segunda-feira, junho 28, 2010
Kick-Ass - Quebrando Tudo
Kick-Ass - Quebrando Tudo é um filme violento, talvez o mais violento dos últimos tempos. Também por isso genial, por toda sua estética HQ e que invoca, a todo momento, Quentin Tarantino. A direção de Matthew Vaughn é completamente segura e imaginativa.
O adolescente Dave (o quase trágico Aaron Johnson) é um adolescente como os outros, ou seja, vive a idade com dificuldades, mas pelo menos não sofre o bullying na escola, e é gamado pela bela Katie (Lyndsy Fonseca), que acha que ele é gay. Apaixonado por quadrinhos, decide comprar uma fantasia pela internet e se transformar num super-herói, Kick-Ass. Sem experiência, mas com potencial, acaba virando pupilo da dupla Big Daddy, um maluco interpretado por Nicolas Cage, e sua filha de 11 anos, a psicopata Hit Girl (a excelente Chlöe Moretz, de 500 Dias com ela). O trio, então, vai combater um senhor do crime, Frank D'Amico (Mark Strong), que tem como aliado seu filho, que assume uma identidade secreta, o Red Mist (interpretação hilária de Christopher Mintz-Plasse, o McLovin de Superbad - É hoje).
As cenas são extremamente bem filmadas e coreografadas e não existe poupança de corpos explodidos, cortados ao meio, perfurados - uma das cenas é claramente inspirada na luta da Viúva (Uma Thurman) contra os 88, no clássico Kill Bill 1.
Kick-Ass - Quebrando Tudo não é de fácil assimilação e quem tem estômago fraco vai ter dificuldades de assistí-lo. Mas deveriam fazer uma forcinha...
Cotação: ótimo
Chico Izidro
Toy Story 3
A bela animação Toy Story 3 é uma história de passagem, do fim da adolescência e do que resta dela. Como direção de Lee Unkrich, vemos agora Andy preparando-se para deixar a casa da mãe e ir para a faculdade. E o que serão de seus bonecos Woody, Buzz Ligthyear e companhia? Não esqueça que eles ganham vida quando não observados pelos humanos.
Num descuido são jogados fora e acabam indo parar numa creche, onde acreditam que receberão a atenção que Andy já não lhes dava. Só que descobrem que o lugar é quase um campo de concentração controlado por um urso de pelúcia, Lotso, que é traumatizado por ter sido abandonado por sua dona. Então, Woody, Buzz Lightyear e os companheiros farão de tudo para voltar para casa, em sequências emocionantes e vibrantes.
As piadas são deliciosas e, por vezes, Toy Story 3 chegar a emocionar, sem ser apelativo - ouvi confissões de adultos que garantiram ter chorado. Afinal, sempre mantemos uma criança em nosso interior.
Cotação: ótimo
Chico Izidro
Cartas para Julieta
Você acredita no amor? Então vá assistir Cartas para Julieta. Caso contrário passe bem longe dos cinemas. A trama é quase, quase real. Nos anos 1960, a grande atriz inglesa Vanessa Redgrave foi casada com o ator italiano Franco Nero. Eles se separaram alguns anos depois. Pois não faz muito tempo, mais exatamente em 2006, Redgrave, hoje com 73 anos, procurou Nero, 68 anos, e disse que ele era o homem da vida dela. Voltaram a se casar e estão felizes juntos.
Pois bem, Cartas para Julieta, direção de Gary Winick, conta a busca de uma viúva, Claire (Redgrave), ao seu amor de adolescência, um italiano que conheceu aos 15 anos, mas o romance não prosperou. Cinquenta anos depois, ajudada pela meiga e aspirante a escritora Sophie (Amanda Seyfried, de Mamma Mia) e do neto, o ranzinza Charlie (Christopher Egan), eles partem pelo interior da Itália para tentar trazer a felicidade tardia para Claire. Lindo.
Porém, tirando a parte emocionante do romance de Redgrave e Nero, Cartas para Julieta é previsível e cai nas armadilhas fáceis das histórias românticas, como o noivo desatento de Sophie, Victor (Gael Garcia Bernal), que está mais preocupado com seu negócio do que dar atenção a sua garota. O que vai acontecer com ele? E Sophie e Charlie?
