terça-feira, dezembro 27, 2022

"Terrifier 2"

"Terrifier 2", dirigido por Damien Leone, tem a história transcorrendo um ano depois dos eventos ocorridos no primeiro filme, que é de 2016, mostrando os brutais assassinatos cometidos por um palhaço mímico e serial killer, Art, vivido por David Howard Thornton. A primeira parte tinha pouco mais de uma hora e meia. Agora, sua continuação tem quase duas horas e meia, mas segue na onda da violência e de sangue, muito sangue, cenas de mortes brutais e torturas. Não é para estômagos frágeis, absolutamente. E com quase duas horas e meia. A produção chamou atenção pelos relatos de pessoas que passaram mal e desmaiaram nos cinemas dos Estados Unidos após assistirem ao terror.
O palhaço nunca solta uma palavra sequer. Quando encara a vítima, sorri e mostra seus dentes podres, deixando a pessoa em um estado de nervos gritante. E então ele parte para a chacina. E desta vez, Art tem como meta os irmãos Sienna (Lauren LaVera) e Jonathan (Elliott Fullam), garoto que costuma fantasiar sobre o assassino, sem saber que é a vítima da vez (a cena em que ele é açoitado pelo palhaço é angustiante e pesada). A atuação silenciosa de Howard Thornton é destacada pelo diretor Damien Leone. “Ele traz muita coisa ao filme, como os maneirismos, e eu o deixo improvisar o tempo todo. Conheço bem seu senso de humor e todas as coisas sádicas que ele pode fazer”, conclui.
"Terrifier 2" é um excelente filme de terror, assustador mesmo, com sua violência gratuita - é preciso que o espectador tenha estômago forte para esta sequência. Apenas uma ressalva que faço ao palhaço Art, que é totalmente amedrontador e brutal. É que ele ganhou ares de imortal, a exemplo de seus pares, como Jason Vorhees e Fred Krueger. Ou seja, por mais que seja esfaqueado, explodido, decapitado, fuzilado, sempre volta à vida. Isso tirou um pouco as forças do personagem.
"Terrifier 2" foi lançado nos cinemas dos Estados Unidos em 6 de outubro e se tornou um dos assuntos mais comentados por causa de relatos do público desmaiando, vomitando e indo parar no hospital, devido as cenas de violência explícita, mortes brutais e sangrentas causadas pelo protagonista Art, um serial killer fantasiado de palhaço.
Cotação: bom
Duração: 2h18min
Chico Izidro

quinta-feira, dezembro 08, 2022

"ELA DISSE" (She Said)

"Ela Disse" (She Said), filme dirigido por Maria Schrader, é baseado no livro best-seller do New York Times, “Ela Disse: Os Bastidores da Reportagem que Impulsionou o #MeToo”, escrito por Megan Twohey e Jodi Kantor. A obra mostra como foi escancarado todo o sistema que o poderoso produtor de filmes Harvey Weinstein usava para abusar de suas vítimas - mulheres que queriam trabalhar na indústria cinematográfica e sofriam todos os tipos de abusos sexuais.
O longa é importante, muito importante por dar voz as mulheres. As atrizes Carey Mulligan (Bela Vingança) e Zoe Kazan (Doentes de Amor) vivem as repórteres Megan Twohey e Jodi Kantor, que por mais de três anos trabalharam nas investigações. Tendo de neste tempo driblar o silêncio e o medo de muitas das vítimas. O longa permite ver não só a uma história do jornalismo investigativo, mas, principalmente, verificar todo o sistema voltado contra as mulheres.
A atriz Ashley Judd (Risco Duplo) interpreta ela mesma, vítima que foi no início de carreira de Weinstein. Também muita citada no filme, Gwyneth Paltrow aparece apenas em fotos e citações. "Ela Disse" foi gravado realmente na redação do The New York Times, à época esvaziado por causa da pandemia da Covid-19.
Apesar de ser um baita filme, "Ela Disse" não tem nada de novo em relação a filmes de jornalismo investigativo. Por vezes remete muito a "Todos os Homens do Presidente" (1976), um dos grandes clássicos sobre jornalismo, que relata o trabalho de dois jornalistas Bob Woodward (Robert Redford) e Carl Bernstein (Dustin Hoffman), em relação a corrupção no governo Nixon, e "Spotlight", vencedor do Oscar em 2016, e que trata sobre os crimes sexuais da igreja católica. Além disso, pode fazer que muita gente decida ser jornalista na vida - uma vida sem nenhum glamour e que exige muito sacrifício pessoal.
Ah, em tempo, depois de divulgadas as matérias, Harvey Weinstein, que no filme aparece só de costas, tentou se desculpar com algumas de suas vítimas. Ele acabou sendo condenado a 25 anos - que está cumprindo desde 2020. Com 70 anos de idade atualmente, dificilmente sairá vivo da cadeia.
Cotação: ótimo
Duração: 2h09min
Chico Izidro

