quinta-feira, setembro 10, 2009
A ONDA (DIE WELLE)
Poderia o nazismo reviver nos nossos dias? Este assunto não interessa mais aos alunos do professor Rainer Wegner, pois consideram que a geração deles não deve se sentir culpada pelo que fizeram Hitler e seus asseclas nas décadas de 30 e 40 do século passado. Por isso, Wegner (excelente atuação de Jürgen Vogel) decide realizar uma experiência no excelente A ONDA (Die Welle, de Dennis Gansel) e mostrar que uma ditadura fascista pode florescer sem que as pessoas o percebam.
Os estudantes de uma escola de ensino médio alemão e de todas as classes sociais entram de cara no projeto, sem notar que estão sendo manipulados e que aos poucos começam a reviver o que se passou na Alemanha naquele período trágico da história. Os jovens adoram um uniforme - calça jeans e camisa branca -, o que significa a perda da individualidade, uma saudação e um símbolo. E ainda cegos pela lavagem cerebral, começam a discriminar quemnão aceita participar do grupo – a principal vítima é a garota Karo (Jennifer Ulrich), que tenta avisar os colegas de que as coisas estão saindo do controle. Aliás, todo o elenco, quase todo ele formado por jovens atores, mostra-se bem afiado, inclusive a teuto-brasileira Cristina do Rego como a rejeitada Lisa.
A ONDA é uma refilmagem de um curta norte-americano de 45 minutos filmado em 1981, com direção de Alex Grasshof, e que retrata a história real do professor Ron Jones, que em 1967, em Palo Alto, na Califórnia, fez a experiência com seus alunos numa escola de segundo grau, com resultado desastroso. Jones nunca mais pode voltar a lecionar. Hoje, aos 66 anos, ainda vive na região e além dos filmes, teve sua ideia retratada no livro A Terceira Onda (não confundir com o livro homônimo de Alvin Tofler), escrito por Todd Strasser.
Cotação: excelente.
Chico Izidro
quinta-feira, setembro 03, 2009
UP - ALTAS AVENTURAS
Talvez uma das melhores animações dos últimos tempo: UP - ALTAS AVENTURAS, de Peter Docter e Bob Petersen. O desenho da Disney, que em muitos cinemas entrará em cartaz em 3-D, relata a vida do velhinho Carl Fredricksen (dublado magistralmente por Chico Anísio), que aos 78 anos, resiste ao avanço imobiliário em sua casa onde viveu toda a vida com seu amor de infância, Ellie. Após um terrível incidente, ele decide colocar em prática o que sempre sonhou com a mulher: viajar para a América do Sul e desbravar as matas selvagens da Venezuela. Por acidente, acaba levando junto um garotinho, o tagarela Russel. Os diálogos entre os dois são hilários, principalmente na irritabilidade de Carl com o pequeno escoteiro.
Porém UP não é uma simples comédia animada de aventuras dirigida para as crianças. Ele também trata de amizade, amor, perdas (e aqui não posso adiantar, para não estragar uma parte muito emotiva do filme) e desilução.
Cotação: ótimo
Chico Izidro
O SEQUESTRO DO METRÔ 123
Às vezes, ou quase sempre, nada melhor do que o original, neste caso da década de 1970, com o falecido Robert Shawn (Tubarão e Domingo Negro). Nesta refilmagem de Tony Scott, o SEQUESTRO DO METRÔ 123, a tecnologia toma conta da cena e não faltam as tradicionais batidas de carro e assassinatos a sangue-frio. Porém o embate entre o vilão John Travolta e o mocinho Denzel Washington rende bons diálogos, apesar de às vezes o ator de Os Embalos de Sábado à Noite mostrar-se excessivamente histriônico.
Travolta sequestra a tal linha de metrô, que tem este número pois sai da estação central exatamente à 1h23 da tarde, e faz vários reféns. Para libertá-los, exige 10 milhões de dólares. Washington é o funcionário do metrô rebaixado de cargo por suspeita de suborno, e que acaba virando o mediador entre sequestradores e a prefeitura de Nova Iorque. Até a sua metade, O SEQUESTRO DO METRÔ 123 vai bem, depois vira um pastiche convencional e que só faz a gente torcer logo por seu término.
Cotação: regular
Chico Izidro
A ORFÃ
A ORFÃ, de Jaume Collet-Serra, lembra e muito o Anjo Malvado, estrelado por MacCauley Culkin, de 1994. Aqui, no entanto, sobressai a boa atuação da estreante Isabelle Furhmann no papel de Esther. Adotada pelo casal Kate (Vera Farmiga, de Os Infiltrados) e John (Peter Skargard, de Soldado Anônimo), que desejavam um terceiro filho e o perderam. Então encontram num orfanato a carismática e inteligente Esther. Doce no início, a garota logo vai se mostrar um verdadeiro demônio, principalmente para Kate e a garotinha surda-muda Max (Aryana Enginner, outra boa surpresa do filme). O problema é que A ORFÃ cai no lugar comum dos filmes de terror, com Kate tentando mostrar que Esther é a crueldade em carne e osso. Porém todos duvidam dela, que tem um passado problemático devido ao alcoolismo. O final é até surpreendente, quando Kate descobre o terrível passado da sua filha adotiva.
