quinta-feira, dezembro 16, 2021

"AZOR"

“Azor”, filme de estreia do diretor suíço Andreas Fontana, é um forte drama político, que lembra e muito o clássico “Missing” (1982), de Costa-Gavras, em que um pai norte-americano investigava o sumiço de seu filho logo após o golpe de Pinochet no Chile, em setembro de 1973. Em “Azor”, a trama também transcorre na América Latina, mais especificamente na Argentina, no começo dos anos 1980.
À época, o país vizinho vivia sob forte ditadura militar, e onde desembarca o banqueiro suíço Yves (o excelente Fabrizio Rongione), ao lado da esposa Inés (Stéphanie Cléau). Os dois chegam a Buenos Aires, onde ele tem uma missão: reconquistar a clientela de seu banco depois do desaparecimento de seu sócio René, até então responsável pelas contas. A primeira cena é forte, mostrando dois jovens sendo interpelados por militares, enquanto que Yves e Inés observam tudo, de dentro do táxi, sem entender muito o que está acontecendo.
Outra cena marcante é quando o suíço é recebido em uma sala pelos poderosos, que vão se apresentando um por um, e colocando para fora os seus pensamentos conservadores e elitistas. Um soco no estômago. E aos poucos, Yves vai tomando conhecimento da situação crítica do país, e convivendo com os ricos e poderosos argentinos, vai mudando a sua percepção das coisas. A elite vive em uma bolha, e rale-se, para não escrever coisa mais forte, o resto da população. O jovem banqueiro vem de um país democrático, e se questiona muito do sumiço de René – afinal, o que houve com ele? E se sabia na Argentina que as pessoas desapareciam dia e noite, para nunca mais serem vistas.
“Azor” é um belo thriller político, que faz pensar e analisar período obscuro do continente. Cinema que pouco se faz hoje em dia.
Cotação: ótimo
Duração: 1h40min
Chico Izidro

segunda-feira, dezembro 13, 2021

“E AGORA? A MAMÃE SAIU DE FÉRIAS! 2” (10 Giorni com Bapo Natale)

Para começar, o título nacional é de umn equívoco imenso, apesar de remeter ao primeiro filme: “E Agora, a Mamãe Saiu de Férias 2” (10 Giorni com Bapo Natale), dirigido por Alessandro Genovesi, é uma continuação de longa de 2019, quando sim, a personagem principal saia de férias. Mas agora não. Não tem mamãe de férias, e sim viajando por um emprego, e no meio aparece um Papai Noel. A obra é um roadie movie, nada original.
A trama foca no casal Carlo (Fabio De Luigi) e Giulia (Valentina Lodovini). No primeiro filme, ela havia abandonado a carreira para se dedicar aos seus três filhos, enquanto que ele não tinha tempo para a família e passava mais tempo no trabalho do que em casa. Então, Giulia decide decide sair de férias por dez dias, deixando Carlo sozinho com as crianças. Agora, Carlo é quem está em casa, cuidando da piazada, mas querendo voltar ao mercado de trabalho. É quando ela revela ser candidata a uma promoção que pode a levar a se mudar para a Suécia. Como se não bastasse, ela terá que fazer a entrevista no dia 24 de dezembro em Estocolmo.
Carlo decide então acompanhar a mulher e os três filhos na viagem, alugando um trailer. E no caminho, na fronteira da Itália com a Áustria, eles atropelam um homem vestido de Papai Noel, e que acredita ser o próprio. O casal decide levar o maluco para a Lapônia, visto que há tempo hábil antes da entrevista de Giulia.
“E Agora, a Mamãe Saiu de Férias 2” era para ser uma comédia de estrada. Porém, o humor apresentado é rasteiro, sem imaginação. E os personagens são completos clichês - os filhos do casal, um é um garotinho com pensamentos facistas, a maior é aquela adolescente emburrada, e a mais nova é um pequeno gênio. Fabio De Luigi e Valentina Lodovini são bons atores, mas são desperdiçados nesta trama farsesca de Papai Noel....
Cotação: ruim
Duração: 1h34min
Chico Izidro

quinta-feira, dezembro 02, 2021

"KING RICHARD - CRIANDO CAMPEÃS" (King Richard)

"
King Richard – Criando Campeãs” (King Richard), direção de Reinaldo Marcus Green, é um filme que fala de superação e de determinação. A trama enfoca o objetivo da vida de Richard Williams, o pai das tenistas Venus e Serena, as maiores jogadoras da história, e de como ele forjou a carreira das garotas, desde o berço até elas alcançarem o sucesso profissional.
Richard é interpretado magistralmente por Will Smith, que já havia feito outro filme com temática semelhante e também biográfico, “À Procura da Felicidade” (The Pursuit of Happyness) (2006). Em “King Richard – Criando Campeãs” o racismo e as diferenças sociais estão presentes, mas surgem como pano de fundo para a história.
Vivendo no bairro negro de Compton, em Los Angeles, a família Williams sabe que tem potencial para a riqueza e o estrelato, e Richard procura incentivar as filhas, mesmo que às vezes de forma ditatorial, afinal o esporte escolhido, o tênis, é elitista e competitivo ao extremo. Smith tem ao seu lado as carismáticas atrizes Saniyya Sidney como Venus e Demi Singleton vivendo Serena. E o ator, com este filme, ficou muito perto de ser um dos favoritos de levar um Oscar de atuação para casa.
Cotação: ótimo
Duração: 2h24min
Chico Izidro

quarta-feira, novembro 24, 2021

"CASA GUCCI" (House of Gucci)

