quinta-feira, novembro 28, 2024

“MOANA 2”

Foto: Walt Disney Studios
SEQUÊNCIA DO FILME DE 2016, “MOANA 2”, com direção de David G. Derrick Jr., Jason Hand e Dana Ledoux Miller, a animação musical segue a adolescente polinésia Moana em uma nova aventura pelos mares da Oceania.
Desta vez, a garota recebe um chamado de seus ancestrais – a menina andou tomando alguns alucinógenos, só pode – para voltar às águas em uma missão. Moana junta um grupo de conterrâneos dos mais variados, desde uma garotinha até um idoso, para quebrar uma maldição imposta por um deus e restaurar a prosperidade de uma ilha da região. Se conseguir, o seu vilarejo não precisará mais viver isolado do restante da civilização.
Ela combate em seu trajeto monstros marítimos, feitiçarias e águas revoltas, mas recebendo a ajuda do semideus Maui (no original dublado pelo astro Dwayne Johnson).
No entanto, apesar da excelente animação apresentada, a história não traz nada de novo, seguindo praticamente a mesma estrutura do longa de 2016, gerando uma história previsível e que acaba cansando.
Já as músicas também se mostram fracas – às vezes um musical funciona, outras vezes não, pois não é muito natural, convenhamos, as pessoas do nada estarem conversando e, do nada, saírem cantando, como se fossem felizes o tempo todo. E se você mora numa ilha isolada do resto do mundo, um musical não convence. E ainda ocorre a ausência das composições do compositor do filme original, Lin-Manuel Miranda, que não participou da produção, e isso se reflete na qualidade das múcisas.
Mas “Moana 2” acerta ao destacar mais os outros personagens da tripulação, descentralizando as ações da jovem heroína.
Ah, e existe uma cena pós-crédito, que prepara para uma possível sequência.
Cotação: regular
Duração: 1h40min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=Qh6QgAyY_dU