Cotação: regular
Chico Izidro
A VIDA SECRETA DAS ABELHAS
Imagine a mistura de A Cor Púrpura com Tomates Verdes Fritos! Teremos A VIDA SECRETA DAS ABELHAS, de Gina Prince-Bythewood. Nos confins da racista Carolina do Sul em 1964, a adolescente Lily (Dakota Fanning, é, a garotinha de Guerra dos Mundos cresceu e até já dá beijo na boca), maltratada pelo pai T. Ray (a ex-promessa Paul Bettany, de Coração de Tinta) e querendo saber o que aconteceu com sua mãe, foge de casa ao lado da amiga, a jovem negra Rosaleen (Jennifer Hudson, vencedora do Oscar por Dreamgirls), que é perseguida por querer inscrever-se para votar, o que é um acinte para os racistas locais.
As duas acabam refugiando-se na casa mais do que brega, pois é toda pintada de rosa, das irmãs Boatwright, August (Queen Latifah), June (Alicia Keys) e da depressiva May (Sophie Okonedo), que tiram o sustento com a venda de mel. As três vivem em um mundo quase à parte, em que o sistema racista da Carolina do Sul parece não ter espaço. Até a chegada de Lily e Rosaleen...Numa das cenas mais chocantes do filme, um rapaz negro é espancado e sequestrado por apenas sentar ao lado de Lily no cinema.
A VIDA SECRETA DAS ABELHAS não tem vergonha em apelar para o sentimentalismo, mas conta com boas atuações da própria Dakota e de Queen Latifah. Em certos momentos, porém, o espectador é pego de surpresa e acaba caindo no choro fácil.
Cotação: bom
Chico Izidro
AMANTES
Joaquim Phoenix afirmou ser este o seu último filme, pois agora vai se dedicar ao rap - e ele até arrisca um numa cena. O que convenhamos é uma pena, pois Phoenix (irmão mais novo do falecido River) é um belo ator. Em AMANTES (Two Lovers, de James Gray, ele deixa isso bem claro no papel de um jovem depressivo, Leonard, que retorna à casa dos pais (a mãe é interpretada pela outrora belíssima Isabela Rosellini), e vê-se envolvido com duas belas mulheres: a cândida Sandra (Vinessa Shaw), de tradicional família judaica e que faz tudo por ele, e a doida Michelle (Gwyneth Paltrow), destrutiva e destruidora e que mantém um romance mal-sucedido com um homem mais velho e casado (Elias Koteas, de Além da Linha Vermelha). Claro que Leonard vai percorrer o caminho mais pedregoso. Mas quem poderia resistir a beleza radiante de Paltrow? Um belo filme intimista, que só tropeça em seu final, ao escolher um caminho mais tradicional para o desfecho.
Cotação: bom
Chico Izidro
A GAROTA DE MÔNACO
Um famoso advogado, Bertrand Beauvois (Fabrice Luchini, de Paris) parte para o Principado de Mônaco com a missão de defender uma milionária acusada de ter assassinado o amante. Na rica cidade, ele tem a vigilância mais do que sufocante do segurança Abadi Christophe (Roschdy Zem, de Dias de Glória), mas acaba se apaixonando pela bela Edith (Stéphane Audran), que trabalha numa emissora de tevê como a garota do tempo. A GAROTA DO TEMPO, de Anne Fontaine, enfim é uma história batida, que trata da paixão de um homem cinquentão por uma garota na casa dos vinte e poucos anos. Nada mais Woody Allen.
Edith, completamente perua, acaba virando a cabeça de Bertrand, que quase perde o foco no julgamento, apesar de avisado por seu segurança, que manteve um romance com a garota. Ela, aliás, é um verdadeiro arroz de festa, que já transou com meio Mônaco, o que deixa o advogado mais enciumado ainda.
A GAROTA DE MÔNACO tem momentos divertidos, porém mostra-se irregular e o seu final é marcado por um tremendo erro de roteiro, que não passa despercebido a olhos e mentes mais atentos. Mas vale ver a pena a beleza natural do Principado. Um porém: a cópia exibida tem um grave problema - a legendagem branca acaba sumindo quando a cena é por excessivamente clara, deixando quem não é fluente no idioma de Victor Hugo e Napoleão completamente perdido.
Cotação: regular
Chico Izidro
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“QUEER”
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