao filme uma graça singular. Simples e eficiente.
Cotação: bom
Chico Izidro

Caminho Para o Nada



Caminho Para o Nada, de Monte Helman, tem um título adequado. O resultado é lamentável. Aqui temos uma história complicada e cansativa no velho esquema filme dentro do filme, método utilizado quase à perfeição em A Mulher do Tenente Francês, com Meryl Streep.
O ator Tygh Runyan, que participou de outra bomba cinematográfica, Serpentes a Bordo, interpreta um cineasta que se apaixona pela atriz Shannyn Sossamon (Coração de Cavaleiro). Ela interpreta a si mesma na ficção, onde em uma produção cinematográfica pretende reproduzir um caso estranho onde uma jovem teria se matado após testemunhar a morte do namorado.
A história é confusa, cheia de idas e vindas. Mesmo com extrema paciência, fica difícil entender o que Monte Helman pretendia. As atuações dos atores, ainda por cima, são precárias. A gente senta na cadeira e começa a ficar impaciente. O relógio não anda e não é difícil cair no sono.
Cotação: ruim
Chico Izidro

Reféns




Parece ironia. Nicolas Cage, que afundou-se em dívidas, é o protagonista de Reféns, direção de Joel Schumacher, onde um cara anda envolvido com dinheiro, muita perda de dinheiro. No suspense, o sobrinho de Francis Ford Coppola vive Kyle, negociador de diamantes, que parece ter uma vida perfeita com a mulher Sarah (Nicole Kidman) e a filha Avery (Liana Liberato, de Confiar). A família vai passar uma noite dos infernos quando um grupo de ladrões invade a mansão em que eles vivem.
Os assaltantes querem diamantes que Kyle teria escondido no cofre. Teimoso, o negociante nega-se a entregar a senha, pois esconde muito mais do que apenas joias em sua vida. Sarah também não fica atrás. Os ladrões também escondem seus podres. Enfim, todos têm suas vidas devastadas em poucas horas. O problema é que de terror psicológico, a trama cai na banalidade e repetitiva, até o final sem surpresas. E Cage continua cada vez pior em suas atuações e precisando urgentemente que alguém arrume aquele seu cabelo. Nicole Kidman, por sua vez, passa o tempo berrando e com os lábios cada vez mais inchados pelo botox.
Cotação: regular
Chico Izidro

O Preço do Amanhã



O Preço do Amanhã, de Andrew Niccol, tinha tudo para ser um filmaço de ficção científica. Porém o diretor se perde no meio para o final, tornando-o um filme qualquer, chupando à demasia o clássico Bonnie e Clyde, Uma Rajada de Balas. E olha que ele traz elementos de Fahrenheit 451, Gattica, Soilent Green e Robin Hood.
O tema é interessante. Num futuro não determinado, as pessoas param de envelhecer aos 25 anos. Isso traz o problema da superpopulação. Assim o tempo passa a ser o dinheiro do dia a dia. Exemplo: uma passagem de ônibus custa duas horas. Um café dez horas. Tudo é controlado através de um relógio magnético colocado no antebraço das pessoas ao nascer.
Aos 25 anos, elas morrem. Mas os ricos conseguem tempo suficiente para viver eternamente e sempre com rostos jovens. Já os pobres...bem, os pobres vivem em guetos e aos 25 anos têm a vida terminada.
O jovem operário Will Salas (Justin Timberlake, cada vez a cara de Brian Austin Green, o David de Barrados no Baile), tem apenas 18 horas de vida, quando é presenteado com mais de cem anos por um milionário cansado da vida. Só que ninguém acredita que ele tenha sido recompensado e passa a viver como fugitivo, raptando a ricaça Sylvia Weis (Amanda Seyfried, de Mamma Mia e Garota Infernal e com o pior penteado feminino de 2011). A garota, filha do maior ricaço do planeta, acaba sendo vítima da Síndrome de Estocolmo. Assim, Will e Sylvia se apaixonam e transformam-se num casal que rouba horas dos ricos para dar aos pobres.
Ou seja, o que era uma grande ideia cai no lugar comum de pega-pega, com tiroteios e a tradicional e indefectível perseguição de carros.
Cotação: regular
Chico Izidro

