quinta-feira, setembro 29, 2016

"O Vale do Amor" (Valley Of Love)




O adeus dos pais a um filho que se mantinha distante é o tema de "O Vale do Amor" (Valley Of Love), direção de Guillaume Nicloux. Um bom filme, que encontra no par principal, Isabelle Huppert (“Amor”) e Gérard Depardieu (“Bem-Vindo a Nova York”), perfeita sintonia.

O filho deles, Michael, se suicidou ingerindo inúmeros comprimidos. Mas deixou uma carta endereçadas aos pais, incluindo um roteiro de viagens que eles devem seguir ao longo de uma semana. O destino é o Vale da Morte, situado na Califórnia, onde ele promete fazer uma aparição pós-vida.

Isabelle Huppert e Gérard Depardieu, que se reencontram na telona após 35 anos - trabalharam juntos em "Loulou”, de Maurice Pialat, tem seus personagens com seus próprios nomes e até a profissão mantida. Numa cena engraçada quase no começo, Depardieu é abordado por um sujeito, que lhe pede um autógrafo: "Você é ator, né? Não me lembro dos seus filmes, mas sei quem você é. Poderia me dar um autógrafo?". E Depardieu assina como Bob de Niro.

A dupla, que constituiu novas famílias, tem a oportunidade de avaliarem suas vidas e de notarem como foram negligentes com Michael – Isabelle teria ficado nada menos que sete anos sem vê-lo.

“O Vale do Amor” é delicado e triste, com Isabelle Huppert trazendo uma carga dramática comovente e Gérard Depardieu mostrando uma fragilidade física sem pudor - ele caminha para lá e cá sem camisa, ostentando uma enorme barriga.


Duração: 1h33min

Cotação: bom
Chico Izidro

"O Lar das Crianças Peculiares" (Miss Peregrine's Home For Peculiar Children)




O novo filme de Tim Burton, "O Lar das Crianças Peculiares" (Miss Peregrine's Home For Peculiar Children), adapta o livro O Orfanato da Sra. Peregrine para Crianças Peculiares, de Ransom Riggs. Na história, Jake (Asa Butterfield), é um garoto solitário que em certa noite testemunha o avô Abe (Terence Stamp) ser morto por um monstro. Ele então descobre que as histórias sobre crianças com dons especiais, que o avô lhe contava, eram verdade. Para se tratar psicologicamente, Jake e seu pai viajam para o País de Gales, onde o menino vai encontrar o local onde vivem estas crianças.

E elas estão presas no tempo - para as crianças, é sempre 1943, no dia em que o orfanato em que viviam sob a guarda de Miss Peregrine (Eva Green), foi destruído por um bombardeio alemão. Todas as crianças tem poderes especiais. Como Enoch (Finlay MacMillan), que consegue dar vida a bonecos inanimados, ou Emma (Ella Purnell), uma garota que é mais leve que o ar e precisa usar sapatos de chumbo para se manter no chão.

Mas o filme é longo demais, detalhado demais. E isso vai cansando. Apesar dos efeitos especiais serem bons, a história é por demais previsível. E ótimo ator Samuel L. Jackson, que interpreta o vilão Barron, acaba exagerando na canastrice, com caretas e olhares de louco. Enfim, toda a magia que se espera de um filme de Burton, acaba se perdendo na sua parte final. Encanto médio.


Duração: 2h10min

Cotação: regular
Chico Izidro

O Bebê de Bridget Jones (Bridget Jones's Baby)



Quinze anos após a estreia do primeiro filme, Renée Zellweger, que era tão bonita e hoje mostrando um rosto completamente plastificado de botox, volta ao papel que a consagrou. Em 2001, o best-seller de Helen Fielding deu origem ao filme "O Diário de Bridget Jones" (Bridget Jones’s Diary). O longa ganhou uma sequência em 2004, também baseada em um livro de Fielding. Agora, a personagem está quarentona em O Bebê de Bridget Jones (Bridget Jones's Baby), direção de Sharon Maguire.

