quinta-feira, junho 20, 2024

“O ESTRANHO”

Foto: Embaúba Filmes
“O Estranho”, escrito e dirigido pela dupla Flora Dias e Juruna Mallon, tem como principal cenário o Aeroporto de Guarulhos (SP), um símbolo de progresso, mas uma marca forte processo de colonização e ocupação do território, construído sob terras indígenas. Ele é o estranho do título, um alienígena invasor.
O aeroporto foi inaugurado nos anos 1980 e é o mais movimentado da América do Sul. E o filme mostra diferentes datas daquele lugar (1590, 1932, 1893, 1677, 1492, etc.), antes habitado por nativos. Toda aquela região, incluindo os arredores é um personagem forte.
E nesse espaço onde 35 mil trabalhadores garantem o funcionamento diário, o filme mostra como protagonista Alê (Larissa Siqueira), funcionária do aeroporto que trabalha carregando as esteiras com as malas despachadas por viajantes. Moradora do lugar antes mesmo do surgimento de Guarulhos, ela foi testemunha da construção do local e os crimes praticados contra os antigos moradores. Desta forma, Alê mantém uma relação de amor e ódio com o local que lhe dá o trabalho, mas lhe retirou as raízes.
Ela também passa o tempo fuçando nas malas não recuperadas, furta pequenos objetos, e até monta uma coleção de fotos roubadas de viajantes e deixa outros nos objetos, como uma pedra da região numa mala. Alê ainda mantém um relacionamento com outra mulher, que a deixa meio sem rumo quando avisa que irá se mudar. O filme dedica um bom tempo a construir a psicologia e os amores desta mulher.
Ao mesmo tempo, ocorrem outras tramas paralelas, o que acaba enfraquecendo a história, que acaba ficando entediante. Nada acontece, os personagens ficam filosofando, enfim, dão espaço ao tédio. A aposta era em contar o drama vivido nesse antigo território indígena, mas a coisa toda ficou dispersa.
Os diretores Dias e Mallon definirão o processo do filme como uma total imersão no território de Guarulhos. “Pesquisa, preparação e filmagem nos levaram a perceber sua realidade como algo essencialmente heterogêneo e múltiplo. Quanto mais orientamos nosso olhar (e câmera) para os espaços e para as rotinas diárias dos trabalhadores do aeroporto, mais essa realidade se tornou rica e surpreendente”, analisaram. “Ao lado do aeroporto encontramos bairros urbanos populosos, mas também comunidades rurais, sítios arqueológicos escondidos, e povos indígenas em processo de retomada”, concluíram.
A aposta era em contar o drama vivido nesse antigo território indígena, mas a coisa toda ficou dispersa.
Cotação: ruim
Duração: 1h47min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=zttvMreqbZA

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