quarta-feira, novembro 27, 2024

CACHOEIRINHA TERÁ SESSÃO DE LANÇAMENTO DO DOCUMENTÁRIO “PRAZER, MATO DO JÚLIO” NESSA SEXTA-FEIRA

Foto: Xeramoin Alexandre
O DOCUMENTÁRIO “PRAZER, MATO DO JÚLIO”, COM direção e roteiro de Romir Rodrigues e codireção e produção de Ulisses Da Motta terá sessão de lançamento nessa próxima sexta-feira, dia 29 de novembro, no Instituto Cultural e Social Ágora, na Rua Anita Garibaldi, 185, Vila Marcia, em Cachoeirinha, a partir das 19h30min. A projeção acontecerá ao ar livre e estará coletando donativos para a retomada guarani Tekoá Karanda’ty.
O filme tem o objetivo de compreender a área popularmente conhecida como Mato do Júlio como um espaço no qual se entrelaçam diferentes memórias. Articulando sequências ficcionais com relatos obtidos por meio de entrevistas, o documentário busca debater as conexões entre espaço e memória.
O eixo central é caracterizar o Mato do Júlio como espaço de memória coletiva da cidade e parte constituinte do processo de formação da identidade cultural do município de Cachoeirinha, aqui no Rio Grande do Sul.
As entrevistas foram realizadas em diferentes locações, em especial no interior da própria área do Mato do Júlio e no Instituto Cultural e Social Ágora, e são a base do documentário. A partir desses relatos são apresentadas as inter-relações entre as histórias do Mato do Júlio e de Cachoeirinha, resgatando a importância histórica, cultural e ambiental da área.
O trabalho destaca ainda o registro das memórias ancestrais dos povos originários e do povo negro que emergem a partir do processo de retomada dos Mbya Guarani que, desde 2021, se estabeleceram na área e estão impregnadas na edificação que resiste ao tempo.
Foto: Still
A proposição do Projeto e sua direção foi conduzida por Romir de Oliveira Rodrigues, morador de Cachoeirinha há quase 30 anos, tendo sido professor em várias escolas do município e que atualmente leciona no IFRS-Canoas.
Nos últimos 15 anos, ele vem desenvolvendo atividades no setor do audiovisual, especialmente na escrita de roteiros, com destaque para o longa-metragem “Além de Nós”, lançado em 2023, dirigido por Rogério Rodrigues e que tem Thiago Lacerda no elenco, e para a realização de oficinas e projetos que relacionam educação e cinema.
Para a realização deste projeto foi constituída uma equipe com efetiva experiência na cadeia produtiva do audiovisual, com destaque para o produtor e codiretor Ulisses Da Motta, que já dirigiu e produziu oito curtas-metragens de ficção. Os profissionais da cidade também foram valorizados, sendo trilha sonora original composta pelo conhecido músico cachoeirinhense Luís Inácio Oliveira, o Lula, e gravada em seu estúdio Soluções Sonoras; a também cachoeirinhense Nicole Vaz foi assistente de câmera e logger.
Alini Mariot, doutora em educação e especialista em interpretação/tradução e Docência em Libras, foi responsável pela condução da produção de uma versão acessível do documentário. O objetivo dela é buscar ampliar o acesso do filme e promover a inclusão de públicos muitas vezes esquecidos.
Foto: Soares Rodrigues
Ficha técnica:
Direção, Roteiro e Produção: Romir de Oliveira Rodrigues
Codireção e Produção: Ulisses Da Motta
Montagem e Efeitos Especiais: Vitório Beretta
Direção de fotografia e Câmera: Tiemy Saito
Direção de Arte, Produção de Arte e Figurino: Gianna Soccol
Trilha Sonora Original: Luiz Inácio Oliveira
Edição e Mixagem de Som: Roberto Coutinho
Técnica de Som Direto: Ray Fisch
Assistente de Câmera e Logger: Nicole Vaz
Entrevistados: Carmen Lucia Soares Rodrigues, Guilherme Dias, Leonardo Costa, Nelson Postay, Isabel Mombach e Xeramoin Alexandre
Elenco: Maicon Palermo Leites, Sabrina Barcelos Corrêa e Miguel Corrêa Leites
Trailer: https://youtu.be/0Uz_EcwB8SA

quinta-feira, novembro 21, 2024

“WICKED”

Foto: Universal Filmes
“WICKED”, DIRIGIDO POR JON CHU, é o longa-metragem baseado no musical homônimo da Broadway, sendo o prelúdio do “Mágico de Oz”, e apresentando a origem da Bruxa Má Elphaba (Cynthia Erivo) e da Bruxa Boa Glinda (Ariana Grande). A questão é se as pessoas nascem más ou se tornam más devido ao ambiente em que vivem.
Então somos apresentados ao drama de Elphaba, nascida de uma traição de sua mãe e que vem ao mundo verde, e que por isso sofre inúmeros preconceitos, que afloram quando ela chega na Universidade de Shiz. No local, acaba conhecendo e fazendo amizade com Glinda, a popular do pedaço, nascida em berço de ouro e que só quer manter seus privilégios.
As duas se tornam grandes amigas, porém as suas diferenças interferem e elas acabam entrando em conflito.
Ariana Grande apresenta uma Glinda carismática, mas é Cynthia Erivo quem rouba a cena, com sua bruxa sofrida, não querendo que o mal tome conta, e por isso sua vulnerabilidade seja gritante.
A produção é grandiosa, colorida. E não esqueça que “Wicked” é um musical de quase três horas, sendo fiel à peça original. Mas mesmo quem não sabe nada da história ficará perdido. Além do que sendo feito em 2024, mostra um elenco muito mais eclético do que o filme de 1939, onde não havia pessoas negras e gays presentes na tela. O que incomoda é a reação dos personagens sempre que Elphaba surge em cena, com eles mostrando surpresa e sustos com a aparição da bruxa – se sabem da existência dela e convivem com ela, por que se mostrarem assustados? Explica esse, direção...
Cotação: regular
Duração: 2h41min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=mk2Ai8P0oXQ