Cotação: regular
Chico Izidro
Caro Francis
Paulo Francis foi, talvez, o mais importante e polêmico jornalista brasileiro da história. Morto em fevereiro de 1997, em pleno carnaval, ele ainda mantém uma enorme gama de fãs e detratores. Em Caro Francis, Nelson Hoineff (que criou Documento Especial - quem não se lembra daquele programa jornalístico-sensacionalista da extinta Rede Manchete?), relembra a trajetória do jornalista, usando imagens de arquivo e também depoimentos de amigos e da esposa, Sonia Nolasco. E é aí que o documentário tropeça, pois é por demais concedente com Paulo Francis. Ele é mostrado quase como um santo, protetor dos fracos e desempregados e amante dos animais. Mas falta o outro lado. Mesmo a parte em que é lembrada a polêmica com o ombudsman da folha de S. Paulo, Caio Túlio Prado, em 1990, Francis é visto mais como vítima, enquanto que o ombudsman é taxado de lagartixa por Diogo Mainardi.
Francis começou a carreira como crítico de teatro e comunista. Depois da passagem pelo Pasquim, acabou preso pelo regime militar e em 1972 foi morar em Nova Iorque, sua base por mais de duas décadas e deu uma grande guinada para a direita. E também acabou transformando-se em correspondente da TV Globo, onde criou um personagem quase caricato, que lhe deu fama nacional. E dinheiro, pois no auge de sua carreira chegava a receber cerca de 20 mil dólares mensais...para os padrões brasileiros...
E foi pelo dinheiro que acabou morrendo, em virtude de um processo de 100 milhões de dólares movido pela Petrobras contra ele, que havia feito acusações infundadas contra a diretoria da estatal.
Caro Francis, no entanto, vale por resgatar trajetória tão impar da imprensa brasileira. Passados 13 anos de sua morte, ainda não apareceu jornalista que conseguisse superar o mestre das polêmicas no finado Diário da Corte (coluna que ele manteve na Folha de S. Paulo e depois n'O Estado de S. Paulo nas décadas de 1970, 80 e 90).
Cotação: regular
Chico Izidro
quarta-feira, junho 16, 2010
O Escritor Fantasma
O cineasta Roman Polanski, que nos últimos tempos tem aparecido no noticiário mais por causa do processo que o governo dos Estados Unidos move contra ele num caso de estupro ocorrido em 1977, mostra sua genialidade no excelente O Escritor Fantasma. A trama lembra muito os clássicos de suspense do mestre Alfred Hitchcock e prende a atenção desde os seus primeiros minutos.
O escritor interpretado por Ewan McGregor, ótimo, é contratado para ajudar a reescrever a biografia de um ex-primeiro ministro inglês, Adam Lang (o ex-007 Pierce Brosnan), que é acusado de ser um criminoso de guerra. E quanto mais o escritor (o personagem não tem nome) se aprofunda no trabalho, mais começa a encontrar indícios de culpabilidade de seu biografado. Tanto que começa a correr risco de morte.
E ninguém parece ser o que é. Desde a esposa de Lang, Ruth (Olivia Williams) até a secretária CDF, Amelia (Kim Cattrall, de Sex and the City).
O filme acaba de forma surpreendente, bem no estilo do mestre, que Polanski tanto soube seguir o estilo.
Cotação: ótimo
Chico Izidro
O Golpista do Ano
Jim Carrey decidiu ser ousado ao protagonizar o polêmico O Golpista do Ano, de Glenn Ficara e John Requa. O comediante das caretas é Steven Russell, policial, dedicado pai de família, que após sofrer um acidente, decide assumir sua homossexualidade. Muda para a Flórida e passa a viver de golpes para sustentar o novo estilo de vida, primeiro ao lado do namorado vivido por Rodrigo Santoro - que fica em cena cerca de 15 minutos - e depois com Ewan McGregor, o Phillips Morris do título original (I Love You Phillip Morris).
Carrey e McGregor, aliás, não vacilam em realizar fortes cenas homoeróticas, que fazem muita gente abandonar o cinema na metade do filme. Os dois estão excelentes, principalmente McGregor, que convence, e muito, como a "mulher" do relaciomento.