A personagem começa o filme sendo produtora do noticiário em que trabalhava. E mantém uma boa relação com o ex-namorado, o advogado Mark Darcy (Colin Firth). Num final de semana ela vai a um festival de música eletrônica e acaba mantendo relações com o bilionário Jack (Patrick Dempsey, do seriado Grey’s Anatomy). Dias depois, em uma festa, reencontra Mark e vai para a cama com ele. Resultado, logo Bridget se descobre grávida e a pergunta fica no ar: quem será o pai do bebê?

E o longa prossegue numa chatice monumental, com piadas sem graça, sem envolvimento emocional entre os personagens, todos tão fofos que se tornam irritantes. E para piorar, a trilha sonora é horrível, repleta de músicas pop e baladas românticas – e tem até uma participação do cantor Ed Sheeran, interpretando ele mesmo. Fuja.

Duração: 2h03min

Cotação: ruim
Chico Izidro

quinta-feira, setembro 22, 2016

"Sete Homens e Um Destino" (The Magnificent Seven)



"Sete Homens e Um Destino" (The Magnificent Seven é um remake de um grande sucesso de 1960, que por sua vez era a versão americana do clássico japonnês "Os Sete Samurais", de Akira Kurosawa, de 1954. O novo filme é dirigido por Antoine Fuqua (Dia de Treinamento) e escrito por Richard Wenk e Nic Pizzolato (da série True Detective), e traz um elenco estrelado e nos novos tempos, colocando na telona a diversidade, com um negro liderando, um índio, um mexicano e um japonês habilidoso.

Na trama, a moradora de um pequeno povoado, Rose Krick, no oeste americano, Emma Culins (Haley Bennett), busca a ajuda de homens que consigam acabar com a tirania do dono de uma mineradora, Bartholomew Bogue (Peter Sarsgaard) que pretende expulsar todos os moradores do local. Assim ela encontra o caçador de recompensas negro Sam Chisolm (Denzel Washington), que decide ajudá-la. E ele sai recrutando pistoleiros e renegados para combater Bogue e seus capangas.

O elenco do filme tem além de Denzel Washington, Chris Pratt (o Star Lord de Guardiões da Galáxia), Vincent D'Onofrio (o vilão Rei do Crime de Demolidor), Lee Byung-hun (de G.I. Joe: A Origem de Cobra) e Ethan Hawke (de Boyhood - Da Infância à Juventude). Todos muito bem em cena,

O filme tem excelentes cenas de ação, tiroteios, explosões. Há ainda muita tensão com duelos, além do que a fotografia é algo para se destacar, por causa de qualidade e do cuidado.

Duração: 2h13min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Lembranças de um Amor Eterno" (La corrispondenza)



"Lembranças de um Amor Eterno" (La corrispondenza) começa mostrando um casal muito apaixonado. O professor universitário Ed Phoerum (Jeremy Irons) conversa com sua namorada/amante a jovem Amy Ryan (Olga Kurylenko) no quarto de um hotel. Logo eles se despedem. E Phoerum some da face da terra.

Aí o filme do diretor e roteirista italiano Giuseppe Tornatore, do clássico "Cinema Paradiso" começa a incomodar. Logo saberemos que o professor morreu, mas mesmo assim mantém a relação viva. Ele envia para ela, através de uma rede de conhecidos e contratados, correspondências, como cartas, flores, vídeos - e forçadamente apenas em acontecimentos da vida dela, que ele havia previsto que ocorreriam?????

A obsessão entra em campo. Dele, que mesmo morto, não deixa a garota prosseguir sua vida ou Amy, que tem como profissão ser de dublê de cinema e passa o filme quase todo a chorar e se lamentar pelos cantos. Lá pela trigésima vez já estamos cansados de tanto açucar em cena. "Lembranças de um Amor Eterno" tem elementos copiados de "PS: Eu Te Amo"

No final, o filme de Tornatore é um dramalhão cheio de frases de efeito e pieguice exagerada.