O veterano diretor Ridley Scott está prolífico em 2021. Menos de um mês depois de lançar o épico "O Último Duelo", ele volta a cargo com o biográfico "Casa Gucci" (House of Gucci), roteiro escrito pela dupla Becky Johnston e Roberto Bentivegna, e baseado no livro "Casa Gucci: Uma história de glamour, ganância, loucura e morte", de Sara Gay Forden, sobre a família italiana que construiu um império da moda e artigos de luxo.
A trama foca na personagem de Patrizia Reggiani (Lady Gaga), a humilde mas ambiciosa filha do dono de uma empresa de caminhões em Milão que trabalha na contabilidade do negócio de sua família. Em uma festa ela conhece o tímido mas rico Maurizio (Adam Driver, que já está presente em O Último Duelo) e rapidamente iniciam um relacionamento, mesmo contra a vontade do pai dele, Rodolfo Gucci (Jeremy Irons), que acha a garota apenas uma interesseira.
A história percorre quase 30 anos da vida deles, com Patrizia entrando no rico clã, que tem ainda o bilionário Aldo (Al Pacino), que fica encantado por ela, e despreza o filho Paolo (um irreconhecível Jared Leto), que sonha em ser estilista, mas falta-lhe talento e carisma. A história vai culminar no assassinato de Mauricio, em 1995, mesmo ano em que outro ícone da moda, Gianne Versace também foi morto - este pelo Serial Killer Andrew Cunanan (esta história está registrada no seriado American Crime Story, temporada 2).
"Casa Gucci" é uma biografia convencional, e ainda bem que foi feito desta forma, contando os fatos de forma cronológica, sem invencionices. O que pode incomodar um pouco é o filme falado em inglês, mas com os atores usando um sotaque italiano, por vezes de forma exagerada.
Mas Lady Gaga se destaca, assim como já o havia feito em "Nasce Uma Estrela", e sua química com Adrian Driver funciona, mesmo que por vezes ele pareça deslocado em cena. E nos últimos tempos, o ator já teve como parceiras em cena as belas Scarlett Johansson e Marion Cottilard. Al Pacino, por sua vez, parece se divertir em cada aparição, enquanto que Já Jared Leto apresenta um alívio cômico com seu personagem extremamente caricato. E não dá para esquecer de citar a ótima trilha sonora, trazendo clássicos dos anos 1970 e 1980, com Blondie, Eurythimics, David Bowie e Donna Summers, entre outros.
Cotação: ótimo
Duração: 2h38min
Chico Izidro

domingo, novembro 21, 2021

"NOITE PASSADA EM SOHO" (Last Night in Soho)

A jovem Eloise (Thomasin McKenzie, de ‘Jojo Rabbit’) sonha em ser design de moda, mas não se encaixa no mundo dos dias atuais, pois sua cabeça está toda voltada para os anos 1960, no drama psicológico "Noite Passada em Soho" (Last Night in Soho), direção de Edgar Wright. E ela se muda para Londres, onde entra para a faculdade de moda e vai morar em uma república, porém não consegue se adaptar à convivência com a cínica colega de quarto Jocasta (Synnove Karlsen). Então decide alugar um quartinho no bairro Soho, conhecido por sua agitação noturna e cultural.
Mas todas as noites ao ir dormir, ela é transportada para os anos 1960, na pele de Sandie (Anya Taylor-Joy, de O Gambito da Rainha), que sonha em ser cantora, mas vive explorada por Jack (Matt Smith, de The Crown). E aos poucos, a garota não sabe mais o que é realidade ou o que é fantasia em sua mente. E o filme, que começa parecendo um musical, vai se transformando em um thriller envolvendo até assassinatos em série. O diretor consegue fazer uma obra fantástica, onde recria perfeitamente a Swinging London em cenário e no vestuário, calcada ainda em uma trilha sonora puramente sessentista, como por exemplo "A World Without Love", do duo britânico Peter and Gordon, lançada em 1964.
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Mas os anos 1960 trazem ainda vários atores que marcaram aquele período, como Diana Rigg (a Bond Girl Condessa Teresa di Vicenzo de ‘007 – A Serviço Secreto de Sua Majestade’), que faz a senhorinha que aluga o quarto para Eloise, em seu último papel no cinema - ela morreu em setembro de 2020, aos 81 anos; Rita Tushingham (Doutor Jivago) faz a avó da garota, Margaret Nolan (a também Bond Girl, Dink de ‘007 Contra Goldfinger’, e que também faleceu em outubro do ano passado, aos 76 anos) é a gerente do bar onde Eloise vai trabalhar como bartender, e Terence Stamp (o General Zod de ‘Superman: O Filme’) é um homem que vive no bar, e tem uma forte ligação com Sadie.
"Noite Passada em Soho" é nostálgico, misterioso, e no fundo é uma história de terror. Com direito a ótima reconstituição de época, bela trilha sonora e homenagem a atores que marcaram o cinema naqueles anos de transformação. Tem lá seus errinhos, mas são aceitáveis….
Cotação: ótimo
Duração: 1h56min
Chico Izidro

quarta-feira, novembro 17, 2021

"GHOSTBUSTER - MAIS ALÉM" (Ghostbuster - Afterlife)

A obra de "terrir"(terror com comédia) "Ghostbuster - Mais Além" (Ghostbuster - Afterlife) traz um retorno ao universo Caça-Fantasmas pelas mãos de Jason Reitman, o filho do diretor Ivan Reitman que comandou o longa original nos anos 1980.E o filme apresenta um clima bem daquela época oitentista, e segue como uma continuação dos longas lançados naquele período, que acompanhavam um grupo de amigos que abriam uma empresa para caçar fantasmas em plena Nova Iorque.
Só que aqui a trama se transfere para uma cidadezinha interiorana americana, Summerville, onde a falida Callie (Carrie Coon, de The Leftovers) se muda, com os dois filhos adolescentes, Phoebe (McKenna Grace, de 'Capitã Marvel', 'Eu, Tonya', e a série The Handmaid’s Tale) e Trevor (Finn Wolfhard, da série Stranger Things), depois de herdar a fazenda de seu pai, um ghostbuster aposentado, e que morreu depois de tentar capturar um espectro.
Em Summerville, a nerd Phoebe faz amizade com o garoto Podcast (Logan Kim), que como seu apelido diz, tem um próprio podcast sobre acontecimentos estranhos e sobrenaturais. E os dois começam a presenciar ataques fantasmas, ainda mais depois que com a ajuda atrapalhada do professor Grooberson (Paul Rudd), libertam um dos seres. E Phoebe, sem sombra de dúvida, é o maior destaque do filme, com seu jeito meigo, mas ao mesmo tempo espertalhona e curiosa. Mas também tem a química de Rudd e Callie Coon, perfeita e repleta de piadinhas. Ah, e tem a aparição do Ecto-1, o famoso carro branco dos caçadores, com o seu logotipo nas portas.
"Ghostbusters: Mais Além" é um filme sobre a família e é ótimo. Uma bela surpresa, sendo divertido, carismático e que homenageia certeiramente os filmes dos anos 1980, apresenta a franquia para uma nova geração. Ah, espere pelos créditos, para mais surpresas e aparições nostálgicas.
Cotação: ótimo
Duração: 2h04min
Chico Izidro

quarta-feira, novembro 10, 2021

"QUERIDO EVAN HANSEN" (Dear Evan Hansen)

