quinta-feira, outubro 24, 2019

"Downton Abbey"



A série "Downton Abbey" (2010-2015) me cativou de um jeito, que fui obrigado a maratonar todas as suas temporadas. A trama, criada por Julian Fellowes, segue a vida de uma família de aristocratas ingleses entre os anos de 1912 e 1919 - ou seja pré e pós I Guerra Mundial -, mostrando suas regalias, mas também focava e muito na criadagem, muitos querendo a ascensão social, e outros apenas sendo subservientes. Agora chega à telona o filme "Downton Abbey", direção de Michael Engler, e trazendo todos os personagens, com exceção daqueles que morreram.

Vivendo em um importante castelo, o fictício Downton Abbey (a abadia de Downton), a família Crawley, do patriarca e nobre Robert (Hugh Bonnevile) fica sabendo que a propriedade será palco de uma visita do rei inglês George 5º. Os criados ficam divididos, entre excitados pela visita e por como se comportarem e agradarem à realeza. A obra segue a mesma toada da série, que era mostrar a convivência, nem sempre agradável, de classes diferentes sobre o mesmo teto. Um dos personagens mais icônicos é o ex-motorista da família, Tom Branson (Allen Leech), e que ascendeu depois de casar com uma das filhas de Robert.

Muito engraçado ainda é notar a diferença entre iguais - os criados da mansão se sentem rebaixados pelos criados do rei George 5º, que aparentemente se sentem superiores e com mais direitos, afinal eles servem ao rei, e não apenas a um nobre.

"Downton Abbey" foca ainda nos direitos civis, na figura do mordomo Thomas Barrow, que vive escondendo sua condição homossexual, já que ser gay foi crime na Inglaterra até o final dos anos 1960. No longa, ele tem a oportunidade de curtir um romance nas sombras, nem que seja por pouco tem.

O filme mantém o mesmo cuidado visual e histórico visto na série - o único porém é que quem não é seguidor da série terá certa dificuldade em acompanhar um pouco as tramas e dramas paralelos - ah, o longa deu um salto temporal e transcorre em 1926.

Cotação: ótimo
Duração: 2h02
Chico Izidro

"Zumbilândia - Atire Duas Vezes" (Zombieland: Double Tap)



O primeiro "Zumbilândia" (2009) é bom lembrar, é anterior ao fenômeno "The Walking Dead", e era recheado de bom humor. Num mundo onde ocorreu uma epidemia zumbi, o jovem Columbus (Jesse Eisenberg) criou várias regras para sobreviver ao ataque dos mortos-vivos. E em sua trajetória, ele se unia ao solitário Tallahassee (Woody Harrelson) e as irmãs Wichita (Emma Stone) e Little Rock (Abigail Breslin). Passados dez anos, e o público meio cansado de zumbis - TWD segue, mas a cada dia perdendo mais audiência (eu sigo fiel, para ver onde tudo vai parar), agora a trupe retorna em "Zumbilândia - Atire Duas Vezes" (Zombieland: Double Tap), ainda tentando viver em meio ao caos.

Columbus e Wichita são um casal, Tallahassee continua solitário, mas Little Rock cresceu, está na adolescência, impaciente, e quer um namorado, e mais liberdade. A turma começa o filme numa abandonada Casa Branca, onde aparece um quadro do ex-presidente Barack Obama pendurado na parede. E Columbus tem a ideia de pedir a namorada em casamento, claro que a menina vai entrar em pânico.
E Little Rock, querendo mais do mundo, encontra um possível date, o hippie Berkeley (Avan Jogia), e decide sair por aí para curtir. Logo, os amigos estarão atrás dela, pois um dos lemas da turma é manter a união sempre.

Na jornada, surgem novos personagens, como a doidinha Madison (Zoey Deutch), a melhor sacada do filme. A garota é uma patricinha meio sem noção, sempre arrumada, maquiada, e demosntrando ter pouca inteligência: "os zumbis nunca irão atacá-la, pois sobrevivem comendo cérebros, coisa que ela não tem", diz em determinado momento um dos personagens.

