quarta-feira, fevereiro 15, 2012

O Artista

O Artista é uma daquelas obras de arte que chegam na hora certa, no lugar certo. Dirigido pelo francês Michel Hazanavicius, é uma verdadeira ode ao cinema, ao nível de Cinema Paradiso, grande filme de 1989, se não superior. E pensar que Hazanavicius é culpado por uma das piores comédias de todos os tempos, o intragável O Agente 117. Cujo personagem é interpretado pelo seu ator preferido, Jean Dujardin, o mesmo que está à frente de O Artista. Dujardin vive George Valentin, ídolo do cinema mudo, que começa a sentir os efeitos da mudança que está ocorrendo na indústria cinematográfica, já que ao final dos anos 1920, o som começa a dar as cartas e cair no gosto do público. Só que Valentin não compreende isso, repete que o cinema sonoro não tem futuro. E por isso insiste em seguir no caminho que o consagrou, mas que também será sua ruína. Em contrapartida, Peppy Miller (Bérénice Bejo, esposa de Hazanavicius), que iniciou a carreira graças a um empurrão de Valentin, ascende na carreira ao protagonizar filmes românticos e falados. E secretamente, vira uma espécie de anjo da guarda do decadente Valentin, que não se desgruda de seu fiel cãozinho Uggie. Todo filmado em P&B e predominantemente mudo - os atores não falam e algumas falas delas são mostradas em letreiros, como nos primórdios da sétima arte -, podemos escutar músicas, passos e outros tipos de som. Uma bela cena é a que Dujardin acorda e, apavorado, começa a escutar a janela rangendo, a pia pingando, folhas de árvores caindo e seu cão latindo. A reconstituição de época também é primorosa, e um descuidado pode até acreditar estar assistindo um filme dos anos 20 do século passado. O Artista é uma referência quase explicita ao ator John Gilbert, astro da era muda e que perdeu tudo com o advento do cinema sonoro, tanto que morreu de tanto beber em 1936. O belo filme também evoca Charlie Chaplin, teimoso e que só entraria de vez na era falada com o genial Tempos Modernos, no mesmo ano da morte de Gilbert. E claro que não podemos esquecer os clássicos Cantando na Chuva e Crepúsculo dos Deuses, que lembram a ascenção e queda de atores que tiveram seu auge no cinema mudo e afundaram quando do advento da sonorização. Cotação: ótimo Chico Izidro

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