"Querido Evan Hansen" (Dear Evan Hansen) é uma adaptação cinematográfica do musical vencedor dos prêmios Tony e Grammy, dirigida por Stephen Chbosky (As Vantagens de Ser Invisível e o Extraordinário). A obra teve seu roteiro transposto para as telas pelo vencedor do Tony, Steven Levenson, com música e letras da equipe de compositores vencedora do Oscar, Grammy e Tony Benj Pasek e Justin Paul (La La Land: Cantando Estações, O Rei do Show).
O filme mostra o adolescente Evan Hansen (Ben Platt, que interpretou o mesmo personagem na montagem da Broadway), um garoto no último ano do colegial que sofre compouca autoconfiança e um grave quadro depressivo, e vê a sua vida virar de cabeça para baixo após o suicídio de um colega de turma. Evan é solitário, tímido e seu terapeuta pede que ele escreva uma carta para si próprio, para tentar mudar seu jeito de ser.
Porém, a carta vai parar nas mãos de um outro jovem que fazia bullying com Evan, Connor (Colton Ryan), que de sua forma, também é problemático, e dias depois, acaba se suicidando. A carta de Evan, no entanto, vai parar nas mãos dos pais de Connor, que acreditam que os dois garotos eram amigos.
Assim, Evan vê a chance de se aproximar de Zoe ( interpretada por Katilyn Dever), irmã de Connor, por quem é secretamente apaixonado. Ele ainda é acolhido pela família enlutada, e de invisível, passa a ser notado na escola, afinal quem imaginaria que Evan e Connor mantivessem uma amizade tão forte, secretamente. Mas o garoto passa a viver uma vida de aparências, para esconder seu segredo.
"Querido Evan Hansen" apresenta um retrato de solidão e debate o qual pode ser prejudicial os pais não estarem conectados com seus filhos. Mas não esqueçamos que é um musical, e aí que a coisa emperra. Começamos pelo fato de ser muito estranho ver alguém estar falando e do nada sair cantando...mas até aí tudo bem. O problema é que não existe uma música marcante, diferencial. Todas se assemelham, mostrando a falta de criatividade dos tempos atuais, assim como tem sido a música Pop de nossos dias.
Se duvida, vá assistir e escutar as trilhas de "A Noviça Rebelde", "Amor Sublime Amor", "Sete Noivas para Sete Irmãos" e "Guarda-chuvas do Amor", só para citar alguns musicais clássicos, com músicas inesquecíveis - sem esquecer ainda de "Cantando na Chuva", com a eterna "I Singin' in the Rain", de Gene Kelly. Aí é outra conversa.
"Querido Evan Hansen" tem no elenco, além de Ben Platt, Colton Ryan, Katilyn Dever, Amy Adams, Julianne Moore, Nik Dodani, DeMarius Copes e Danny Pino.
Cotação: regular
Duração: 2h17min
Chico Izidro

quarta-feira, novembro 03, 2021

"ETERNOS" (Eternals)

Há muito tempo já perdi a paciência para filmes de super-heróis, mas dei um OK para o divertido "Esquadrão Suícida". Porém aquele encanto juvenil que eu tinha foi se perdendo com o tempo, principalmente depois dos, para mim, tediosos e megalomaníacos "Vingadores". Prefiro assistir filmes mais pés no chão e os clássicos zumbis. Porém, super-heróis...e o meu sentimento ficou bem claro ao assistir "Eternos" (Eternals), direção de Chloé Zhao, que havia acertado a mão no bom, mas depressivo "Nomadland", ganhador do Oscar neste ano.
Em "Eternos", vemos os personagens criados pelo genial Jack Kirby em 1976. Naquela época, ele estava obcecado pela ficção científica e pelo livro "Eram os Deuses Astronautas?", de 1968, do suíço Erich von Däniken. E "Eternos" vai nesta pegada, com super-heróis criados por deuses cósmicos, os Celestiais, e colocados na Terra, para proteger a raça humana dos demônios Deviantes.
A trama começa em 5 A.C. na Mesopôtamia, com a chegada destes heróis, para defender os humanos durante um ataque dos Deviantes. E por milhares de anos, eles combateram os monstros, mas não podiam interferir no andamento da história - por isso, eram impedidos de entrar em guerras ou outros conflitos humanos, a não ser que o problema envolvesse Deviantes. O fim da ameaça significou que o grupo se aposentou, mas vivendo disfarçados entre os mortais. E então chegou o Século XXI, e os dez super-heróis têm de voltar à ativa, quando acontece o reaparecimento dos Deviantes.
Porém, "Eternos" é chato, cansativo, longo demais, com atuações toscas - Angelina Jolie, sem dúvida nenhuma, sendo a pior atriz do longa, vivendo de caras e bocas em sua personagem Thena, que lembra e demais, a Mulher-Maravilha. Quem se salva em meio a tanta ruindade é Gemma Chan e sua Sersi. E as mais de duas horas e meia se transformaram em uma verdadeira e interminável tortura.
Cotação: ruim
Duração: 2h36min
Chico Izidro

domingo, outubro 17, 2021

"HALLOWEEN KILLS: O TERROR CONTINUA" (Halloween Kills)

Nesta semana assisti na Netflix o documentário "Filmes que marcaram época", que em sua terceira temporada abre exatamente com "John Carpenter's Halloween", marco do cinema de terror de 1978. E coincidentemente agora estreia novo capítulo da saga de Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) e o assassino Michael Myers. O filme é uma sequência do longa de 2018, que terminava com Laurie acreditando finalmente ter vencido Michael, que teria morrido queimado, após ficar preso em uma armadilha preparada pela ex-babá, aterrorizada pelo serial killer há 40 anos.
Porém, enquanto está hospitalizada, com ferimentos graves e brigando para sobreviver, o psicopata ressurge e volta a aterrorizar a cidadezinha de Haddonfield, matando quem encontra pela frente.
E aí o que acontece? Os moradores resolvem se unir e sair à caça de Michael, para enfim eliminá-lo. O filme, então, mostra o que acontece quando a histeria coletiva toma conta, com as pessoas perdendo a racionalidade - uma cena no hospital, onde o povo corre pelas escadas acima, atrás de uma pessoa que eles acreditam ser o assassino deixa isso evidente. Afinal, quem são os verdadeiros monstros e é ético fazer justiça com as próprias mãos?
Em "Halloween Kills: O Terror Continua", as cenas das mortes são violentas e inúmeras do que os longas anteriores. E Myers mostra novamente ser capaz de superar a própria morte e matar todo mundo que aparece na sua frente, sem piedade. Não é um grande filme, não tem nada de novo, trazendo os sustos habituais, porém apresenta, por vezes, um humor involuntário. Mas para quem gosta de sangue, é um prato cheio.
Duração: 1h45min
Cotação: bom
Chico Izidro

quarta-feira, outubro 13, 2021

"O ÚLTIMO DUELO" (The Last Duel)