“A LINHA DE EXTINÇÃO” (Elevation)

Foto: Paris Filmes
“A LINHA DE EXTINÇÃO” (Elevation), dirigido por George Nolfi, é um filme que mistura terror com ficção científica. A história acontece em um planeta Terra completamente devastado, onde 98% da população foi exterminada por monstros que surgiram dos subterrâneos.
Os humanos sobreviventes se refugiaram nas partes mais altas do planeta, mais exatamente acima da 2.400 metros de altura, distância onde os monstros não podem, de alguma maneira, ultrapassar.
Dentre os sobreviventes, estão o viúvo Will (Anthony MacKie, o novo ‘Capitão América’) e seu filho, Hunter (Danny Boyd Jr.); a jovem viúva Katie (Maddie Hasson, de ‘Maligno’) e Nina (Morena Baccarin, de ‘Deadpool’). E Hunter, além de ser a única criança na comunidade, ainda sofre com problemas respiratórios, dependendo de cilindros de oxigênio para viver. Porém, o equipamento está acabando, e Will decide descer das alturas e procurar um hospital onde possa encontrar mais do equipamento para a sobrevivência de seu filho.
A missão é muito arriscada. E ele recebe a ajuda de Katie e de Nina, a estranha da comunidade, para encarar a jornada morro abaixo, para encarar os monstros.
“A Linha de Extinção” tem suspense, tensão, mas também soluções muito fáceis e cenas improváveis. Tudo bem ser um filme de ficção, mas a produção poderia ter forçado menos a barra em alguns momentos – por exemplo, a facilidade e rapidez com que Nina descobre como eliminar os monstros e surge, do nada, para salvar Will em determinado momento. É o chamado abusar de nossa boa vontade.
O filme, pelo menos, tem apenas uma hora e meia de duração, não esticando muito em subtramas e conversa fiada.
Cotação: regular
Duração: 1h30min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=cY0y9YVfNuU

“HEREGE” (Heretic)

Foto: Diamond Films
“HEREGE” (Heretic), dirigido pela dupla Scott Beck e Bryan Woods, conhecidos por terem escrito "Um Lugar Silencioso", sucesso dirigido por John Krasinski, discute religião em meio a um terror assombroso.
Na trama, as duas jovens mórmons, Paxton (Chloe East, de “Os Fabelmans”) e Barnes (Sophie Thatcher, de “Boogeyman: Seu Medo é Real”) que têm a missão de conseguir fiéis para sua igreja na cidade onde vivem. Vão de casa em casa, batendo nas portas e lendo seu livro sagrado para as pessoas.
Até que chegam na casa do Sr. Reed (Hugh Grant), que se mostra bastante simpático e interessado em ouvir sobre a religião das duas. Começa a chover, e ele as convida para entrar – porém elas têm uma regra. Somente podem ficar em um ambiente se houver outra mulher. E o Sr. Reed garante que a esposa está na cozinha preparando uma torta e logo se juntará a eles.
Inocentemente, as garotas entram na casa, e aos poucos o Sr. Reed começa a contestar as crenças religiosas das duas, que começam a ficar inconfortáveis, e pedem para ir embora.
É neste momento que o terror começa, com o Sr. Reed propondo um jogo para liberá-las. E ambas acabam caindo em um verdadeiro labirinto dentro da imensa casa.
O Sr. Reed se mostra um psicopata – ele é mesmo um serial killer e Paxton e Barnes terão de entrar na proposta dele, se quiserem sobreviver.
“O Herege” é um filme inteligente, acima da média em relação as atuais obras do gênero, mostrando um personagem interessante vivido por Hugh Grant, cada vez mais afastado dos personagens românticos que costumava fazer, e que aqui aparece como um homem culto, que faz questionamentos sobre credos religiosos e suas origens. Muita gente vai questionar suas crenças se escutar com atenção as falas do Sr. Reed.
Cotação: ótimo
Duração: 1h50min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=NOzsID-SerA&t=34s

quinta-feira, novembro 14, 2024

“GLADIADOR II” (Gladiator II)