"Zumbilândia: Atire Duas Vezes" mantém o pique do primeiro filme, com a mesma pegada de boas piadas, e tem uma trilha sonora poderosa, com direito a Metallica, Bob Dylan, AC/DC e Lynyrd Skynyrd. Ah, e como se passaram dez anos do apocalypse zumbi, estes evoluíram, se adaptando ao ambiente. Muitos ficaram mais fortes e resistentes, sendo apelidados de T-800, numa clara referência ao "Exterminador do Futuro".

Cotação: ótimo
Duração: 1h39
Chico Izidro

"Os 3 Infernais" (3 From Hell)



"Os 3 Infernais" (3 From Hell) é a terceira parte da sequência iniciada com "A Casa dos 1000 Corpos" (2003) e continuada com "Rejeitados pelo Diabo" (2005), dirigidos pelo cineasta e roqueiro Rob Zombie. O filme é uma sequência de cenas fortes e pesadas, com muitas mortes violentas. Ah, e para se entender melhor a história, é bom ver a segunda parte, se você tiver estômago para tanto.

Após 10 anos - a trama transcorre nos anos 1980 -, os três odiados do título estão na prisão. Otis (Bill Moseley) e Capitão Spaulding (Sid Haig) estão condenados à morte e Baby (Sheri Moon Zombie) está próxima de receber a liberdade condicional. Capitão Spaulding acaba sendo executado, mesmo porque durante as filmagens o ator Haig acabou falecendo. Otis consegue escapar, e encontra o irmão Winslow (Richard Brake). Os dois decidem, então, libertar Baby, que teve o pedido de soltura negado.

Então numa empreitada violenta e sádica, os dois libertam Baby, e o trio foge para o México para tentar recomeçar a vida. Porém, o destino de crueldades e brutalidades está impregano na vida deles. O filme tem dois momentos distintos. A primeira parte é meio arrastada, com muitos diálogos desnecessários. Já a segunda parte é puro cinema gore, com direito a corpos estraçalhados por balas e facadas, e sangue jorrando nos rostos dos assassinos.

Muita crueldade dos personagens até aparece de forma exagerada, aliás, exagero é o que se pode conferir da atuação de Sheri Moon Zombie, esposa do diretor. A atriz é de uma irritação profunda, fazendo de sua personagem uma psicopata caricata, careteira, parecendo deslocada na trama.

Cotação: regular
Duração: 1h55
Chico Izidro

domingo, outubro 20, 2019

"A Luz no Fim do Mundo" ((Light of My Life)



Casey Affleck produz, dirige e atua no excelente "A Luz no Fim do Mundo" ((Light of My Life), filme apocalíptico que mostra a relação intensa entre pai e filha. A história não é diferente de tantas outras já contadas, lembrando muito "A Estrada" (2009) e "Compra-me um Revólver" (2018), mas as atuações e o suspense o tornam especial.

Num futuro não muito distante, uma epidemia dizimou as mulheres do planeta. Mas a pequena Rag (Anna Pniowsky), filha de Caleb (Casey Affleck), é aparentemente a única sobrevivente da tragédia. Assim, se torna um espécime especial, e por isso seu pai tem de fazer de tudo para protegê-la. Os dois vagam pelos Estados Unidos, sempre se escondendo dos estranhos. A menina, de cerca de nove anos, só veste roupas masculinas e anda sempre com o cabelo curto. E é orientada a agir como um menino.

Mas na sua idade, Rag começa a querer questionar as coisas, e não se sentir tão protegida e cuidada por Caleb - que com sua proteção, beira ao sufocamento. O filme é calcado em ótimos diálogos. Mas a atuação de Affleck e Pniowsky, principalmente ela, são de deixar o queixo caído. É uma obra de fraternidade e de esperança.

Cotação: ótimo
Duração: 119 minutos
Chico Izidro

"Desafio de Um Campeão" (Il Campione)



Ao assistir "Desafio de Um Campeão" (Il Campione), filme italiano dirigido por Leonardo D'Agostini, temos a impressão de ver a vida do craque Neymar na telona. Um jogador famoso e excelente no campo, mas um caos fora dele, com pai explorador, namorada interesseira, amigos inconsequentes e irresponsáveis, quase uns sangue-sugas, e dirigentes mais preocupados em faturar em cima do atleta.