"O Último Duelo" (The Last Duel) é um drama histórico, dirigido e produzido por Ridley Scott, baseado no livro homônimo de Eric Jager, com roteiro de Nicole Holofcener. A trama transcorre na França do Século XIV, em no período da Guerra dos 100 anos, e conta a história do duelo entre o cavaleiro Jean de Carrouges (Matt Damon) e o escudeiro Jacques Le Gris (Adam Driver). Os dois participaram de várias guerras e eram amigos, mas começaram a brigar por causa de terras, até que toda a amizade desmorona depois que a esposa de Jean, Lady Marguerrite Carrouges (Jodie Comer, a assassina do seriado Killing Eve) acusa Le Gris de tê-la estuprado.
O filme é divido em três partes – existindo duas versões dos fatos e uma a qual é a verdade real. A primeira conta a versão sob a visão de Jean de Carrouges, a segunda no olhar de Jaques Le Gris e a última a versão de Lady Marguerrite Carrouges.
"O Último Duelo" tem seu climax na batalha final entre os dois ex-amigos, pois Jean sedento de vingança e querendo honrar a sua mulher, propõe um embate com Le Gris, que recebe a simpatia da corte e do povo. Afinal, estamos na Idade Média, onde as mulheres não possuíam direitos e eram apenas propriedades dos homens. E o pensamento ainda era de que "deus" está no comando, "tudo ele comanda" e "tudo ele pode". A punição para a mulher considerada "culpada" e "mentirosa" era a morte na fogueira.
O filme traz depois de muito tempo a dupla de amigos Matt Damon e Bem Affleck, abrilhantados mais ainda com atuações incríveis dos ótimos Adam Driver e Jodie Comer. “O Último Duelo” também conta com sensacionais cenas de batalhas sensacionais e muita violência - o longa recebeu muitas críticas, já que historiadores e estudiosos da Idade Média afirmaram que as armaduras apresentadas no filme não condizem com a realidade daquele período. Mas são apenas detalhes que não diminuem o acerto de Ridley Scott, em obra que faz pensar nas injustiças do mundo, muito em voga ainda nos dias atuais.
Cotação: ótimo
Duração: 2h33min
Chico Izidro

quarta-feira, outubro 06, 2021

"Venom - Tempo de Carnificina" (Venom: Let There Be Carnage)

Como disse um colega ao final da sessão para a Imprensa de "Venom - Tempo de Carnificina" (Venom: Let There Be Carnage), dirigido por Andy Serkis, "não dá para levar a sério, e afinal é apenas uma história em quadrinhos". Nada mais certo, a gente acaba ficando muito exigente e esquece que é apenas uma ficção e a própria produção tenta não se levar a sério.
E o acerto deste filme acaba sendo Tom Hardy na pele de Eddie Brock, jornalista que convive em seu corpo com o simbionte Venom. E os dois vivem às turras, como se fossem um velho casal, conseguindo as melhores piadas e cenas do longa metragem, sendo muito divertido acompanhar os diálogos da dupla.
Venom passa, ainda, quase todo o tempo dizendo que quer comer cérebros, não se contentando mais com a dieta de galinhas e chocolate. Mas destaque também para o vilão interpretado por Woody Harrelson, o Serial Killer Cletus Kasady, um dos mais assustadores dos últimos tempos.
A trama foca principalmente na vingança, depois que Brock consegue ajudar a polícia a desvendar os crimes cometidos por Cletus - que havia escondido os corpos de suas vítimas. O assassino é condenado à morte, mas acaba tendo o corpo invadido por outro simbionte, o Carnificina, e nada mais posso contar, para evitar o spoiler. Mas ele foge da prisão e vai atrás da amada, a mutante Frances Barrison (Naomie Harris), cujo poder é a voz potente e destruidora. E depois, Cletus parte em busca da vingança contra Brock, atacando as pessoas amadas pelo repórter, como a ex-namorada Anne, interpretada por Michelle Williams.
Mas "Venom - Tempo de Carnificina" em sua parte final sofre um atropelamento. Tudo se resolve de uma forma apressada, desnecessária, com pouco desenvolvimento. Antigamente eu dizia que havia faltado dinheiro para a produção, hoje em dia não sei explicar a causa da facilidade com que o herói consegue vencer o vilão. Porém, é tudo tão ridículo que até fica bom, se o espectador abraçar o exagero.
Cotação: regular
Duração: 1h37min
Chico Izidro

"O Pergaminho Vermelho"

O release da primeira animação brasileira a entrar para o catálogo da plataforma de streaming Disney+, “O Pergaminho Vermelho”, direção de Nelson Botter Jr., diz que o filme consegue ser simples e complexa com a mesma facilidade, o que a torna indicado para todas as idades. Mas ao assistir o desenho, fica evidente que a obra é destinada pura e simplesmente para o público infantil. O espectador tem de ver o longa com olhos de uma criança, no máximo, de dez anos de idade.
A trama mostra uma garota vivendo a fase de transição entre a infância e a pré-adolescência - Nina é uma garota de 13 anos que adora andar de skate e tem como melhor amigo Kim. A família vive momento conturbado, com os pais lhe cobrando maiores responsabilidades e ainda falando em divórcio. Uma tarde, pensando em fugir destes momentos difíceis, ela acaba em uma floresta e encontra o tal pergaminho vermelho e embarca em uma viagem que a levará até as terras de Tellurian.
Um lugar mágico, que vai precisar de sua ajuda para se livrar de Lord Dark, o terrível “Senhor dos Pesadelos”, que havia lançado um feitiço sobre a Rainha, e tomando o poder, transformando Tellurian em uma terra triste e dominada pela escuridão.
E para combater o vilão, Nina vaio contar com a ajuda da jovem guerreira Idril e do garoto Victor "O Bardo". A animação é recheada de citações, como “Alice no País das Maravilhas” e os filmes da trilogia clássica de “Star Wars”, além de alusões a figuras típicas do folclore brasileiro, como o Saci Pererê e o Curupira. "O Pergaminho Vermelho", apesar de sua visão infantil, pode ser assistido pelos pequenos ao lado de seus pais, pois não agride a inteligência do espectador.
Cotação: regular
Duração: 91 min
Chico Izidro

"Aranha"