Foto: Paramount Pictures
A EXPECTATIVA É MUITO GRANDE. Porém, a realidade se mostra cruel em “Gladiador II” (Gladiator II), direção do veterano Ridley Scott, que também dirigiu o hoje clássico “Gladiador” em 2000, com Russell Crowe.
A história desta sequência ocorre 25 anos após os eventos iniciais envolvendo o comandante do exército romano Maximus, traído pelo imperador Commodus (Joaquin Phoenix). Agora, o foco fica no órfão Lucius (Paul Mescal), feito prisioneiro após os romanos invadirem a cidade onde mora, na África. Levado para Roma, ele é vendido para o nobre Macrinus (Denzel Washington). Sim, não existe licença poética aí. Realmente naquele período da história, há quase dois mil anos, não existia o conceito de racismo, e pessoas de diversas etnias conviviam sem enxergar a cor da pele do outro.
Lucius é convertido em gladiador, enquanto imagina uma forma de se vingar do militar Marcus Acacius (Pedro Pascal), que liderou a invasão à sua cidade, ordenou a morte de sua esposa Arishat (Yuval Gonen) e o aprisionou. Acacius é casado com Lucilia (Connie Nielsen), que também foi esposa de Maximus, e figura central na virada da trama.
E os romanos vivem sob a ditadura irresponsável e abusiva dos gêmeos imperadores Geta (Joseph Quinn) e Caracalla (Fred Hechinger).
Em meio as lutas no Coliseu, Lucius vai passando a entender tudo o que ocorre na Cidade Eterna, principalmente Acacius, que mira um golpe de estado para acabar com o governo dos dois irmãos degenerados.
A história e as cenas de ação até funcionam. Porém, “Gladiador II” é repleto de furos de roteiro e de sequência, a exemplo do longa anterior. E ainda a aparição de macacos mutantes e de tubarões na arena (!!!).
O protagonista Paul Mescal até se esforça em seu papel, porém seu personagem vive de caras de estranheza, como pergunta-se o que faz ali no meio de homens violentos. Ele não consegue expressar emoção nem mesmo quando encontra o corpo de sua esposa. Já Pedro Pascal consegue se impor em suas cenas, mas Denzel Washington, que é um excepcional ator, parece estar atuando em seus filmes de ação, com jeitos e falas exageradas, deslocadas no tempo. E por que cargas d’água, o seu nobre decide enfrentar o mocinho, sabendo ser este um exímio guerreiro, enquanto ele é mais afeito aos bastidores?
Mas o pior mesmo fica a cargo da dupla de vilões, vivida por Joseph Quinn e Fred Hechinger, que fazem caretas e olhares de maldade, beirando o caricatural.
Cotação: ruim
Duração: 2h30m
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=thfURRSQzdw

terça-feira, novembro 12, 2024

“PÁSSARO BRANCO – UMA HISTÓRIA DE EXTRAORDINÁRIO” (White Bird)