Duração: 1h56min

Cotação: ruim
Chico Izidro

"Cegonhas: A História que Não te Contaram" (Storks)



"Cegonhas: A História que Não te Contaram" (Storks), direção de Nicholas Stoller e Doug Sweetland, é uma animação que dá um passo atrás no conhecimento humano. Estamos em 2016 e o filme prega que os bebês são trazidos para seus pais por cegonhas....é muita ingenuidade.

Na história, as cegonhas pararam de entregar bebês e agora trabalham entregando encomendas de uma loja virtual, como celulares e outros equipamentos. Júnior é uma cegonha que está prestes a se tornar chefe na companhia de entrega, mas terá que demitir Tulipa, uma humana que nunca foi entregue para seus pais. Incapaz de dispensar a garota, ele a coloca no departamento de correspondência, e lá ela recebe a carta de um solitário garotinho que pede um irmãozinho. Sem querer, Tulipa ativa a máquina de bebês. A partir daí a garota e Júnior partem em uma jornada para entregar o bebê aos novos pais.

A premissa é lamentável. E o filme também. Apesar de tentar utilizar um truque descarado, que é o de colocar em cena vários bebezinhos fofos na tela, para deixar todo mundo com cara de bobo. Um filme que não empolga.

Duração: 1h29min

Cotação: ruim
Chico Izidro

"Conexão Escobar" (The Infiltrator)



Em época onde Pablo Escobar está em alta por causa da série "Narcos", da Netflix, chega aos cinemas o thriller "Conexão Escobar" (The Infiltrator), dirigido por Brad Furman, e que mostra o governo americano tentando combater o cartel de Cali em meados dos anos 1980.

Baseado em fatos reais. "Conexão Escobar" conta a história de um oficial da alfândega dos EUA, Robert Mazur, que se infiltra no cartel de drogas comandado por Pablo Escobar usando a identidade de Bob Musella, um empresário especializado em lavagem de dinheiro. A missão de Mazur é das mais difíceis, pois ele coloca em risco não só a própria vida, como a de sua família e de amigos. Em determinado momento, Mazur consegue se tornar amigo de Roberto, um dos homens de confiança de Pablo Escobar.

O filme transmite muita tensão e sempre existe a sensação de que a qualquer momento algo trágico vai acontecer. Todos estão bem em cena, inclusive a bela Diane Kruger, que vive Kathy Ertz, agente que se passa por noiva de Mazur. Outro acerto é a reconstituição de época, seja nos figurinos, cabelos, cenografia e também a bela fotografia do também estreante Joshua Reis.

Duração: 2h07min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Desculpe o Transtorno"




Este filme brasileiro, "Desculpe o Transtorno", dirigido por Tomás Portella, falha por não se definir como comédia romântica ou drama. Está mais para a primeira opção, mas nada se concretiza.

A história mostra um homem de seus 20 e poucos anos, Eduardo (Gregório Duvivier) que trabalha na empresa do pai em São Paulo e é noivo de uma garota mimada, Viviane (Dani Calabresa). Todo certinho, rigoroso com horários e sem sorrir, ele acaba sofrendo uma transformação. Ao viajar para o Rio de Janeiro, onde acompanhará o enterro da mãe, assume outra personalidade, a de Duca, despreendido, apaixonado pela vida.

Ele acaba conhecendo Bárbara (Clarice Falcão), que trabalha no aeroporto vestida de coelho e que distribui balões otimistas para as pessoas. E Bárbara é completamente diferente de sua noiva. Porém as transformações de personalidade de Duvivier não funcionam, não convencem. O ator do Porta dos Fundos só consegue mostrar uma cara desanimada.

"Desculpe o Transtorno" sofre pela falta de ritmo, tornando-se cansativo. Não beira o constrangimento de outras produções nacionais, que procuram o besteirol, mas fica no meio do caminho, não sabendo se definir.

Duração: 1h34min

Cotação: regular
Chico Izidro


quinta-feira, setembro 15, 2016

"Bruxa de Blair" (Blair Witch)



O filme de 1999 revolucionou o cinema de terror, ao mostrar jovens perdidos em uma floresta, sendo perseguidos por uma entidade malígna, cujo destino acaba sendo descoberto em um vídeo. À época, se divulgou que a história seria real, e muita gente acreditou. Eu sinceramente não achei nada de mais naquele filme.

