quinta-feira, fevereiro 18, 2010

A FITA BRANCA



Nos dias atuais o público não está muito afeito a assistir a um filme de quase 3 horas, em preto e branco e sobre uma aldeia vivendo sob a repressão religiosa e aristocrática de antes do início da I Guerra Mundial. E além do mais, o cinema do diretor austríaco Michael (pronuncia-se Micael) Hanecke não é de fácil "deglutição". A FITA BRANCA (Das Weisse Brand) é tudo isso e nos deixa a pensar ao final da projeção.
A FITA BRANCA se passa numa aldeiazinha no interior da Alemanha, em 1913. Ali vários acontecimentos influenciam uma comunidade que parecia ser normal. Mas é tudo aparência. O vilarejo, que vive da agricultura, é controlado por um barão - que emprega metade dos aldeões - e também sofre com a rigidez moral do pastor da comunidade - pai de quase uma dezena de filhos. Há ainda o médico, viúvo, e que tem um caso com a parteira da vila e a quem humilha frequentemente, além de manter um caso incestuoso com a filha.
De um dia para o outro, a aparente calmaria na aldeia desaba, e tudo começa com um acidente com o médico. Os acontecimentos não passam despercebidos pelo professor do local, Lehrer (Christian Friedel), que ao mesmo tempo engata um tímido romance com a babá dos filhos do barão. Leher, aliás, já idoso, é quem relata as ocorrências estranhas do vilarejo.
Hanecke não explica muito, exigindo do espectador atenção redobrada - e isso faz falta no cinema de hoje, onde tudo é entregue mastigadinho para a audiência. A FITA BRANCA, aliás, significa a pureza, a inocência (o que fica bem explícito em cena emblemática da pastor com sua horda de filhos). A se destacar também as imagens preta e branca - nós, que estamos acostumados a coloridos excessivos. A impressão é que estamos mesmo no começo do século passado e talvez tenha sido mesmo esta a ideia do diretor austríaco. Em nossa memória coletiva, tudo o que é relacionado as primeiras décadas do século XX é lembrado em P&B.
E não posso contar aqui, mas o final de A FITA BRANCA pode surpreender, talvez para quem espere um término conclusivo ao estilo hollywoodiano. Hanecke faz pensar.
Cotação: excelente

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