quarta-feira, março 27, 2013

“O Quarteto”




Dustin Hoffman, 74 anos, em sua primeira incursão na direção, não arrisca-se muito. Faz em “O Quarteto” um filme correto, bem contado, comovente e cercando-se, ainda, de um elenco de veteranos de primeira qualidade. Um olhar sobre a velhice, focando em quatro antigos astros do mundo da ópera, agora quase esquecidos num asilo para músicos no interior da Inglaterra.

Antes de entrar em cena o quarto elemento do filme, ele foca no mulherengo Wilf (Billy Connolly), na doce e mostrando os primeiros sintomas do mal de Alzeihmer Cissy (Pauline Collins) e o amargo e culto Reginald (Tom Courtenay). Eles passam os dias em atividades no retiro, praticamente seguindo ordens do mandão e afetado Cedric (Michael Gambon). E terão suas vidas remexidas quando chegar à casa a diva Jean Horton (Maggie Smith). Dona de humor incomum e cruel, e sentindo-se rebaixada por ter de abandonar sua casa, e não ter mais a voz de outrora, que lhe trouxe a fama, mas não fortuna, Jean deixará todos no asilo em polvorosa. Ainda mais quando fica-se sabendo que o local, em dificuldades financeiras, poderá ser fechado. O jeito é fazer uma apresentação para reunir donativos.

E porque os quatro não podem encenar a peça que os consagrou, Rigoletto, de Giuseppe Verdi. Só que Jean não quer participar, por não se achar mais em condições de subir ao palco. Sem contar que velhos ressentimentos vêm a tona, como o de seu relacionamento fracassado com Reginald, que não a suporta, e orgulhoso, refuta qualquer aproximação. Toda a história é contada de forma contida, sem histrionismos, e calculadamente certeira, mesmo que previsível, por Hoffmann. E quando a história terminar, não saia da sala. O novato diretor deixou uma bonita homenagem junto aos créditos aqueles que participaram de “O Quarteto”.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

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