quinta-feira, junho 08, 2017

"Guerra do Paraguay"



Filmado num deslumbrante preto e branco, "Guerra do Paraguay", de Luiz Rosemberg Filho, é uma
obra que exige paciência do espectador, mas ao seu final cumpre o que promete. Alto impacto e
discussão filosófica sobre a guerra e o absurdo dela, unindo o passado e o presente.

E como diz o título, tudo gira em torno da Guerra do Paraguai, que durou de 1864 a 1870, e praticamente dizimou com a população masculina daquele país. O filme tem uma sequência inicial mostrando duas mulheres puxando com muito esforço uma carroça. Logo depois, surge um soldado
brasileiro (Alexandre Dacosta) que está voltando para casa. Ele encontra o que parece ser o fantasma de um soldado paraguaio morto por ele. Os dois discutem e o brasileiro segue seu caminho.

Então ele se depara com as mulheres da carroça - uma deles está moribunda, de tanta fome. As outras duas buscam uma forma de sobreviver. Uma delas, vivida por Patricia Niedermeier, é articulada, e a outra, interpretada por Ana Abbott, está catatônica. A primeira realiza então um
grande embate com o soldado - e ele está preso ao passado, enquanto que ela representa o presente, falando sobre televisão, rádio e citando teatrólogos, filósofos - o encontro deles parece ocorrer numa fresta do tempo.

E no diálogo dos dois, existe uma forte oposição entre barbárie e humanismo, com o soldado tentando justificar a violência da guerra, e a mulher defendendo a paz e a tolerância. Quando parece que entraram num acordo, o término é inesperado e de forte impacto. Chega a ser assustador, mesmo para quem está acostumado com os horrores da guerra.

Duração: 1h20min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

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