quinta-feira, maio 31, 2012

À Espera dos Turistas




Setenta anos após a II Guerra Mundial, os alemães ainda convivem com o estigma de maiores criminosos da história da humanidade. E as novas gerações ainda tentam apagar a mancha nazista de suas vidas.

Afinal, Hitler e seus asseclas exterminaram mais de 20 milhões de pessoas entre 1933 e 1945, sendo 6 milhões de judeus.
Os jovens nascidos após 1980 consideram não ter a culpa que a geração de seus pais carregava. Mesmo assim ela está lá. E isso é mostrado em "À Espera de Turistas", de Robert Thalheim. Um jovem alemão, Sven (Alexander Fehling, visto em Bastardos Inglórios) tem a opção de escolher entre servir o exército alemão ou fazer um trabalho voluntário. Ele opta pela segunda opção e acaba sendo enviado para Auschwitz, o infame campo de extermínio onde 1,1 milhão de pessoas foram assassinadas pelos nazistas. Lá Sven vai servir como uma espécie de guia para as pessoas que querem conhecer onde tais crimes foram cometidos.

Hoje um museu, onde pode-se ver os pertences daqueles que pereceram no local, como óculos, malas, sapatos e roupas, terá uma chocante noção de como os poloneses enxergam os alemães. "O exército alemão de novo em Auschwitz", escuta Sven em seu primeiro dia como voluntário no local. Não bastasse isso, ele ainda tem de cuidar de um antigo prisioneiro do campo, o ranzinza e mandão Krzeminski (Ryszard Ronczewski), que perto dos 90 anos parece ter certo prazer em maltratar o jovem, assim como ele o foi no período que viveu no campo de concentração.

Para aliviar um pouco seu dia a dia em ambiente tão pesado, o rapaz se envolve com a guia polonesa Ania (Barbara Wysocka), cujo objetivo é se mandar daquela cidadezinha, conhecida pelos poloneses como Oswiecin.

À Espera de Turistas mostra ainda que as novas gerações não parecem muito preocupadas com o que ocorreu na década de 1940. Isso fica evidente em duas cenas constrangedoras. Numa delas, alguns jovens fazem força para tentar demonstrar o mínimo de interesse nas experiências vividas por Krzeminski. Noutra, o velho começa um discurso e após dois minutos é interrompido abruptamente pela diretora de uma empresa que está se instalando na localidade.

À Espera de Turistas é reflexivo e claramente calcado na ideiqa de que aqueles crimes hediondos, por mais que doam, devem ser lembrados sempre para não serem repetidos no futuro.

Cotação: bom
Chico Izidro

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