quinta-feira, agosto 13, 2009

TEMPOS DE PAZ






Com o final da II Guerra Mundial, o planeta passou a ser uma grande alfândega, onde pessoas se deslocavam para todos os lados em busca de um novo lar ou fugindo por causa de crimes cometidos. É neste clima que chega ao Brasil o polonês Clausewitz (Dan Stulbach) no drama TEMPOS DE PAZ, de Daniel Filho. Ele desembarca no Rio de Janeiro, ainda capital do país e respirando os estertores da ditadura de Getúlio Vargas. Sua atitude por deveras alegre, sua facilidade em falar o português levam a polícia da imigração a desconfiar que ali não está um simples agricultor, como ele alega ser, e sim um possível criminoso de guerra. Clausewitz cai, então, nas garras do ex-torturador Segismundo (Tony Ramos), que durante longas horas tentará descobrir quem realmente é o polonês. Stulbach, que é ironicamente chamado de "o Tom Hanks brasileiro", demonstra mais uma vez ser um excelente ator, enquanto que Tony Ramos, com todo o respeito a sua longa biografia na tevê, não convence em nenhum momento, assim como já fora lamentável nos esquecíveis Se Eu Fosse Você I e II. E a história de Daniel Filho pretende ser uma homenagem aqueles que vieram para o Brasil após a guerra, porém se mostra fraca, com vários ganchos mal-resolvidos, como por exemplo o próprio personagem interpretado por Daniel Filho, o doutor Penna. Recém liberto da prisão, ele circula pelo Rio de Janeiro em busca de seu ex-torturador, não se sabe se em busca de vingança, ou se busca olhar nos olhos do policial e perguntar o por quê. E para por aí. Perde-se uma ótima oportunidade para contar com clareza como o Brasil, que no começo da guerra recusou milhares de refugiados e no final, abriu suas portas aos sobreviventes da maior tragédia do século passado.
Chico Izidro

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