sábado, março 09, 2013
"Hitchcock"
"Hitchcock", dirigido por Sacha Gervasi, não é uma cinebiografia convencional. Ao invés de contar detalhadamente a vida do diretor inglês, famoso pelo suspense em sua obra e o amor platônico por atrizes loiras geladas que protagonizaram suas películas, "Hitchcock" foca em um período específico da vida dele, quando da produção do genial "Psicose", no começo dos anos 1960. De como foi difícil para ele obter financiamento para o filme, já que sua produção anterior, "Intriga Internacional" não teve à época o reconhecimento, sendo massacrado pela crítica, público, e por Hitchcock ser considerado ultrapassado. O futuro diria o quanto estacvam equivocados. Ele teve de hipotecar sua mansão em Hollywood, e fazer outros cortes, como por exemplo, dispensar o motorista nos finais de semana, e diminuir a comida...sacrifício brutal para ele, glutão notório. "Psicose" ainda sofreu com a censura, com o desprezo inicial, por ser visto apenas como um filme de terror, e nada mais. E imaginem a mocinha ser morta na primeira meia-hora...
O obeso diretor é interpretado, e bem por Anthony Hopkins. O problema é a maquiagem problemática, com enchimentos na barriga e uma estranha prótese facial. Tirando isso, Hopkins tira de letra o humor inteligente e cínico de Hitchcock, que mantinha relação lá não muito saudável com a esposa, Alma, e aqui o show é de Hellen Mirren (A Rainha), simplesmente sensacional. Diz a lenda que em mais de 50 anos de casamento, eles tiveram somente uma relação sexual, que teria gerado a filha única Patricia.
"Hitchcock" tem liberdades narrativas. O diretor inglês tem visões e conversa com o serial killer Ed Gein, que em "Psicose" seria rebatizado de Norman Bates, eternizado pelo ator Anthony Perkins, homossexual enrustido como o personagem que encarnou, e que é vivido por James d'Arcy (de Mestre dos Mares - O Lado Mais Distante do Mundo). A produção perde força, no entanto, quando foca exageradamente na relação de Alma com o escritor Whitfield Cook (Danny Huston, o vampiro de 30 Dias de Noite). Seria mais interessante mostrar a tirania de Hitchcock com algumas de suas atrizes, mas aqui é apenas sugerido, pois o diretor vivia um momento de calma com a heroína de "Psicose", Janet Leigh, competentemente interpretada por Scarlett Johansson. A impressão também é de que Hitchcock seria um zero à esquerda sem Alma, menosprezando de certa forma a genialidade do cineasta.
Cotação: bom
Chico Izidro
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