O Golpista do Ano não deixa de ser preconceituoso, ao mostrar que os gays são pessoas que só pensam em sexo e que podem pagar por sua condição - um personagem morre vítima de Aids.
O filme é difícil de se classificar, pois vai da comédia ao drama e ao humor negro em minutos. Mas é surpreendente.
Cotação: bom
Chico Izidro
Esquadrão Classe A
A série fez muito sucesso nos anos 1980 - se não me falhe a memória era transmitida no Brasil pelo SBT. Hoje suas reprises podem ser vistas no canal a cabo TCM. Falo de Esquadrão Classe A, que agora chega ao cinema, com direção de Joe Carnahan.
A história gira em torno de um grupo de ex-militares que são colocados à margem da lei depois de enganados por um grupo rival durante uma missão. Modernizada, a trama foi transposta para o período pós-invasão norte-americana no Iraque.
O A-Team agora é comandado por Liam Neeson (A Lista de Schindler), que parece estar se divertindo muito. O ator, aliás, tem participado de filmes pipoca sem parar, vide Fúria de Titãs e Busca Implacável. Outros nomes conhecidos em Esquadrão Classe A são o de Bradley Cooper, de Se Beber, Não Case, e da bela Jessica Biel, de Idas e Vindas do Amor e Eu os Declaro Marido...e Larry.
O filme não é para ser levado a sério. Cenas inverossímeis, como a de um tanque caindo sobre a Alemanha, pendurado por um paraquedas...bem, estamos nos anos 2000. Se Esquadrão Classe A fosse pensado como nos anos 1980 colocaria seu público-alvo para dormir.
Cotação: bom
Chico Izidro
O Principe da Pérsia - As Areias do Tempo
Nunca fui fã de videogame. Aliás, nunca joguei joguei na minha vida, por simplesmente não achar graça. E o filme O Principe da Pérsia - As Areias do Tempo é baseado em popular jogo que eu, simplesmente, desconhecia. Com direção de Mike Newell, suas cenas são de uma turbulência espantosa, como se estivéssemos em uma montanha-russa.
A trama conta a história de Dastan, órfão que é adotado pelo rei da Pérsia, e que após a invasão de uma cidade, fica com a posse de uma adaga que tem o poder de fazer o tempo retroceder. Ao mesmo tempo, Dastan (Jack Gyllenhaal, de Brockback Mountain) se torna um fora da lei, acusado de ter assassinado o seu pai adotivo.
Ele se une, então, a arisca princesa Tamina (Gemma Aterton, de Fúria de Titãs), guardiã da adaga, para tentar provar sua inocência. Então dê-lhe correrias, reviravoltas na trama, traições.
Os veteranos Alfred Molina como um mercenário e Ben Kingsley como um misterioso conselheiro da corte imperial se destacam neste filme que, enfim, diverte.
Cotação: regular
Chico Izidro
quarta-feira, junho 02, 2010
Em Teu Nome
Em Teu Nome, de Paulo Nascimento, é baseado na vida do ex-estudante e hoje juiz Bona Garcia, que no começo dos anos 1970 decidiu entrar para a luta armada, mais exatamente o VPR. O grupo tinha como objetivo combater a ditadura militar. Preso pela repressão e torturado, Boni (Leonardo Machado, em boa interpretação), seria um do grupo dos 70, que seria trocado pelo embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher. A partir deste momento, ele passaria a viver no exílio, primeiro no Chile, depois Argélia e finalmente França, antes de voltar ao Brasil em 1979, graças a Lei da Anistia.
O tema ditadura militar já foi bem retratado nos cinemas brasileiros com o mediano O que é isso, Companheiro, e o excepcional Batismo de Sangue. Em Teu Nome peca e em demasia por seu amadorismo, apesar de contar com atores tarimbados. Cenas são cortadas abruptadamente, o número de figurantes chega a ser risível, a câmera treme, desnecessariamente, como se o diretor quisesse mostrar naquele momento o temor de os personagens serem presos. Aliás, notem as cenas em que Boni e seus companheiros caminham por ruas vazias e toca a sirene de carros de polícia. Os atores fazem caras e bocas e saem correndo constrangedoramente...