"
Aranha", coproduzido por Brasil e Argentina, tem direção de Andrés Wood (“Machuca”, “Violeta foi para o céu”), com roteiro assinado por ele e Guillermo Calderón, e retrata um momento marcante da história do Chile - o início dos anos 1970, quando surgiu um grupo de direita que lutou para derrubar o governo socialista de Salvador Allende, que acabaria sendo deposto por um golpe militar em 11 de setembro de 1973, liderado pelo general Augusto Pinochet.
A trama se passa em dois períodos, nos anos 1970 e atualmente, tendo como personagens principais Inés (interpretada por María Valverde e Mercedes Moran), Gerardo (Pedro Fontaine e Marcelo Alonso) e Justo (Gabriel Urzúa e Felipe Armas) que, na juventude, pertenceram ao Patria y Liberdad, um grupo real de extrema-direita que existiu no país, entre 1970 e 1973, responsável por diversos atos terroristas, e que se tornou um dos principais apoiadores do golpe provocado por Pinochet. No meio do conflito com a esquerda, nos anos do governo de Salvador Allende, o trio acaba se envolvendo amorosamente. No entanto, um crime político cometido pelo grupo acaba separando o trio, com Gerardo entrando na clandestinidade.
Porém quatro décadas depois, Gerardo reaparece. E Inés e Justo, agora casados, vivem uma vida burguesa repleta de luxo e dinheiro. Mas Gerardo ainda é obcecado pelas causas do passado e quer trazer o ultranacionalismo novamente à tona. Mas quando ele é preso após cometer um assassinato, em sua casa é encontrado um grande arsenal de armas e munição, Inés, agora uma poderosa empresária, entrará na vida de Gerardo novamente, mas com o intuito de que o que aconteceu décadas atrás não venha à tona, e destrua sua credibilidade, já que desde 1990 o Chile vive uma democracia, e é um país que recebe muitos imigrantes, fato que incomoda e muito Gerardo.
"Aranha" foi o representante do Chile no Oscar de 2020 e indicado ao Goya como Melhor Filme Ibero-americano, e seu nome é uma alusão ao símbolo do Patria y Liberdad, que lembrava o aracnídeo. O tema é atual, mostrando pessoas que vivem no passado, não aceitando as mudanças da sociedade e nem sabendo conviver em uma. O diretor ressalta a atualidade do tema de seu longa. “Começamos a escrever antes de Bolsonaro, antes de Trump, então, de alguma forma, esse nacionalismo, que estava sendo respirado, se desenvolveu. Eu acho que o filme também apela para aquela raiz ou fibra nacionalista, que todos nós temos em algum lugar, e que, finalmente, quando você dá espaço, esses argumentos, às vezes, não parecem tão loucos, tão irracionais”, disse Woods. “Seria difícil para qualquer cineasta chileno fazer filme depois dos anos 1970 sem tocar nos anos da ditadura no Chile e como ela continua a reverberar nos dias de hoje. O que foi plantando naquele período continua explicando muito do que é o país agora”, completou.
Cotação: ótimo
Duração: 1h45min
Chico Izidro

segunda-feira, outubro 04, 2021

"Ainbo – A Guerreira da Amazônia"

"Ainbo – A Guerreira da Amazônia" é uma produção peruana, holandesa e norte-americana de José Zelada, que escreveu, produziu e dirigiu o longa. Ao lado dele, Richard Claus também como diretor. A animação é voltada exclusivamente para o público infantil, e trata de temas importantes, como a natureza, tradições, mas também superstições religiosas.
Ainbo é uma garota indígena, que vive na aldeia isolada de Candámo, na Floresta Amazônica. E o local, de acordo com seus moradores sofre com a maldição de um espírito maligno, Yakuruna, que está poluindo as águas e acabando com os animais, que servem de alimento para o povo. Ainbo ainda tem como melhor amiga a princesa Zumi, que aos 13 anos precisa assumir as funções do pai, que se encontra doente, e sabe que não tem muito tempo de vida.
Vendo a situação de sua aldeia, Ainbo crê que deve buscar a solução com ajuda dos seus guias espirituais, Tantan e Dillo. E contra a decisão de Zumi e de outros indígenas, a garota parte para tentar salvar a aldeia. E evidente que o vilão Yakuruna é o homem branco, que com sua ganância, polui o ambiente e quer tomar posse das riquezas de Candámo.
A história é bem infantil, despretensiosa e até pode encantar os pequenos, pois é repleta de belezas e encantos. Porém a arte gráfica deixa a desejar, nestes tempos em que temos obras magníficas saídos de estúdios como Pixar, Disney e outros. Então se o filme é muito cuidadoso no roteiro, tropeça no outro quesito.
Cotação: regular
Duração: 1h24min
Chico Izidro

quinta-feira, setembro 30, 2021

"007 - Sem Tempo Para Morrer" (007 - No Time To Die)

"007 - Sem Tempo Para Morrer" (007 - No Time To Die), dirigido por Cary Joji Fukunaga, é o 25º título da franquia do espião a serviço da Rainha, e marca a despedida de Daniel Craig do papel do agente. E não dá para dar spoiler, mas é um final melancólico.
No longa, e põe longa nisso, pois são 2h43min - poderia ter meia-hora a menos que ficaria de bom tamanho -, Bond está aposentado na Jamaica, longe de tudo e de todos, depois de se separar de sua amada, Madeleine (Léa Seydoux), quando é procurado pelo amigo da CIA, Felix Leiter (Jeffrey Wright). Eles têm de capturar um cientista russo, que trabalhava para o MI6 e foi sequestrado, pois carrega uma poderosa arma química. Ao saber que foi substituído por uma garota como o espião de número 007, Nomi (Lashana Lynch), decide aceitar a missão, e isso vai trazer coisas do passado para a sua vida. Aliás, a atriz incorpora muito bem o papel de nova espiã com poder de matar e dispara uma resposta excelente quando se vê criticada: “007 é só mais um número”.
Aos poucos, os dois começam a se entender, pois sabem que devem derrotar um inimigo em comum, o terrorista internacional Lyutsifer Safin (Rami Malek), que com a arma química é capaz de matar usando o DNA da vítima. "007 - Sem Tempo Para Morrer" é um filme do espião em novos tempos. As mulheres passam a ter presença mais forte, e não são mais vistas como puros personagens para entretenimento de James Bond, as tais Bond Girls, que ele usava e depois abandonava. E até o próprio espião é mostrado como uma pessoa mais frágil e humana, e não tão sedutor e mulherengo como nas versões dos anos 1960, 1970 e 1980.
E as cenas de ação seguem espetaculares, muitas inverossímeis. E os capangas dos vilões são completamente incompetentes, pois não conseguem acertar um único tiro nos mocinhos…E como escrevi antes, o filme poderia ter meia-hora a menos, e dar mais espaço para a agente cubana Paloma (interpretada pela bela Ana de Armas), que surge ajudando James Bond em Santiago de Cuca, fica 10 minutos na tela, para deleite dos espectadores e depois some, dando apenas um tchau.
No final das contas, mesmo que com um desfecho triste para o 007, é um filme divertido, que traz muitos elementos clássicos da franquia iniciada lá atrás, com Sean Connery, e aponta bons caminhos para o surgimento de um novo James Bond.
Cotação: ótimo
Duração: 2h43min
Chico Izidro

quinta-feira, setembro 09, 2021

"Maligno" (Malignant)