Pois agora passados 17 anos chega a sequência (houve uma segunda parte em 2002, que não tinha muito haver com o original). Em "Bruxa de Blair" (Blair Witch), dirigido por Adam Wingard, a história remete ao jovem James (James Allen McCune), irmão da protagonista do filme original e que após descobrir um vídeo onde aparece a imagem de sua irmã, prepara uma expedição para retornar à floresta de Black Hills. Ele acha ter pistas sobre o desaparecimento dela, há 17 anos. Junto com um grupo de amigos, municiados de várias aparelhos de filmagens modernos - walkie-talkies, micro-câmeras e até um drone-, além de GPS, eles entram na fechada mata que ainda carrega a lenda da Bruxa de Blair.

E não demora para que a floresta mostre que apesar dos avanços tecnológicos, o terror é mais forte. Na primeira hora, até se sente uma certa tensão, afinal sabemos que logo, logo os demônios irão aparecer e começar a meter medo. O problema é que quando o horror aparece, o que vemos são câmeras tremidas, gente correndo pela floresta, aos berros, muitos berros e muita escuridão. Acabamos cansando - uma das personagens passa o tempo gritando James, James, James.

Enfim, este esquema de câmera na mão já cansou. Talvez seja a hora de se criar um novo modo de criar medo nas pessoas.

Duração: 1h 29min

Cotação: ruim
Chico Izidro

"De Longe Te Observo" (Desde Allá



Às vezes descobrimos pequenas e boas surpresas em filmes que passam despercebidos. O venezuelano "De Longe Te Observo" (Desde Allá), dirigido por Lorenzo Vigas Castes é uma dessas. Um filme que começa com temática homossexual, mas que no final mostra mais a procura pela figura paterna.

Na trama, Armando, o ator chileno Alfredo Castro, de "Tony Manero”, é o dono de um laboratório de próteses dentárias. Órfão de mãe, com problemas com o pai, ele é muito solitário. Como possui bastante dinheiro, tem um fetiche, que é o de procurar rapazes pelas ruas de Caracas e oferecer dinheiro para que se dispam para ele, enquanto se masturba. As coisas ficaram meio estranhas quando ele conhece o jovem Elder (Luis Silva), lídera de uma gangue de rua. Ao levá-lo para casa, Armando acaba sendo espancado e roubado pelo garoto.

Mas o incidente fará com que Armando se sinta tentado a voltar a procurar Elder, que no começo se mostra desconfiado. Afinal, ele roubou e espancou o velho. Aos poucos, começa a se criar entre os dois uma estranha amizade, inquietante.

Os dois tem entre eles várias diferençasm, seja econômica, cultural e social. E Armando reprime a sua homossexualidade, passando a atuar mais como uma figura paterna para Elder, que porém vai para o outro lado.

Alfredo Castro é um excelente ator, preciso em sua atuação. Ele é ágil, se utilizando de expressões corporais e faciais sutis, mas intensas. Já o novato Luis Silva também vai bem, mostrando uma agressividade de quem vive num mundo injusto e violento. Um baita filme.


Duração: 1h33min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Herança de Sangue" (Blood Father)



A história não traz nada de novo. Um homem e sua filha contra o mundo. Nada mais anos 1980. É o filme "Herança de Sangue" (Blood Father), direção de Jean-François Richet, e que tem como protagonista um envelhecido Mel Gibson, tentando sair do ostracismo hollywoodiano.

Na história, ele é John Link, ex-presidiário, que vive no deserto da Califórnia, tirando o sustento como tatuador num estúdio montado em seu trailer. Durante o tempo em que esteve preso, a mulher morreu e a filha se perdeu pelo mundo. Pois num belo dia, seu telefone toca. É a sua filha, Lydia (Erin Moriarty). Só que ela não quer o carinho do pai perdido, mas sim que ele a ajude a se esconder, afinal ela se metera em uma confusão envolvendo seu namorado, que faz parte de uma família de traficantes. Quando Lydia enfim surge à sua porta, Link fará de tudo para proteger a garota, buscando força de onde nem imaginava que tivesse mais.