Terror na Água



Terror na Água entra já na lista dos piores filmes do ano. A trama dirigida por David R. Ellis não poderia ser mais banal e com atuações quase amadoras. Pelo menos os tubarões são bem feitos digitalmente.
A história mistura Piranhas, Tubarão e Sexta-Feira 13. Um grupo de amigos vai passar um final de semana na casa da riquinha da turma, no meio dos pântanos da Louisiana. Claro que eles irão se incomodar com os caipiras racistas locais, que pegam no pé dos negros do grupo. E naquelas águas surgem as mais variadas espécies de tubarões, que começam a devorar todo mundo. A explicação para o surgimento de tubarões naqueles confins tem uma explicação: eles foram parar ali graças a um furacão.
E adivinhem quem é a primeira vítima a ser atacada. Claro que é o jovem negro, que só está na faculdade por ser um bom esportista. Nada mais estereotipado. Talvez pior que isso seja a explicação para o cientista maluco do local tentar exterminar todo mundo....
Cotação: ruim
Chico Izidro

domingo, novembro 06, 2011

O Palhaço



Um palhaço faz os outros caírem na gargalhada. Mas quem faz o palhaço rir? Pangaré passou a vida rodando o "mundo", no caso o interiorzão do Brasl com sua trupe, liderada pelo seu pai, o também palhaço Puro Sangue. E chegou uma hora em que Pangaré começou a se questionar. Afinal, é um palhaço triste. Que deseja ter uma vida normal, com carteira de identidade, traballho regular e algo simples, um ventilador. Que não consegue adquirir, pois o aparelho está acima de suas posses e só pode comprá-lo através do crediário. Só que ele não possui documentos e nem endereço fixo. O jeito é abandonar a vida circense.
Enfim, O Palhaço, segundo filme dirigido por Selton Mello (o primeiro foi Feliz Natal) é uma comédia dramática, que ao mesmo tempo faz rir e chorar. Pangaré é vivido pelo próprio Selton Mello, ele também um ator desde a mais tenra idade. E que ao lado de Wagner Moura, são os dois melhores em atividade no país. Na pele de Puro Sangue está o veteraníssimo Paulo José, lembrando muito para quem foi criança nos anos 1970 de Shazam, da dupla Shazam e Xerife, que interpretava ao lado de Flávio Migliaccio. Mello e José mostram tremenda sintonia. Os coadjuvantes também tem o tempo certo para se destacar. E vale a pena citar as aparições hilárias de três ícones do humor nacional: Jorge Loredo, o famoso Zé Bonitinho, como um chefe piadista de uma loja, Moacyr Franco no papel de um delegado corrupto e Ferrugem como um funcionário público gozador. Os três viveram seus melhores momentos nos anos 1970, época em que transcorre O Palhaço.
Uma frase resume o destino de Pangaré e de todos nós: "O gato bebe leite, o rato come queijo, o palhaço faz rir. Enfim, todo mundo tem de fazer o que lhe é predestinado".
Cotação: ótimo
Chico Izidro