Christian Ferro (Andrea Carpenzano) é o garoto-prodígio da Roma, mas fora de campo leva uma vida polêmica. Tanto que a diretoria do clube romano analisa uma intervenção educacional para tentar enquadrar o craque - que logo na primeira cena aparece em um shopping fazendo compras e provocado pelos amigos, decide roubar as peças de roupas, para mostrar que ainda é o mesmo moleque esperto e não se transformou num almofadinha.

Assim, é contratado o professor Valerio Fioretti (ótima atuação de Stefano Accorsi), que vive em crise profissonal e afetiva, para tentar ensinar ao craque noções de cultura, história, política -o jovem Christian é inteligente dentro de campo, mas fora está próximo de ser uma toupeira.

O longa mostra personagens estereotipados, e trazendo momentos que já vimos e ouvimos, mas faz pensar, exigindo reflexão e análise de dois mundos distintos, mas que acabam se completando - aliás, a dupla de protagonistas se apresenta muito bem. A obra não surpreende, mas diverte e ensina.

Cotação: ótimo
Duração 1h45
Chico Izidro

"Morto Não Fala"



"Morto Não Fala" é o primeiro longa-metragem da carreira de Dennison Ramalho, e é um filme de terror brasileiro que surpreende. A obra é adaptada de um livro de Marco de Castro, e traz um protagonista que tem o poder, ou seria maldição, de falar com os mortos?

O sempre ótimo Daniel de Oliveira (Cazuza e Aos Teus Olhos) vive Stênio, funcionário do IML à noite. Sua rotina é de ver cadáveres e eles falam com ele, seja lamentando as mortes, seja contando detalhes de suas vidas. Em casa, pai de dois filhos e casado com Odete (Fabiula Nascimento), que não suporta Stênio e seu cheiro.

Um dia, Stênio descobre que está sendo traído pela mulher, que tem um caso com o dono da vendinha local, Jaime (Marco Ricca). E no trabalho, recebe um novo cadáver, de um traficante. E ao "bater papo" com o morto, tem uma ideia - o de culpar Jaime pela morte do bandido.

Daí em diante, a trama se transforma em um filme de fantasmas - não dá para contar mais, para evitar o spoiler. Mas "Morto Não Fala" fica assustador, com um espírito se achando injustiçado decidindo transformar a vida de Stênio em um inferno, e ameaçar seus entes queridos.

O único problema do filme, que se passa quase em sua maior parte na periferia de São Paulo e conta com vários atores gaúchos (a produção é da Casa de Cinema de Porto Alegre) são os efeitos especiais - os mortos têm os rostos digitais inseridos nos corpos dos atores, e o resultado ficou muito aquém. Mas isso não diminui a obra.

Cotação: ótimo
Duração: 1h49
Chico Izidro

"Projeto Gemini" (Gemini Man)



Originalmente desenvolvido pela Disney nos anos 1990, o filme "Projeto Gemini" (Gemini Man) ficou arquivado por quase mais de duas décadas, pois a tecnologia da época ainda não era suficientemente avançada. Agora vem às telas com direção de Ang Lee e com Will Smith como protagonista. O longa tem boas cenas de ação, aliás, impressionantes, por causa do sistema de filmagem utilizado. Mas a história é genérica, não trazendo nada de novo ou surpreendente. Mas para quem gosta de ação é um prato cheio.

Na trama, o assassino profissional Henry Brogan (Will Smith) está para se aposentar. E em seu último trabalho, ele acaba matando uma pessoa que não era o que haviam lhe passado - o morto era um biocientista e não terrorista. Então sua agência governamental decide eliminá-lo.

Em seu encalço aparece outro assassino que sempre parece estar um passo à frente de Henry. Porém se mostra incrivelmente incompetente em matá-lo. Até esse ponto, Henry já tem ao seu lado a agente Danny (Mary Elizabeth Winstead, de Rua Cloverfield, 10 e Scott Pilgrim), no velho clichê de alguém em fuga sempre levar junto uma gata à tiracolo. E eles viajam na maior naturalidade para a Colômbia, Hungria, Estados Unidos, como trocassem de camisa.

Bem, o misterioso caçador não é nada mais, nada menos um clone do próprio Henry, com 20 anos de idade (Will Smith, recriado digitalmente).