"Herança de Sangue" é um belo filme sobre a relação entre um pai e sua filha, que enfim, em meio ao perigo, tentam reencontrar um amor que estava perdido nas profundezas. Muito sangue, violência pelo caminho dos dois, bem naquele estilo dos filmes oitentitas. E Mel Gibson está ótimo, com aquele seu olhar enlouquecido que costumava mostrar em "Máquina Mortifera". Lembra em muito "Comando Para Matar", onde Arnold Schwarzennegger partia para salvar a filha, vivida por Alissa Milano.

Duração: 1h 28min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

quinta-feira, setembro 08, 2016

"O Roubo da Taça"



O sumiço da Taça Jules Rimet em 1983 é a inspiração para “O Roubo da Taça”, do diretor Caíto Ortiz. A taça foi dada ao Brasil após a Copa do Mundo de 1970, quando a Seleção Brasileira foi a primeira a se tornar tricampeã do mundo, derrotando no México outro selecionado que também buscava seu terceiro campeonato naquele ano. O troféu foi levado da sede da CBF, no Rio, em 19 de dezembro de 1983. E teria sido derretido pelos ladrões, que não conseguiam vender o objeto.

Nesta comédia de erros, temos o protagonista
Peralta (Paulo Tiefenthaler), que trabalha como vendedor de seguros, mas é um típico malandro carioca, que gasta tudo o que ganha em cassinos clandestinos. Devendo uma grana preta, e com a namorada/esposa Dolores (Taís Araújo) querendo que ele oficialize a união, Peralta decide roubar a réplica da taça junto com o amigo Borracha (Danilo Grangheia), que aceita o convite no ato. A dupla invade a CBD (antiga CBF) no centro do Rio e rouba o caneco.

Mas eles não esperavam é que a taça exposta era a original, com a réplica estava no cofre, uma ideia de girico dos dirigentes da entidade. Assim, o roubo provoca uma grita, e polícia, exército e imprensa querendo descobrir os responsáveis. Peralta e Borracha tentam vender a taça, mas ninguém quer se envolver no esquema.


A escolha dos atores foi perfeita. Tiefenthaler está ótimo como o malandro carioca, que se mete em enrascadas e ao tentar sair delas, se afunda mais ainda. Taís Araújo também vai muito. O elenco ainda conta com o sempre excelente Milhem Cortaz, que interpreta o investigador Cortez. Além disso, o trabalho de direção de arte e fotografia recriam com perfeição o Rio de Janeiro dos anos 1980.

Duração: 1h16min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Últimos Dias no Deserto" (Last Days in the Desert)



Dirigido pelo cineasta colombiano Rodrigo García, filho do escritor Gabriel Garcia Marquez e diretor do excelente “Albert Nobbs”, “Últimos Dias no Deserto” (Last Days in the Desert) mostra uma passagem na vida de Jesus Cristo, quando este questiona sua fé, em conversas com o próprio Diabo.

A trama, baseada no Velho Testamento, mostra Jesus Cristo, vivido pelo ótimo ator Ewan McGregor, vagando pelo deserto e se dirigindo para Jerusalém. Em sua trajetória, ele encontra uma família que vive isolada e em crise. A mãe está doente, o filho deseja conhecer o mundo e o pai é um descrente e Jesus Cristo põe seus conhecimentos de carpintaria a serviço deles.

O filme até possui uma premissa interessante, mas não atinge o esperado. Na pele de Jesus Cristo está o bom ator Ewan McGregor, que até tem uma boa interpretação, mas não segura o rojão. E "Últimos Dias no Deserto" é arrastado , sem dinâmica, tornando-se uma verdadeira tortura para o espectador. Faltou ao diretor uma melhor definição do que ele desejava passar. Enfim, Rodrigo Garcia não consegue atingir com sua proposta.