Tarde Demais



Os assassinatos em massa nas escolas e universidades dos Estados Unidos, infelizmente, são um fato corriqueiro. Sendo a tragédia de Columbine a mais famosa, mas não a mais numerosa em vítimas. O cinema tem tratado regularmente do tema, vide Elefante e Tiros em Columbine, mas sempre analisando o porque de os assassinos terem cometido tal crime.
Tarde Demais (título nacional para Beautiful Boy ou Belo Garoto, mas não tão errático, devido ao assunto de que trata), de Shawn Ku, mostra o outro lado da questão, que são os pais de pessoas que cometem esses atos insanos. O que se passa na cabeça deles, o drama de ver o filho ter praticado um massacre em massa, se se sentem culpados. O que poderiam ter feito para evitar a atitude homicida do filho. Como suas vidas passam a ser vividas após o incidente...Como passam a ser vistos por familiares, amigos, colegas de serviço e imprensa.
Enfim, são várias as perguntas que Tarde Demais tenta responder, muitas delas sem respostas. Os pais do jovem que comete os crimes no impactante filme são interpretados à flor da pele por Michael Sheen (de A Rainha e Maldito Futebol Clube) e Maria Bello (de Obrigado por Fumar).
A vida destruída dos dois é bem retratada na câmera nervosa, que passeia rapidamente pelo ambiente. E a trilha sonora pulsa fortemente, fazendo com que o espectador agarre fortemente os braços da poltrona. Tarde Demais é impactante.
Cotação: ótimo
Chico Izidro

A Casa dos Sonhos



Tudo começou com M. Night Shyamalan e sua pegadinha em O Sexto Sentido. Foi como uma praga. Depois, a coisa não parou mais. Às vezes funciona, e na maioria das oportunidades, falha. É este o caso de A Casa dos Sonhos, de Jim Sherindam. Sem contar que o cineasta já começa mal, chupando descaradamente O Iluminado, de Stanley Kubrick. A favor de Sherindam, o diretor afirmou não ter concordado com a edição do filme e até pediu para ter seu nome tirado dos créditos, o que não foi atendido.
Bem, temos aqui a velha história da casa mal-assombrada, e o cara que se muda para lá com a mulher e os filhos. E objetivo dele, Will Atenton (Daniel Craig, patético) é escrever o "romance", enquanto a linda mulher, Libby (Rachel Weisz, que após as filmagens casou com Craig), cuida das duas filhas adoráveis. Só que o lar da família tem seus fantasmas, no caso, há cinco anos o antigo proprietário matou a esposa e as duas filhotas. Claro que coisas estranhas começam a ocorrer no local, como um estranho que costuma aparecer pelo pátio, aterrorizando os moradores. Sem contar os darks, que fazem rituais no porão. Toda a conexão dos incidentes parece estar na moradora da casa em frente, Ann (Naomi Watts, bela como nunca).
Os primeiros 50 minutos até seguram a onda. Porém a pegadinha é revelada logo cedo e A Casa dos Sonhos transforma-se em Ghost, um dos piores filmes de todos os tempos, fazendo com que contemos os minutos para que a tortura acabe.
Cotação: ruim
Chico Izidro

Um Gato em Paris



A animação francesa Um Gato em Paris tem como público-alvo as crianças maiores de 10 anos. Mas também agrada aos adultos. Aliás, neste século os desenhos, com raras exceções, são feitos para os grandões. Ainda mais devido as diversas citações de outros filmes, músicas e locais turísticos mostrados nas histórias. E Um Gato em Paris, de Alain Gagnol e Jean-Loup Felicioli, é um conto policial, onde dois "felinos" são o ponto central da trama.
Um deles pe o próprio animal, Dino, que durante o dia é o meigo companheiro da garotinha Zoé. À noite, ele sai furtivamente pela janela e acompanha o gatuno Nico em suas incursões e roubos a apartamentos pela Cidade Luz. O ladrão, coincidentemente, é procurado pela delegada Jeanne, mãe de Zoé. E a ocupada Jeanne também tem como fixação prender o mafioso Victor Costa, assassino de seu marido.
A história é de fácil compreensão para a gurizada. E os desenhos, sem recorrer a atual onda computadorizada, encantam pela simplicidade. O resultado final é excepcional, valendo ainda destacar os detalhes de Paris, com seus prédios baixos e antigos e o climax, transcorrido na histórica Igreja Notre-Dame.
Cotação: ótimo
Chico Izidro