domingo, dezembro 04, 2022

Em meio às diversas comédias românticas que são lançadas na época de Natal, chega um filme diferente: "Noite Infeliz" (Violent Night), protagonizado por David Harbour, o Jim Hopper de "Stranger Things", e direção de Tommy Wirkola (Zumbis na Neve, de 2009). O filme é uma comédia de ação, misturando o espírito natalino com violência.
Na história, o Papai Noel realmente existe, mas ao contrário do imaginário popular, não é aquele velhinho simpático, falando hohoho. Ele, interpretado por David Harbour, é um homem de meia idade, alcóolatra e amargurado com a vida. Na noite de Natal precisa entregar os presentes, mas apenas para aqueles que se comportaram.
Ao mesmo tempo, a família bilionária dos Lightfoot se reúne na mansão da matriarca Gertrude (uma irreconhecível Beverly D'Angelo, por causa de tanto botox em seu rosto). A neta Leah Brady (The Umbrella Academy) acredita no Papai Noel, e tem como pedido de Natal que seus pais se reconciliem e voltem a ficar juntos.
Porém, a mansão acaba sendo invadida por ladrões no exato momento em que Papai Noel se encontra em seu interior, deixando os presentes. Assustadas com o tiroteio, suas renas fogem, e o velhinho fica preso no local. Os invasores são cruéis, assassinos frios e mortais. Mas o velhinho, que aparentava ser uma pessoa medrosa e fraca, deixa transparecer quem realmente é: um viking (afinal ele é da Lapônia, na Escandinávia) esmagador de crânios, usando um martelo para detonar os inimigos.
A produção não poupa cenas de violência, sangue esjorrando, crânios explodidos, e quando não são mostradas, são usados cortes de câmera para mexer com a imaginação do espectador. São utilizados ainda elementos e easter-eggs de clássicos natalinos como "Duro de Matar" (1988) e "Esqueceram de Mim" (1990).
Se fosse apenas por este lado, "Noite Infeliz" (Violent Night) seria um filmão. Porém, o longa acaba sendo enfraquecido quando entram em ação momentos apelativos, beirando a breguice, de como o Natal é maravilhoso, de como Papai Noel realmente existe...blah, blah, blah....enjoativo e apelativo.
Cotação: regular
Duração: 1h52min
Chico Izidro

quinta-feira, dezembro 01, 2022

"ATÉ OS OSSOS" (Bones and All)

O canibalismo sempre assustou, mas também trouxe curiosade ao longo da história da humanidade. Neste ano, ganhou destaque novamente o serial killer canibal Jeffrey Dahmer, que ganhou série na Netflix, e até a vida pessoal do ator Armie Hammer, um dos astros “Me chame pelo seu nome”. Ele se viu no meio de polêmica envolvendo estupro, abuso psicológico e canibalismo, que motivaram a produção da série “House of Hammer: Segredos de família”, exibida no Brasil pelo Discovery+.
Hammer, aliás, estrelou “Me chame pelo seu nome” ao lado de Timothée Chalamet, que vive um dos personagens centrais de "Até os Ossos", o andarilho Lee. A trama deste road-movie é baseada no romance homônimo de Camille DeAngelis, e tem direção de Luca Guadagnino, sendo focada em um relacionamento ardente e juvenil, mas que também traz seres canibais, que se escondem nas sombras - não, não são vampiros, mas pessoas que parecem normais, porém precisam de carne humana para sobreviver.
O filme já choca no começo, quando a jovem deslocada socialmente Mauren Yearly (Taylor Russell) tenta se entrosar, e numa cena que parece ser sexy, mas não é, chupa o dedo de uma colega. Feito o estrago, ela corre para casa, onde conta o ocorrido para o pai, que diz: "vamos, temos dez minutos para escapar".
No dia seguinte, Mauren se vê abandonada pelo pai, que deixa uma fita-cassete para ela escutar, onde ele narra a trajetória da família (detalhe, o filme se passa em 1984). Ao escutar a gravação, a garota, que recpém completou 16 anos, sai pelo mundo à procura da mãe, que nunca conheceu, para tentar entender as suas raízes.
E em sua caminhada pelo meio-oeste americano ela se depara com o canibal Sully (Mark Rylance), que mostra para Mauren os primeiros procedimentos de como deve se portar uma pessoa geneticamente parecida com eles. E logo surge na vida da adolescente Lee, e os dois se unem, numa fogosa paixão, e aprendendo ainda a sobreviverem à margem da sociedade, e tendo de encarar seus passados traumáticos.
"Até os Ossos" é um filme que tem momentos de terror e suspense, mas é mais ainda um filme de amor, de como os diferentes têm de se portar perante a sociedade e suas leis. E a química de Taylor Russell e Timothée Chalamet é perfeita, é nota dez. Filmaço.
Cotação: ótimo
Duração: 2h10min
Chico Izidro

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...