Duração: 1h56min

Cotação: ruim
Chico Izidro

"O Homem Nas Trevas" (Don´t Breathe)



"O Homem Nas Trevas" (Don´t Breathe), dirigido pelo uruguaio Fede Alvarez, é um suspense muito bom. De arrepiar os cabelos. E nada de fantasmas. Aliás, o terror está presente na pele de um velhinho cego. A trama, em um clima totalmente claustrofóbico, se passa quase toda ela dentro de uma casa.

A história mostra um trio de ladrõezinhos formado por
formado por Rocky (Jane Levy), Alex (Dylan Minnette) e Money (Daniel Zovatto). Eles cometem pequenas invasões em residências luxuosas graças ao acesso de um deles à companhias de segurança. Dentre as vítimas, aparece a figura de um homem cego (Stephen Lang), que guardaria em sua casa uma pequena fortuna. O problema é que o alvo é um ex-militar altamente treinado e com tendências homicidas. Os jovens acabam ficando presos dentro da casa e com o cego, que conhece cada espaço do local, no encalço deles.

Stephen Lang surpreende em sua performance assustadora, ajudado ainda pela presença de um pitbull completamente violento. Outra grande presença é a da garota Jane Levy, com uma grande atuação no papel de uma menina apavorada e perdida dentro de um labirinto que é a casa do velho cego.

Duração: 1h28min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

“Cães de Guerra” (War Dogs)



Ao sair da sessão de “Cães de Guerra (War Dogs), direção de Todd Philips, diretor da trilogia “Se Beber, Não Case!”, tive a nítida impressão de já ter visto este filme antes. E sim, apesar da história diferente, a montagem, a trilha sonora, os personagens, tudo remetia ao seminal “Os Bons Companheiros”, de 1990, de Martin Scorsese.

Todd Philipps deixa clara a influência de Martin Scorsese em todo o filme, que na abertura afirma ser a história baseada em fatos reais, e ocorrida em 2005. A história
começa com David Packouz (Milles Teler) sendo ameaçado de morte por uma gangue de albaneses. Logo ele começa a contar como foi parar naquela situação.

David era um massagista falido que prestes a ter seu primeiro filho decide trabalhar com seu melhor amigo Efraim Diveroli (Jonah Hill), que trambiqueiro, ganha a vida vendendo armas para o exército americano no Iraque. Os dois começam a ganhar fortunas e melhorar de vida. Mas claro que tudo que vem fácil, vai fácil mais rápido ainda.

“Cães de Guerra” tem um excelente timing cômico, auxiliado pela ótima dinâmica entre Miles Teller e o gordinho Jonah Hill, que vive quase um sociopata e com uma risadinha histérica sensacional. E apesar de copiar o estilo de Martin Scorsese, vale a visitação.

Duração: 1h55min

Cotação: bom
Chico Izidro

“ Nós duas descendo a Escada”



“ Nós duas descendo a Escada”, dirigido pelo cineasta Fabiano de Souza, é um filme de forte temática gay, mas levado de forma leve e sem muita pregação. A história de amor entre duas mulheres é de certa forma cativante, e já ouvi alguém falar que seria o “Azul é a Cor Mais Quente” brasileiro.

Na trama, Adri (Miriã Possani), é uma jovem recém formada na faculdade de artes que divide seu tempo entre o único amigo, o emprego numa pequena livraria e a terapia. Um dia, ela conhece a arquiteta mais velha Mona (Carina Dias), e as duas se apaixonam perdidamente. O romance das duas é contada de forma cronológica, com os meses sendo mostrados na tela, assim como manchetes de jornais que marcaram o período, que se passa entre os anos de 2012 e 2013.


Claro que nem tudo são flores, e no decorrer do relacionamento, surge a insegurança, possessão e ciúmes.
Ajuda na construção da trama as atuações seguras de Possani e Dias, em personagens que pedem muita entrega.

A trilha sonora é repleta de canções dos gaúchos Canções de Graforréia Xilarmônica, Nei Lisboa, Frank Jorge e Júpiter Maçã. Outros elementos muitos fortes são os cenários de Porto Alegre – quem mora ou conhece bem a cidade vai reconhecer vários pontos importantes ou representativos da capital dos gaúchos. Enfim, Fabiano de Souza mostra um trabalho intenso, divertido e emocionante.