Ilusões Óticas



Um filme vindo do Chile já é estranho. Convenhamos. Então uma comédia de humor negro é mais surpreendente. Ilusões Óticas, de Cristian Jiménez, retrata a vida absurda e deprimente de moradores de uma pequena cidade no sul chileno, Valdívia. Lá os dias são longos, frios, cinzentos e chuvosos. Nada mais depressivo. A vida econômica na cidade sobrevive graças a um shopping e uma empresa de seguros.
Os tipos mais estranhos passeiam pelo filme, como o judeu ateu cujo filho é ortodoxo. Ainda por cima ele é encostado em sua empresa e apaixona-se por uma colega. Tem o segurança do shopping que tem um caso com uma madame, que tem o péssimo hábito de roubar roupas nas lojas. E o cego, que recupera a visão e por isso perde o emprego de massagista e descobre que o mundo não é tão belo como ele imaginava em sua escuridão.
É uma comédia amarga e surpreendente, que mostra o ridículo da vida.
Cotação: bom
Chico Izidro

Atividade Paranormal 3



A série Atividade Paranormal está sendo vista como aquela em que quase nada acontece. Durante cerca de 90 minutos, os amantes do cinema de terror ficam à espreita por sustos, que muitas vezes não chegam. Atividade Paranormal 3, de Ariel Schulman e Henry Joost, é na realidade o quarto do lote, pois houve o AP em Tóquio, que de tão ruim nem é contado. Os filmes são calcados claramente em Bruxa de Blair, fenômeno do final do século passado, onde alguém sempre está carregando uma câmera e filmando tudo a sua volta.
Neste novo filme, é contada a origem de todos os acontecimentos que cercam as irmãs Kate e Kristie, que nos outros filmes aparecem já adultas. A história se passa nos anos 1980, quando as garotas e o padrasto delas constatam a existência de um fantasma na casa - o padrasto trabalha com filmagens de casamento e por isso não tem dificuldades em instalar câmeras por toda a casa. E o tal ser, no começo se preocupa apenas em aprontar pequenos trotes, mas com o passar dos dias fica mais ousado e malvado. Os sustos estão presentes, mas nada de novo em pessoas sendo jogadas na parede, o lençol sendo levantado, a criança possuída passeando pela casa durante a madrugada. E a trama é prejudicada quando perde o foco e mistura fantasmas com uma conspiração de bruxas.
Cotação: regular
Chico Izidro

Entre Segredos e Mentiras



Os americanos têm uma enorme facilidade em recriar cinematograficamente crimes que marcaram a história do seu país. Entre Segredos e Mentiras, direção de Andrew Jarecki, percorre três décadas da vida do ricaço americano David Marks (Ryan Gosling, de A Garota Ideal e Namorados Para Sempre), acusado de ter matado a esposa. O problema é que a polícia nunca conseguiu encontrar o corpo de Katie McCarthy (Kirsten Dunst).
A história começa no começo dos anos 1970, quando David não deseja trabalhar nos negócios da família, controlada pelo opressor Sanford Marks (Frank Langella). Ele então conhece a doce Katie. por quem se apaixona e acaba casando. Os dois levam uma vida simples, até que as dificuldades financeiras o fazem aceitar as ordens de seu pai. Deste momento em diante, sua personalidade se transforma, ao mesmo tempo que a esposa passa a desejar um filho.
A reconstituição daquele período é perfeita, incluindo a trilha sonora, prazerosa de se ouvir. Só que Gosling está longe de suas belas atuações anteriores, parecendo infastiado. Langella está no automático naquele papel-clichê de pai opressor. Além do que a história não consegue fugir de certos clichês e alguns furos de roteiro. Sem contar que o trabalho de maquiagem é risível - tente ver Gosling envelhecido 30 anos e não cair na risada.
Cotação: regular
Chico Izidro

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...