O clone é um Will Smith careteiro - e de acordo com o ator, o pedido para a interpretação ruim partiu do diretor Ang Lee. "Projeto Gemini" tem boas cenas de ação, aliás, impressionantes, por causa do sistema de filmagem utilizado, mas de tão bem feitas, se mostram improváveis. Mas a história é genérica, não trazendo nada de novo ou surpreendente, e alguns diálogos são pavorosos. Mas para quem gosta de ação é um prato cheio.

Cotação: bom
Duração: 1h57
Chico Izidro

"Coringa" (Joker)



Heath Ledger fez o que é considerado o mais icônico Coringa da história, em "Batman: O Cavaleiro das Trevas" (2008), e ganhou um Oscar póstumo por sua atuação. Antes haviamos tido no papel Cesar Romero no seriado dos anos 1960 da televisão, e Jack Nicholson o filme de 1989, de Tim Burton. Mas agora Joaquin Phoenix veste o personagem, o maior inimigo do Batman, e vira candidato seriíssimo a levar a estatueta para casa. Merece.

O irmão mais novo de River Phoenix (1970-1983), que já teve atuações elogiadas em obras como em O Mestre (2012) e Amantes (2008), e agora está arrasando em Coringa (Joker), dirigido por Tod Phillips, de "Se Beber Não Case". Ele surge em cena quase cadavérico de tão magro, interpretando um personagem que é vítima de bullying, vive de bicos fantasiado de palhaço pelas ruas sujas de Gotham e que sofre com uma infestação de ratos - a Nova Iorque dos quadrinhos - e morando com a mãe, Penny (Frances Conroy, de A Sete Palmos).

Além disso, por causa de um distúrbio, Arthur Fleck é dado a soltar risadarias histéricas. Quando alguém se assusta, ele entrega um cartão explicando que se trata de um problema de saúde.

A trama se passa nos anos 1980. E certo dia ele recebe uma arma de um colega e acaba matando três yuppies no metrô. Isso acaba desencadeando um lado mais sinistro no palhaço, que tem certa fixação com a vizinha, Sophie (a linda Zazie Beetz, de Atlanta e Deadpool 2). Certamente ele tem delírios com a moça. E sonha ainda em participar de um talk show do apresentador Murray Franklin (Robert De Niro).

Enfim, Arthur Fleck é um looser e ainda por cima doente mental. Sua vida de infortúnios o levarão para o lado escuro do crime - neste filme violento e psicológico, temos a origem do perturbado Coringa. E não, não é um filme de super-heróis - o Batman só aparece ainda criança, quando Bruce Wayne vê os pais serem assassinados num beco, depois da saída do cinema. "Coringa" é pesado e mostra não apenas um personagem doente, mas sim toda uma sociedade perturbada. Filmaço.

Cotação: ótimo
Duração: 2h02
Chico Izidro

"Greta"



"Greta", direção de Armando Praça, é um filme de forte temática LGBTQ+, e que tem como protagonista Marco Nanini, que há alguns anos declarou-se gay, chocando algumas pessoas, que o viam como o pai brasileiro, por causa do seriado global "A Grande Família". Ele não poupa cenas de nudez masculina, com direito a toques em pênis. A obra também foca no tema solidão, assunto tão em voga nos dias de hoje, e que afeta grande parte da população. O filme ainda é baseado na obra teatral "Greta Garbo, quem diria, Acabou no Irajá", de Fernando Mello e escrita nos anos 1970.

Nanini é Pedro, um enfermeiro de 70 anos, que tem como melhor amiga a transsexual Daniela (Denise Weinberg, em atuação explendorosa) e trabalha em um hospital público em Fortaleza. Um dia ela fica doente e precisa ser internada, mas não há vagas para recebê-la. O único jeito para arranjar um leito seria liberar um doente. E é o que Pedro faz, porém ele acaba libertando um criminoso, Jean (Demick Lopes), que estava no hospital se recuperando de uma facada. Como o rapaz cometeu um crime, a solução encontrada pelo enfermeiro é levá-lo para sua casa.

Os dois homens, então, acabam se envolvendo sexualmente. Pedro, por solidão, e Jean, pela necessidade. O enfermeiro, fã da atriz sueca Greta Garbo (1905/1990), pede que Jean o chame de Greta sempre que transam, daí o nome do filme.