Duração: 1h47min

Cotação: bom
Chico Izidro

"Aquarius"



“Aquarius” é um filmaço dirigido pelo pernambucano Kleber Mendonça Filho, o mesmo de “O Som ao Redor”,e tem como protagonista Clara (Sonia Braga), uma jornalista e escritora aposentada que vive no velho Edifício Aquarius, de frente para a Praia de Boa Viagem, em Recife. Como a última moradora do lugar, ela recebe forte assédio de uma construtora, a Bonfim, para que venda seu apartamento. Mas o local é repleto de referências de sua vida, e ela só pretende sair dali morta.

O seu antagonista é o jovem arquiteto arrogante Diego (Humberto Carrão, excelente), que faz de tudo para que Clara desista de tudo e acabe vendendo o apartamento, para que ali seja construído um arranha-céus.

“Aquarius” vive muito ainda da excelente trilha sonora – aposentada, Clara passa os dias na praia e depois no apartamento lendo e ouvindo seus discos de vinil. E tem gosto para tudo, passando por Queen, Gilberto Gil, Mateus Alves, Maria Bethânia, Reginaldo Rossi, Roberto Carlos e Taigurara.

Sonia Braga tem uma interpretação de tirar o fôlego. A veterana atriz, ainda muito bonita, confere grande dignidade e veracidade à Clara.

Duração: 2h25min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

quinta-feira, setembro 01, 2016

"Star Trek - Sem Fronteiras" (Star Trek Beyond)




Eu era fã da série televisiva dos anos 1960, que assisti quando criança na década seguinte. Porém os filmes no cinema, começando em 1979 me passaram ao largo - só assisti ao primeiro, "Jornada nas Estrelas - O Filme", e há apenas um mês. Os outros estão guardados no computador, mas vou vê-los...

Bem, agora chega aos cinemas o terceiro filme da safra coordenada por J. J. Abrams, que agora ficou apenas na produção, passando a direção para o taiwanês Justin Lin. "Star Trek - Sem Fronteiras" (Star Trek Beyond) mostra o acerto na fórmula, renovando os atores, mas mantendo os mesmos personagens, e sem mudar suas características.

Neste longa, temos o capitão James T. Kirk (Chris Pine), o oficial vulcano Spock (Zachary Quinto), o médico Leonard "Magro" McCoy (Karl Urban), o engenheiro Montgomery Scott (Simon Pegg, que é um dos roteiristas do filme), o piloto Sulu (John Cho), a oficial de comunições Nyota Uhura (Zoë Saldaña) e o navegador Pavel Chekov (Anton Yelchin, que faleceu este ano atropelado por seu carro). Eles estão numa missão de cinco anos pelo espaço, quando recebem o pedido de ajuda de uma humanoide.

Mas na realidade, a tripulação da Enterprise cai numa armadilha do vilão Krall (Idris Elba), que planeja destruir o planeta em que está localizada a Federação Unida dos Planetas.

O longa é ótimo, graças ao carisma do elenco, sustentado por uma história envolvente. É um filme repleto de ação, com excelentes efeitos especiais, muito humor, suspense. E emociona ainda, quando já em seu final é feita uma homenagem ao elenco original da série sessentista. De chorar.


Duração: 2h02min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Um Namorado Para Minha Mulher"



"Um Namorado Para Minha Mulher", dirigido por Julia Rezende, é um remake do sucesso argentino "Un Novio Para Mi Mujer", dirigido por Juan Taratuto em 2009. E o filme não decepciona, apesar de ter em seu elenco a chata Ingrid Guimarães, rainha das bobas comédias globais que entopem nossos cinemas.

Na história, ela vive Nena, uma mulher chata e amarga, e casada com Chico (Caco Ciocler) há 15 anos. Este período deixou o marido cansado do relacionamento e ele está decidido a se separar, mas sem ter coragem decide contratar um amante para Nena, o estranho Corvo (Domingos Montagner), para que ela se apaixone e decida tomar a decisão de acabar com o casamento.