Madison Mitchell, interpretada por Annabelle Wallis, está grávida e vive um relacionamento abusivo com o noivo Derek (Jake Abel). Após sofrer mais uma agressão, ela começa a ter visões de uma criatura que comete violentos assassinatos, e percebe que os assassinatos estão conectados a uma espécie de entidade ligada ao seu passado.
E ela mesma sofre um atentado, mas sobrevive, porém preocupando a irmã mais nova, Maddie Hasson (Sydney Lake), que passa a investigar o caso. A trama traz ainda os detetives Kekoa Shaw (George Young) e Regina Moss (Michole Briana White), que seguem uma linha de investigação que aponta para um misterioso Serial Killer - e até pistas indicam que a assassina pode até mesmo ser Madison.
"Maligno" apresenta um enredo muito bem construído até o clímax do filme. Os fatos que acontecem estão bem amarrados e certamente surpreenderão o público, principalmente com as reviravoltas da trama. Os melhores momentos ocorrem quando da presença de Maddie Hasson, muito bonita e trazendo cenas de descontração.
Outra que pouco aparece, mas quando o faz, traz falas engraçadas e memoráveis é a CSI Winnie, interpretada pela roteirista Ingrid Bisu. O filme tem ainda grandes momentos de suspense e efeitos especiais de destaque. E mesmo alguns tropeços do roteiro passam quase imperceptíveis, tal a tensão provocada.
A ideia de "Maligno" surgiu de um caso real trazido por Ingrid Bisu, esposa de Wan, que mostrou o assunto para ele, que de imediato, resolveu produzir a trama. Bisu, que também assina o argumento, junto a Akela Cooper e o próprio Wan. Enfim, criaram um filme original, aterrorizante e surpreendente.
Cotação: ótimo
Duração: 113min
Chico Izidro

sexta-feira, agosto 27, 2021

"Homem Onça"

"Homem Onça", dirigido por Vinicius Reis, está cheio de boas intenções, porém com sua estrutura um pouco confusa - tentativa de fazer uma obra diferente -, acaba se perdendo por propor duas linhas de tempo. A trama traz como personagem principal o funcionário de uma estatal imaginária, a Gás do Brasil, e se passa no final dos anos 1990. Pedro (Chico Díaz) é o chefe do setor de planejamento e pesquisa da estatal, que está para ser privatizada, e casado com sua mulher Sônia, interpretada por Silvia Buarque.
E ele e sua equipe ganham um prêmio internacional devido a um projeto de sustentabilidade, mas é, então, pressionado a demitir sua equipe e antecipar a sua aposentadoria, contra a vontade. E Pedro acaba sofrendo estresse, vendo o corpo reagir e desenvolver vitiligo.
Mas ao mesmo tempo, a história mostra um outro Pedro, que vive com outra família em uma pequena cidade do interior carioca, em um futuro não longínquo, com uma outra companheira, Lola (Bianca Byington). E o personagem tem visões com uma onça pintada que habitava a floresta ao redor de Barbosa, no tempo da sua infância. Coisas sem pé nem cabeça. O que salva o filme é a ótima atuação de Chico Diaz, muito à vontade na pele de seu personagem atormentado.
"Homem Onça" tenta fazer uma análise do processo de privatização de estatais, no final dos anos de 1990, que ressoou na vida dos empregados daquelas empresas. A perda da estabilidade e segurança emocional e econômica de Pedro é um reflexo da situação do Brasil. Assim, ao falar do passado, é um filme que também medita sobre o presente do país, sempre ameaçado de passar por uma nova onda de privatizações.
O diretor Vinicius Reis usou uma experiência pessoal como inspiração para o roteiro do longa: “meu pai era gerente numa das maiores mineradoras do mundo, a Vale do Rio Doce. E em 1996, a empresa passou por uma reestruturação radical, que culminaria na sua privatização no ano seguinte. Depois de duas décadas trabalhando para essa companhia, meu pai não podia ser demitido e foi forçado a se aposentar. Antes disso, foi obrigado a demitir sua equipe... tudo isso teve o efeito de um tsunami em sua vida”, contou.
Cotação: ruim
Duração: 90 min
Chico Izidro

"Lamento"

"Lamento", direção de Claudio Bitencourt e Diego Lopes, mostra a vida atribulada de Elder (Marco Ricca, excelente), dono de um hotel falido em Curitiba. Pouco frequentado e cheio de dívidas, quase impagáveis, ele recebe uma oferta para passar o negócio adiante. Porém apegado às raízes, afinal ele herdou o negócio de seu pai, e sem ter noção do que faria sem o local, Elder se agarra em projetos que sabe, nunca darão certo.
O proprietário mantém o hotel funcionando com apenas outros dois funcionários, que nunca enxergam a cor de seus salários, mas se mantêm fiéis ao seu patrão.
As coisas começam a afundar ainda mais quando um jovem se hospeda no hotel junto com uma bela garota, vivida por Thaila Ayala. Os dois entram em um frenesi de álcool, drogas e muitas brigas, e se negam a abandonar o quarto. Elder tenta ajeitar a situação, enquanto também se droga, e tenta solucionar seu casamento, que está em ruínas e sem perspectivas de melhoria.
"Lamento" chega a ser um título irônico, pois em nenhum momento, apesar dos problemas que se acumulam, vão aparecendo, Elder reclama de algo. Nunca. Ele quer se salvar, salvar seu negócio e sua vida, mesmo não enxergando uma luz no final do túnel. E a atuação de Marco Ricca é espetacular. Filmaço.
Cotação: ótimo
Duração: 105 min
Chico Izidro

"A Lenda de Candyman" (Candyman)

