quinta-feira, julho 14, 2011

Meia Noite em Paris



Meia Noite em Paris, o novo filme de Woody Allen (ele já está rodando um outro, Bop Decameron, em Roma, a ser lançado em 2012) começa com takes da capital francesa, a Cidade Luz. As imagens remetem diretamente a sua grande paixão Manhattan, que retratou maravilhosamente em 1979, com sua então musa Diane Keaton.
Nesta sua obra europeia, em que privilegia provavelmente a cidade mais romântica do mundo - esqueça Verona de Romeu e Julieta ou a suja Veneza -, o septuagenário diretor faz um exercício fantástico de imaginação: como seria viver numa época diferente da sua e, melhor ainda., por aquela que você é apaixonado?
Por isso, o roteirista de filmes hollywoodianos e projeto de escritor Gil Pender (Owen Wilson, o alterego de Woody Allen da vez) não se sente confortável nos anos 2010. Seu sonho é viver na Paris da década de 1920, ouvindo Cole Porter e convivendo com escritores e artistas como Ernest Hemingway, F. Scott Fitzgerald, Pablo Picasso, Salvador Dalí, Gertrude Stein e Luis Buñuel. Como num passe de mágica ou seria um sonho (?), ao passear por Paris exatamente à meia-noite, Gil é transportado para aquela época, que considera mágica, apaixonando-se pela jovem Adriana (a bela Marion Cottillard, de Piaf e A Origem). Amante dos gênios do período, ela também tem um sonho, o de viver na Paris dos anos 1890, a Belle Époque.
A lógica: qualquer que seja a época em que estamos, nunca nos satisfazemos e sempre achamos que um outro período é melhor.
Meia Noite em Paris traz esta bela sacada de Woody Allen. Porém desta vez, e olha que me considero o fã número 1 de Allen Königsberg, tropeçou ao repetir alguns tipos característicos de suas histórias, como os pais pedantes de Inez (Rachel McAdams), a noiva chatinha de Gil. E alguns diálogos não estão à altura de Allen, principalmente nos passados nos anos 2010. Talvez seja esta sua obsessão pelo passado.
E Owen Wilson e seu nariz torto- notem a cena em que Hemingway pergunta se ele luta boxe - não foi feito para participar de um filme de Woody Allen. Ele está deslocado, ops, desculpem o trocadilho, totalmente inconfortável no papel. E isso atrapalha o desenrolar da história.
Cotação: regular
Chico Izidro

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