Lá pelo meio da trama, já dá para sacar o que vai acontecer. Mesmo assim, "Um Namorado Para Minha Mulher" consegue ser divertido. Pois abre mão dos recursos das insossas comédias brasileiras, que são atuações histéricas e corporais, piadas sexuais e as tortas na cara.

Ingrid Guimarães está divertida no papel de Nena, entregando um personagem que, por sua chatisse, acaba criando uma empatia estranha com a plateia. Caco Ciocler também está bem como o sofrido e medroso Chico. E Domingos Montagner como Corvo é um achado - tipinho quase bicheiro, se achando a última bolacha do pacote.

Duração: 1h40min

Cotação: bom
Chico Izidro

"O Sono da Morte" (Before I Wake)



O diretor Mike Flanagan se lançou com "O Espelho" (Oculus), em 2013. Neste ano ele já lançou o tenso "Hush: A Morte Ouve", que não saiu nos cinemas, e agora chega com "O Sono da Morte" (Before I Wake), um filme que promete muito, mas se perde na parte final.

A trama apresenta o casal Jessie (Kate Bosworth, de Superman: O Retorno) e e Mark Hobson (Thomas Jane, de O Nevoeiro), que perderam seu único filho num acidente doméstico. Tempos depois, eles decidem adotar um garoto, Cody, interpretado pela revelação do ano passado, Jacob Tremblay (O Quarto de Jack). O garoto é uma fofura, educado, tranquilo, amigável, logo caindo nas graças de Jessie e Mark.

Só que aos poucos as coisas vão ficando estranhas na casa, quando começam a aparecer durante a noite borboletas, vagalumes e outras visões, como por exemplo a imagem do filho morto deles. Jessie e Mark. Eles logo chegam a conclusão de que o garoto tem um dom ou uma maldição: toda vez que dorme, seus sonhos se transformam em realidade. E as coisas vão piorando, pois Cocy começa a ter pesadelos com uma criatura que leva pessoas para uma outra dimensão.

Pena que "O Sono da Morte" não consiga manter a pegada em sua parte final, se perdendo em uma sequência de cenas desconexas e incoerentes, e com vários furos no roteiro.


Duração: 1h37min

Cotação: regular
Chico Izidro

"Francofonia - Louvre Sob Ocupação" (Francofonia, le Louvre sous l’Occupation)



Assim como em Arca Russa (2002), Aleksandr Sokúrov realiza, "Francofonia - Louvre Sob Ocupação" (Francofonia, le Louvre sous l’Occupation), uma viagem pela história através da arte. O cineasta russo alia documentário, ficção, teatro, no espírito francês do “Liberdade, Igualmente, Fraternidade“. A trama se foca na ocupação nazista em Paris durante a Segunda Guerra Mundial, tendo como pano de fundo o Museu do Louvre.

Sokurov utiliza gravações de época, destacando imagens da capital francesa em 1940, quando da visita do ditador Adolf Hitler à cidade quando ela foi declarada cidade aberta, para não ser destruída por bombardeios. E vemos a dramatização envolvendo o diretor do Louvre, Jacques Jaujard, diretor do Louvre, e o Conde Wolff-Metternich, general nazista que deveria tomar posse dos milhares de tesouros presentes no museu e enviá-los para o Reich. Mas amante da arte, ele foi figura essencial para que as peças seguissem na França.

A câmera passeia contemplativa pelos corredores do Louvre, mostrando suas pinturas e esculturas. O Hermitage, em São Petesburgo, que havia servido de cenário para Arca Russa (2002), é também lembrando por Sokurov. Uma falha no filme, no entanto, é esquecer a perseguição aos judeus ocorrida em Paris naqueles anos de domínio nazista.

"Francofonia - Louvre Sob Ocupação" (Francofonia, le Louvre sous l’Occupation) não é um filme fácil de ser assistido. Tem um ritmo lento, excesso de narração, imagens congeladas tornam desafiante assistir a Francofonia sem sentir cansaço. Enfim, ele requer concentração, paciência e boa dose de entrega por parte do espectador. Ainda bem que não é uma obra de longa duração.

Duração: 1h24min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...