Thursday, March 09, 2017

“Eu, Olga Hepnarova’’ (Já Olga Hepnarová)




A jovem Olga Hepnarova era um verdadeiro saco de pancadas na Tchecoslávaquia dos anos 1970. Tanto desprezo por seu ser provocou uma tragédia no país, sendo ela a última mulher condenada a morte, por enforcamento, em 1975, com apenas 23 anos de idade.

O filme dirigido pela dupla Petr Kazda e Tomás Weinreb, acompanha a vida desta garota, interpretada com excelência pela atriz polonesa Michalina Olszanska, muito parecida com Natalie Portman). Olga era uma menina pequena, tinha problemas de relacionamento com seus pais, com os colegas da escola, e trabalho – a responsável pelo seu pagamento costumava deixar de pagá-la, alegando não ter mais dinheiro. E os seus colegas motoristas de caminhão a desprezavam por ela ser lésbica. E convenhamos, sua sexualidade não era entendida naquela época, pesando mais por ser um país comunista e retrógrado.

Olga se sentia tão deslocada neste mundo, que tentou o suicídio algumas vezes. E tanto desespero fez com que ela, numa tarde de 10 de junho de 1973 jogasse seu caminhão sobre várias pessoas que esperavam o ônibus num ponto de ônibus em Praga. Dos 25 atropelados, oito morreram. Ao ser questionada pelo guarda que foi atender a ocorrência, garantiu não ter adormecido ao volante e sim ter feito o atropelamento de propósito.

Antes de perpetrar o ataque, muito semelhante ai atentado do Estado Islâmico em Nice, em 14 de juilho de 2016, ela escreveu uma carta: “Eu sou uma solitária. Uma mulher destruída. Uma mulher destruída pelas pessoas… Eu tenho uma escolha – me matar ou matar outras pessoas. Eu escolho me vingar de quem me odeia. Seria muito fácil deixar este mundo como uma vítima anônima de suicídio. A sociedade é muito indiferente a isso, e com razão. Meu veredito é: Eu, Olga Hepnarová, a vítima de sua bestialidade, sentencio vocês à morte”.

O filme é muito forte, e se faz urgente ainda com a sua fotografia em preto e branco. Temos a impressão de estarmos realmente nos anos 1970, quando o PB ainda fazia parte de nossa memória visual.


Duração: 1h45min


Cotação: ótimo
Chico Izidro

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