Foto: Paris Filmes
EM “PÁSSARO BRANCO – UMA HISTÓRIA DE EXTRAORDINÁRIO” (White Bird), direção de Marc Forster, temos uma sequência do bom filme de 2017, “Extraordinário”, focando agora no garoto Julian Albans (Bryce Gheisar). Ele foi expulso de sua escola anterior por praticar bullying no garoto Auggie (Jacob Tremblay), que nasceu com uma deformação facial.
Na nova escola, Julian tenta passar despercebido, até que tem uma atitude antipática com uma colega. Ao voltar para casa, encontra a sua avó, Sara Albans (Helen Mirren), uma judia francesa, uma conceituada artista plástica que veio de Paris para Nova Iorque para inaugurar uma retrospectiva do seu trabalho.
E aí que a história engrena, pois ao falar de troca de escola e de seu dia na nova instituição, ele escuta ela dizer: “Julian, você não trocou de escola, você foi expulso da outra”. E nas próximas horas, o jovem irá escutar uma história que irá mudar a sua percepção sobre o mundo.
Afinal, Sara é uma sobrevivente do Holocausto. Adolescente, tinha uma vida normal no interior da França, até a chegada dos nazistas. A partir desse momento, a jovem passou a ver os que antes eram amigos se transformarem em verdadeiros antissemitas.
E um colega de escola sofria com o bullying, Julien (Orlando Schwerdt) por ter sido vitimado pela poliomielite e ser filho de um limpador de esgotos. O menino é o único que mostra simpatia por Sara, que sempre o desprezara devido a sua condição. E é ele que fará de tudo para tentar salvar a garota das garras dos alemães. Julien é um retrato de quem sofre preconceito, por usar muleta, as pessoas acreditavam que ele tinha problemas mentais – mas o seu silêncio era mais um escudo.
O filme é emocionante, principalmente os momentos passados durante a II Guerra Mundial, mostrando ainda sobre a coragem de ser diferente em um mundo onde todos devem ser aquilo que a maioria impõe. E também de como o ser humano pode ser amoroso em um momento onde a maldade dá as ordens.
Cotação: ótimo
Duração: 2h01min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=i22q_nGjTVM

“ARCA DE NOÉ”

Foto: Imagem Filmes
FILME SAÍDO DE UMA COLABORAÇÃO ENTRE Brasil e Índia, “Arca de Noé”, com direção de Sérgio Machado e Alois Di Leo se baseia na obra de nosso poeta Vinicius de Moraes, para contar a história da famosa e fantasiosa história bíblica.
Como todo mundo sabe, Noé recebe uma mensagem de deus lhe ordenando a construção de uma arca, pois descontente com sua obra, pretende recomeçar toda a vida na Terra novamente, projetando um dilúvio que durará 40 dias. E Noé deve levar para a arca um macho e fêmea de cada espécie.
E aí que entra a dupla de amigos inseparáveis, os ratinhos Tom (Marcelo Adnet) e Vini (Rodrigo Santoro). Como eles irão fazer para ficarem juntos, se apenas um deles poderá entrar na arca? Então eles devem trapacear para embarcar no navio, que também deixará de fora várias espécies consideradas más, como gorilas, cobras e leões – o vilão-mor é Baruk (Lázaro Ramos).
Apesar da trilha sonora inspirada nos clássicos álbuns Arca de Noé (1980 e 1981), com músicas de Toquinho e Vinícius de Moraes, a trama é rasteira, com piadas que não funcionam, além do que para tentar agradar a criançada, sejam usados diálogos que namoram com referências digitais, gírias da internet e memes. Ou seja, tudo soa muito forçado, não agradando nem crianças e nem adultos.
E os vilões são o genérico do genérico, verdadeiras caricaturas de personagens já vistos em desenhos animados anteriores, como por exemplo “O Rei Leão” e “Tarzan”. E tem até um veado que é...”gay”...não precisava, né!!!
Cotação: Ruim
Duração: 1h35min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=hPYRmPkG8rE

quarta-feira, novembro 06, 2024

“AINDA ESTOU AQUI”