"A Lenda de Candyman" (Candyman), direção de Nia DaCosta, mas como tem produção de Jordan Peele, é um filme de terror, mas com referências questionando o racismo existente nos Estados Unidos, a exemplo de "Corra" e "Nós". A trama relembra ainda os longas lançados nos anos 1990, sobre a lenda urbana de um espírito assassino conhecido como Candyman (Tony Todd), que surge para as suas vítimas após elas repetirem seu nome cinco vezes enquanto olham para o espelho.
O eixo da obra acontece no complexo habitacional de Cabrini Green, bairro pobre de maioria negra em Chicago nos anos 1970. Mas após 40 anos, ele foi remodelado e agora abriga pessoas de classe alta. E o artista Anthony McCoy (Yahya Abdul-Mateen III) e sua namorada, diretora de uma galeria, Brianna Cartwright (Teyona Parris), se mudam para Cabrini, onde Anthony encontra uma nova fonte de inspiração, ao descobrir sobre a lenda do Candyman, um assassino que tinha um gancho no braço direito, ao invés da mão, e aos poucos começa a ser afetado por sua pesquisa em relação à lenda.
E as pessoas ao seu redor e tomando conhecimento de suas obras de arte, claramente obcecadas por Candyman, começam a ser mortas. E ele mesmo vai se degradando, sem entender exatamente o que está acontecendo.
"A Lenda de Candyman" (Candyman) não deixa de ser uma espécie de Freedy Kruger - mas este assassino aparecia quando as suas vítimas estavam dormindo. Porém, as referências são claras. Enfim, é um bom filme de terror, e confesso que nunca assisti aos três longas anteriores do assassino, mas já separei aqui para ver nos próximos dias.
Cotação: bom
Duração: 90 min
Chico Izidro

segunda-feira, agosto 23, 2021

"Caminhos da Memória" (Reminiscence)

A diretora, roteirista e produtora Lisa Joy seguiu a cartilha de Quentin Tarantino em "Caminhos da Memória" (Reminiscence), apresentando um filme com pegada noir, com várias referências ao cinema de suspense, ficção científica e ação. Na trama, passada em um futuro onde Miami sofreu severas consequências com o aquecimento global e tornou-se praticamente submersa, quase uma Veneza, o investigador particular Nick Bannister (Hugh Jackman) mantém uma clínica ao lado da amiga Watts (Thandiwe Newton), onde atendem uma clientela que deseja reviver momentos marcantes de seu passado, através de uma máquina de leitura da mente.
A vida de Nick começa a mudar, quando ele decide atender uma cliente, a cantora Mae (Rebecca Ferguson), que perdeu as chaves da casa, e deseja recuperá-las. Porém, o simples sumiço das chaves transforma-se em uma enorme paixão dele pela garota, que de repente desaparece. Então o investigador, obcecado por reencontrar a amada, se embrenha em uma missão envolvendo tráfico de drogas, a herança de um milionário corrupto e uma conspiração política na alagada Miami.
A trama tem saltos temporais, indo e voltando no tempo. E dê-lhe referências, desde os filmes policiais Noir dos anos 1940 e 1950, como por exemplo "Relíquia Macabra", "Blade Runner", "A Origem", "Em Um Lugar do Passado", "Contra o Tempo", "Minority Report", entre outros.
A história é interessante, prega o espectador na poltrona, porém se arrasta demais em sua parte final, que aliás, se mostra desnecessária, e com um baita furo de roteiro. Mas tirando isso, dá para curtir, e o casal Hugh Jackman e Rebecca Ferguson (da franquia “Missão: Impossível” e "Dr. Sono") tem uma baita química.
Cotação: bom
Duração: 116 min
Chico Izidro

"Free Guy - Assumindo o Controle" (Free Guy)

"Em Free Guy - Assumindo o Controle", direção de Shawn Levy, temos a história de um caixa de banco, Guy (Ryan Reynolds), que vive uma vida entediante e rotineira. Os seus dias se repetem indefinidamente, como se estivesse preso em um loop - lembra muito o personagem de Bill Murray em "Feitiço do Tempo"(1993), cujos os dias se repetem também. Mas aqui a pegada é diferente. Um dia ele vê uma garota, Molotov Girl (Jodie Comer, a assassina do seriado Killing Eve), e se apaixona por ela. Então, Guy descobre que na realidade ele é um personagem de um brutal videogame.
Porém ele não é o protagonista do jogo, e um simples NPC (Non-Player Character, em inglês), ou seja, aquele personagem nos jogos que serve como mero figurante, levando uma vida pacata e sem muitos acontecimentos importantes em suas ações. Só que com o seu desejo de ficar com a garota, que na realidade é um avatar de uma jogadora. E Guy precisa aceitar sua realidade e lidar com o fato de que é o único que pode salvar o mundo.
O filme é claramente inspirado em um videogame, com cenas rápidas, cheias de efeitos especiais e muitos easter eggs. "Free Guy" tem momentos engraçados e muitas referências a quem joga videogame - e nesse quesito sou um zero à esquerda, pois nunca joguei na minha vida. Ah, outra referência: Guy descobre viver em um jogo, assim como acontece com Jim Carrey em "O Show de Truman", que se descobre a certa altura viver em um reality show e querendo mudar seu destino.
Cotação: bom
Duração: 1h55min
Chico Izidro

sexta-feira, agosto 06, 2021

"O Esquadrão Suicida" (Suicide Squad)

Gritante a diferença entre o primeiro "Esquadrão Suicida", de 2016, e sua nova versão, "O Esquadrão Suicida", que ao contrário de seu antecessor, é um filmaço dirigido por James Gunn. O novo filme tem de tudo, muita violência, humor, ação, além de trazer Apesar de trazer de volta alguns nomes do filme de 2016, como Arlequina (Margot Robbie) e Rick Flag (Joel Kinnaman), apresentou novos personagens e uma participação pra lá de especial de Taika Waititi (diretor e o Hitler de Jojo Rabbit).
Em "O Esquadrão Suicida", um grupo de supervilões é recrutado pelo governo para uma missão em uma ilha remota da América do Sul. O objetivo, informado pela comandante Amanda Waller (Viola Davis) é desmantelar um projeto ultrassecreto, que ameaça a segurança do mundo e, em troca, os prisioneiros têm a pena diminuída. A premissa é a mesma do filme de 2016, mas as semelhanças param por aí.
O novo filme deixa de lado qualquer tentativa de ser levado a sério. Logo no começo, a equipe de vilões que chega na ilha é completamente devastada, mas existe outra turma, entrando pelo outro lado. Comandada pelo Sanguinário (Idris Elba), a trupe conta com o Pacificador (John Cena), Bolinha (David Dastmalchian), Caça-Ratos 2 (Daniela Melchior) e o tubarão Nanaue (com a voz de Sylvester Stallone), todos com superpoderes tão esdrúxulos e engraçados. O resultado é muita bizarrice, com habilidades como jogar bolinhas coloridas ou atacar os inimigos com ratos. Ou seja, a turma vai massacrando todo mundo pelo caminho.
E por pouco Margot Robbie não rouba o filme para sim, como a Arlequina, que já havia ganhado um filme-solo. Aqui mostra um carisma sensacional, protagonizando cenas de ação espetaculares. Mas prestem atenção num personagem secundário, Milton (Julio Cesar Ruiz), que entra mudo e sai calado, mas é um dos personagens mais engraçados do longa. "O Esquadrão Suicida" é para ser visto e revisto, tantas as referências, inclusive com o monstro no ataque final, que lembra muito o boneco gigante de "Ghostbuster", e easter eggs presentes.
Cotação: excelente
Duração: 2h12
Chico Izidro

quarta-feira, julho 21, 2021

"Um Lugar Silencioso - Parte II" (A Quiet Place Part II)