"Greta" tem a solidão como foco central. Os personagens, principalmente o de Pedro, mostram um visual decadente, e parecem abandonados. Muito abandonados e desesperados por uma companhia. Armando Praça não poupa nas cenas de sexo explícitos entre homens, o que pode chocar muita gente. Então é necessário ter mente aberta para assistir ao filme, que é triste e angustiante.
Cotação: ótimo
Duração: 1h37
Chico Izidro

"Predadores Assassinos" (Crawl)



Adoro filmes de terror, mas a maioria que assisto são um terror, de ruins. Mas filme ruim é bom....porém, às vezes aparece um filme que surpreende. Este é o caso de "Predadores Assassinos" (Crawl), que leva a assinatura de produção de Sam Raimi, criador de franquias como "Uma Noite Alucinante" e a trilogia do "Homem-Aranha", mas é dirigido por Alexandre Aja, que já comandou o bom "Viagem Maldita" e "Espelhos do Medo" e o risível "Piranha 3D".

"Predadores Assassinos" é uma mistura de filme catástrofe, terror e monstros. Já explico. A trama se passa na Flórida, durante um terrível furacão classe 5, que causa inundações em várias cidadezinhas. Aí elas são isoladas e esvaziadas pela polícia. Mas a heroína Haley Keller (a atriz britânica de descendência brasileira) Kaya Scodelario) decide tentar encontrar o seu pai, Dave (Barry Pepper, de O Resgate do Soldado Ryan), que não atende o telefone e parece estar preso na antiga casa da família. E realmente ele está, escondido no porão, muito machucado.

Quando Haley chega lá, acaba descobrindo que o local está infestado de gigantescos crocodilos, louquinhos para encher o estômago com carne humana. Assim, enquanto a água vai inundando mais e mais o ambiente - metade do filme se passa dentro de um porão -, ela precisa elaborar uma estratégia de fuga. Ah, a moça é uma exímia nadadora e isso vai ajudar no combate aos monstrengos. Todos os outros humanos que aparecem na história são descartáveis, ou seja, feitos para virar comida dos crocodilos.

A narrativa do filme é boa, trazendo bons momentos de suspense e muitos sustos, sendo ainda muito claustofóbico. E toda a concepção visual de "Predadores Assassinos" é nuito competente, trazendo cenários perfeitos. E Kaya Scodelario está realmente muito bem em seu papel, trazendo muito realismo em seus olhares de pânico, medo e desespero. Por outro lado, Barry Pepper não tem muito o que fazer, ficando ali atirado, esperando pelo socorro.

Cotação: ótimo
Duração: 1h27
Chico Izidro

"Onde Quer Que Você Esteja"



"Onde Quer Que Você Esteja", do casal de diretores Bel Bechara e Sandro Serpa, resgata e amplia a trama de um antigo curta-metragem. O filme conta a história de um grande grupo de pessoas lidando com o desaparecimento de entes queridos. Todos se encontram num programa da fictícia rádio "Cidade Alerta", que põe as pessoas no microfone para pedir ajuda para encontrar as pessoas desaparecidas, sejam maridos, esposas, namoradas, filhos, filhas, tios, tias, pais, mães...

Os personagens se encontram sempre às seis da manhã nos estúdios da rádio, e muitos deles vão se cruzando, mostrando suas angústias, anseios. A vida deles fora dali também é retradada. Como Waldir, personagem de Leonardo Medeiros, que busca a mulher, que um dia saiu e não voltou mais, e entrou em depressão. Ou Lúcia (Débora Duboc), cujo marido sumiu há oito meses e se mostra esperançosa.

Tem ainda Roberto (Samuel de Assis), que ficou com o filho pequeno depois que a mulher desapareceu - ele não sabe o que ocorreu com ela, e não consegue se integrar com o mundo, apesar do esforço dos amigos. E Zélia (Sabrina Greve), a jovem solitária que trabalha em um supermercado e jura ter visto a babá que cuidava dela quando criança, mas perdeu a mulher de vista, e anseia em reencontrá-la.

"Onde Quer Que Você Esteja" é uma obra delicada e emocionante, e repleto de tristeza - e quem já viu uma pessoa amada ir embora vai sentir na pele o que passam os personagens. Não há sensacionalismo ou exagero no roteiro e nas interpretações. É um filme humano e dolorido. "Por que você foi embora?" é a pergunta que fica no ar.

Cotação: ótimo
Duração: 1h41
Chico Izidro

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...