Foto: Sony Pictures
“AINDA ESTOU AQUI”, dirigido por Walter Salles, é a adaptação cinematográfica do livro autobiográfico homônimo de Marcelo Rubens Paiva (Feliz Ano Velho), narrando a trajetória de sua família, principalmente a de sua mãe, Eunice Paiva, durante a ditadura militar no Brasil.
A trama é ambientada principalmente no começo dos anos 1970, quando o governo ditatorial de Garrastazu Médici ficou mais endurecido, perseguindo insaciavelmente todos aqueles que criticavam o sistema.
A família Paiva vivia no Rio de Janeiro, e o chefe da família era Rubens Paiva, deputado cassado logo quando os milicos tomaram o poder em 1964. Depois de exilado, voltou ao país com a mulher e os cinco filhos e trabalhava como engenheiro, de ótima condição financeira.
Até que no dia 20 de janeiro de 1971 alguns agentes da repressão bateram na porta da casa da família e o levaram para um interrogatório. Nunca mais voltaria para casa, assassinado sob tortura um ou dois dias depois, 21 ou 22 de janeiro (este o dia de meu aniversário de cinco anos). Eunice e uma das filhas também foram levadas para interrogatório – a garota foi libertada horas depois e a mãe ficou duas semanas detida, sofrendo tortura psicológica.
Quando retornou, pôs-se a tentar encontrar Rubens, e o governo negando a sua detenção. Com o tempo, Eunice teve certeza de que o marido, então com 41 anos, assim como ela, não voltaria. E teve de se reinventar, voltando para São Paulo com os filhos, se formando em direito aos 48 anos, e trabalhando na defesa dos povos originários e dos perseguidos políticos. Já octagenária, sofria de Alzheimer, morrendo aos 86 anos, cercada pelos filhos e netos.
E esta trajetória é mostrada de forma comovente por Walter Salles, com atuação vigorosa de Fernanda Torres como Eunice e Selton Mello como Rubens.
O filme toca fundo, além do drama pessoal de Eunice, no impacto do regime militar na vida de milhares de brasileiros, que passaram duas décadas de terror, repressão e arbitrariedades. A ditadura militar, depois dos 300 anos de escravidão e do governo ditatorial de Getúlio Vargas, foi outro período sombrio da história do Brasil.
A reconstituição de época é outro destaque, com um ou outro descuido de produção, como por exemplo, dois livros mostrados em cenas passadas em 1970, mas que foram lançados somente em meados daquela década – “Negras Raízes”, de Alex Haley e “O Diário de Anne Frank”, além de imagens em cores de um Jornal Nacional narrado por Cid Moreira, sendo que a TV colorida só seria introduzida no país em 1972. Mas são apenas detalhes.
“Ainda Estou Aqui” deveria ser mostrado nas escolas para os estudantes e também para aquelas pessoas, que por total ignorância, pedem a volta dos milicos ao poder. Agora falta um filme sobre Vladimir Herzog, outra vítima da ditadura militar.
Cotação: excelente
Duração: 2h17min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=_NzqP0jmk3o

“OPERAÇÃO NATAL” (Red One)

Foto: Warner Bros.
“OPERAÇÃO NATAL” (Red One), dirigido por Jake Kasdan, é mais um filme de ação do que aquelas obras fofinhas de final de ano.
Na trama, o Papai Noel, vivido por J.K. Simmons, é apelidado de Nick, que diferente dos outros papais noéis, não tem nada de gordinho. Ele é musculoso, e comanda uma verdadeira fábrica de presentes no Polo Norte, cercado de figuras mitológicas e tendo como chefe de segurança o fortão Callum Drift (Dwayne Johnson).
Porém, toda a segurança em cima do bom velhinho não serve de nada quando o hacker Jack O'Malley (Chris Evans) consegue localizar o local secreto, e por troca de alguns dólares, o vende para a vilã Gryla (Kiernan Shipka, a filha de Don Draper, do seriado Mad Men). Desta forma, o Papai Noel é sequestrado.
Callum, que é um elfo gigante, tanto que a sigla que ele carrega no uniforme, de sua unidade, é ELF...sutileza passou longe...tem de tentar encontrar seu chefe, pois caso contrário, o Natal será esvaziado, com as crianças não recebendo os seus presentes. E para a missão, ele faz uma parceria com o hacker Jack, que se deu conta de sua burrada, e decide se regenerar.
E claro que a união dos dois é daquelas improváveis, pois Callum está para se aposentar, desiludido com o espírito natalino, pois as pessoas, nos dias de hoje, não se importam muito com as outras. E Jack é um pai ausente, sem conexão com o filho, e trabalha com criminosos.
Dito isso, o filme pretende mostrar o verdadeiro significado do Natal, que ele não deve ser perdido, que as pessoas devem seguir acreditando nas fantasias da data festiva...blá, blá, blá...e claro que com Dwayne Johnson no elenco, a história sempre descamba para a pancadaria. Insuportável e cansativo.
Cotação: ruim
Duração: 2h13min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=JE1fRhgrO3k

