Obsessão. De um policial em se fazer cumprir a lei, mesmo sendo essa absurda. E de um ex-presidiário em viver em paz, esquecendo o passado. O escritor francês Victor Hugo foi certeiro em seu clássico “Os Miseráveis”, onde criticou severamente a França pós-revolução, onde a pobreza e a injustiça continuaram imperando. O romance já foi transposto para as telas diversas vezes, sendo a mais marcante a de 1952, com Charles Laughton no papel do severo guarda Javert. A versão musical também se fez presente na Broadway, e na tela grande é transformado num épico à sua altura, com direção de Tom Hooper.
Jean Valjean (Hugh Jackman) roubou um pão para matar a fome do sobrinho pequeno. Preso, é condenado a 20 anos nas galés. Libertado um ano antes sob condicional, se vê eternamente perseguido por Javert (Russel Crowe), que não acredita um homem poder mudar seu caráter. “Um ladrão, sempre um ladrão”, repete Javert. Valjean some no conturbado país, muda de identidade e se preocupa em criar Cosette (Amanda Seyfried), filha da desafortunada Fantine (Anne Hathaway). Mas sempre com o intransigente Javert em sua cola. Resumir um romance de mais de 3 mil páginas não é tarefa fácil, mas aqui o que importa é a exuberância do musical, onde destacam-se a bela Anne Hathaway e Jackman, mostrando versatilidade, para quem acredita só ser possível ele viver o super-herói Wolverine. Em sua primeira aparição está completamente irreconhecível, esquelético, cabelo cortado desordenadamente. O ator diz ter ficado mais de dois dias sem beber água para a cena.
Os dois mostram voz bonita e segurança – as músicas foram cantadas ao vivo, durante a gravação, ou seja, não ocorreram dublagens ou ajustes em estúdio. O mesmo nível foi alcançado pela novata Samantha Barks, interpretando a desafortunada Eponine, apaixonada secretamente pelo jovem Marius (Eddie Redmayne), par romântico de Seyfried. Essa fracassa em sua interpretação da jovem Cosette. Mas pior que Seyfried só mesmo o bronco Russell Crowe e sua voz de taquara rachada. Estes detalhes, porém, não estragam a majestade de “Os Miseráveis” e sua câmera portentosa. O diretor Tom Hooper não poupa os closes em solos musicais, por exemplo, quando Anne Hathaway interpreta a dolorosa On My Own. Ou em rasantes panorâmicos por uma Paris oitocentista e sua pobreza endêmica.
Cotação: ótimo
Chico Izidro
quinta-feira, fevereiro 07, 2013
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“QUEER”
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