O filme acerta, no entanto, ao retratar momento tão trágico da história quase recente do Brasil. Os destaques ficam por conta de Silvia Buarque no papel de uma guerrilheira que entra em depressão após sofrer tortura sexual na prisão, Sirmar Antunes como um sindicalista que entra para a luta armada e que tem as partes engraçadas do filme. E finalmente Nélson Diniz como o padre - que lidera a célula guerrilheira em Porto Alegre.
O par romântico de Machado, a linda Fernanda Moro é o elo fraco. Suas falas são quase infantis e seu rosto delicado não convence como uma mulher que sofre a distância do lar.
Cotação: regular
Chico Izidro
Sex and the City 2
Carrie Bradshaw está insatisfeita com a monotonia de seu casamento com Mr. Big (Chris Noth), em SEX AND THE CITY 2, de Michael Patrick King. Já Charlotte (Kristin Davis) está enlouquecendo com as duas filhas pequenas, Miranda (Cynthia Nixon) está descontente com o emprego e Samantha (Kim Cattrall) vive os problemas da menopausa. Então vão passar alguns dias em Abu Dhabi, a convite de um xeque ultra-bilionário. Lá aprontam todas, inclusive com Carrie (Sarah Jessica-Parker, de uma feiúra indescrítivel) encontrando o ex-namorado Adam (John Corbett, de Casamento Grego).
SEX AND THE CITY 2 extrapola, passando da medida, tornando-se em certo momento repetitivo e cansativo (para alguns até pode parecer uma sucessão de episódios da série que tanto sucesso fez nos primeiros cinco anos do novo século, mas sem o mesmo glamour). As quatro heroínas desfilam roupas e sapatos sem parar nas mais de duas horas do filme, que apresenta um roteiro fraco, de piadas apelativas e por vezes histriônicas. E num filme que cuida tanto do visual, é inadmissível que a tela seja poluída por microfones há todo momento.
Cotação: ruim
Chico Izidro
O Preço da Traição
Chloe, O Preço da Traição, de Atom Egoyan, traz Juliane Moore numa excelente atuação - e isso não é de surpreender. Ela é a médica Catherine, que desconfia estar sendo traída pelo marido David (Liam Neeson). Para tentar acabar com as dúvidas, ela contrata uma garota de programa, Chloe (a bela Amanda Seyfried, de Mamma Mia e Meninas Más), que deverá seduzir David e mostrar que ele é um adúltero.
A partir daí, Catherine entra num jogo de sedução e erotismo com Chloe - por vezes lembrando o clássico oitentista Atração Fatal, com Michael Douglas e Glen Close.
Chloe tem cenas de sexo, sem nenhuma apelação, ou seja, de uma sensualidade impar. Seu final é um pouco convencional, mas nunca previsível.
Cotação: bom
Chico Izidro
Fúria de Titãs
Lembro vagamente do original Fúria de Titãs, de 1981. Parecia-me meio tosco. Agora o diretor Louis Leterrier lança o remake, com Sam Worthington, de Avatar, como o protagonista Perseu. E com efeitos especiais quase, quase, de primeira. Na história de FÚRIA DE TITÃS (Clash of the Titans), Perseu, filho de Zeus com uma mortal, vive como um simples pescador. E recebe a missão de salvar a cidade de Argos, depois que os humanos decidem desafiar os deuses, provocando a ira de Hordes (Ralph Fiennes, com uma terrível maquiagem), deus do reino dos mortos.
Para cumprir sua obrigação, Perseu parte numa jornada ao lado de alguns soldados, tendo de combater diversos monstros, como escorpiões gigantes e a medusa, aquela mesma, das serpentes como cabelo, ao mesmo tempo que tem de aceitar seu lado divino.
FÚRIA DE TITÃS diverte, não se prendendo a filosofias baratas, que poderiam tornar suas duas horas arrastadas. Worthington é um ator mediano, mas tem um grande suporte com os ótimos Ralph Fiennes e Liam Neeson (Zeus). Uma boa sessão da tarde, regada à pipoca e Coca-Cola.
Cotação: regular
Chico Izidro
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