Em 2018, John Krasinski, o Jim, de "The Office" surpreendeu o mundo com o assustador e excepcional "Um Lugar Silencioso". Na trama, o mundo é invadido por criaturas que se alimentam dos humanos, mas como são cegas, elas atacam quando escutam sons.
Então quem quer sobreviver, deve viver em silêncio, tendo como protagonistas a família Abbot, e no final o pai, vivido pelo próprio Krasinski se sacrificava para salvar a mulher, Emily, vivida por sua própria esposa, Emily Blunt, e os filhos Regan (Millicent Simmonds, que é deficiente auditiva) e Marcus (Noah Jupe).
Agora, em sua segunda parte, "Um Lugar Silencioso - Parte II" (A Quiet Place Part II), também dirigida por John Krasinski, começa mostrando como os monstros chegaram na Terra, e interromperam a normalidade dos seres humanos, focando sempre na família Abbott. No decorrer do filme, os Abbot são pessoas errantes, que andam pelo mundo, a procura de um local, onde se sintam seguras, longe do risco de serem devoradas. Mas o perigo não está apenas nas criaturas.
Um novo personagem é introduzido na história, Emmet (Cillian Murphy), que a contragosto acolhe a família, tendo mais empatia por Regan - e a garota dá um show de interpretação, usando praticamente apenas gestos.
Esta parte dois aprimora ainda mais o que foi visto no primeiro filme, trazendo mais tensão, mais ação: a tensão é maior, a ação é mais intensa, o som é ainda mais impactante. E ainda por cima, deixa espaço para uma nova sequência.
Cotação: ótimo
Duração: 97 min
Chico Izidro

sexta-feira, junho 18, 2021

“Espiral: O Legado de Jogos Mortais” (Spiral: From the Book of Saw)

“Espiral: O Legado de Jogos Mortais” (Spiral: From the Book of Saw), dirigido por Darren Lynn Bousman, que também esteve no comando dos filmes 2, 3 e 4 longas da saga original, é mais um thriller de investigação policial, só que usando a estrutura de “Jogos Mortais” como inspiração. A trama surgiu de uma ideia do ator e comediante Chris Rock, fã da cinessérie. E ele interpreta o detetive Ezekiel "Zeke" Banks (Chris Rock), reconhecido por ter revelado um esquema de corrupção policial na delegacia onde trabalha, e por isso sofre o boicote de seus colegas.
Então ele recebe como parceiro, o novato William (Max Minghella, da série The Handsmade Tale), e os dois têm de investigar uma série de assassinatos na trilha de um possível imitador do maníaco JigSaw, que também gosta de brincar com suas vítimas, as convidando para jogar o jogo onde se não seguirem as regras, acabam morrendo de forma violenta. A coisa começa a ficar mais pesada quando Zeke detecta que a série de assassinatos visam os seus colegas de delegacia, e incluindo o seu pai, o ex-chefe de polícia aposentado Markus Banks.
Desta vez, o personagem Jigsaw (Tobin Bell, que morreu no capítulo final da série) não está presente. Com uma mente brilhante para criar armadilhas mortais, agora, ele foi substituído por um fã, que usa dos mesmos recursos (mensagens cifradas, o conhecido boneco e engenhosos quebra-cabeças), cuja vingança está focada num distrito policial. E ele usa como máscara uma cabeça de porco - a imagem faz sentido pelo significado – policiais são chamados pejorativamente de “pigs” (porcos) na língua inglesa.
O filme é repleto de flashbacks e com roteiro que segue regras do thriller policial, com várias viradas na trama, trazendo clichês, mas que são um deleite para o espectador, que se prestar atenção, vai sacar logo a identidade do assassino. Afinal, tudo se trata de vingança.
Chris Rock (recorrente em comédias e criador do seriado Todo Mundo Odeia o Chris), se esforça e tem sucesso no papel de Zeke, sem apelar para as piadinhas. Outro nome de peso é Samuel L. Jackson, no papel do pai do investigador. E de presente, a beleza Marisol Nichols como a chefe de polícia Angie Garza – no meio de tanta violência e sangue, um colírio para aliviar a tensão.
Cotação: bom
Duração: 1h35min
Chico Izidro

quinta-feira, junho 03, 2021

“Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio” (The Conjuring: The Devil Made Me Do It)

Idealizado e dirigido por James Wan, a cinessérie “Invocação do Mal” chega agora a sua terceira parte, com “Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio” (The Conjuring: The Devil Made Me Do It), desta vez tendo o diretor Michael Chaves, de “A Maldição da Chorona” no comando. Os filmes são protagonizados pelo casal de investigadores de atividades paranormais Ed (7 de setembro de 1926 – 23 de agosto de 2006) e Lorraine Warren (31 de janeiro de 1927 – 18 de abril de 2019), que existiram na vida real. Eles são interpretados por Patrick Wilson e Vera Farmiga nos três filmes.
Neste novo exemplar, baseado em fatos reais, a dupla é chamada para investigar e tentar defender o jovem Arne (Ruairi O'Connor), que assassinou o senhorio da casa onde morava, e que estaria possuído por um demônio quando cometeu o crime. O caso ocorrido em 1981 marcou por ser a primeira vez na história dos Estados Unidos que uma pessoa acusada de assassinato alega ter tido uma possessão demoníaca como defesa. Aí aparecem Ed e Lorraine Warren, que decidem ajudar a provar a inocência do rapaz.
O filme aproveita para prestar homenagens ao clássico “O Exorcista”, de 1973. Logo no começo, quando da chegada de um padre, saindo de um táxi, na casa de um garoto possuído. E este mesmo menino tendo o corpo todo distorcido, exatamente como a personagem Regan, vivida por Linda Blair na icônica obra de terror.
Mas é difícil embarcar na teoria de possessão demoníaca. O assassinato do senhorio ocorre durante uma festinha regada a álcool, e certamente drogas. Certamente o rapaz acusado de assassinato estava drogado e em uma alucinação, matou o outro cara. Aí forçaram a barra com o demônio...E o casal vai defender um assassino...tá bom.
Apesar da premissa furada, Vera Farmiga e Patrick Wilson seguem bem em seus papéis, sendo a alma e o coração da franquia. E a empatia deles consegue fazer a trama funcionar, apesar de não dar muitos sustos na audiência.
Cotação: regular
Duração: 1h52min
Chico Izidro

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...