“NÃO SOLTE” (Never Let Go)

Foto: Paris Filmes
“NÃO SOLTE” (Never Let Go), direção de Alexandre Aja, é um terror psicológico mostrando o mundo devastado, onde a civilização desapareceu quase que por completamente, e um ser sobrenatural desconhecido domina o mundo exterior, matando toda aquela pessoa que deixe a segurança de sua casa.
Assim, June (Halle Berry) e seus dois filhos gêmeos Nolan (Percy Daggs IV) e Samuel (Anthony B. Jenkins) vivem isolados em uma casa na floresta.
Eles só saem ligados por cordas quilométricas para protegerem-se do mal que assola o mundo lá fora, pois precisam diariamente buscar alimentos.
Os garotos têm de seguir regras rígidas determinadas por June. Porém quando o inverno se avizinha, a alimentação começa a ficar escassa, e de repente, os três começam a ter dúvidas sobre o que estão vivendo, se é tudo delírio ou realidade.
A trama funciona até a sua metade, quando ocorre uma virada quase previsível, e que tira muito da força do filme, com os irmãos tendo um confronto entre a vida e a morte.
O lado bom de tudo é que “Não Solte!” é uma obra tensa, com muito suspense, e que foge da rotina dos filmes atuais de terror, onde existe apenas mortes gratuitas e sem sentido.
Cotação: bom
Duração: 1h42min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=DzZGGsKyHHo

terça-feira, novembro 05, 2024

“ABRAÇO DE MÃE”

Foto: Lupa Filmes
“ABRAÇO DE MÃE”, direção do argentino Cristian Ponce (História do Oculto (2020)) e roteiro dos brasileiros André Pereira e Gabriela Capello, é um longa-metragem de horror psicológico. Ele segue a jovem bombeira Ana, vivida por Marjorie Estiano (do seriado Sob Pressão), que quando criança, nos anos 1970, perdeu a mãe durante um incêndio.
E a trama foca em seu retorno às atividades, depois de um período afastada devido a ter congelado durante uma missão. Agora, Ana pretende mostrar que não está traumatizada e logo na sua volta, sua equipe é chamada para atender um asilo com risco de desabamento durante um forte temporal no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro.
O lugar parece ser o mais sinistro possível, com a dona paraplégica e hostil aos bombeiros, um atendente com ares de mistério.
O asilo é uma casa antiga, caindo aos pedaços e parece esconder um ser sinistro entre o seu interior. E esse ser surge para Ana na forma de um tentáculo que a persegue - claramente a forma do monstro é uma referência ao cordão umbilical, a primeira conexão entre a mãe e o bebê, pois Ana ainda vive depois de mais de duas décadas o luto pela perda de sua mãe.
“Abraço de Mãe” não revoluciona o gênero de terror, tem algumas decisões questionáveis, porém no balanço final é um bom filme. A produção é bem feita, trama prende, devido aos seus momentos de suspense, nada sendo entregue de mão beijada. E Marjorie consegue transmitir pânico, enquanto os coadjuvantes passam muita loucura em seus olhares.
Cotação: bom
Duração: 1h34min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=YPXAEKFaoZ8

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...